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Nas últimas décadas, conforme aponta Carvalho (2008), tem se instituído um conjunto de práticas sociais voltadas para o meio ambiente tanto no âmbito das diversas iniciativas de grupos, de associações e de movimentos ecológicos quanto no âmbito das legislações e dos programas de governo.

De acordo com a autora, a institucionalização das políticas públicas de EA em nível nacional pode ser concebida em dois momentos que refletem as compreensões sobre o principal papel da EA. Em um primeiro momento, a EA foi concebida como preocupação dos movimentos ecológicos, como uma prática de conscientização visando chamar a atenção para a má distribuição e finitude dos recursos naturais, posteriormente esta concepção tornou-se mais abrangente e a EA passou a ser tratada fortemente como uma proposta que dialoga com o campo educacional.

Nesse sentido, Lima (2011) observa que o desenvolvimento da EA no país se deu com maior intensidade e em caráter pioneiro, através de agências estatais de meio ambiente e não do sistema educacional do governo. Poderemos fazer essa constatação ao observamos o Quadro 1, que elaboramos a partir de publicações de alguns autores que estudaram políticas públicas de EA:

Quadro 1 - Institucionalização das Políticas Públicas de Educação Ambiental no Brasil.

Ano Evento

1973 Criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) 1981 Lei nº 6.938/81 – institui a Política Nacional de Meio

Ambiente

1988 Lei nº 7.735 – criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA)

1988 Constituição Federal Brasileira (Cap. VI, Art. 225, Inciso VI, § 1º)

1989 Criação do Fundo Nacional de Meio Ambiente - Lei nº 7.797 1992 Criação dos Núcleos de EA do IBAMA e dos Centros de EA

pelo Ministério da Educação (MEC)

1994 Aprovação do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA)

1997 Elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), pelo MEC

1999 Aprovação da Política Nacional de Educação Ambiental- PNEA - Lei nº 9.795

2002 Regulamentação da Política Nacional de EA - Decreto 4.281 2003 Criação do Órgão Gestor da Política Nacional de EA,

reunindo MEC e MMA.

Fontes: Barbosa (2008); Brasil (1999, 2004, 2005); Carvalho (2008); Dias (2004); Lipai, Layrargues, Pedro (2007); Mendonça, 2004; Sorrentino et al., 2005.

No Brasil, o meio ambiente passou a ser uma preocupação do governo e materializou- se em política pública a partir de 1973, com a criação, no Poder Executivo, da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), vinculada ao Ministério do Interior (MENDONÇA, 2004; LIMA, 2005; SORRETINO et al. 2005, CARVALHO, 2008), que, de acordo com o documento “A implantação da educação ambiental no Brasil” (BRASIL, 1998), tinha como objetivo o de esclarecer e educar o cidadão brasileiro para o uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservação do meio ambiente.

De acordo com Dias (2004), no mesmo ano de realização da Conferência de Tbilisi, a SEMA elaborou, a partir da constituição de um Grupo de Trabalho, um documento sobre Educação Ambiental para definir seu papel no contexto da realidade brasileira. Outras ações

foram definidas no sentido de implementar a Educação Ambiental nas escolas e nas universidades brasileiras, tais como,

[...] a obrigatoriedade da disciplina de Ciências Ambientais nos cursos de Engenharia, a introdução da Ecologia como eixo central da proposta de ensino no 2º grau, a criação do Projeto de Ciências Ambientais para o Ensino Fundamental e, a criação de cursos em diversas universidades com enfoques na área ambiental. (DIAS, 2004, p. 18)

Segundo Lima (2005), a SEMA foi o primeiro organismo federal brasileiro orientado para a gestão dos problemas ambientais e precursor do nascente sistema de agências estatais de meio ambiente. Dezesseis anos mais tarde , em 1989, a SEMA foi extinta ao se fundir a outros órgãos da estrutura governamental relacionados ao meio ambiente na criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.

Apesar de a década de 1970 ter sido determinante para a institucionalização da EA no País, foi principalmente nas décadas de 1980 e 1990, com o avanço da consciência ambiental, que a EA se expandiu e se tornou objeto de um conjunto significativo de políticas públicas e da agenda de movimentos sociais (CARVALHO, 2008). Nessas décadas, segundo Loureiro (2004), a EA começou a ganhar dimensões públicas de alguma relevância, entretanto, ela vai se “[...] inserir nos setores governamentais e científicos vinculada à conservação dos bens naturais e com forte sentido comportamentalista, tecnicista e voltada para o ensino da ecologia e para resolução de problemas” (p. 80).

Essa perspectiva voltada para a conservação do meio ambiente, apontada anteriormente, pode ser observada na Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938, de 1981, por meio da qual foi reconhecida a necessidade de inclusão da EA em todos os níveis de ensino, inclusive na educação da comunidade, “objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente” (BRASIL, 2007b, p. 13).

Como já apontado, em fevereiro de 1989, o Governo Federal criou, por meio da Lei nº 7.735, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) a partir da fusão da SEMA, da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), da Superintendência do Desenvolvimento da Borracha (SUDEHVEA), e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) que entre outras finalidades “deveria estimular a Educação Ambiental nas suas diferentes formas” (DIAS, 2004).

Segundo Sotero e Sorrentino (2010) na década de 1980, apesar dos avanços relacionados à legislação, entretanto, pouco se progrediu no que tange às ações de EA no âmbito Federal. Em 1987, o Conselho Federal de Educação aprovou o parecer nº 226 em relação à necessidade de inclusão da EA nos currículos escolares de 1º e 2º Graus (MEC, 2002). Todavia, segundo Vianna (2002) apud Sotero e Sorrentino (2010), mesmo tendo a sua necessidade reconhecida pelo poder público, pode-se afirmar que as iniciativas do sistema de ensino para institucionalizar a educação ambiental foram muito tímidas.

Ainda no final dos anos 1980, ocorreram dois episódios importantes para a EA, a saber, a promulgação da nova Constituição Federal Brasileira, de 1998 e criação do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), por meio da Lei 7.797/89. O FNMA tem objetivo de dar suporte a projetos que visem à manutenção e melhoria da qualidade ambiental, incluindo programas de EA (BRASIL, 1998).

Na Constituição Federal Brasileira de 1988 há um capítulo inteiramente dedicado ao meio ambiente. O artigo 225 inicia-se com as seguintes palavras:

Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo, e preservá-lo, para o bem das atuais e futuras gerações (BRASIL, 1998, p. 42).

A Constituição é considerada por alguns autores como uma constituição de fundamental importância em relação à questão ambiental, pois por meio do inciso VI, 1º §, do art. 225 busca-se “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (BRASIL, 2005).

No início da década de 1990, diversas ações direcionaram a EA no Brasil. Só no ano de 1992, além da ECO-92, houve a criação do Ministério de Meio Ambiente (MMA), dos Núcleos de Educação Ambiental (NEAs) do IBAMA. Em 1993, foram criados os Centros de Educação Ambiental (CEAs), pelo Ministério da Educação (MEC).

Em 1991, a Comissão Interministerial para a preparação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como “Rio-92”, “Eco-92” ou “Cúpula da Terra”, considerou a educação ambiental como um dos instrumentos da política ambiental brasileira (BRASIL, 2005). A Eco-92 teve como preocupações centrais os problemas ambientais globais e as questões do desenvolvimento sustentável.

Entre os documentos elaborados na “Rio-92”, está a “Agenda 21”, composto de 40 capítulos, no qual estão expressos compromissos assumidos por 179 países no sentido de

defender uma melhor qualidade de vida para a humanidade e uma sociedade ambientalmente sustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista social (BRASIL, 2004).

Concomitantemente a “Eco-92”, ocorreu o “Fórum das Organizações Não Governamentais (ONGs)”, no qual foi criada a Rede Brasileira de EA (REBEA), composta por ONGs, educadores, e instituições diversas relacionadas à educação, e foi elaborado o "Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global". Para Carvalho (2008, p. 53), esse documento definiu-se como "[...] marco político para o projeto pedagógico da Educação Ambiental". O entendimento de que a formação de novas atitudes e posturas ambientais deveria integrar a educação de todos os cidadãos, no entender da autora, passou a fazer parte do campo educacional e das preocupações das políticas públicas.

Em 13 de julho de 1992, a Portaria n° 77 do IBAMA estabeleceu a formação de “Núcleos de Educação Ambiental (NEAs)” em todas as Superintendências Estaduais, com os objetivos de operacionalizar ações educativas no processo de gestão ambiental, no âmbito dos estados, além de implantar políticas públicas compatíveis com o desenvolvimento sustentável, bem como apresentar tecnologias de menor impacto sobre o ambiente, adequadas às realidades regionais (BRASIL, 1998).

Os CEAs começaram a surgir como centros de referências no processo preparatório da “Rio-92”, mas foi em 1993 que sua criação foi oficializada pelo MEC, sendo considerados como "[...] instrumentos complementares do processo de mudança na formação integral do cidadão, diante de uma nova consciência ambiental, interagindo com diversos níveis e modalidades de ensino e introduzindo práticas de EA junto às comunidades" (BRASIL, 1998, p. 137) .

Lima (2011) ressalta que os CEAs só começaram a ser criados dezenove anos após a Conferência de Estocolmo, que alertou para a necessidade do desenvolvimento de programas abrangentes de EA e, catorze anos após a Conferência de Tbilisi, que definiu as premissas básicas que norteariam os rumos da EA.

Outra iniciativa importante para a institucionalização da EA, no âmbito das políticas públicas, como consequência dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e também em função da Constituição Federal, particularmente o seu artigo 225 e o § 1º, foi a aprovação, em 1994, do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA)9 com a

9 A sigla PRONEA é referente ao programa instituído em 1994, ao passo que a sigla ProNEA refere-se ao Programa instituído em 1999 (BRASIL, 2005)

participação do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Ministério da Cultura (MINC). Os princípios que inspiraram o Programa fundamentaram-se nos estabelecidos pelo Programa Internacional de EA formulados em Belgrado/Iugoslávia, em 1975 e também nos da Conferência de Tbilisi, realizada em 1977 na Geórgia (BRASIL, 2005).

A primeira versão do PRONEA vigorou por nove anos. Em 2004, a Diretoria de Educação Ambiental, em parceria com as Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental (CIEAs), estas criadas por meio do Decreto nº 4.281/2002, e as redes de EA, promoveram consulta pública, com mais de 800 educadores ambientais de 22 unidades federativas do país, que resultou em uma segunda versão, e que se constitui, ao mesmo tempo, em um processo de apropriação do ProNEA pela sociedade (BRASIL, 2005; TAMAIO, 2008).

Para Loureiro (2008), o ProNEA sinaliza claramente para um novo patamar de compreensão do processo educativo, já que articula as mudanças de percepção e cognição no aprendizado às mudanças sociais, explicitando que a intenção básica da educação não está apenas em gerar novos comportamentos ou trabalhar no campo das ideias e valores. De acordo com o autor, o ProNEA:

Propõe compreender as especificidades dos grupos sociais, o modo como produzem seus meios de vida, como criam condutas e se situam na sociedade, para que se estabeleçam processos coletivos pautados no diálogo, na problematização do mundo e na ação. Com isso, passa-se a ter, por pressuposto, que é a transformação das condições materiais e simbólicas que expressa a concretude do ato educativo na superação das formas alienadas de existência e das dicotomias entre sociedade-natureza (LOUREIRO, 2008, p. 7).

Em 1997, foram elaborados pelo MEC, com base nas Leis de Diretrizes e Base (LDB), visando a melhoria da qualidade da educação pública no país (BRASIL, 1999), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), um documento no qual o tema meio ambiente foi inserido como um conteúdo transversal em todas as disciplinas do currículo escolar e é apresentada como um trabalho de modo integrado com as outras áreas do currículo e também com o contexto histórico e social de cada escola (TAMAIO, 2008).

Entretanto, alguns termos presente nos PCNs foram alvos de críticas, tais como a conceituação de “meio ambiente” e o entendimento do termo “desenvolvimento sustentável”.

Este último foi muito questionado, pois, segundo Guimarães (2003, p. 21), esse conceito é tratado como um “guarda-chuva” que abriga a todos, “[...] desde os desamparados, vítimas das violências socioambientais do atual modelo desenvolvimentista, até os setores dominantes das sociedades, que têm fortes interesses (econômicos) atrelados à manutenção do status quo”.

As discussões sobre a EA foram ganhando força no sistema educacional brasileiro e por meio da Lei nº 9.795, de 1999, foi aprovada a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), sendo regulamentada quatro anos mais tarde (Decreto 4.281). A PNEA institucionalizou a EA, legalizou seus princípios e a transformou em objeto de políticas públicas. Segundo esta lei, a EA passou a ser “um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”, cap. I, artigo 2º (BRASIL, 1999).

Para Loureiro (2008), a PNEA expressa a superação de dúvidas comuns quanto aos pressupostos da EA, principalmente quanto aos seus objetivos e finalidades, procurando institucionalizar os pontos consensuais. Dentre as preocupações abordadas na Lei estão a de construção de atitudes e condutas compatíveis com as diferentes compreensões da “questão ambiental” e a vinculação de processos formais de transmissão e criação de conhecimentos a práticas sociais.

Ainda de acordo com o autor, no âmbito do ensino formal, há uma efetiva preocupação da PNEA em fazer com que os cursos de formação profissional insiram conceitos que os levem a padrões de atuação profissional que seja minimamente impactante sobre a natureza e que todas as etapas do ensino formal tenham a EA de modo interdisciplinar.

No entanto, algumas críticas vêm sendo levantadas por alguns pesquisadores. Layrargues (2002), por exemplo, enfatiza a falta de participação da sociedade civil na construção da PNEA, bem como a ausência do embate de interesses. O resultado é um texto que não afeta os interesses econômicos, que por vezes se caracterizam como obstáculos ao enfrentamento das questões ambientais brasileiras, no que diz respeito às atribuições da EA. O mesmo autor exemplifica “[...] é ilustrativo, por exemplo, o fato do texto da lei sugerir atribuições e responsabilidades, mas não estabelecer obrigações, regras ou sanções punitivas a quem desrespeitá-la” (p. 2).

A respeito da PNEA, Sotero; Sorrentino (2010) destacam o veto dado pelo Poder Executivo ao artigo 18 dessa lei, que anula a proposta de uma verba relativa aos crimes

ambientais, a qual deveria ser investida na EA, inviabilizando uma possível autonomia no investimento em projetos de EA. De acordo com esses autores, as razões do veto “[...] são no mínimo controversas e sujeita a diferentes interpretações” e alertam que a principal justificativa teve seu alicerce na incompatibilidade do artigo 18 (Lei 9.795/99) e o artigo 73 da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), o qual destinava uma percentagem das multas pelo descumprimento das leis ambientais para o Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA) e afirmam:

Todavia, tratava-se de um alicerce frágil, pois os recursos das multas seriam destinados ao FNMA (entre outros), sendo a educação ambiental área prioritária deste fundo, caberia somente vincular um quinto dos recursos para projetos de EA. Porém, a argumentação minimiza a EA ao dizer que ela “é apenas uma das sete áreas em que o Fundo Nacional do Meio Ambiente deve considerar prioritária”, sem contudo, considerar seu aspecto transversal e a necessidade de ser incorporada e tratada pelas demais áreas prioritárias do FNMA. Neste sentido, a EA possui um peso diferenciado em relação às demais.

O mesmo MMA que sugeriu o veto ao artigo 18 em 1999, alguns anos depois, em 2003, aprovou o texto do artigo 18, comprovando então que [...] se tratou de uma interpretação jurídica motivada por questões políticas, não técnicas” (SOTERO; SORRENTINO, 2010, p. 11).

Conhecendo brevemente o campo de conflitos e interesses no qual a EA se encontra, concordamos com Carvalho (2010) quando aponta a importância da participação de movimentos sociais tanto na formulação, quanto nos trâmites e implementação das políticas públicas de EA e afirma que a construção e implementação dessas políticas devem passar, necessariamente, pela compreensão do campo das políticas educacionais “[...] envolvendo conflitos, negociações, contextos nacionais e internacionais e as experiências históricas que interferem de forma decisiva nos resultados das mudanças pretendidas” (CARVALHO, 2010, p. 5).

Em 2003, foi criado Órgão Gestor (OG) da Política Nacional de EA, reunindo o Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA) e a Coordenadoria-Geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação (CGEA/MEC), voltado para a execução de ações em EA em âmbito federal. O MEC e o MMA têm a atribuição legal de formular e implementar políticas de EA em âmbito federal, nos marcos

legais da PNEA, e em consonância com o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA).

De acordo com o documento técnico, o Órgão Gestor:

[...] possui a responsabilidade de coordenar a Política Nacional de Educação Ambiental, que deve ser executada pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente, pelas instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, pelos Órgãos Públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, envolvendo entidades não- governamentais, entidades de classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade (BRASIL, 2006, p. 3).

Tanto o MMA quanto o MEC apresentam diversas políticas públicas voltadas para a EA. As políticas do Departamento de Educação Ambiental (DEA) do MMA se concentram na educação não-formal, trabalhando com os sistemas de meio ambiente e a sociedade em geral. Entre os vários programas do DEA, estão o Programa Nacional de Formação de Educadores (as) Ambientais (ProFEA) e o Programa Nacional de Enraizamento da EA, este último sendo uma ação conjunta com o MEC (BRASIL, 2007b).

De acordo com Loureiro e Cóssio (2007) desde a segunda metade dos anos 1990, o Brasil vem realizando esforços por intermédio da criação e implementação de diretrizes e políticas públicas no sentido de promover e incentivar a EA no ensino formal. O MEC é o órgão responsável pela promoção e incentivo de políticas voltadas para a EA, tendo como foco a educação formal e os sistemas de ensino, em todos os seus níveis e modalidades (BRASIL, 2007b).

Entre as políticas de educação ambiental, podemos citar o Programa “Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas” – que ganhou destaque no governo Lula que se iniciou em 2003. Esse programa surgiu em 2004 em resposta às demandas da I CNIJMA, realizada em 2003 e às necessidades de inserção da EA no ensino formal, conforme apontaram diversos estudos diagnósticos (LIMA, 2011). A apresentação e as considerações a respeito desse Programa, bem como de todos os seus eixos de atuação, encontra-se no item 4 desta dissertação, onde apresentamos o contexto da influência da COM-VIDA.

Por considerarmos importante o contexto no qual uma política pública se desenvolve e por essa pesquisa ter analisado a implementação da COM-VIDA em escolas públicas de Teresina, achamos relevante fazer uma contextualização da EA no Piauí, especialmente na capital. Para tal, nos fundamentamos em pesquisas que tiveram como objetivo de estudo a EA nesse Estado. A contextualização será apresentada no item seguinte.

3 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PIAUÍ

As discussões sobre a questão ambiental, como já foi apontado anteriormente, ganharam repercussão mundial e nacional a partir da década de 1970 e, no Piauí, embora tendo acontecido mais ou menos no mesmo período, ocorreu mais timidamente. Segundo Ferreira (2008), na década de 1970, alguns intelectuais desse Estado já demonstravam preocupações com a questão ambiental, mas essas eram iniciativas individuais e sem grandes repercussões, sem alcançar a grande massa da população. Entretanto, tais preocupações já podiam ser consideradas sementes do ambientalismo, que normalmente são antecedentes à Educação Ambiental (EA).

Já na década de 1980, acompanhando o desenvolvimento da EA no país, começaram a surgir novas ações de educação ambiental no Estado do Piauí. Entre elas, se destaca a criação, em Teresina, de um programa de rádio chamado “Ondas Verdes”, que denunciava as degradações ocorridas em todo o Estado, bem como promovia discussões sobre temas ambientais (PIAUÍ, 2007).

De acordo com Ferreira (2008), o programa “Ondas Verdes”, que procurava responder as dúvidas dos ouvintes, fazendo um trabalho de esclarecimento à população sobre as questões ambientais, apresentou-se como uma das primeiras iniciativas concretas de difusão do tema em meios de comunicação de massa.

A partir da década de 1990, a EA no Piauí foi estruturada de forma mais efetiva, devido à articulação e integração de ações e ao desenvolvimento do conjunto de atividades, projetos e programas do IBAMA com Organizações Não-Governamentais (ONGs) ambientalistas, tais como a Fundação Rio Parnaíba (PIAUÍ, 2007).

Com o desenvolvimento econômico do estado a partir da década de 1980 e 1990, problemas ambientais locais começaram a surgir, ocasionados pelo crescimento populacional e urbanização. Como a questão ambiental tinha grande enfoque nacional e mundial, a população, mais organizada, criou ONGs em diversos municípios do Piauí, a fim de se organizar na luta por um meio ambiente equilibrado (FERREIRA, 2008). No Quadro 2,