• Nenhum resultado encontrado

ORGANIZAÇÃO E OBJETIVOS

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (páginas 47-50)

Este trabalho está dividido em quatro capítulos - além desta Introdução, aqui tratada como o primeiro capítulo da tese. O segundo capítulo traz a discussão do protagonismo do local e o binômio espaço-tempo na análise econômica, evidenciando, assim, a nossa visão de território e sobre aglomerações produtivas e suas tipologias. Recupera, ainda, momentos da história econômica brasileira através de seus planos de estabilização e/ou de desenvolvimento, com foco específico no que há de regional, local ou “redução de desigualdades” em tais planos.

O terceiro capítulo traz as considerações metodológicas sobre o tratamento dado à análise do Projeto de Desenvolvimento de Distritos Industriais e sobre algumas medidas utilizadas nesta tese. Vale advertir o leitor sobre nosso entendimento de que a metodologia, como estudo do método, está presente em todos os capítulos ainda que exista um capítulo dedicado formalmente a tratar o tema. Tal existência justifica-se mais pela formalidade da prática do que pela necessidade do discurso e, para não relegar sua importância a um grau inferior (o que não é nosso objetivo), o capítulo traz uma importante distinção: como tratamos de duas questões paralelas nesta tese, a análise de um projeto de intervenção no tecido social e o questionamento metodológico da concepção teórica desse projeto e de todos os que se assentam na mesma ideia de reprodutibilidade no espaço de experiências temporal e espacialmente diversas, é didaticamente importante que o leitor tenha em mente este duplo movimento teórico. De um lado, uma pequena análise de resultados produzidos a partir da empiria; de outro, o movimento de questionamento do objeto que dá substância à empiria (ou lhe deveria dar): a tese de que os arranjos produtivos locais são o caminho ideal para a redução de desigualdades regionais através da política industrial. É também prudente advertir o leitor sobre o capítulo metodológico trazer análises com conclusões sobre o tema tratado. Optamos por esta abordagem a fim de deixar o capítulo seguinte totalmente ou em grande parte dedicado ao objeto empírico.

O quarto capítulo traz os resultados da análise dos arranjos produtivos locais brasileiros estudados. Tais arranjos foram escolhidos, conforme destacado, em função da implementação de políticas de desenvolvimento emanadas de instituições que tentaram reproduzir o “modelo italiano” em território brasileiro. Assim como no capítulo anterior, misturamos método e resultados da análise em função das razões já expostas.

47

à luz da dinâmica capitalista que se apresenta, uma dinâmica que incorpora um arranjo produtivo ao mesmo tempo mutante e estável; funcional ao sistema e/ou ao espaço que ocupa. Capital e mudança estão, sem grande surpresa analítica, imbricados. A surpresa analítica está no papel do espaço, este, mais do que o tempo, assume o seu território na análise econômica.

Esta organização pretende apresentar, em resumo, as seguintes questões:

a) o resgate da discussão local-global e da importância das escalas intermediárias no processo de autovalorização do capital. Este resgate, no campo teórico, objetiva a verificação da hipótese de que as representações espaciais do capitalismo pós-1990 no Brasil e no mundo, consolidadas em arranjos produtivos locais, não são senão produtos da lógica de reprodução capitalista do espaço (HARVEY, 2007), nada trazendo de novo do ponto de vista da teoria econômica para a análise capitalista e nada contribuindo para o avanço da teoria de planejamento de espaço urbano e regional.

Os arranjos, embora possam cumprir “funções sociais” e representar, eventualmente, soluções emanadas da base de uma “comunidade local”, teoricamente não trazem avanços ao capitalismo como modo de produção e, principalmente, não se configuram em um novo espaço de acumulação como defendem alguns teóricos da ortodoxia;

b) a análise do Projeto de Desenvolvimento de Distritos Industriais. O projeto23, desenvolvido no período 2003-2006 em parceria entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (SEBRAE) e a Câmara de Comércio e Indústria de Milão (Itália), pretendeu materializar em território brasileiro a experiência italiana de sucesso no desenvolvimento de arranjos produtivos.

Duas serão as linhas analíticas desenvolvidas nesta tese no que diz respeito à análise do Projeto:

i. a partir de categorias analíticas, serão avaliados os documentos que deram origem ao Projeto;

23

A partir deste ponto, faremos referência ao Projeto de Desenvolvimento de Distritos Industriais com o termo Projeto, sempre com inicial maiúscula a fim de estabelecer a distinção com o termo projeto, utilizado para referência a qualquer projeto de desenvolvimento.

ii. a partir de indicadores de evolução de renda e emprego e de efeitos de encadeamento e extrapolação, serão avaliados os efetivos impactos do Projeto nas regiões escolhidas para abrigá-lo;

iii. resultados sobre sinergia e coesão obtidos pelo consórcio que avaliou os primeiros anos do Projeto são comentados para que se perceba o efeito de aportes financeiros e intelectuais de instituições nacionais e multilaterais de fomento sobre o território. Os indicadores, infelizmente, estão disponíveis apenas para a fase inicial do Projeto, mas são capazes de refletir os efeitos que queremos medir.

c) a indicação de novos estudos que possam contribuir para o desenvolvimento de projetos eficazes para o desenvolvimento local;

d) a comprovação ou não de que os arranjos produtivos são o caminho para a redução de desigualdades regionais. Tal questão, central para nossos propósitos, emana da presença da relação entre arranjos produtivos locais e redução de desigualdades regionais nas políticas industriais e de desenvolvimento brasileiras no período pós- estabilização.

49

2 O LOCAL, A ECONOMIA E O DESENVOLVIMENTO

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (páginas 47-50)