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Peru: Localização de Projetos das Hidroelétricas (C.H.) com potencial de exportar eletricidade para o Brasil.

ANEXO V: Goldman Environmental Prize Concedido à Ruth Buendía Ashaninka

Mapa 5. Peru: Localização de Projetos das Hidroelétricas (C.H.) com potencial de exportar eletricidade para o Brasil.

Dentre as aproximadamente trinta e cinco hidrelétricas sendo planejadas e/ou sendo construídas no Peru (as chamadas “centrais de geração” pelo Acordo), cinco delas possuem potencial para exportar eletricidade ao Brasil e portanto estariam sob as regras deste acordo.

Dentre os projetos mencionados, Inambari foi resgatado e posteriormente inserido nas negociações de integração energética entre os dois países no âmbito da celebração do acordo bilateral. A pesquisadora Vanessa Cueto LA ROSA confirma o resgate do caso da hidrelétrica de Inambari, a terceira maior em termos de potencial de geração de eletricidade em MW:

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“Este proyecto [Central Hidroeléctrica Inambari] data de los años 70 cuando la

Dirección de Electricidad del Ministerio de Energía y Minas, con apoyo de la Cooperación Técnica Alemana (GTZ), realizó la Evaluación del Potencial Hidroeléctrico Nacional, eligiendo al rio Inambari (Puno, Cusco y Madre de Dios) como uno de los posibles ríos en donde se podrían implementar hidroeléctricas. Es así que con el pasar de los años este proyecto fue rescatado e insertado en las negociaciones del Perú y Brasil.” (LA ROSA, 2011, p. 32, grifos nossos).

Em 17 de maio de 2008, foi assinado o Convênio de Integração Energética entre os Ministérios de Energia e Minas (MINEN) do Peru e o do Brasil (MME), na cidade de Lima cujos principais objetivos foram desenvolver estudos sobre o potencial de integração energética entre os países, avaliar projetos hidrelétricos para a exportação de energia do Peru para o Brasil e o marco normativo regulatório de cada país, examinar a implementação de projetos de conexão transfronteiriços.

Posteriormente, os então presidentes Alan García e Luis Inácio Lula da Silva assinaram em 28 de abril de 2009, os “Memorando de entendimento para apoio de Estudos de Interconexão Brasil Peru” entre MINEM e MME com o objetivo de desenvolver estudos de viabilidade para a interconexão elétrica entre os países para exportação de energia do Peru para o Brasil e para o abastecimento de energia elétrica ao mercado peruano relacionados aos projetos hidrelétricos que se determinem como prioritários pelas Partes, vinculados ao Convenio de Integração Energética firmado em 17 de maio de 2008. Tal memorando, entre outros protocolos que preveem o Acordo de integração econômica e social entre o Brasil e o Peru, ficou conhecido como o “Compromisso de Rio Branco”. (VENTURA, 2009, slide 16).

Para a condução dos estudos de viabilidade foram constituídos os seguintes Grupos de Trabalho:

1-) GT A – para desenvolver estudos de viabilidade técnica e econômica dos projetos de geração;

2-) GT B – para analisar os requisitos legais e regulatórios da importação de energia elétrica pelo Brasil. (VENTURA, 2009)

Com isto, foi lançada formalmente, a proposta que culminou no avanço do planejamento das hidrelétricas de reservatórios nos rios da Amazônia alta peruana95 para construção.

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Arguimos que as empresas brasileiras Eletrobrás, Engevix, Furnas, Andrade Gutierrez e Odebrecht já estavam completamente envolvidas nestas tratativas a esta altura das negociações e antes da assinatura do Acordo em 201096. Esta forte participação é facilmente comprovada, pois elas já estavam compromissadas através de um consórcio entre elas para a elaboração dos “Estudios de Prefactibilidad” iniciados em 15 de maio de 200997. Tal estudo é exigido pela legislação peruana para projeto hidrelétricos e foram conduzidos para o projeto Paquitzapango e outros quatro projetos (ELETROBRÁS, 2009). Desta maneira, verifica-se que o memorando assinado em 28 de abril de 2009 acima mencionado, “Memorando de entendimento para apoio de Estudos de Interconexão Brasil Peru” com o objetivo de desenvolver estudos de viabilidade para a interconexão elétrica foi o documento que forneceu a segurança institucional por parte de ambos governos às empresas para prosseguirem com a elaboração de tais estudos. Por orientação do Sr. Ministro de Estado de Minas e Energia estes estudos de viabilidade seriam coordenados pela Eletrobrás (VENTURA, 2009, slide 14). A seguir a Eletrobrás mostra em sua apresentação tal consórcio no seminário sobre a integração:

96 Entrevistas dão conta que representantes da Andrade Gutierrez, por exemplo, participavam de reuniões entre os

diplomatas dos dois países.

97 Tal hipótese também é corroborada pelo Informante 2 em entrevista realizada no dia 4 de agosto de 2014 em

Lima. Além disso, a pesquisadora teve acesso a atas de algumas reuniões organizadas pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME sobre a Interligação Brasil-Peru com a participação de representantes das empresas OAS, Furnas.

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Fonte: ELETROBRÁS. 2009b.

Figura 4 Empresas do Consórcio para elaboração dos estudos de viabilidade com estudos já iniciados.

Interesse Peruano em exportar eletricidade ao Brasil

Em maio de 2009 na gestão de Alan Garcia, foi realizado o Seminario Internacional de Integración Energética PERÚ – BRASIL pelo GESEL-Grupo de Estudos do Setor Elétrico-UFRJ em que os atores de ambos governos, BNDES e numero restrito de representantes da academia puderam apresentar seus pontos de vista. Neste seminário, Daniel Camac, então Vice Ministro de Energía do MINEM deixou inequívoco o interesse do então governo peruano em avançar nas negociações para celebração do Acordo Energético conforme a seguir revelada em sua apresentação.

“Es interés de este Ministerio, impulsar la construcción de proyectos hidroeléctricos ubicados al lado oriental de la Cordillera de los Andes, a fin de desarrollar y utilizar el gran potencial hidroeléctrico con que cuenta el Perú. Este recurso renovable es escasamente aprovechado (5%).Por la gran magnitud de los proyectos, resultan altamente atractivos no solo para alimentar la demanda de Perú, sino también la demanda de energía eléctrica de Brasil.”

DANIEL CAMAC GUTIÉRREZ, Vice Ministro de Energía Seminario Internacional de Integración Energética PERÚ – BRASIL,

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A seguir, Camac aponta quais seriam os projetos hidrelétricos que o Peru possui interesse em inserir no Acordo de Integração Energética com o Brasil (na tabela os números 5, 6, 8, 9, 10 e 11):

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