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Primeiras experiências/ensaios docentes – “hoje percebo como aqueles momentos foram importantes para a mi nha profissão”

TRABALHO DE CINCO PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

4.2 Primeiras experiências/ensaios docentes – “hoje percebo como aqueles momentos foram importantes para a mi nha profissão”

As primeiras experiências docentes vivenciadas pelas professoras contribuíram valiosamente para a escolha do ofício, bem como ajudaram na constituição de si como profissionais da educação. Essas experiências de ensino aconteceram em locais e circunstâncias diversas e foram anteriores ao ingresso em um curso de formação inicial de professores, seja de nível médio ou superior.

Esses primeiros ensaios da profissão se deram quando as professoras eram bastante jovens, ainda no período em que cursavam a educação básica. Nesta perspectiva, consideram-se como ensaios docentes as aulas de reforço escolar para crianças, como fizeram Acácia, Açucena, Margarida e Tulipa; a atuação não formal como professora substituta em escolas particulares ou públicas, desempenhada por Açucena; e até mesmo experiências

formais docentes, como exerceram as professoras Açucena e Tulipa. Para as professoras Acácia, Açucena e Margarida, a vontade de ser professora

manifestou-se desde a infância. As primeiras experiências docentes surgiram das brincadeiras infantis e foram conduzidas com dedicação e satisfação. Brincar de “escolinha” com os colegas ou mesmo com as bonecas, às quais simbolizavam os “alunos”, reproduzindo os modelos de professores e suas aulas, era bastante comum. Com o passar do tempo, essas

brincadeiras se tornaram sérias, uma vez que as docentes começaram a dar reforço escolar para familiares e crianças do bairro. A fala de Açucena registra como foi essa experiência:

Eu acho que a brincadeira de toda criança ela passa pela brincadeira escolar. Eu comecei a trabalhar com escolinha particular em casa, eu tinha uns 12 anos quando eu começo ensinar as menininhas do bairro. Eu já brincava de escolinha, então pra mim era como uma brincadeira. A primeira coisa que a gente fazia era a atividade da escola com os meninos. Quando a gente terminava, aí eu ia de fato ser a professora. Ia ensinar, ia para o quadro, então era um momento em que eu me realizava, adorava realmente. Esse momento lá em casa era muito rico, de aprendizado.

A professora Açucena revela em seu discurso o fato de que dar aulas de reforço era um misto de trabalho e brincadeira. Como brincar de escolinha era uma atividade que já fazia, representando as aulas de seus professores, torná-la um “trabalho” com crianças foi bastante prazeroso. Era a realização do ser professora. Vale ainda ressaltar que a Professora considerava este momento enriquecedor e de aprendizagem para ela, pois, como aluna, tinha possibilidade de rever conteúdos já estudados, conhecer novos livros e atividades diferentes das que comumente fazia.

A professora Acácia também valoriza em sua fala o momento em que dava reforço para crianças:

Eu sempre quis ser professora, desde criança. Eu dei reforço antes, eu cheguei a dar reforço para as criancinhas, mas assim, essa vontade, é desde criança, desde pequenininha. Eu sempre sonhei em ser professora, eu brincava, eu dava aula para as bonecas. [...] Eu cuidava muito de irmão mais novo, então eu nem tinha tempo de brincar muito, mas quando eu tinha tempo eu brincava de ser professora.

A insistência de Acácia em representar a atividade docente nos poucos momentos de que dispunha para as brincadeiras infantis, pois cuidava de irmãos mais novos, indica sua admiração e interesse pela profissão. Protagonizava a professora em suas brincadeiras com bonecas, o que era apenas jogo dramático. Posteriormente, o ato de ensinar pode ser vivenciado nas aulas de reforço escolar para crianças. Noutro momento da entrevista, a professora conta que esse primeiro ensaio já foi um indício da carreira que seguiria.

O fato de cuidar de irmãos mais novos também pode estar relacionado com a escolha pelo magistério, uma vez que, para a educação infantil e o início do ensino fundamental, o ‘educar’ se consolida com o seu complemento: o ‘cuidar’. Ela também os ajudava nos momentos de estudo e ensinava as tarefas escolares.

A profissão professor é uma das mais marcantes para todos os que passam pela escola, uma vez que a vivência como alunos durante a infância e adolescência permite o contato direto com a profissão. São anos convivendo diariamente no espaço escolar, percebendo as atividades desempenhadas pelos que lá trabalham, mais precisamente as

docentes. Nesta perspectiva, o ensino como brincadeira infantil é bastante comum entre crianças, principalmente das meninas, que imitam seus professores com base nos modelos que têm desses profissionais.

Depois desta atuação, que teve duração de um ano, outro ensaio docente vivenciado por Açucena aconteceu quando também cursava o Ensino Médio. Começou a substituir professores das séries finais do Ensino Fundamental, na época, de uma escola localizada em um município vizinho ao que residia. Ia a essa escola algumas vezes por semana para substituir algum professor que por motivos diversos precisava se afastar da sala de aula temporariamente. A fala seguinte diz um pouco dessa experiência:

Lá a gente ia algumas vezes por semana. Eu dei aula de tudo o que era coisa, até de matemática, que eu odiava. Na época, até para o pedagógico eu dei aula. E a gente fazia muitos planos (de aula) dos professores e também trabalho burocrático. Foi o tempo inteiro de prática de sala de aula e secretaria.

Açucena revela que essa experiência foi importante pela oportunidade de mais um contato com a sala de aula e com o exercício da profissão, pelas aprendizagens relacionadas à organização do ensino, mediante a elaboração do plano de aula, do preenchimento de diários, entre outras atividades mais burocráticas e de secretaria. Em outro momento da entrevista, a professora revela que, nesse período em que foi professora substituta, foi possível atuar com adolescentes, descobrindo sua identificação pelo trabalho com o público jovem, e as disciplinas que ministrou também a ajudaram a confirmar sua identificação com aquelas voltadas para a área de Humanidades, especialmente História.

A primeira experiência docenteformal de Açucena aconteceu aos 15 anos, quando cursava o 1º ano do Ensino Médio. Conta que foi aprovada em primeiro lugar em um concurso que teve em sua cidade para atuar no programa Alfabetização Solidária, embora não soubesse que a inscrição só poderia ser feita por pessoas acima de 18 anos. Participou da formação com os demais docentes aprovados e, como teve bom rendimento e houve carência de professores, assumiu uma turma no projeto Educação Contextualizada, que também fazia parte do programa. Revela que, desde esse trabalho, começou a se interessar pelo magistério e ficou muito à vontade para assumir uma sala de aula, ainda que tenha sentido algumas dificuldades, principalmente pelo fato de ter que alfabetizar. O comentário abaixo trata um pouco dessa experiência:

No Ensino Médio eu já começo a me interessar pelo magistério e começo a ter minha primeira experiência de sala de aula. Eu ganhei uma sala numa comunidade e eu fui trabalhar lá. Foi difícil. Primeiro porque a questão da idade dos meus alunos. Eu me sentia muito sem experiência para estar lidando com pessoas que já eram muito vividas. E foi complicado porque eu acho que eu nunca fui uma boa

alfabetizadora. Também nunca me identifiquei com isso. E de repente eu estava dentro de uma sala de aula, com 25 alunos, que eu deveria ensinar de 1ª a 4ª série. Eu passei para a (o Programa) Alfabetização Solidária, mas eles arranjaram uma vaga para mim no projeto chamado Educação Contextualizada, que era de 1ª a 4ª, mas eu só tinha uns cinco alunos que sabiam ler. Os demais eram analfabetos e eles queriam que a gente alfabetizasse no método Paulo Freire.

Inicialmente, sua principal dificuldade foi com relação à falta de experiência com adultos, pois, como era bastante jovem, sentia certa rejeição dos alunos, que demonstravam desconfiança em torno da sua capacidade de ensinar, embora não tivesse informado para eles sua idade.

Além disso, de acordo com o projeto em que estava atuando, deveria ensinar conteúdos de 1ª a 4ª série para seus alunos, entretanto a maioria não estava alfabetizada. Ante a situação institucional em que foi situada, compreende-se sua insegurança. Para ela, alfabetizar era uma ação bastante complexa e desconfortável. Ainda que tenha recebido durante a formação instruções para alfabetizar usando o método de Paulo Freire, achava a metodologia complicada. Não sabia direito como proceder nem se sentia habilitada para fazê- lo. Conta que uma professora do programa orientou que ela utilizasse uma cartilha, o que a deixou ainda mais receosa e confusa sobre como proceder, mas acabou utilizando tanto o material de apoio do projeto como a cartilha no processo de alfabetização dos alunos.

A resistência que sentia em alfabetizar pode estar relacionada ao seu próprio processo de alfabetização, que, conforme revelou em suas vivências como aluna, foi um momento bastante traumático, principalmente pela atitude da professora. Como foi difícil para ela, sabia que também poderiaser para outras pessoas, principalmente jovens e adultos, que pelos mais diversos motivos haviam deixado de estudar em algum momento de suas vidas e que estavam retomando isso. Dessa forma, necessitavam de incentivo e acompanhamento, de forma a não desistir novamente e conseguir avançar nos estudos. Ciente dessa responsabilidade, Açucena provavelmente sentisse receio de produzir ou reproduzir alguma prática que tornasse aquele processo negativo para eles, como o fora para ela.

Para Açucena, essa experiência significou um marco na sua formação como professora, pois teve contato com o planejamento, as metodologias de ensino, algumas teorias da educação e participou de ações formativas para os docentes que atuavam no programa, dentre outras atividades intrínsecas à profissão. As informações declaradas na entrevista são reafirmadas com apoio no que escreveu em seu memorial:

Ainda estava cursando o Ensino Médio quando tive minha primeira experiência enquanto profissional da educação. Foi em um programa chamado Educação Contextualizada, que fazia parte do Programa Alfabetização Solidária. Os meus alunos eram jovens e adultos das mais diversas idades que buscavam concluir o

Ensino Fundamental I (1ª a 4ª série). Eu era mais jovem do que todos os meus alunos e acreditava na época que se eles descobrissem minha idade não me respeitariam enquanto professora. Como educadora desse projeto, me deparei com outras complexidades, como a necessidade de integrar diferentes faixas etárias e níveis de aprendizado, fora a multiplicidade de experiências e histórias de vida dos mesmos bem como de suas famílias. Acredito que a grande maioria das dificuldades que tive na época teriam sido minimizadas se tivesse os conhecimentos sobre o fazer pedagógico que consegui obter apenas na faculdade.

É notável nesse depoimento que a atuação de Açucena nesse projeto foi uma experiência “elaborada” e complexa, pois estava em uma turma com alunos em fases diferentes de aprendizagem. Além disso, revela que a diversidade quanto à faixa etária era outro ponto complexo, exigindo dela estratégias que os integrasse nas atividades da aula, lembrando-os constantemente da necessidade de compreensão e respeito. Refletindo sobre sua ação naquele momento, a professora identifica a ausência de subsídios pedagógicos na sua formação que viabilizassem uma atitude mais segura na condução do seu trabalho em sala de aula.

É importante salientar o fato de que, subjacente a esse processo de início na carreira do magistério, por vezes difícil, está uma lógica comum, e perversa, presente em muitas escolas: aos mais novos e, portanto, inexperientes, as tarefas mais difíceis.

Concomitante a essa primeira experiência formal, Açucena teve também a oportunidade de vivenciar outra experiência docente em uma escola particular de Educação Infantil. De acordo com ela, foi um momento interessante, mas muito desafiador, servindo principalmente para perceber que não se identificava com o trabalho com crianças, em especial, as pequenas. Revela que sentia dificuldades em entrar no “mundo infantil”, de desenvolver atividades lúdicas, contar histórias e cantar músicas. Aquilo não despertava seu interesse nem ela se sentia à vontade em fazê-lo:

Fui convidada a trabalhar numa escola privada. Comecei a entrar em outro mundo completamente diferente. Iniciei no Maternal, passei pelo Jardim I, Alfabetização e por último a 3ª série. Interessante era perceber como a prática de fato a cada dia me ensinava e continua até hoje ensinando, mas definiria a Educação Infantil para mim como um grande desafio, mas aquele desafio que eu não tenho interesse de enfrentar. Não gosto, não me identifico. É um esforço para mim. Eu me cansava mais, até psicologicamente. Gera um transtorno dentro de mim, desconforto, porque não gosto mesmo.

Mais adiante, quando narra suas experiências e práticas docentes depois do

ingresso num curso de licenciatura, Açucena posiciona-se com relação à importância de o professor identificar-se com a faixa etária com a qual trabalha. Para ela, atuar com o público no qual consegue desenvolver um trabalho mais significativo ao “falar” a mesma linguagem

dos alunos, e sentir-se à vontade para interagir com eles, favorece tanto a aprendizagem daqueles como agrada e conforta o professor, que fica satisfeito com o seu trabalho.

Reflete, neste sentido, que as experiências de ensino pelas quais passou a ajudaram a optar pela área do magistério na qual carreira. Atuando com crianças pequenas, constatou que não se sentia à vontade com esse público e, portanto, possivelmente não desenvolveria um bom trabalho. Já na atuação com adolescentes e jovens, conseguia desenvolver uma ação docente dinâmica, interessante, e que a satisfazia como professora, principalmente em disciplinas da área de Ciências Humanas. As primeiras experiências docentes de Açucena lhe proporcionaram a convicção pela carreira do magistério e nortearam sua opção pela área do conhecimento em que atuaria: História.

O percurso de formação da professora Tulipa começa de maneira inversa ao das demais professoras que participaram deste estudo. Suas vivências de aluna se misturam com as experiências de professora de forma tão sinuosa que se confundem os papéis de estudante e docente. Como, porém, suas vivências como aluna parecem ser possibilitadas pelas experiências docentes, estas se sobrepõem às primeiras.

Em suas vivências como aluna, o que marca é a falta de uma escola na localidade onde residia, no Município de Bela Cruz - CE, e as dificuldades, humilhações e lutas por que teve que passar, indo morar na casa de parentes para conseguir, aos 15 anos, chegar somente até a 5ª série, sem concluí-la. Sua escolarização foi bastante precária e teve muitas interrupções. Não se recorda claramente de nenhum professor que a tivesse marcado nesse processo e, portanto, fosse um referencial para ela.

Ao retornar para sua localidade, depois de esgotadas as possibilidades de permanecer estudando, Tulipa decidiu que iria dividir o pouco dos conhecimentos que constituíra com as pessoas daquele lugar carente de oportunidades. Como lá a única possibilidade que tinha era ajudar os pais a lidar com a terra, e o que queria mesmo era continuar estudando, colocou em prática uma ideia: transformou a casa de farinha da propriedade de seu pai numa “escola” e matriculou crianças, jovens e adultos para ensiná-los a ler e escrever,conforme registra o trecho a seguir:

Fiquei lá com os meus cadernos, olhando, pensando o que é que eu ia fazer da minha vida, doida para estudar, aí quando deu aquele estalo! “Ora, eu já sei ler e escrever. Eu vou já ensinar a esses meninos a ler e escrever”. Não tinha escola. Aí eu disse “papai, eu vou botar uma escola aqui”. Convenci meu pai aí eu peguei o cavalo e saí de casa em casa matriculando todo mundo. Foi um alvoroço, ninguém entendia nada. Uma menina matriculando um monte de menino para estudar, mas o pessoal conhecia, sabia quem eu era. Quando eu cheguei em casa, várias folhas só com nome de menino. Aí reparti. Os menores, eu coloquei de manhã. Os maiores, à tarde e matriculei agricultor também para a noite. Os agricultores para aprender a ler, para

aprender fazer o nome. O vereador que era primo do meu pai soube da história e muito interessado por voto naquela época, pegou o meu nome e botou no quadro dos professores da cidade.

Pela fala de Tulipa, é possível perceber a ousadia em querer fundar uma escola e a humildade em querer compartilhar o pouco que havia aprendido com as pessoas que residiam naquele lugar, que em sua maioria sequer sabiam escrever o próprio nome. A professora destaca em outro momento da entrevista que tinha uma relação muito amistosa e de confiança com as famílias do “seu” interior. Portanto, ir de casa em casa informando que abriria uma escola em que ela seria a professora e perguntando quem gostaria de aprender a ler e escrever foi algo bastante tranquilo para ela epara as famílias.

Na entrevista, a professora Tulipa reafirma o que relatou em seu memorial sobre sua decisão de criar uma escola:

Alguns dias depois, revendo meus cadernos e livros, tomei uma decisão: vou botar uma escolinha na casa de farinha, vou ensinar tudo que eu aprendi. E no dia seguinte, matriculei os meus irmãos primeiro, depois peguei o cavalo e saí fazendo matrículas da meninada de Baixa Nova. Foi aquele alvoroço e logo já tinha duas turmas para o ano letivo de 1977.

Para Tulipa, naquela época, fundar uma escola seria simplesmente matricular os alunos e em seguida dar início às aulas. Durante a entrevista, a professora contava, com entusiasmo, como foi esse início da profissão, chamando constantemente atenção para sua ingenuidade. Quanto à organização das turmas de alunos, no entanto, é perceptível certa sensibilidade por parte de Tulipa para a distribuição deles, porquanto ela explica que na época buscou dividi-los em grupos, considerando a faixa etária e pensando na melhor disponibilidade de horário para que frequentassem as aulas.

Para a constituição de uma escola naquele lugar esquecido pelos governantes, onde não havia energia elétrica, nem existia igreja, a adaptação de qualquer local, mesmo sem as condições mínimas de funcionamento, já seria, para Tulipa, uma grande conquista para as pessoas da região.

Relata que um vereador, que possuía parentesco com sua família, quando ficou sabendo da sua intenção de criar uma escola, logo foi em busca de tomar algumas providências, obviamente pensando nos votos que obteria. Levou-a para conversar com a Secretária de Educação do Município e inseriu seu nome no quadro de professores.

Ao encontrar a Secretária, Tulipa revela que estava bastante nervosa, temendo por haver feito as matrículas dos alunos sem pedir permissão e que por isso sua ideia de ensiná- los a ler e escrever fosse negada, principalmente porque não tinha conseguido avançar muito

nos estudos. Conforme registra o trecho abaixo, no entanto, reproduzido do seu memorial, a conversa com a Secretária foi bastante proveitosa e proporcionou algumas conquistas para que iniciasse formalmente o ofício de professor:

Eu fui logo me explicando, que não era professora, só tinha a 5ª série e só queria ensinar os meninos a ler e escrever. [...] Saí empolgada, vitoriosa depois de conversar com uma pessoa tão educada, calma, atenciosa, que talvez vendo a minha pouca idade e baixo nível de escolaridade, resolveu gastar um pouco do seu tempo me ensinando a preencher um diário escolar, folhas de matrículas e até mesmo como lidar com os alunos. E colocou-se a minha disposição, dando-me seu endereço para ir lá todas as vezes que eu necessitasse. Com um papel na mão autorizando receber da prefeitura diários, lousa, giz e cartilhas eu saí orgulhosa.

Tulipa recebeu instruções acerca de algumas questões pedagógicas, mas principalmente da parte mais burocrática da função que exerceria. Saiu daquele encontro ainda mais estimulada para pôr sua ideia em prática. O encontro receptivo com a Secretária também foi relatado na entrevista. Ela perguntou tudo sobre sua vida e Tulipa contou como foi a difícil trajetória escolar até ali e explicou sua vontade de ensinar, expondo principalmente a carência de oportunidades para as pessoas do lugar. Depois de ouvi-la, a Secretária instruiu-a sobre as matrículas, controle de frequência, apresentou e ensinou a preencher os diários e disponibilizou material para as aulas. As questões mais voltadas para a docência ficariam a cargo dos treinamentos que aconteciam periodicamente para professores leigos do Município e dos quais Tulipa começaria a participar. Relata que saiu daquela

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