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Impactos no Produto Interno Bruto – Paragominas

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (páginas 194-200)

Resultado 6.3. –Sistema de Monitoramento e Avaliação informatizado, adequado às

4. Impactos no Produto Interno Bruto – Paragominas

Paragominas e sua microrregião apresentaram resultados positivos no período 2004- 2006. Os valores do PIB nominal do município-sede e da microrregião que o abriga foram melhores que os de Belém e do estado paraense (Gráficos 20 e 21 a seguir). Embora primário e contando com todos os problemas do cálculo nominal e da metodologia do PIB dos municípios, o resultado em Paragominas surpreende.

Situado em uma região onde o aproveitamento da madeira seria “atividade natural”, o município de Paragominas tem sua atividade voltada predominantemente para a exploração madeireira. Com o objetivo de agregação de valor à “madeira bruta” e buscando o melhor aproveitamento possível de um recurso natural que sofre com a exploração predatória, o Projeto teve o mérito de aproximar os produtores locais de conceitos modernos sobre o uso consciente da matéria-prima e a sustentabilidade do desenvolvimento. Adicionalmente, foram fundamentais a apresentação de conceitos de design de móveis. O aprimoramento da concepção do produto pelos empresários locais foi um ponto positivo trazido pelo Projeto.

O resultado (ainda que nominal) de Paragominas pode apontar uma boa resposta dos atores locais aos incentivos do Projeto, mas, por outro lado, vale ter em consideração que a atuação pregressa das empresas da região era carente de ferramentas de gestão, de concepção de trabalho em rede como o que pode facilitar o escoamento do que foi produzido e, principalmente, de conceitos básicos de design. Assim, os resultados podem refletir um salto

em relação a uma base comparativa insignificante, o que implica mensurar a posteriori o comportamento do PIB, das empresas e demais instituições no arranjo produtivo paraense.

Gráfico 20 - Taxa de Crescimento do PIB Nominal: Paragominas, Belém, Microrregião e Pará (2004-2006) Fonte: dados primários obtidos em IBGE, acesso em 02/08/2009 em www.ibge.gov.br.

Gráfico 21 – Taxa Média de Crescimento do PIB Nominal: Paragominas, Belém, Microrregião e Pará, 2003-2006

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Tabela 22: Taxas Anuais e Médias de Crescimento do PIB a Preços Correntes, 2004-2006.

2004 2005 2006 Média Paragominas -2,7% 10,0% 13,4% 14,3% Microrregião 4,8% 8,1% 10,7% 7,9% Belém 17,1% 9,0% 11,0% 12,4% Pará 19,5% 10,0% 13,4% 14,3%

Fonte: cálculos do autor. Dados primários obtidos em IBGE. Acesso em 02/08/2009 em www.ibge.gov.br.

4.3.2 – Impactos no Emprego

Os dados de emprego foram coletados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho. Além das conhecidas dificuldades metodológicas associadas às bases da RAIS, principalmente as relacionadas à autoclassificação de atividades dos estabelecimentos, algumas decisões foram tomadas para viabilizar a análise das séries de dados para os APLs selecionados:

a) o período analisado foi 2000 a 2006 para possibilitar o levantamento de informações anteriores e posteriores ao Projeto, o que nos permitirá uma avaliação mais próxima da realidade dos impactos no emprego em cada APL;

b) entre 2000 e 2005 foi utilizada a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 1995, versão 1.0116. Para permitir a melhor mensuração possível, utilizamos a desagregação de classe de atividades (4 dígitos), definindo o principal produto fabricado pelos APLs como base dos dados de emprego;

c) em 2006, o Ministério do Trabalho passou a disponibilizar as informações utilizando a CNAE versão 2.0, o que gerou problemas de continuidade de série histórica para nossos objetivos. Embora seja possível tabular dados com a CNAE 1995 no Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho, a desagregação só está disponível até o nível de 3 dígitos, o que nos impede de manter a comparabilidade. Optamos, então,

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Para consultar a estrutura da CNAE 1.0 ver

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnae1.0_2ed/default.shtm e para a

versão 2.0, http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnae2.0/default.shtm. Acesso em 18 set. 2009.

por utilizar a CNAE 2.0 a 4 dígitos, compatibilizando-a com a CNAE 1.0 (1995). Entretanto, dada a impossibilidade de acesso ao cadastro de produtos fabricados e a identificação dos mesmos dentro de cada atividade a 4 dígitos, os dados podem apresentar distorções significativas nos casos em que houve alterações mais profundas entre as versões da CNAE.

As tabelas a seguir apresentam as atividades principais de cada APL e as classes utilizadas na CNAE 1.0 e na CNAE 2.0.

Tabela 23: Atividades Principais dos APLs Estudados – CNAE 1.0.

APL Código Descrição

(2000 a 2005 - CNAE 1.0) Nova Friburgo 1811 Confecção de roupas íntimas, blusas,

camisas e semelhantes

Campina Grande 1931 Fabricação de calçados de couro

Paragominas 3611 Fabricação de móveis com

predominância de madeira

Tobias Barreto 1741 Fabricação de tecidos de uso

doméstico, inclusive tecelagem Fonte: elaboração do autor a partir de dados da Comissão Nacional de Classificação.

Tabela 24: Atividades Principais dos APLs Estudados – CNAE 2.0.

APL Código Descrição

(2006 - CNAE 2.0)

Nova Friburgo 1411 Confecção de roupas íntimas

Campina Grande 1531 Fabricação de calçados de couro

Paragominas 3101 Fabricação de móveis com

predominância de madeira

Tobias Barreto 1351 Fabricação de artefatos têxteis para uso doméstico

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Como o município-sede do APL é, em todos os casos considerados, o mais importante da microrregião, optamos por trabalhar com os dados desta. Em geral, o município-sede responde por mais de 90% do emprego na microrregião definida pela RAIS.

1. Nova Friburgo

A classificação CNAE utilizada para medir os dados de emprego em Nova Friburgo foi “confecções de roupas íntimas blusas, camisas e semelhantes”. Na impossibilidade de tabulação de produtos específicos, as informações ficam, portanto, prejudicadas pela presença de outros produtos que não somente o de roupa íntima. De todo modo, para a Microrregião de Nova Friburgo as informações são consistentes com a observação local de concentração da produção em moda íntima. Neste sentido, apresentam-se dois resultados importantes sobre o impacto do Projeto no emprego. Na Tabela 25, os resultados do emprego nas fases pré e pós- Projeto são apresentados e na Tabela 26, a participação do emprego no setor de moda íntima na Microrregião no emprego setorial total do estado antes e depois do Projeto é apresentada.

Tabela 25: Emprego no Setor de Confecções de Moda Íntima.

Pré- Projeto Pós- Projeto Crescimento MR Nova Friburgo 5809 7071 121,7% Região Metropolitana 7889 7236 91,7% Demais Regiões do ERJ 891 1244 139,5% Estado do Rio de Janeiro 14589 15551 106,6%

Fonte: elaboração do autor a partir de dados da RAIS/MTE.

Uma vez mais, vale destacar que os dados das microrregiões estão afetados pela presença de produtos como blusas, camisas e semelhantes. No caso de Nova Friburgo, no entanto, como a moda íntima é preponderante, podemos tomar os resultados como próximos da realidade da microrregião. Verifica-se que a Microrregião de Nova Friburgo foi a que mais cresceu considerando a média de empregos nas fases pré e pós-Projeto, o que nos permite concluir, a priori¸ que o Projeto exerceu alguma influência na organização do APL.

Tabela 26: Participação do Emprego no APL de Nova Friburgo no Emprego Total do Setor de Moda Íntima do Estado do Rio de Janeiro (Em %).

Período Participação

Pré-Projeto (2000-2003) 39,82%

Pós-Projeto (2004-2006) 45,47%

Fonte: elaboração do autor.

O resultado apresentado na Tabela 26 mostra que instrumentos de governança foram utilizados com eficácia no APL, tendo viabilizado a elevação do emprego em 14% na fase pós-Projeto.

2. Tobias Barreto

Na Tabela 27 os resultados do emprego nas fases pré e pós-Projeto são apresentados e, na Tabela 28, as participações do emprego no setor de moda íntima na Microrregião no emprego setorial total do estado antes e depois do Projeto são apresentadas.

Tabela 27: Média de Emprego no Polo de Tobias Barreto117.

Pré-Projeto Pós-Projeto Crescimento

MR Tobias Barreto 38 28 - 26,5%

Região Metropolitana 502 490 - 2,5%

Demais Regiões do ESE 398 413 3,9%

Estado de Sergipe 938 930 -0,8%

Fonte: elaboração do autor a partir de dados da RAIS/MTE.

` Tabela 28: Participação do Emprego no APL de Tobias Barreto no Emprego Total da Atividade do APL em Sergipe (Em %).

Período Participação Média

Pré-Projeto (2000-2003) 4,0%

Pós-Projeto (2004-2006) 3,0%

Fonte: elaboração do autor.

117

Atividades: fabricação de artigos têxteis a partir de tecidos – exceto vestuário e fabricação de outros artigos têxteis – exceto vestuário.

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Os resultados de emprego apontam a falha do Projeto em elevar a participação da região escolhida no emprego total do estado sergipano. É indiscutível a tradição produtiva local no setor selecionado, porém a falta de experiência empresarial e de tradição associativa podem ter sido fatores limitadores dos resultados do Projeto na geração de empregos ou na elevação da formalização das relações de trabalho existentes. As informações disponíveis sobre o estado de Sergipe mostram um possível erro de diagnóstico para o destino de recursos do Projeto: embora Tobias Barreto possua a mencionada tradição sócio-histórica, a microrregião do Baixo Cotinguiba e a região da capital sergipana apresentam o maior contingente empregado no setor conforme mostram os mapas a seguir.

Figura 8 - Emprego no setor de confecção de artigos do vestuário para uso doméstico (Ano 2001)

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (páginas 194-200)