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4. Historia de La Revolución de Nueva España, Antiguamente Anáhuac o verdadero origen y

4.1 História como arma da revolução de independência

Iniciar a análise da HRNE é empreender marcha em direção à figura do Mier historiador e da historiografia construída por ele. Como já foi dito anteriormente, é preciso ser sensível para o fato de que o dominicano é um homem moldado por intercâmbios intelectuais e experiências pessoais que influenciaram o caráter da sua escrita, muito mais que a leitura rígida de obras doutrinárias que supostamente conduziriam sua linha de pensamento por um caminho reto, ordenado e pré-determinado. Todavia, o universo mental de Mier é composto por um emaranhado de teorias que ora se articulam, ora se sobrepõem umas às outras e ora se distanciam, sem que nada possa ser dado por definitivo. Embora a HRNE possa ser vista como um manual de história do México, pois retrata em detalhes fatos e eventos imprescindíveis para o movimento de autonomia da Nova Espanha, é preciso que se tenha em conta que os escritos de frei Servando possuem caráter múltiplo, podendo-se vislumbrar não apenas um aspecto panfletário, jurídico e político em prol da independência, como também um testemunho privilegiado de um personagem que participava da formação do estado nacional, ou ainda como um desabafo de forte carga emotiva que apelava aos sentimentos do leitor para que se manifestasse contra as mortes desnecessárias do povo mexicano.

Por se dirigir não apenas ao povo inglês, mas também aos que participavam das revoluções de independência, Mier cria uma história que não se baseava nas leis de comprovação e demonstração científica, mas sim em um tipo de historiografia que pudesse ser evocada nas ruas, nas tertúlias, nas sociedades anônimas ou secretas e até mesmo nas rebeliões, como que impulsionando a tomada de consciência dos povos sem que necessariamente se velasse pelo rigor formal de uma ciência estabelecida. A leitura da HRNE não permite que o leitor tenha uma noção exata de quando e em que lugar ocorrem os fatos narrados pelo dominicano, a não ser que se conheça de antemão o contexto por ele narrado. As referências temporais são escassas e as demarcações dos processos históricos descritos no livro são confusas, correndo-se o risco freqüente de perder a orientação de pensamento traçada pelo seu autor.

HRNE é um texto que expressa uma angústia intelectual intensa e que em suas linhas demonstram a ansiedade e a pressa do seu criador em fazer ouvir a causa pela qual lutava. Sem dinheiro para a impressão e para o sustento em Londres, fugido das garras da metrópole espanhola e sem poder voltar para sua terra natal, a vida de Mier dá uma pista dos fatores que expliquem a falta de elementos que pudessem embasar a sua história do modo como se faz o trabalho historiográfico contemporâneo. Um dos primeiros aspectos a se observar é a total ausência do pressuposto da imparcialidade histórica e da devida distância do observador do objeto. Frei Servando afirma no primeiro momento que sua história foi criada para impugnar um homem e, em uma zombaria insultuosa, manifesta uma fúria armazenada contra

Cancelada e todos aqueles escritores responsáveis por denegrir a imagem das Américas, com a chamada

lenda negra americana, como De Pauw e Robertson. Para ele, o universo insurgente, mesmo que

permeado de atrocidades seria tão bom quanto o índio selvagem descoberto por Colombo na conquista da América.

Mier quer criar uma historiografia do ponto de vista americano, subvertendo o trabalho historiográfico vindo da Europa sobre o continente. É um americano falando sobre a América, para americanos, introduzindo noções de identidade, realçando representações e questões que expressam maior fidelidade ao universo regional narrado, do que os relatos propagados por quem não compartilhe os mesmo códigos culturais da Hispano-América. Tudo que se referisse à metrópole espanhola era pérfido, mal e inverídico, e por isso se utiliza das gazetas realistas para dizer que elas não poderiam esconder de si mesmas o mal lançado em território americano. Isso explica a intenção do sacerdote mexicano em reunir abundantes materiais para comprovar que a ruptura entre Espanha e América se derivava da agressão dos residentes europeus no Novo Mundo, desde a captura de Iturrigaray à exclusão das castas africanas de todo o registro eleitoral. Para Brading, a habitual inimizade entre criollos e gachupines surge na mais amarga recriminação com o uso das gazetas, porque além da retórica, Mier queria demonstrar que os realistas haviam superado a Hernán Cortez no número de mexicanos que haviam matado178. Ao fazer essa

acusação, o dominicano cita a Brevísima relación de la destrucción de las Índias de Las Casas como prova da implacável crueldade dos espanhóis, seja com os índios no momento da conquista, ou seja, com os criollos no período das independências.

Além disso, Mier ao admitir que, para quem foi testemunha, a História se escreve de modo diferente, tenta expor a realidade dos fatos conforme aquilo que considerava por verdadeiro, manipulando o escrito no sentido de defender à construção de uma historiografia conforme aquilo que havia visto, ouvido e sentido, inserindo-se como objeto no contexto em que se deveria manter apenas como observador. Ou seja, o mexicano adapta a veracidade dos fatos conforme os argumentos que visava defender. Contudo, o frei não era de todo inconsciente acerca do papel imparcial do historiador. Ele reconhece que era preciso escrever para satisfazer o leitor, sem deixar de lado a neutralidade, mostrar os fatos embasados em documentos e mostrar a visão de ambos os lados do combate. Todavia, se sua demonstração pública de insatisfação com o governo espanhol era diretamente proporcional à satisfação do gosto do leitor que o lia, então se pode depreender que seu público alvo eram os insurgentes ilustrados que poderiam ter acesso aos seus escritos ou todo aquele indivíduo que apoiasse a causa da revolução.

Um esforço válido realizado pelo dominicano é a exposição dos documentos no sentido de mostrar as diferentes opiniões sobre ambos os lados da disputa, e com isso não apenas formar uma opinião pública, mas também informar o que ocorre entre os lados litigantes. Ainda que na visão da historiografia contemporânea, frei Servando peque pelo fato de interpretar os acontecimentos no lugar do leitor, não

dando margem para que ele sozinho possa concluir opiniões por si só, como já foi dito, é esse, entretanto, o papel que passam a ter os hombres de la pluma no período da insurgência. Essa tão proclamada opinião pública não era a voz do povo, mas era a síntese elaborada pelo ativo papel dos sábios, que deveriam possuir vasto conhecimento humanístico, alicerçado nos conhecimentos históricos, políticos e jurídicos, bem como a capacidade de expressá-los por meio da escrita. Um corpo consagrado pela natureza de suas ocupações a ensinar e propor os meios para fazer feliz a pátria. Guerra é da opinião de que a função deste grupo era tão alta uma vez que seriam eles os responsáveis por instruir a nação, se dirigindo não apenas ao governo, a quem propunham novas combinações na ciência administrativa, como ao povo, a quem educavam e promoviam os princípios liberais ditados pela razão179.

Muitos dos testemunhos relatados pelo sacerdote não possuem referências a autores, data ou locais onde foram proferidos, assim como possuem um embasamento maior em testemunhos do que em documentos escritos, na tentativa de mostrar o que realmente se passava. Mas uma questão que se impõe, é a do que o dominicano entendia por real. Sua própria vida expressava um aglomerado de situações em que se misturavam ficção e fato, e, como conseqüência dessa convergência entre realidade e imaginação, a visão utópica sobre a realidade dos americanos e do movimento rebelde impulsionava o dominicano a retirar dos primeiros heróis da liberdade o fardo dos excessos criminais em prol de um elogio às suas ações, com o realce da idéia que o governo que os oprimia era ilegítimo e injusto. Hidalgo e Morelos aparecem nas linhas da HRNE como nobres sem estirpe, homens de valores elevados e de caráter ilibado, qualidades reconhecidas pelos inimigos que se punham a combater.

Essa guerra de representações é uma constante em seus trabalhos, atuando no sentido de marcar as diferenças, criando oposições aparentemente simplórias, mas aptas a gerar profundos efeitos no modo de percepção de uma sociedade que buscava legitimação, novos heróis e um novo olhar sobre o passado, na busca pela própria autocompreensão. O mexicano apresenta a Espanha como um Leviatã, ainda que a essa altura a Coroa espanhola estivesse esfacelada e frágil. Porém, esse é um recurso de retórica de que o dominicano não abre mão em seus trabalhos, numa tentativa de, com isso, pôr em relevo as próprias ações ou o caráter americano, sofredor e inustiçado, que, no entanto, persiste na luta contra a crueldade metropolitana. Esse tipo de discurso proposto por Mier e o sistema de representação por ele apresentado agiram no sentido de posicionar os indivíduos em um novo lugar de fala de onde poderia ser emanada a voz do homem americano, ao expressar seus desejos e aspirações, em detrimento das imposições culturais e sociais da metrópole conquistadora.

Ainda que escreva sua obra, muito antes de Iturbide ser coroado imperador, o monarca mexicano surge como figura política de bastante realce na pena de Mier, que aponta os erros cometidos e a barbárie provocada pelo general, expressando seu total desagrado com as ações militares por ele executadas. Como será visto adiante no capítulo terceiro, o faro de frei Servando era apurado no que concernia a

antever o futuro da nação mexicana, talvez pelo fato de que o caudilho já despontasse como aspirante do trono mexicano e suas intenções se tornarem evidentes aos olhos de seus contemporâneos. Cabe ressaltar também que na HRNE, Mier se mostra favorável à monarquia bicameral vivida pela Inglaterra, admoestando os americanos a que não seguissem em demasia as opções políticas vividas pelos Estados Unidos. Todavia, suas experiências políticas posteriores ao período em que criou essa obra o conduziriam a transformações evidentes de tais proposições. Se a sensibilidade política do mexicano em relação a Iturbide se concretizou, sua afeição ao regime monárquico inglês se modificaria, tornando-se crítico da Coroa britânica e das demais monarquias.

É interessante notar que o dominicano escreve na tentativa de reunir todos os episódios e de contar os sucessos de todas as províncias Americanas, que se encontravam afastadas e incomunicáveis umas das outras na intenção de instruí-las e do que passava na Espanha a respeito de seus interesses. Por isso, ele deposita propositadamente princípios liberais de direitos na política e na religião, que são comuns na Europa, mas não nos campos de batalha e nas cidades onde explodiam as revoltas insurgentes, pois as vastas distâncias e a falta de informações sobre o que acontecia com as províncias vizinhas deixavam turvos os horizontes acima dos quais as revoluções deveriam enxergar.

A HRNE se transforma em guia explicativo e demonstrativo do contexto rebelde mexicano, porém sem esquecer referências e observações sobre as nações americanas em construção no resto do continente. Em razão desse fator, a obra de Mier servia ainda como ponto de referência para os estados que se formavam e careciam de orientação governativa. Sua história poderia ser usada como guia para as nações estrangeiras ao expor a estrutura das novas nações, suas autoridades e governos, tendo em vista de que se tratavam de países desconhecidos aos quais era preciso um mestre de cerimônias para apresentá-los à comunidade mundial. Nada mais a calhar, portanto, que o censo das populações utilizado de Humboldt, em seu Ensayo político sobre el reino de la Nueva España. O mexicano considerava não existirem observações mais exatas do que as realizadas pelo viajante, nem haver autoridade científica mais reconhecida no Ocidente pela grandiosidade da pesquisa realizada nas Américas.

Um paralelo histórico que aparece continuamente na argumentação do frei seria de que os espanhóis fazem na América o mesmo que Napoleão na Espanha; os americanos poderiam então invocar o mesmo direito de defesa que os peninsulares alegam contra os franceses e rebater com a independência a quebra do pacto com os povos americanos. Frei Servando faz questão de ressaltar que a carta magna americana era um documento obrigatório, diferente do contrato social de Rousseau, cuja doutrina causara os excessos, a agitação popular e até mesmo a queda da junta de Caracas e que teria inspirado as leis da Constituição de Cádiz. Na opinião de Brading, Mier apelava à história do México e não à razão universal para invocar o direito das gentes, por isso renega Rousseau e os princípios jacobinos de democracia, resgata os mesmos tipos de argumentos históricos que Jovellanos e Blanco White reclamavam para a Espanha e sustenta várias demandas com base nos direitos naturais gerados pela geografia, pelo berço e

pela raça, se espelhando em Thomas Paine quando evocou que uma nação tão grande e rica que não poderia ser escrava de um lugar tão miserável180. Como sintetiza o poeta mexicano Octavio Paz: “Si se

contempla la Revolución Mexicana [...], se advierte que consiste en un movimiento tendiente a reconquistar nuestro pasado, asimilarlo y harcerlo vivo en el presente”181.

A HRNE surge da necessidade de inteligibilidade diante do caos político da invasão napoleônica de 1808, da carência de orientação política e da insegurança presente com relação ao futuro do país. Era preciso que houvesse alguém capaz de usar uma lente de aumento para explicar a confusão instalada. Necessitava-se mais precisamente de um homem de letras que pudesse digerir as últimas transformações político-sociais e que narrasse o processo de autonomia da nação que surgia na arena dos Estados ocidentais.

O discurso histórico proposto por frei Servando estava destinado a revelar a idade de ouro para as nações que se desvinculavam do jugo colonial, num claro intuito de regenerar o passado colonial, mas sem deixar de escrever em minúcias as inúmeras façanhas de um povo, cujos descendentes deveriam aprender os grandes feitos dos ancestrais. A HRNE surge como legitimação intelectual do movimento armado. Nesse sentido, a narração das grandes batalhas serviria para demonstrar que a época das insurgências era um período em muito superior a qualquer outro e que deveria ser vista pelas gerações futuras como o auge da história dessas novas nações. Mier escreve na evidente intenção de indicar quem eram os heróis da libertação da sua pátria, e com isso construir o panteão sagrado para estas figuras, quase míticas, que se empenharam para a conquista do poder da terra para aqueles que viriam. Era preciso criar uma história para a nação que surgia sem passado, ou melhor, que serviria de divisor de águas para a criação de um novo tempo.

A religião surge na escrita servandina como um bem a se proteger e inseparável da defesa da pátria. Seus argumentos religiosos reforçavam consideravelmente a resistência contra o invasor, por isso serviam de justificativa para o entendimento do desastre e também para o momento em que se assumia a soberania mexicana. Frei Servando queria também dar justificativas para a própria insurgência, pois condenava acerbamente as posturas da Igreja católica e o alto clero que negavam aos criollos a devida promoção sacerdotal, sendo manifesta a discriminação contra o baixo clero, motivo que conduz vários sacerdotes mexicanos a abraçar a causa dos insurgentes.

É possível depreender do texto que o México é apresentado como terra sagrada, uma nova terra prometida pela qual era necessário lutar e que possuía seus próprios mártires, Hidalgo e Morelos; seu benfeitor, Las Casas, bem como sua protetora, Nossa Senhora de Guadalupe. A mistura entre milenarismo e Ilustração, ainda que Mier evoque para si a distinção de homem que não se sujeita mais às superstições da religião cristã, é refletida na retomada da idéia de tempo único para a libertação das ignorâncias e as

180 BRADING, David. Op. cit., p.638-639.

181 PAZ, Octavio apud LAFAYE, Jacques. Quetzalcóatl y Guadalupe. México: Fondo de Cultura Económica, 1977.

proposições de separação do cristianismo das ambições do clero e o retorno à Igreja primitiva, sem distinção entre seus membros, mesclando elementos do pensamento criollo, que não abandona a tradição católica e as inovações européias mais radicais.

Para finalizar o estudo dessa obra, é importante ressaltar que a HRNE alcançou grande repercussão social e também entre seus contemporâneos de insurgência, como se pode ver nos escritos de Simón Bolívar, principalmente na Carta da Jamaica, de 06 de setembro de 1815, em que cita: “O imperador Carlos V estabeleceu um pacto com os descobridores, conquistadores e povoadores da América, que é nosso contrato social”182. Cabe frisar que essa famosa carta do libertador das Américas,

foi escrita, entre outras razões, para assegurar ao inglês Henry Cullen que os insurgentes americanos não haviam tido a intenção de ressuscitar o culto ao deus Quetzacoátl, haja vista que o cidadão britânico havia feito a leitura da obra de frei Servando e teria ficado estarrecido não apenas com a associação entre o apóstolo São Tomé e o deus asteca, mas também desconcertado com a história da revolução mexicana. Bolívar evoca em sua carta temas caros a Mier, como a exaltação de Las Casas, o apóstolo das Américas, à crítica à conquista espanhola, em que se antes subjugava os índios e agora massacrava os verdadeiros patriotas, e, como já dito, a idéia de pacto entre os reis da conquista e os primeiros povoadores. Com relação às teorias de frei Servando sobre um cristianismo pré-colombiano, Bolívar declara que o entusiasmo político se havia mesclado com a religião, produzindo um veemente fervor pela causa sagrada da liberdade. Ao que indiretamente, revelava a profunda diferença que separava a insurgência da Nova Espanha do movimento vivido pela Venezuela.

A HRNE surge para demonstrar que a verdadeira desvalorização da América se resume, portanto, nos trezentos anos da conquista, entendida como a situação mais humilhante e degradante para os americanos a qual era preciso reverter. A conquista foi o episódio que veio interromper o curso de uma vida diferente, bastaria fechar esse parêntesis, despertar do sonho, abandonar a prisão para retornar a si. Era preciso reviver os anos perdidos e por isso a revalorização das civilizações pré-cortesianas, o que explicaria a insistência servandina em ressaltar a sabedoria e a indústria dos povos antigos, rebatizar os acidentes geográficos com nomes indígenas e da necessidade de ter batalhas da insurgência para garantir o retorno aos tempos que não deveriam ter ido. Contudo, a visão do criollo não seria a de fazer renascer pura e simplesmente os tempos do paganismo, suplantando valores espirituais da colônia, mas sim, a de entender que sua época coincidia com a pré-cortesiana pelo desejo de se verem livres do lapso-colonial. Na opinião do historiador mexicano, o insurgente recria, com o processo de autonomia política e administrativa, o futuro do império asteca, abrindo-se ao criollo um novo horizonte de novas expectativas do que teria sido a América caso não houvesse existido a conquista espanhola. A um passado irracional e escravizante, o criollo opõe um futuro racional e liberador que seria conquistado por meio da guerra de independência atual.

182 BOLÍVAR, Simón. Simón Bolívar. Organizado por Manoel Lello Bellotto e Anna Maria Martínez Côrrea. São

Essa seria a ideologia que legitimaria as batalhas insurgentes e a ascensão da camada criolla na orientação política das regiões onde o processo de autonomia se efetuava. É também essa a doutrina dos campos de batalha a qual frei Servando Teresa de Mier atribui justiça e legitimidade, como única alternativa plausível diante dos trezentos anos de exploração e barbárie. O criollo lutava por reconstituir o poder e a grandiosidade de um império pré-colombiano, imaculado da presença européia; contudo