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JACOBI NA: POPULAÇÃO E NEGROS NO SÉCULO XI

A r egi ão de Jacobi na f unci ona como cent r o comer ci al desde t empos mui t o r emot os. Ant oni l dest aca a r egi ão como l ocal de r ecebi ment o de boi adas vi ndas “ [ . . . ] desde o Pi auí at é a bar r a de I guaçu, e de Par naguá e r i o Pr et o”1. E, nos t empos de seca

f i cavam al i par a descansar e ganhar peso.

As pessoas encar r egadas dos t r anspor t es das boi adas, os chamados passador es, t ambém er am encar r egadas de l evar mer cador i as par a seus l ocai s de or i gem. Al i ado às necessi dades de abast eci ment o dos di ver sos núcl eos mi ner ador es, i st o ger ou, a opor t uni dades par a Jacobi na subsi st i r como pól o de abast eci ment o r egi onal .

O decl í ni o da expl or ação do our o na r egi ão, no f i nal do sécul o XVI I I , não f oi empeci l ho, par a o desenvol vi ment o l ocal , uma vez que, em subst i t ui ção ao our o, f or am aber t as mi nas de di amant es.

1 ANTONI L, Andr é João. Cul t ur a e Opul ênci a do Br asi l , 3. ed. Bel o

Af onso Cost a, anal i sando as pr i mei r as décadas de expl or ação do our o na r egi ão, assi m coment a sobr e o comér ci o:

[ . . . ] er a o empór i o de t odo o movi ment o expedi dor de f azendas, mi udezas e f er r agens par a os ser t ões de Baí a, Goi ás e Pi auí , di sf r ut ando a ext ensi va nomeada de que f r úe ai nda agor a pel a ser i edade i r r epr eensí vel de seu t r at o.2

Ant oni o Ângel o Fonseca t ambém dest aca o comér ci o como gr ande vocação da ci dade de Jacobi na desde sua f undação, passando pel o per í odo de expl or ação mi ner al , segui ndo at é os di as de hoj e3. Sua l ocal i zação pr i vi l egi ada é um dos pr i nci pai s

f at or es concor r endo par a i sso. As r ot as aber t as nos sécul os XVI I e XVI I I , l i gando os cent r os pr odut or es aos de consumo, pr i nci pal ment e de gado, cr uzavam a r egi ão, of er ecendo condi ções necessár i as à i mpl ant ação de casas comer ci ai s.

Passavam ou i ni ci avam, em Jacobi na, cami nhos par a: o l i t or al , Cachoei r a e Capuame; Chapada Di amant i na, sul do Est ado da Bahi a, Caet i t é e Ri o de Cont as; nor t e, Juazei r o e Vi l l a da Bar r a; e Goi ás e Nor t e de Mi nas Ger ai s. Assi m, a r egi ão f i r mou- se como ent r epost o comer ci al 4.

2 COSTA, Af f onso. Mi nha t er r a: Jacobi na de ant anho e de agor a. I n:

Congr esso Br azi l ei r o de Geogr aphi a, 5. , 1916, Sal vador . Annaes. . . Sal vador : I mp. Of f i ci al do Est ado, 1918. p. 295.

3 FONSECA, Ant oni o Ângel o Mar t i ns. Poder , cr i se r egi onal e novas

est r at égi as de desenvol vi ment o: o caso de Jacobi na/ Bahi a. 1995. 206 f . Di sser t ação ( mest r ado em Ar qui t et ur a e Ur bani smo) - Facul dade e Ar qui t et ur a e ur bani smo–FAU/ Uni ver si dade Feder al da Bahi a, Sal vador . 1995. p. 120.

4 ARQUI VO PÚBLI CO DO ESTADO DA BAHI A ( APEBA) , Seção: Col oni al e

Já f oi menci onado, no capí t ul o ant er i or , que se encont r ou r egi st r os de vár i os negr os envol vi dos em f unções l i gadas ao t r anspor t e de mer cador i as, mi ner ação, à pecuár i a e t ambém ao pequeno comér ci o, at é o sécul o XVI I I . Só a t í t ul o de l embr ança, Ant ôni o, escr avo do padr e Ant ôni o Per ei r a, cui dava dos r ebanhos de seu senhor . O pr et o f or r o José Mar t i ns mant i nha, com sua esposa Lui za, par da, uma casa de negóci os onde se encont r ar am os out r os acusados, de um pr ocesso i nqui si t or i al , de por t ar as bol si nhas de f ei t i ço assi m como os out r os envol vi dos est avam na mi ner ação ou nos t r abal hos com a pecuár i a5. Mas quant as pessoas compor i am est a popul ação negr a

no sécul o XI X em Jacobi na?

Em r espost a a uma r epr esent ação do Capi t ão- Mor Manoel Soar es da Rocha, quest i onando a obr i gat or i edade de t al har e vender boi s na Vi l a de Jacobi na, a Câmar a Muni ci pal de Jacobi na, em 1829, j ust i f i ca a necessi dade dos boi s pel a exi st ênci a de di ver sos mor ador es e os vár i os ser vi ços por el es pr est ados, no núcl eo ur bano:

Pr of esor es, homens muzi cos, homens negoci ant es de f azenda, seccas com l oj as aber t as, exi st em Al f ai at es, sapat ei r os, f er r ei r os, car pi nt ei r os, l at oei r os, pedr ei r os, mar ci nei r os, t aber nei r os e t aber nei r as com vendas aber t as, exi st em mul her es

5 MOTT, Lui z Rober t o de Bar r os. Quat r o Mandi nguei r os de Jacobi na na

que se empr egão em cozer , açar , f i ar , e f azer l ouça pr êt a [ . . . ]6.

E cont i nua f al ando dos ar r edor es:

[ . . . ] que no ar r r edor dest a Vi l l a há mui t o pôvo, na vi zi nhança de hum quar t o de l egoa, mei a l egoa e l egoa.

Pr ovar a que t odo est e pôvo se deve sust ent ar em car ne de vacca, poi s que nest a Vi l l a não há pescado de qual i dade al guma, não se cor t ão car nei r os, nem cabr i ct os, nem capados.

Pr ovar á que t endo consi der ação a t udo i st o a Camar a Muni ci pal dest a Vi l l a est abel eceo por sua j ust a post ur a, que di ar i ament e se t al hasse huma r êz ao publ i co e f osse vendi da a car ne pel o pr eço que seos donos pudessem consegui r .7

No di a 9 de novembr o de 1837, o j ui z de Di r ei t o Angel o Moni z da Sª . Fer r az envi a uma r el ação de vár i os i t ens em r espost a ao pedi do do pr esi dent e da pr oví nci a. Nel e é possí vel obser var o var i ado númer o de ar t i gos pr oduzi dos em Jacobi na: al godão, f ei j ão, mi l ho, ar r oz, cevada, caf é e ai nda:

[ . . . ] azei t e de côco, e de mamona, sol a, coi r os, de di ver sas qual i dades, panos de al godão, r edes e cober t as, Dôce de di f er ent es qual i dades, e al guma

6 APEBA, Seção: Col oni al e pr ovi nci al , Sér i e: Gover no, Câmar a de

Jacobi na, Maço: 1327.

madei r a, os quaes f or ão consumi dos n’ est e, e expor t ados par a di ver sos l ugar es.8

Al ém desses f r ut os da t er r a, t ambém exi st i am out r as at i vi dades pr odut i vas da r egi ão:

Exi st em n’ est a comar ca os segui nt es Est abel eci ment os de I ndust r i a 435 Fazendas de cr eação de gado de di f er ent es qual i dades; 56 Engenhocas de f azer assucar , r aspadur as, agoar dent e de Cana; um gr ande numer o de Est abel eci ment os de f abr i car f ar i nha de Mandi oca; 8 Lavr as de our o; um Moi nho de moer Tr i go. Não me f oi possi vel obt er o numer o de br aços l i vr es, escr avos, empr egados n’ est es Est abel eci ment os, devendo á est e r espei t o not ar , que duas t er ças par t es dos Escr avos exi st ent es n’ est a Comar ca, ahi l abor ão, e que a mai or somma dá pr oducção d’ est e t er r eno é o r esul t ado do empr ego de br aços l i vr es.9

O dest aque par a a pr odução r eal i zada pel a mai or par t e de br aços l i vr es é uma i nf or mação bast ant e escl ar ecedor a, por ém f al t ou di zer como er a compost a essa camada de t r abal hador es.

A i mpr eci são com r el ação aos t r abal hador es da agr i cul t ur a empr egados na r egi ão cont i nua em out r os document os apr esent ados pel os Juí zes de Jacobi na.

8 APEBA, Seção: Col oni al e Pr ovi nci al , Sér i e: Cor r espondênci a ao

Pr esi dent e de Pr oví nci a, Fundo: Juí zes, Maço: 2430.

No Mapa de gêner os pr oduzi dos na Comar ca, dat ado de 25 de f ever ei r o de 185010, mas sem assi nat ur a de seu el abor ador ,

f or am encont r ados os segui nt es númer os:

Quadr o 1 – Mapa da pr odução da Comar ca da Jacobi na - 1850 Gado Vaccum 1. 200 Doce caxet a 1. 400