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Identificação, atuação e Plataforma Organizacional para a Rede Transnacional de Defesa de Direitos e para a Comunidade Epistêmica: Colectivo Amazonia e Hidrelétrica

ANEXO V: Goldman Environmental Prize Concedido à Ruth Buendía Ashaninka

Mapa 9. Localização dos Projetos Hidroelétricos considerados de interesse nacional na bacia hidrográfica do rio Maranon.

4.2. Identificação, atuação e Plataforma Organizacional para a Rede Transnacional de Defesa de Direitos e para a Comunidade Epistêmica: Colectivo Amazonia e Hidrelétrica

Conforme visto no capitulo 1, restou claro que a aplicação da abordagem Construtivista é fundamental para esta tese porque procuraremos identificar em que medida a mudança de posição do governo peruano para desistir da cooperação energética com o Brasil ocorreu em função do convencimento pelo discurso social arguido pela campanha transnacional orquestrada pela RDTT e comunidade epistêmica. A análise desta mudança de preferência concentra-se em três etapas, a saber:

1. Identificação dos argumentos, construção dos discursos, ideias, crenças, estratégias utilizadas como cartas, comunicados, mídia e eventos e articulações conduzidas pela campanha feita pela RTDD sobre o tema e reações do governo peruano (capítulo 4, seção 4.3 – argumentos e 4.4 - estratégias);

2. Análise dos fatores conjunturais ocorridos no período em análise (2008-2014) que influenciaram esta mudança de preferência (capítulo 4, seção 4.4) e

3. Análise do que as comunicações sociais da campanha e fatores conjunturais representaram em termos de reação e alteração de posicionamento do governo peruano a respeito do tema (capítulo 5).

Obviamente esta tarefa pressupõe uma análise do histórico da tratativa e identificação de atores na sua participação. A identificação e análise dos atores envolvidos na campanha será brindada com os conceitos teóricos analisados no capítulo 1.

Nesta esteira, este capítulo visa identificar e analisar os principais atores membros da rede transnacional contra o Acordo Energético Brasil-Peru e seus papeis exercidos na campanha.

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4.2.1. Conceitos Teóricos para esta Tese: Adequação e Adaptações

Conforme descrito brevemente no capítulo 1 (enquadramento do estudo de caso no referencial teórico de redes transnacionais), o Colectivo Amazonia e Hidrelétricas (CAH), composto por dez atores-chave entre ONGs locais, nacionais e internacionais, Universidade, ONG indígena, tornou-se a plataforma organizacional para a rede transnacional de defesa de direitos, que por sua vez, agregou uma comunidade epistêmica própria capaz de emergir, articular-se, trocar informações e construir a estratégia de ação da campanha transnacional contra o Acordo. Esta plataforma organizacional agrega as instituições abaixo que atuam em variados níveis conforme a figura 9 demonstra em seguida:

4.2.2. Plataforma organizacional para a rede transnacional de defesa de direitos (RTDD)

Colectivo Amazonia e Hidrelétricas128

1. Sociedad Peruana de Derecho Ambiental – SPDA,

2. ProNaturaleza- Fundación Peruana para la Conservación de la Naturaleza, 3. Derecho, Ambiente y Recursos Naturales – DAR,

4. Fórum Solidaridad Perú,

5. Servicios Educativos Rurales – SER

6. Sociedad Civil por la Construcción de la Carretera Transoceánica y Desarrollo de Puno – SOCIT 7. Centro para la Sostenibilidad Ambiental de la Universidad Peruana Cayetano Heredia – CSA-UPCH, 8. Central Ashaninka del Río Ene – CARE-Ashaninka129,

9. Ríos Internacionales (International Rivers) – IR, y

10. Asociación para la Conservación de la Cuenca Amazónica – ACCA130

128 Conforme informações disponíveis no site institucional de Derecho, Ambiente y Recursos Naturales –

DAR, em: http://dar.org.pe/participacion.htm?id=20&idPr=2&s=en&sb=pa acesso em 12.12.2014.

129 A organização representa o interesse de 17 comunidades nativas da bacia do Rio Ene. Fonte:

www.careashaninka.org.pe e CRUZ, Lia Mendes. 2012.

130 Cabe ressaltar que a iniciativa MAP, embora reúna a maioria das organizações articuladas pelo

Colectivo Amazonia e Hidrelétricas, não protagonizou a campanha contra o Acordo Energético Brasil- Peru. A iniciativa MAP reúne representantes da sociedade civil organizada, comunidade epistêmica, ONGs e instâncias governamentais de diversas esferas administrativas desde 1999 e tem como um de seus objetivos promover a redução de desmatamento, queimadas, alternativas mais sustentáveis às rodovias previstas na IIRSA e a gestão eficiente dos recursos hídricos transfronteiriços da Amazônia Sul- Ocidental, região formada pelo Acre e pelos departamentos de Madre de Dios, no Peru, e Pando, na Bolívia. (QUEIROZ, 2011, p. 334). Esta iniciativa possui o mérito de reunir autenticamente preocupações e desenvolver propostas de maneira bottom-up, ou seja, provenientes dos moradores da região, população ribeirinha, seringueiros, indígenas, garimpeiros, cocaleiros entre outros. Um dos maiores desafios da iniciativa é obter financiamento para promover os encontros dos membros da iniciativa para debater as questões, pois eles vivem frequentemente em regiões isoladde dfícil acesso. Vale observar que a autora desta tese teve a oportunidade de trabalhar na iniciativa MAP antes do inicio do doutorado, como pesquisadora do IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (base Acre/MAP), um dos

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Figura 10. Membros da Rede Transnacional Colectivo Amazonia e Hidrelétricas (CAH), principal nó da Campanha contra o Acordo. Fonte: Elaboração própria.

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A plataforma é atualmente coordenada pela Sociedad Peruana de Derecho Ambiental – SPDA sendo um “Espacio de Participación: El Colectivo Amazonía e Hidroeléctricas es un grupo de instituciones e individuos de la sociedad civil comprometido con el desarrollo sostenible de la Amazonía peruana, organizado para la acción colectiva orientada al análisis y elaboración de propuestas sobre la problemática del desarrollo de centrales hidroeléctricas en la Amazonía peruana y su vínculo con la política energética nacional”131.

Abaixo identificamos os financiadores e apoiadores da campanha orquestrada pelo Colectivo Amazonia e Hidrelétricas:

Figura 11. Financiadores e Apoiadores da Campanha contra o Acordo.

131 Conforme informações disponíveis no site institucional de Derecho, Ambiente y Recursos Naturales –

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4.2.3. Rede Transnacional de Defesa de Direitos

Em relação à RTDD da campanha, quatro membros do CAH cumpriram papel de liderar sua conformação: As ONGs peruanas Sociedad Peruana de Derecho Ambiental – SPDA e Derecho, Ambiente y Recursos Naturales –DAR possuem reconhecida expertise em direito socioambiental peruano, a ONG Rede Internacional de Rios (Ríos Internacionales / International Rivers Network IRN) possui reconhecido expertise em direito internacional indígena e direitos humanos e a ONG local indígena Central Ashaninka del Río Ene – CARE-Ashaninka composta pelos indígenas Ashaninkas, um dos Povos mais afetados pela possível implantação dos projetos hidrelétricos previstos no Acordo, possui longa tradição em mover exitosas ações judiciais no âmbito local, nacional e internacional com expertise técnica no campo jurídico de FEDEPAZ Adv. A rede obteve apoio de parceiros internacionais como a IRN, Rainforest Foundation, Mott Foundation, Fundo Casa entre outros conforme a seguir demonstrado.

O papel específico da Rede de Defesa de Direitos foi de divulgar as violações de direito e de utilizar as vias judiciais, nacional e internacionalmente (estratégia de leverage politics segundo Keck & Sikkink, 1998), pressionando para suspender a implementação do Acordo.

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