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DA HIERARQUIZAÇÃO SUBSTANCIAL E AXIOLÓGICA DOS PRINCÍPIOS, NORMAS ESTRITAS E VALORES PRESENTES NO SISTEMA/ORDENAMENTO

No documento Dos convênios da administração pública (páginas 80-83)

CORRELATOS E, AINDA, TRABALHAR COM QUESTÕES COMO O FOMENTO PÚBLICO E AS SUBVENÇÕES PÚBLICAS

3. O princípio da máxima efetividade

2.4. DA HIERARQUIZAÇÃO SUBSTANCIAL E AXIOLÓGICA DOS PRINCÍPIOS, NORMAS ESTRITAS E VALORES PRESENTES NO SISTEMA/ORDENAMENTO

JURÍDICO E NA CONSTITUIÇÃO

Igualmente, julgamos relevante destacar o reconhecimento da existência, no âmbito dos princípios, normas estritas, diretivas e valores presentes no sistema/ordenamento, a iniciar pela Carta Magna, de uma hierarquia do ponto de vista substancial e axiológico, para além da assertiva formal de que os mesmos são de padrão único ou idêntico.

Ocorrendo a mencionada hierarquização como resultado da inegável existência, no interior do sistema/ordenamento, que possui a Constituição como seu ponto mais elevado, de princípios, normas estritas e valores com maior grau de destaque, que prevalecem na competição com os demais. Os mesmos ganham evidência e predominância, por exemplo, a partir da eleição do constituinte, da lógica e da ordenação do sistema jurídico constitucional examinado, e ainda, da preponderância de determinados valores na sociedade.

Salientamos, porém, que a aceitação da idéia de hierarquização não significa o estabelecimento de critérios rígidos e absolutizados aplicáveis para todas as hipóteses.

Igualmente, destacamos a possibilidade de convivência do princípio da unidade do sistema/ordenamento jurídico e da Constituição com o critério da hierarquização no interior da mesma.

No rumo indicado, Luís Roberto Barroso ressalta que:

Tudo que se viu até aqui em nome da unidade constitucional reforça o papel dos princípios constitucionais como condicionantes da interpretação das

77 SARLET, Ingo Wolfgang.

A Eficácia dos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do

normas da Lei Maior. São eles que conferem unidade e coerência ao sistema e é a eles que se recorre na solução de tensões normativas. A grande premissa sobre a qual se alicerça o raciocínio desenvolvido é a de que inexiste hierarquia normativa entre normas constitucionais, sem qualquer distinção entre normas materiais ou formais ou entre normas- princípio e normas-regras. (...).

Não obstante isso, é inegável o destaque de algumas normas, quer por expressa eleição do constituinte, quer pela lógica do sistema. (...)

Porque assim é, deve-se reconhecer a existência, no Texto Constitucional, de uma hierarquia axiológica, resultado da ordenação de valores constitucionais, (...).78

Francisco Meton Marques de Lima destaca que:

Enfim, sob o aspecto formal, dogmático, todas as normas corporificadas na Constituição - regras e princípios – possuem o mesmo e único padrão hierárquico, e detêm a eficácia que a Constituição lhes confere. (...)

Se a Constituição é fruto de um processo político, logicamente as escolhas feitas pelo poder constituinte hão de se pautarem em esquemas de prevalência e de classificação de bens mais ou menos importantes. (...) Do exposto, percebe-se que, a mesma proporção da dúvida quanto à hierarquia formal das normas da constituição, revela-se a certeza quanto ao aspecto material, onde se sobressai a prevalência de alguns bens jurídicos, direitos e faculdades (valores, enfim) sobre outros.79

Anota Romeu Felipe Bacellar Filho, quando trata das características funcionais dos princípios constitucionais, que “vigora no sistema brasileiro, o princípio da unidade normativa da Constituição, o que não impede a afirmação da hierarquia axiológica (material e não formal)”.80

Entende José Souto Maior Borges que “é nítida – tão nítida quanto estranhamente desapercebida – a valoração constitucional dos princípios” e, ainda, que “a CF, base empírica da ciência dogmática do Direito Constitucional, corrobora

78 BARROSO, Luís Roberto.

Interpretação e Aplicação da Constituição. Op. cit., p. 187. 79 LIMA, Francisco Meton Marques de.

O Resgate dos Valores na Interpretação Constitucional.

Fortaleza: ABC Editora, 2001, pp. 232, 234 e 237. 400 p.

80 BACELLAR FILHO, Romeu Felipe.

portanto a proposta doutrinária pela hierarquização dos princípios.”81 Outrossim, Ivo

Dantas considera que “a existência de variados tipos de princípios, dentro da própria Constituição, implica, como decorrência, o reconhecimento de uma hierarquia interna no próprio texto da Lei Maior”.82

Leciona Juarez Freitas, tratando, dentre outras, da questão da hierarquização de normas constitucionais, que:

Digno de notar que (...) numa interpretação sistemática bem empreendida, não resulta impossível admitir a existência (certamente lastimável) de normas constitucionais derivadas que se afigurem inconstitucionais, por mais intrigante que a questão possa parecer à primeira vista,83 em virtude

de contradição no âmbito da Lei Fundamental, uma vez que só aparentemente as normas constitucionais possuem grau idêntico, ao menos se compreendido o Direito numa visão que transcenda o formalismo e assuma a sua dialética vitalidade.84 (...)

8. É certo que se considera a hierarquia mais que se considera a hierarquia do ponto de vista substancial ou axiológico, consoante o qual sempre há

81 BORGES, José Souto Maior. Pro-Dogmática: Por Uma Hierarquização dos Princípios

Constitucionais. In: Revista Trimestral de Direito Público, 1/1993. São Paulo: Malheiros, 1993, pp.

140-146, p. 145.

82 DANTAS, Ivo.

Princípios Constitucionais e Interpretação Constitucional. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 1995, p.105. 119 p.

83 O autor anota e comenta sobre o tema, em nota de rodapé, opiniões presentes nas obras de:

BACHOF, Otto. Normas Constitucionais Inconstitucionais? Tradução José Manoel Cardoso da

Costa. Coimbra: Atlântida Editora, 1977, p. 92. Título original: Verfassungswidrige Verfassungsnormen? Verlag J. C. B. Mohr (Paul Siebeck), Tübingen, 1951.

Ainda: BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição. 4a. ed. São Paulo:

Saraiva, 2001.

Também: MENDES, Gilmar Ferreira Controle da Constitucionalidade: Aspectos Jurídicos e Políticos. São Paulo; Saraiva, 1990, pp. 95-105.

84 O autor, em nota de rodapé, diz que: “Neste passo, tem razão Francesco Ferrara (

Interpretação e Aplicação das Leis, p. 137) quando assinala: “Ora, isto pressupõe que o intérprete não deve limitar-

se a simples operações lógicas, mas tem de efetuar complexas apreciações de interesses, embora dentro do âmbito legal. E daqui a dificuldade da interpretação, que não é simples arte lingüística ou palestra de exercitações lógicas, mas ciência da vida e metódica do Direito”.

hierarquização possível, em face da completabilidade potencial do sistema jurídico (...).85

No documento Dos convênios da administração pública (páginas 80-83)

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