• Nenhum resultado encontrado

Capitulo 1. Museus na era digital

1.1.3 O panorama em Portugal

A produção bibliográfica nacional sobre a temática dos museus e novas tecnologias recai grandemente sobre o estudo da documentação e gestão de coleções. A bibliografia produzida destaca-se em trabalhos de investigação realizados em âmbito académico. Tais são os casos das dissertações de mestrado apresentadas à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa: “Os sistemas de documentação dos museus: a informatização dos sistemas de documentação” (Pereira, 1996); “Museus e documentação: entre a teoria e a prática - uma abordagem da realidade portuguesa” (Antunes, 2002); “Radiografia documental dos museus portugueses: inquérito de avaliação da documentação enquanto processo” (San- tos, 2005); “Sistemas de documentação e inventário de uma coleção de cerâmica arqueológica da Quinta do Rouxinol” (Braga, 2012). Acrescem as investigações de Alexandre Matos, no âmbito do mestrado: “Os sistemas de informação na gestão de coleções museológicas: contri- buições para a certificação de museus” (2007), e no âmbito do doutoramento: “SPECTRUM: uma norma de gestão de coleções para os museus portugueses” (2012), e ainda a tese de Patrí- cia Remelgado: “Gestão Integrada de Coleções Museológicas” (2008), apresentadas à Facul- dade de Letras da Universidade do Porto - FLUP. São ainda de referir as contribuições de Ali- ce Semedo, nomeadamente o levantamento das práticas de gestão de coleções nos museus portugueses, no âmbito do Master of Arts in Museum Studies, na University of Leicester (1991), e o artigo: “Políticas de Gestão de Coleções” (2005), o qual trouxe um contributo para a área da política de gestão de coleções em museus a nível nacional e internacional.

No ano de 2009, Alexandra Pedro elaborou a dissertação de mestrado: “Os museus e a Web 2.0: os sítios Web dos museus Portugueses”. A autora analisou 72 websites de museus perten- centes à Rede Portuguesa de Museus, fazendo um levantamento da realidade nacional a nível dos conteúdos disponibilizados pelos museus nos seus websites, assim como das ferramentas da Web 2.0 que os museus utilizavam nas suas atividades quotidianas.

No sentido de conhecer e avaliar aprofundadamente o panorama institucional online nacional, em 2014 foi elaborado o estudo E-coesão (Gaspar e Barroso, 2014), produzido pela equipa técnica do Centro de Estudos de Desenvolvimento Regional e Urbano, Lda (CEDRU) para o Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais (GEPAC). Nele foram analisados

os websites das Estruturas Culturais da Administração Central do Estado27, para avaliar o pa- norama institucional online, nomeadamente, a verificação de funcionalidades dos websites e os critérios de: usabilidade de navegação; utilidade e qualidade dos conteúdos; atualidade da informação; qualidade da indexação. Paralelamente foram eleitas outras referências do pano- rama cultural nacional online, cujo objetivo foi recolher lições de experiência que pudessem ser úteis na formulação de recomendações para melhorar o panorama institucional online do setor cultural e criativo português. “Para este exercício, selecionaram-se sítios que constituem referências na cultura nacional” (Gaspar e Barroso, 2014), tendo sido escolhidos doze websi-

tes de dez instituições e dois projetos nacionais; entre as instituições eleitas, destaca-se a

FCG.

No âmbito de congressos, seminários e encontros realizados em contexto nacional, relativa- mente ao tópico dos museus e novas tecnologias, assinalam-se no ano de 2012, o painel: De- safios dos sistemas de informação na missão museológica, no âmbito do Congresso nacional de bibliotecários, arquivistas e documentalistas, realizado em Lisboa. Este painel teve a parti- cipação dos membros do Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus, que reúne, entre outros profissionais, Teresa Campos e Alexandre Matos, e teve como objetivos apresen- tar os sistemas de informação em museu como pilares fundamentais do trabalho museológico e da gestão dos acervos patrimoniais, assim como colocar em destaque o seu papel insubsti- tuível no tratamento, difusão de informação e produção do conhecimento.

Em 2013 realizou-se, nas cidades de Lisboa e Évora, um seminário internacional sobre a apli- cação das novas tecnologias ao estudo e divulgação do património artístico, o qual teve como objetivo promover o intercâmbio científico na área do património virtual (no que respeita à recriação histórica dos ambientes urbanos através de modelos 3D interativos). O seminário, denominado: Património, novas tecnologias e criatividade, foi organizado pelo Centro de His- tória da Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora (CHAIA/UÉ) e o Centro de

27 Nomeadamente: serviços da administração direta do Estado - Inspecção Geral das Atividades Culturais (IGAC); Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais (GEPAC); Biblioteca Nacional de Portugal (BNP); Direção-Geral das Artes (DGARTES); Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB); Direção-Geral do Património Cultural (DGPC); Direções Regionais da Cultura (DRC) - Norte, Cen- tro, Alentejo e Algarve. Organismo da administração indireta do Estado - Instituto do Cinema e do Audiovisual, I. P (ICA); Cinemateca Portuguesa, EPE (CP). Órgão Consultivo - Conselho Nacional de Cultura (CNC); Outras estruturas - Academia Internacional de Cultura Portuguesa (AICP); Academia Nacional de Belas Artes (ANBA); Academia Portuguesa da História (APH). Setor empresarial do Estado - Organismo de Produção Artística, EPE (OPART) - Teatro Nacional de S. Carlos e Companhia Nacional de Bailado; Teatro Nacional de D. Maria II, EPE (TNDM); Teatro Nacional de S. João, EPE (TNSJ) (Gaspar e Barroso, 2014).

Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território, do ISCTE-IUL (DINÂMIA´CET- IUL), tendo sido abarcadas, entre outras, as áreas do património cultural na era digital, assim como o património digital para a preservação e divulgação.

Em 2014 realizou-se em Lisboa o encontro: Multidisciplinaridade e interação: história da arte, museus, tecnologia e sociedade, organizada pelo Instituto de História da Arte (IHA) da Facul- dade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, onde foram contemplados estudos aplicados em diversos museus sobre temáticas como: os recursos digitais ao serviço de novos projetos museológicos; bancos de imagens; bancos de dados; ou tecnologias da in- formação e da comunicação para a preservação e interpretação do património cultural.

Em 2016 realizou-se, em Coimbra, o VI Congresso da Associação Portuguesa de Antropolo- gia (APA), onde se destaca o painel: Na rede: novas temas e métodos na pesquisa online de processos de patrimonialização. As contribuições, quais reflexões teóricas e metodológicas surgidas na intersecção dos estudos de património e pesquisa online, estão previstas ser publi- cadas na revista Trabalhos de Antropologia e Etnologia (TAE).

Em Portugal, o estudo do património digital carece de estudos científicos realizados a nível teórico antropológico, museológico e sociológico. O estudo dos desafios lançados pela utili- zação dos média digitais em contexto museológico, onde a digitalização do património se in- sere, necessita de estudos nas áreas de investigação, preservação, gestão, interpretação e re-

presentação do património cultural (Cameron e Kenderdine, 2007). O estudo proposto apre-

senta assim um carácter atual, pertinente e inovador, numa área que se encontra em franca ex- pansão, abrangendo a presente reflexão uma análise transversal da temática, que abarca os contextos nacional e internacional, de um fenómeno que se assume à escala global.