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Instrumentos e Procedimentos

No documento GIANNA FILGUEIRAS MOHANA PINHEIRO (páginas 76-81)

4.4.1. O contato com a escola

O contato com a escola foi feito, inicialmente, através da diretoria. Eu explicitei os objetivos da pesquisa, a forma como os dados iriam ser colhidos e a relevância deste estudo. As diretoras receberam a proposta de forma muito acolhedora. Consideraram o Procedimento de D-E muito interessante e se mostraram muito disponíveis para colaborar com a pesquisa. A instituição foi escolhida por ser conhecida como uma escola aberta a novas

experiências e por possuir um corpo diretor e docente que procura sempre crescer e estabelecer um bom vínculo com seus alunos.

Após o contato inicial com as diretoras, fui apresentada às duas coordenadoras responsáveis pelas crianças de primeira à quarta série. Em seguida, as coordenadoras me apresentaram às professoras das duas turmas da terceira série que iriam participar da pesquisa. Expliquei para elas os objetivos do estudo e a forma como a coleta de dados iria ser realizada. Agendei um dia e horário para fazer o primeiro contato com as crianças.

A instituição e os responsáveis foram esclarecidos com relação ao trabalho a ser desenvolvido com as crianças. Foram entregues a eles, antes da aplicação do Procedimento de Desenhos-Estórias, os Termos de Consentimentos (Anexos 1e 2).

4.4.2. O contato inicial com as crianças

Após os encontros com as diretoras, coordenadoras e professoras, estabeleci o primeiro contato com as crianças. A escolha pelas turmas da terceira série do turno vespertino deveu-se à minha disponibilidade de tempo, podendo permanecer na escola, na maioria das vezes, durante a tarde toda.

No primeiro contato com as crianças, eu me apresentei e disse a elas que era psicóloga. Em seguida, perguntei-lhes se sabiam o que era um psicólogo. Surgiram variadas definições e relatos. Algumas disseram que psicólogo trabalhava com gente doida, com

problemas. Outras relataram que já tinham ido a um psicólogo, ou possuíam algum irmão, pai

ou mãe que ia ao psicólogo. Após ouvir os relatos, esclareci como um psicólogo trabalhava e quais eram as suas áreas de atuação.

Expliquei às turmas que eu estava no colégio para realizar uma pesquisa com o objetivo de estudar as crianças de nove anos. Disse que “gostaria de pedir a colaboração delas”, explicando como a pesquisa iria ser desenvolvida. Contei que iríamos usar lápis de cor, fazer desenhos e que, para realizar essa atividade, ficaríamos em uma sala separada na escola, durante uma hora, por um ou dois dias.

Participaram da pesquisa dez crianças que se mostraram mais disponíveis e interessadas e que haviam recebido a anuência dos pais.

Como foi comunicado aos pais, disse também para as crianças que os seus nomes não seriam divulgados na pesquisa, somente a idade e o sexo. Essa observação era necessária

para que as crianças ficassem mais à vontade ao expressar o que se passava no seu mundo interno, sem medo ou sentimentos persecutórios relacionados aos pais, diretores e, até mesmo, aos próprios colegas. Combinei com as crianças de voltar no dia seguinte para iniciarmos as atividades. Disse-lhes também que se quisessem poderiam desistir de participar da pesquisa.

4.4.3. Aplicação do Procedimento de Desenhos-Estórias

A aplicação do D-E foi realizada em uma sala cedida pela escola. Era um ambiente confortável e adequado para aplicação desse instrumento. As crianças saíam durante a aula, uma de cada vez, e me acompanhavam até a sala, que já se encontrava devidamente preparada. Antes de iniciar a primeira aplicação, procurei conversar com a criança, explicar novamente os objetivos da pesquisa, bem como reiterar a questão referente ao sigilo dos nomes, estabelecendo assim uma relação de confiança e segurança com elas.

Foi realizada a aplicação do D-E de acordo com os moldes tradicionais, relatados no capítulo dois desta pesquisa. Uma média de duas a três crianças era atendida por dia. Caso elas não tivessem completado as cinco unidades de produção, retornavam no dia seguinte. As estórias contadas pelas crianças eram transcritas em uma folha avulsa por mim, à medida que iam sendo contadas pelas crianças.

Após cada aplicação, escrevia breves comentários sobre o que havia sido conversado ao longo do encontro. Pude perceber que o D-E mobilizou, em algumas crianças, angústias relacionadas a aspectos conflitivos da sua vida psíquica. Algumas delas relataram momentos dolorosos de suas vidas, como a separação dos pais ou o nascimento de um irmão. À medida que desenhavam e contavam estórias, ocorriam em muitas delas mudanças gradativas: no tom de voz, na intensidade da expressão, na liberdade de comunicar pensamentos etc.

As angústias despertadas foram acolhidas por mim ao longo da aplicação do D-E. Entendo que a postura do psicólogo clínico não é a de um mero observador ou coletor de dados. Concordo com Silvia Ancona-Lopez (1988) quando afirma que toda atuação psicológica é uma ação de intervenção.

Tardivo (2002, p. 21) faz uma importante reflexão quando afirma que o papel do psicólogo clínico, como investigador e profissional que intervém, não é nunca o de julgar, mas o de se aproximar para compreender e, se possível, propor medidas que possam levar a mudanças. No entanto, não vou me deter na questão do diagnóstico interventivo, tendo em

vista este não fazer parte dos objetivos desta pesquisa. É importante ressaltar a eficácia do Procedimento de Desenhos-Estórias como instrumento capaz de mobilizar os conflitos e as angústias emergenciais presentes no mundo interno da criança.

4.4.4. Avaliação do Procedimento de Desenhos-Estórias

Foi realizada uma análise qualitativa do conteúdo dos protocolos do Procedimento de Desenhos-Estórias tendo como base o referencial psicanalítico. Cada caso foi analisado em particular, para em seguida ser feita uma análise do conjunto dos dez casos.

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5.0 CAPITULO CINCO

No documento GIANNA FILGUEIRAS MOHANA PINHEIRO (páginas 76-81)