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Capítulo 5. O contexto português

5.3 A informatização e gestão de coleções em Portugal

5.3.1.1 O In arte / In arte Plus / In arte Premium

O primeiro produto a ser desenvolvido pela Sistemas do Futuro foi em 1996, o In arte110 -

software de inventário e gestão de coleções para o património cultural móvel; em 1999, foi

desenvolvida a aplicação: In arte Plus e, desde 2004, o In arte Premium. O In arte Premium encontra-se em uso em mais de 200 instituições em Portugal, Espanha e Brasil, como museus, fundações e universidades.

Em 2003, a FCG resolveu adquirir um programa de inventário e gestão de coleções à Siste- mas do Futuro. Esta oportunidade, fundamental para dar continuidade à evolução dos sistemas de gestão de coleções da empresa, viria a revelar-se um desafio (Matos, 2012). Segundo Fer- nando Cabral: “a FCG tinha feito um levantamento exaustivo das necessidades dos seus mu-

109 Retirado do website da Sistemas do Futuro: http://sistemasfuturo.pt (Consultado a 14-12-2017). 110 Informação sobre o In arte está disponível em: http://sistemasfuturo.pt (Consultado a 14-12-2017).

seus e criado um caderno de encargos com os requisitos técnicos do sistema, estrutura de da- dos e procedimentos a implementar nos museus da instituição”. À Sistemas do Futuro foi in- cumbida a tarefa de completar ou criar ferramentas necessárias para o registo e documentação das coleções, contemplando as áreas da conservação, da produção de catálogos, da gestão de exposições, dos empréstimos, das iniciativas educativas (Matos, 2012).

Para o efeito, a Sistemas do Futuro desenvolveu uma nova ferramenta. Fernando Cabral ex- plicita: “quando foi desenvolvido o In arte Premium, a Sistemas do Futuro comercializava a versão In arte Plus (…) Nessa altura, a versão Plus do In arte tinha quatro anos, pelo que se- ria uma boa oportunidade utilizar este projeto para fazer uma nova versão, introduzindo soft-

ware entretanto lançado no mercado.” Esta tarefa terá sido realizada à medida que a empresa

desempenhava um papel mediador entre a normalização internacional de referência para a gestão e documentação das coleções e, simultaneamente, entre os procedimentos definidos e requeridos para a gestão dos acervos do MCG- CF e MCG-CM, os quais levantavam uma di- ficuldade, tal como afirma Fernando Cabral: “tínhamos, na mesma instituição, características e requisitos bem distintos pela natureza das suas coleções e tipo de gestão inerente, mas que deveriam utilizar o mesmo sistema de gestão de coleções.”

Aquando do desenvolvimento do In arte Premium, a própria investigação111 da Sistemas do Futuro, terá sido fundamental para o aperfeiçoamento das aplicações da empresa, entretanto lançada no mercado internacional112. O In arte teve como imperativo assegurar o respeito pe- las normas internacionais de inventário, gestão e documentação de património, com especial atenção pelas normas elaboradas pelo CIDOC; a Normalización documental de Museos; o

111 Desde 1998 que a Sistemas do Futuro tem estado amplamente envolvida em projetos de investigação sobre a temática da normalização documental. Tal é percetível se atentarmos aos projetos de investigação em que a em- presa cooperara no domínio do inventário, gestão e divulgação das áreas de: ciências naturais - com a universi- dade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em 2000, e com a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), em 2001; ciência e técnica - com o Instituto de História da Ciência e da Técnica (IHCT), em 2002; ciências naturais - com a universidade de Coimbra, em 2002; arqueologia e património imaterial - com a Associação Cultural Desportiva Recreativa de Freixo do Numão (ACDR) – Museu da Casa Grande, em 2006; azulejaria e cerâmica - com o Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 2009. Recentemente, para a normalização de procedimentos das coleções museológicas, foi estabelecida uma cooperação com a Collections Trust e com a Fundação Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, na tradu- ção e adaptação do SPECTRUM à realidade portuguesa (veja-se: Matos, 2012). Informação retirada de: www.- sistemasfuturo.pt (Consultada a 14-12–2017).

112 Nomeadamente: as Guidelines and Standards for Museums do CIDOC-ICOM; o Object Id Project - an inter- national standard for describing cultural objects; o SPECTRUM; as Normas de classificação de património mó- vel e imóvel da UNESCO; a Normalización Documental de Museos e as normas que têm sido criadas pelo Ca-

Spectrum e as Normas de classificação de património da UNESCO. Também as Normas de

Inventário, gerais e particulares, foram respeitadas e asseguradas, caso o museu as quisesse adotar.

Mas a investigação metodológica na área da tecnologia e normalização em museus, a nível internacional, não terá sido fator único para a evolução e atualização da tecnologia dos siste- mas. O desenvolvimento do In arte Premium foi um processo que desencadeou reuniões e vi- sitas técnicas, e que teve como base a mediação de key persons, ou seja, interlocutores que estabeleceram um diálogo contínuo entre o museu e a empresa. No MCG-CF, este papel foi assegurado pelas duas conservadoras mais antigas do museu, quer durante a fase de desenvol- vimento do produto, quer durante a sua implementação e reajuste. Fernando Cabral descreve como sucedeu: “foi um processo colaborativo, envolvendo além das chefias, os conservadores e os técnicos; implicou muitas reuniões e visitas técnicas para que se entendesse melhor as necessidades e funcionamentos do MCG-CF e MCG-CM (…). Tínhamos o envolvimento das equipas do museu para, por um lado saberem que eram importantes no desenvolvimento e im- plementação do novo sistema e por outro, transmitirem quais os seus problemas e necessida- des mais específicos”, afirmando: “tem de existir a compreensão de ambas as partes, desen- volvedor e utilizador, para esta metodologia de trabalho. Pensamos que tal se verificou neste projeto.”

A estes fatores, Matos (2012) acrescenta a motivação da empresa e a experiência e conheci- mento mútuo das equipas: “a escolha da empresa por uma entidade de prestígio, nacional e internacional, como a FCG, que é, por si só, um fator de motivação elevado, acrescido pela experiência e conhecimento da gestão de coleções que as equipas daquelas duas instituições possuíam, seria o fator determinante para a evolução e atualização tecnológica dos sistemas, bem como para o seu sucesso”. Rematando :“esta evolução resultou da metodologia de de- senvolvimento que a empresa adotou desde o início, ou seja, sem prescindir da investigação por meios próprios na área da tecnologia e normalização, a empresa procurou recolher o im- portante conhecimento de um novo parceiro, a FCG” (Matos, 2012: 249).