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NÚMEROS DA ESCRAVIZAÇÃO EM JACOBINA

No documento OS NEGROS EM JACOBINA (BAHIA) NO SÉCULO XIX (páginas 105-126)

Gêner os q vem ao

2.1 NÚMEROS DA ESCRAVIZAÇÃO EM JACOBINA

Nos l i vr os de Regi st r o de Not as dos Car t ór i os de Jacobi na, guar dados no Ar qui vo Públ i co do Est ado da Bahi a, f oi possí vel col et ar i nf or mações dos Regi st r os de Escr i t ur as de Compr a, Venda e Doação de escr avi zados desde o ano de 1808 at é 1885. Exi st em 47 ( quar ent a e set e) l i vr os cobr i ndo o per í odo aci ma, del es, soment e no l i vr o de númer o 45, do Tabel i ão Ager i co Fr anci sco de Mor aes, não f or am encont r ados est e t i po de r egi st r os25.

Nos Li vr os ci t ados aci ma, f oi possí vel i dent i f i car 464 ( quat r ocent os e sessent a e quat r o) t r ansações. For am anot ados nos r egi st r os: dat a, nome do compr ador , nome do vendedor , nome do escr avi zado, val or , aspect os da compr a e l ocal da compr a. Também f or am assi nal adas mi núci as sobr e a qual i f i cação do escr avi zado: i dade, or i gem, cor , onde er a empr egado; e det al hes sobr e o r egi st r o: quem pagou o i mpost o e sel os, et c.

Desse conj unt o, f oi possí vel car act er i zar 254 ( 55, 22%) homens e 206 ( 44, 78%) mul her es, de t odas as f ai xas et ár i as, e apenas quat r o r egi st r os não apr esent ar am condi ções de i dent i f i cação dos envol vi dos. Quat r ocent os e nove r egi st r os cont i nham qual i f i cações dos escr avi zados de or i gem ou cor .

Esses dados são i mpor t ant es par a f ut ur as pesqui sas compar at i vas com out r as r egi ões da Bahi a, par a t er mos um quadr o do si st ema escr avi st a como um t odo no est ado, mas t ambém são i mpor t ant es par a t ent ar esboçar uma r espost a par a os quest i onament os sur gi dos pági nas ant er i or es.

Pr ovavel ment e, o númer o de pessoas escr avi zadas comer ci al i zadas nas Jacobi nas f oi super i or ao conj unt o col et ado, poi s nem a numer ação nem a dat ação dos l i vr os consul t ados são cont í nuas. A t r ansf er ênci a dos l i vr os sem o cui dado devi do e a ação do t empo, não bar r ada por i ni ci at i vas de pr eser vação, t em cont r i buí do par a dest r ui r o r est ant e do acer vo document al do ser t ão bai ano. Por ém, mesmo assi m, é possí vel a obt enção de dados i mpor t ant es par a aj udar a escl ar ecer como er a compost o o conj unt o de escr avi zados da r egi ão.

Exi st e um r egi st r o de pai s e f i l hos negoci ados j unt os, por ém não são especi f i cados dados sobr e os f i l hos, por t ant o cont ei soment e os pai s. Soment e f or am anot adas 30 ( t r i nt a) pessoas escr avi zadas negoci adas duas vezes, e, ent r e est es, 5 ( ci nco) vol t ar am par a o ant i go pr opr i et ár i o ou seus par ent es.

Na mai or i a desses casos, o r evendedor obt eve l ucr os. Ant oni o Fer r ei a Di as e seu i r mão Gui l her mi no Fer r ei r a da Si l va compr ar am, de I vo de Souza e Si l va, Fi l omena, escr avi nha cabr a, com 3 anos, em 27 de out ubr o de 1860, por 90$000. Doi s anos mai s t ar de, em 15 de f ever ei r o de 1862, vender am- a por

300$000, par a João Ar qui l áo de Mi r anda, no r egi st r o a i dade anot ada f oi de 8 anos26.

José Theodor o Jacobi na vendeu a Leocádi a Sat ur ni no Loubo, Joanna, par di nha, em 30 de dezembr o de 1839, por 100$000 r éi s. Em 17 de out ubr o de 1840, el e r ecompr ou a mesma cr i ança por 400$000 r éi s27. Nest e caso, um ar r ependi ment o mui t o gr ande deve

t er ocor r i do, poi s senão como expl i car o pagament o de 300$000 r éi s par a obt er a meni na novament e?

Tr ezent os e sessent a e quat r o pessoas ( 79, 13%) t r ansaci onadas f or am qual i f i cadas com as desi gnações i dent i f i cadas como sendo de descendent es de af r i canos nasci dos no Br asi l , a mai or par cel a do t ot al . Dent r o desse gr upo de escr avi zados naci onai s, os cabr as apar ecer am em 133 r egi st r os, cor r espondent e a 28, 91% do t ot al ger al ou 36, 54% dos naci onai s. Os qual i f i cados como cr i oul os, em suas di ver sas t onal i dades de cor es como cr i oul o pr et o, cr i oul o par do e mesmo cr i oul o cabr a, f or am l ançados em 130 r egi st r os, equi val ent es a 28, 26% do t ot al ou 35, 71% dos naci onai s.

26 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 26, p.

31v; e n. 27, p. 25.

27 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 10, p.

Quadr o 7 – Or i gem, Cor e Sexo –

Regi st r o de Compr as, Vendas e Doações – Jacobi na ( 1808–1885)

Origem Cor M. F GERAL

NENHUM NENHUM 25 26 51 51 ANGOLA 0 3 3 AFRICANO 20 14 34 AFRICANO PRETO 1 0 1 CONGO 1 0 1 MINA 1 0 1 NAGÔ 0 2 2 UÇA 1 0 1 43 ACABLOCADO 1 1 2 CABRA 71 58 129 PARDO CABRA 1 2 3 FUSCA 7 3 10 CRIOULO 61 56 117 CRIOULO PRETO 7 3 10 CRIOULO CABRA 0 2 2 CRIOULO PARDO 1 0 1 MAMELUCO 1 0 1 MESTIÇO 2 2 4 MULATO 4 3 7 PARDO MULATO 2 0 2 PARDO 40 26 66 PARDO CABRA 1 0 1 PRETO 5 4 9

364

TAPUIA (?) 1 1 2

02

TOTAL POR CATEGORIA

254

206

460

Font e: APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na. ( OBS: Nest e quadr o, f or am ut i l i zados os t er mos encont r ados nos document os) .

Out r os r egi st r os apr esent ar am mai s cat egor i as i dent i f i cadas como naci onai s, ent r e el es os cl assi f i cados como par dos, f i gur ando em 69 ( sessent a e nove) casos, cor r espondendo a 15% do t ot al ou 18, 96% dos i dent i f i cados como br asi l ei r os.

No gr upo de naci onai s, ai nda est ão i ncl uí das dez pessoas qual i f i cadas como f uscas, equi val endo a 2, 17% do t ot al ou 2, 75% dos naci onai s; nove qual i f i cados como pr et os, cor r espondendo a 1, 96% do t ot al ou 2, 47% dos naci onai s; e mul at os, que apar ecer am em set e casos ( 1, 52% do t ot al ou 1, 92% dos naci onai s) . Também est ão i ncl uí dos r egi st r os de duas pessoas acabocl adas, quat r o mest i ços e um mamel uco.

Os escr avi zados, decl ar ados soment e pel a cor pr et a e sem or i gem, apr esent ar am, nos pr ópr i os r egi st r os, out r as r ef er ênci as sobr e sua nat ur al i dade, e t odos er am da r egi ão, e/ ou com a f i l i ação conheci da, t or nando assi m possí vel ser em i dent i f i cados como naci onai s.

Os homens com i dade ent r e 21 e 50 anos f or mam o mai or gr upo com r egi st r os das comer ci al i zações com cent o e quar ent a e set e i ndi ví duos, ( 31, 96% do t ot al ) . As mul her es na mesma f ai xa et ár i a f or mam o segundo mai or gr upo com cent o e t r eze r egi st r os, equi val endo a 24, 56% do t ot al . Também pude const at ar um gr ande númer o de cr i anças e j ovens comer ci al i zados.

Set ent a e doi s meni nos de at é 10 anos f or am envol vi dos nas t r ansações ( 15, 65% do t ot al ) . As meni nas f or am cont adas em númer o de set ent a e ci nco ( 16, 30% do t ot al ) . Os j ovens de 11 at é 20 anos cor r esponder am a vi nt e e um ( 4, 56%) e as j ovens t ot al i zar am dez r egi st r os ( 2, 17%) . Os i dosos ou pessoas com mai s de 50 anos t i ver am pouco peso nos r egi st r os, apar ecendo apenas cat or ze ( 3, 04% do t ot al ) homens e oi t o mul her es ( 1, 74%) .

Quadr o 8 – Regi st r os de Compr as, Vendas e Doações de Escr avi zados – Por f ai xa et ár i a – Jacobi na ( 1808–1885)

Font e: APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na

Dos dez escr avi zados qual i f i cados como f usca, set e er am do sexo mascul i no, oi t o er am mor ador es da Fr eguesi a de Nossa Senhor a da Saúde, di st r i t o de Jacobi na, e doi s da sede, Jacobi na. Todos f or am t r ansaci onados ent r e 1872 e 1880. Nove f or am r egi st r ados como do ser vi ço de l avour a e sei s t i nham i dades ent r e 9 e 22 anos.

Os r egi st r os de comer ci al i zação de cr i anças do ano de 1808 at é 1850 somar am set ent a e ci nco ( 75) e de 1851 at é 1885, úl t i mo ano dest e t i po de l ançament o, somar am 72 ( set ent a e doi s) i ndi ví duos; os j ovens ent r e 11 e 20 anos f or am i ncl uí dos nas t r ansações, at é 1850, em ci nco r egi st r os e após 1851, em 26 ( vi nt e e sei s) r egi st r os. Conf or me det er mi nava a Lei

I mper i al nº 2. 040, de 1871, os f i l hos de mul her es escr avi zadas nasci dos após sua pr omul gação ser i am l i vr es, mesmo assi m encont r ei doi s r egi st r os de cr i anças envol vi dos nas t r ansações comer ci ai s em 1880 e seus senhor es decl ar avam suas i dades de apr oxi madament e oi t o par a nove anos.

Os r egi st r os most r am a l ógi ca do mer cado de escr avi zados na r egi ão. Os homens e mul her es no auge da i dade pr odut i va f or am os mai s pr esent es nas t r ansações, por ser em os mai s desej ados par a a pr odução. As cr i anças e adol escent es t al vez f ossem a gar ant i a de um i nvest i ment o par a o f ut ur o e t ambém de pr odução i medi at a apesar de pequena, poi s el es t ambém er am empr egados em di ver sas f unções.

Cr uzando as i nf or mações de qual i f i cação de or i gem e cor com as de f ai xa et ár i a, obser vamos que o mai or gr upo de pessoas escr avi zadas, com suas t r ansações r egi st r adas, er a o de cr i oul os homens na f ai xa et ár i a ent r e 21 e 50 anos, r epr esent ando quar ent a e ci nco pessoas ( 9, 78% do t ot al ) .

Nos r egi st r os, f or am encont r adas poucas negoci ações envol vendo mai s de um escr avi zado, chamando a at enção par a o r egi st r o de venda r eal i zada em 03/ 02/ 1808 por João Lui z Mot t a e sua esposa El ena Góes de Car val ho a seu f i l ho, o Padr e José Ant oni o de Car val ho e Mat t os, envol vendo set e pessoas escr avi zadas, ent r e out r os bens28.

28 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 02, p.

O Cor onel Pi o Lopes Cezar vendeu, ao al f er es Ludvi co José de Abr eu, em 18 de f ever ei r o de 1842 um escr avi zado chamado Ber t hol do, cr i oul o pr et o, por 400$000 r éi s. Sei s meses depoi s, em 17 de agost o de 1842, seu pr ocur ador , Manoel Ful genci o de Fi guei r edo, f oi ao car t ór i o par a r egi st r ar a venda de mai s sei s escr avi zados. Ent r e el es, a meni na Fl or a, por 200$000 r éi s, um casal de vel hos, Manoel e Cat ar i na por 300$000 r éi s cada, e ai nda o cr i oul o Lui z, por 400$000 r éi s, out r o cr i oul o, Sal vador , por 300$000 r éi s e t ambém a mul at a Si gmunda por 500$000 r éi s, per f azendo um val or t ot al de 2. 000$000, doi s cont os de r éi s29.

No mesmo ano de 1842, f or am r egi st r adas 32 ( t r i nt a e duas) t r ansações, a segunda mai or quant i dade encont r ada no per í odo pesqui sado ( 1808 at é 1885) . Os val or es da venda de Pi o Lopes a Ludvi co José apr esent ar am- se super i or es à médi a obt i da nas out r as t r ansações, par a o mesmo ano.

Os escr avi zados homens adul t os t i ver am médi a de 379$333 r éi s, as mul her es adul t as 328$666 r éi s e as meni nas t i ver am médi a de 260$000 r éi s. Não f or am consi der ados os i dosos, poi s os dest a venda f or am úni cos no ano em quest ão. No r egi st r o, est a di scr epânci a est á j ust i f i cada, poi s “ [ . . . ] est ando o vendedor mui t o i ndi vi dado com o compr ador est e acei t a os escr avos como par t e do pagament o”30.

29 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 13, p.

90; e n. 13, 110v.

30 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 13,

Manoel Ful genci o de Fi guei r edo apar eceu em vár i os r egi st r os de t r ansações, como vendedor ou doador em mai s set e casos, e como compr ador em mai s nove l ançament os, al ém de f i gur ar como pr ocur ador em mui t as out r as negoci ações31. Seu

post o de Comandant e Super i or , t al vez at est asse sua honest i dade, possi bi l i t ando f i gur ar t ant as vezes nos r egi st r os.

Ai nda no ano de 1842, Manoel Ful genci o, f i gur ou como pr ocur ador de Bent o Jose de Car val ho, vendendo t r ês escr avi zados em moment os di f er ent es. O pr i mei r o f oi em 03 de j anei r o de 1842, vendendo a Manoel José Mar ques o cr i oul o pr et o Pedr o, por 500$000 r éi s32. Al ém de Pedr o, Manoel José j á

havi a compr ado doi s escr avi zados, Faust i no e Laut er i o em 1839, e o af r i cano Al exandr e, em 1860 e não apar ece como vendedor em nenhuma t r ansação33.

As out r as duas vendas f or am f ei t as ao mesmo compr ador Jer ôni mo José da Si l va, uma do cr i oul o pr et o Manoel , pel o val or de 400$000 r éi s, em 20 de mai o de 1842; e a out r a em 12 de dezembr o de 1842, do cabr a Domi ngos, pel o val or de 500$000

31 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 10, p.

54, 60v, 82v; n. 11, p. 27v; n. 12, p. 72v; n. 13, p. 16v, 74v, 78v, 99v, 110v, 135, 190; n. 14, p. 20, 26v; n. 15, p. 52; n. 16, p. 65v; n. 17, p. 42; n. 17a, p. 24v, 41v, 42v, 75v; n. 19, p. 28, 29; n. 20, p. 63; n. 23, p. 75v.

32 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 13, p.

78v.

33 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 10, p.

r éi s34. Jer ôni mo apar ece, t ambém, em mai s quat r o compr as em

moment os di ver sos35.

Al ém do pr ocur ador e vendedor , out r as i nst i gant es r ef er ênci as apar ecem nos t r ês r egi st r os, j unt o com a qual i f i cação dos escr avi zados:

“ [ . . . ] que f ugi t i vo vagava pel a f azenda Cat i nda do Mour a do domí ni o del l e compr ador . . . ”36

As f or mas de cont r ol e na pr opr i edade de Bent o José não er am t ão r í gi das, poi s esses t r ês escr avi zados par ecem t er cr i ado uma est r at égi a de mudança de t r abal ho, ou de gar ant i a de uni dade e pr oxi mi dade do gr upo. A est r at égi a de f ugi r e f i car pr óxi mo da pr opr i edade de out r o senhor i ndi ca uma possi bi l i dade de gar ant i a de cont i nuar pr óxi mo aos seus ami gos, evi t ando a quebr a dos l aços comuni t ár i os.

A at uação de um pr ocur ador j á denunci a o absent eí smo. A mãe de Bent o José, I gnaci a Fr anci sca Fr ei r e, f al eceu em 09 de mar ço de 1843, t i nha f ei t o seu t est ament o em 17 de mar ço de 1841, deser dando sua out r a f i l ha. Pr ovavel ment e el a est ava doent e ou pr eci sando dos cui dados do f i l ho em seu sí t i o Ol ho D’ Água, di st ant e da Vi l l a37.

34 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 13, p.

99 e 135.

35 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 14, p.

17v; n. 16, p. 51; n. 19, p. 41, 48.

36 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Li vr os de Not as de Jacobi na, n. 13, p.

78v, 99 e 135 ( pel a or dem que apar ecem no t ext o) .

37 APEBA, Seção: Judi ci ár i a, Test ament os: I gnaci a Fr anci sca Fr ei r e,

Exi st i am mecani smos de cont r ol e na pr ópr i a soci edade como a Resol ução do Consel ho Ger al da Pr oví nci a mandando apr eender os escr avos “ q’ sahi ssem f or a da Ci dade, Vi l l as, e Povoaçoens” . O Jui z João Al exandr e de Andr ade Si l va e Fr ei t as t i nha dúvi das sobr e sua apl i cação, comuni cando- as em of í ci o de 15 de f ever ei r o de 183038. A pr i nci pal dúvi da er a com r ef er ênci a a

como i dent i f i car se a pessoa er a ou não escr ava e no caso de ser l i ber t o:

A di spposi ção do d. º ar t . º 2 pur ament e r ecahe sempr e na hypot hese de q’ o apr ehendi do hé escr avo; mas não most r a o ef f i caz mei o p’ onde dêva, ou possa o Jui z at t r i bui r q’ esse apr ehendi do he capt i vo, ou l i vr e. . .

Como se conser var ão pessoas pr ezas na Cadêa pel a si mpl es pr ezumpção de ser em capt i vas, sem haver cabal cer t eza de capt i vei r o, sust ent ando- as o Jui zo, sem haver quem depoi s pague essa di speza?39

Apr ovei t ando- se da ausênci a de seu senhor , os t r ês homens, pr ocur ar am out r as opor t uni dades f ugi ndo e f i xando- se pr óxi mo do seu ant i go l ocal de mor adi a, evi t ando uma chamada par a per t o de seu senhor , ausent e da r egi ão, ou a venda em separ ado par a l ocai s di st ant es uns dos out r os.

38 APEBA, Seção: Col oni al e Pr ovi nci al , f undo: Juí zes, Maço: 2430. 39 APEBA, Seção: Col oni al e Pr ovi nci al , f undo: Juí zes, Maço: 2430.

O expedi ent e ut i l i zado pel os escr avi zados ci t ados, apr oxi ma- se dos padr ões de f ugas- r ei vi ndi cat ór i as ci t adas por Eduar do Si l va e João José Rei s:

As f ugas r ei vi ndi cat ór i as não pr et endem um r ompi ment o r adi cal com o si st ema, mas são uma car t ada – cuj os r i scos er am mai s ou menos pr evi sí vei s – dent r o do compl exo negoci ação/ r esi st ênci a. 40

Essas f ugas j á er am esper adas pel os senhor es e ser vi am como uma adver t ênci a cont r a maus- t r at os ou uma f or ma de ef et i vament e gar ant i r al guma conqui st a de aut onomi a r el at i va j á enr ai zada nos cost umes ent r e o gr upo de escr avi zados e os senhor es l ocai s.

O mai s i nst i gant e nesses casos f oi a ut i l i zação do mesmo expedi ent e por pessoas di f er ent es em meses di f er ent es, apont ando um cont at o ent r e o gr upo. Após a conqui st a do desej ado por um del es os out r os segui r am os mesmos passos. Est ava gar ant i da a cont i nui dade da vi da comuni t ár i a par a esse pequeno gr upo.

No i nvent ár i o de Manoel José Mar ques, f al eci do em 29/ 05/ 1866, Pedr o, ent ão com 50 anos, apar ece ar r ol ado ent r e os 28 escr avos. Out r o escr avi zado, Laut er i o, cr i oul o par do compr ado por Manoel José em 1839, com 20 anos, apar ece na

40 SI LVA, Eduar do; REI S, João José. Negoci ação e conf l i t o: a

r esi st ênci a negr a no Br asi l escr avi st a, São Paul o: Ci a. das Let r as, 1989. p. 63 passi m.

r el ação com 46 anos, mas qual i f i cado como mul at o. El eut er i o, como est á r egi st r ado, vai conqui st ar a l i ber dade, em 03 de

No documento OS NEGROS EM JACOBINA (BAHIA) NO SÉCULO XIX (páginas 105-126)