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4 – JERÔNIMO, O HERÓI DO SERTÃO 4.1 – Os autores e a história

Jerônimo, O Herói do Sertão foi uma importante radionovela dos anos de 1950 e 1960, escrita por Moisés Weltman (1932-1985). O autor nasceu no Rio de Janeiro e desde jovem se dedicou a escrever novelas e programas para o rádio. Jerônimo teve mais de três mil capítulos (3.276) de radionovela e ficou quatorze anos no ar, de 1953 a 1967,pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A narração era de Mário Lago e o valente Jerônimo tinha a voz do rádio-ator Milton Rangel, dublador de filmes de Hollywood. O Moleque Saci era interpretado por Cauê Filho e era o preferido da garotada. Caveira, na radionovela, atuava como o principal vilão, cujo traço essencial era o disfarce, o que lhe permitia participar de muitos episódios sem ser reconhecido.

Devido à enorme popularidade, Weltman fez a adaptação dos capítulos para quadrinhos, cujos desenhos eram de Edmundo Rodrigues. O autor também atuou como radialista e novelista, inclusive escreveu duas novelas nos primórdios da TV Globo, Rosinha do Sobrado (a primeira novela, exibida em 1965, ano da fundação da emissora) e Padre Tião (de 1966). Jerônimo foi adaptado para a televisão, em duas versões, nos anos de 1973 e 1984.

A história deste herói brasileiro tem semelhança com os filmes de faroeste norte-americanos muito em voga no período. O cinema, junto com o circo, era um importante entretenimento da época, tanto assim que os autores circenses constantemente adaptavam para o palco os filmes mais famosos. A criação deste herói por Weltman foi inspirada no faroeste, porém adaptada à realidade brasileira, num cenário de cangaceiros, colonos e fazendeiros. Este texto retrata as relações entre as pessoas do meio rural, como compadrio e o coronelato, muito comuns no Brasil na década de 50 e até hoje presentes em nossa cultura.

Joaquim Silva adaptou para o circo-teatro a radionovela, devido ao sucesso que a mesma tinha junto aos ouvintes. Chamado de Quinzinho, no Circo Nerino,

além de dramaturgo, era ensaiador, e foi responsável pela encenação da peça neste circo em 1955. Existem outros textos dramáticos que mantêm a figura deste herói e mudam somente alguns aspectos da trama e personagens. Inclusive o Circo Nerino realizou duas outras encenações protagonizadas por esta personagem, chamadas de Herança Maldita e Uma Cruz na Estrada, encenadas e escritas por Quinzinho no mesmo ano da primeira.

Esta é uma peça curta cuja dinâmica e rápida velocidade dos acontecimentos chamam a atenção. Em apenas sete páginas o autor soluciona os conflitos desencadeados pelo embate entre os heróis e os vilões. A partir de uma trama simples, construiu uma narrativa cujo elemento principal está nos acontecimentos inusitados que se sobrepõem, com o objetivo de manter o interesse e a apreensão do espectador em relação à história.

No enredo melodramático o traço principal é a surpresa iminente – marca que se encontra inserida na elasticidade característica da trama. Em comparação com outras formas artísticas, observa-se que nem a variação temática nem o colorido linguístico, todavia presentes, sequer rivalizam com a importância que o desdobramento inesperado tem neste gênero. É aqui que o artista aplica o máximo da criatividade. Leva o espectador de sobressalto em sobressalto para um desfecho, que nem sempre concede o repouso do final feliz. A capacidade para surpreender deve certamente ser associada ao caráter do enredo. Adotando uma peculiar linha de progressão, o melodrama se mantém aberto para incorporar sempre novos desdobramentos em vez de prefigurar o desfecho e persegui-lo em linha reta. A hipótese de distender a história é uma alternativa continuamente à disposição do criador. (HUPPES, 2000: 28)

Nesta peça, todos os atos terminam com a suspensão de algum acontecimento importante, para ser resolvido no ato seguinte, tal como os romances de folhetim lançados em jornais. O autor se dedicará à invenção dos conflitos e soluções, que podem variar conforme a sua criatividade. Geralmente, o texto melodramático se inicia com algum acontecimento relevante, envolvendo muitas personagens, que será desdobrado ao longo de toda a narrativa. Esta maneira de começar a história favorece este tipo de enredo surpreendente, pois a situação inicial se apresenta com muitas possibilidades de encaminhamentos, como observamos na peça em questão.

Jerônimo foi chamado à cidade de Serro Bravo por Eunice, pois sua irmã, Maria José, uma importante fazendeira local, oprime seus familiares e empregados.

Maria José contratou inúmeros capangas para maltratar seus colonos, a fim de lhes tomar as terras e construir uma mina de carvão. Esta situação é apresentada logo no primeiro ato, entretanto o conflito caminha a partir das intenções de casamento dos vilões – a exploração dos pobres permanece como pano de fundo para a intriga. Junto com seu comparsa, Coronel Ambrósio, Maria José cria inúmeras artimanhas para casá-lo com sua irmã e ela mesma com o engenheiro da fazenda, Carlos.

No primeiro ato, o capanga de Maria José, o Caveira, contesta o senso comum de que Jerônimo seja o maior pistoleiro do sertão. Garrafinha, um freguês do bar, intercede pelo herói, fala mal da vilã, provocando a raiva de Caveira, que ameaça lhe bater. Durante este diálogo, o mencionado justiceiro entra no bar acompanhado de seu ajudante, Saci. Os dois discutem com o capanga e o herói, após vencê-lo na luta física, revela sua identidade para as personagens em cena. O Caveira e o Garrafinha deixam o bar, o primeiro apreensivo pelo encontro com esta temida figura, o segundo com o objetivo de espalhar a notícia. Pouco tempo depois, Garrafinha retorna com o aviso de que Maria José convidara o herói para um almoço na fazenda. Ele aceita a proposta e pede ao mexeriqueiro que arrume um emprego para Saci na casa da vilã.

O segundo ato se passa no dia seguinte durante o almoço na fazenda Sete Morte, e a cena inicia-se com uma conversa entre os vilões da peça. Neste diálogo, Maria José comenta com o Coronel que está financeiramente arruinada, mas tem intenção de tornar sua fazenda a mais próspera da região através da exploração do carvão mineral existente na terra. Foi feita uma análise de solo e o responsável é o engenheiro da fazenda, Carlos, com quem Maria José deseja se casar. Ele, porém, ama Eunice, pretendente do Coronel, que para conquistá-la empresta um dinheiro a Maria José em troca de sua ajuda.Nesta conversa, a dupla revela seu receio com a chegada de Jerônimo na cidade, e a intenção de chamá-lo para trabalhar com eles.

Quando o justiceiro chega à fazenda, entra solenemente, cumprimenta todos os presentes, elogia a propriedade, em especial, a personagem de Maria José. Entretanto, rapidamente percebemos a ironia de sua fala, pois comenta sobre a má fama da vilã em destratar seus empregados. Rejeita o convite do almoço e diz que veio apenas lhes dar um recado: de que o reinado da dupla de vilões irá acabar. Coronel ameaça chamar seus capangas, mas Jerônimo lhe aponta a arma e assim

Em seguida a esta rápida visita todos vão almoçar, menos Maria José e Carlos, então ela lhe revela sua intenção de casamento, ele a recusa e diz que não se casaria por dinheiro, mas por amor, e diz amar outra pessoa. Eunice entra em cena e conversa a sós com o engenheiro, finalmente o público assiste ao amor verdadeiro e correspondido do casal. Maria José interrompe esta conversa, mas não demonstra surpresa com o encontro, pois já imaginara que a mulher amada seria sua irmã. Ao ficar a sós com a rival, obriga-a a se casar com o Coronel e, mediante sua recusa, ameaça prendê-la em um quarto somente a pão e água.

Para completar este quadro, Ambrósio entra em cena e conversa com Eunice. Neste diálogo tenta agarrá-la à força para lhe beijar, porém é surpreendido por Saci, que aparece armado para defender a moça. Entretanto Caveira surge sorrateiramente, desarma Saci e rapta Eunice, obedecendo à ordem do Coronel. Antes de o capanga concluir a ação, surge Jerônimo para libertar a senhorita e expulsar os malfeitores de cena, quesaem humilhados por um pontapé de Saci.

O terceiro ato inicia com um monólogo do moleque pretinho para justificar sua permanência na casa, apesar de ter defendido Eunice e apontado uma arma para o Coronel. Mesmo que Saci tenha atuado junto com Jerônimo, não desconfiaram da relação de cumplicidade dos dois. Há outro diálogo particular entre Maria José e Coronel, em que ele a pressiona para persuadir Eunice a consentir com o casamento. A vilã diz que tentará pela última vez falar com Carlos e, caso ele não aceite se casar com ela, mandará matá-lo. Como é esperado, Carlos nega a proposta de casamento, mesmo diante da possibilidade de pagar com a vida tal recusa. Ela então convoca Caveira para executar o engenheiro e jogar seu corpo no abismo a fim de não levantar suspeitas. Mais uma vez Jerônimo aparece para defender o oprimido, atira na mão de Caveira e sai antes de ser perseguido.

No ato seguinte, Saci e Carlos conversam sobre os momentos difíceis de ameaças e perseguições e o engenheiro comenta que não tem conseguido sequer descansar. Saci lhe garante um sono tranquilo, pois ficará vigiando e, mediante esta ajuda, Carlos se deita para dormir. Neste momento, a dupla de vilões entra no quarto

do engenheiro e rouba os documentos da análise de solo, porém Saci estava

escondido e vê a ação. Quando saem de cena, o ajudante acorda Carlos e

Dona Sinhá bate na porta do quarto do engenheiro para pedir os papeis, pois os interessados em explorar a terra estão na fazenda. Então ele percebe que fora roubado, Maria José tenta incriminá-lo, dizendo que o engenheiro visa conseguir a riqueza das terras. Dessa forma, convence todas as personagens em cena, até o momento de Jerônimo esclarecer os equívocos e desmascarar os vilões, pois tem provas através dos documentos furtados. O Coronel Ambrósio é preso e Maria José se mata com um tiro, pois não suportaria ir para a cadeia e conviver com o fato de sua irmã ter-se unido ao seu amado.

Quem ensaiou esta peça no Circo Nerino foi o próprio autor, Joaquim Silva. Ele foi convidado pelos artistas deste circo para criar algumas peças, pois era um escritor e ensaiador muito famoso na época. No Nerino realizou a montagem de três peças, ampliando ainda mais o repertório dramático da companhia. O cenário desta montagem era simples e permaneceu da maneira que fora idealizada pelo ensaiador, após sua breve passagem por este circo. Walmir dos Santos comenta, em entrevista realizada para esta pesquisa, os detalhes do cenário desta encenação:

No começo tinha um bar. Cenário simples. Era pintado com uma parede normal, com porta, né? A porta era só a entrada. Tinha um negócio de garrafas, também era pintado na parede, como se fosse uma prateleira. E tinha umas mesas e um balcão. (...) A fazenda era normal, uma casa de fazenda. Uma mobília de casa, uma mobília mais rústica, mais adequada de fazenda, não com muitos detalhes. Porque com muito detalhe, não tinha como carregar tanta coisa. Às vezes a gente consegue emprestado alguma coisa, mas não era muito frequente. (Entrevista realizada no dia 04/02/2015)

A função do telão pintado é a de ambientar os locais sugeridos pelo autor, uma vez que eram utilizados poucos móveis e adereço nas todas peças. Por isso, tinha que ser uma mobília mais neutra para servir à diferentes ocasiões, diminuindo assim a carga que o circo deveria levar de um local para outro. Dessa forma, cabia à pintura, colocada geralmente no fundo do palco, particularizar a encenação. Este era um procedimento comum realizado nos circos-teatros da época: a utilização de uma tela retratando o ambiente da peça e as diversas alocações sugeridas pelo autor.

A temática principal desta história é a reparação da injustiça, dessa forma o herói ganha bastante destaque e se torna responsável por movimentar o enredo. Suas ações dependem das atitudes dos vilões, as quais, em conjunto, interferem no

enredo e modificam seu curso. Quando a busca pela realização amorosa é temática principal, os vilões serão os agentes principais e as ações do herói se tornam menos objetivas e diretas por dependerem também de sua amada, como, por exemplo, na peça mencionada acima de Antenor Pimenta.

Estas duas matrizes temáticas (a reparação da injustiça e a busca pela realização amorosa) são reconhecidas por Ivete Huppes como sendo os principais eixos do melodrama, que frequentemente aparecem entrelaçados. Como na peça em questão que, apesar da reparação da injustiça ser o principal enfoque do autor, a busca pela realização amorosa é o motor da dupla de vilões, que não medirão esforços e não considerarão a vontade alheia para conseguir concretizar esta união. Jerônimo impedirá a execução dos planos ardis, pois aparece sempre nos momentos críticos e suas ações são certeiras e imbatíveis.

4.2 – Personagens

Jerônimo é o herói da peça, muito valente e destemido, o típico herói imbatível. Ele se tornou o justiceiro do sertão porque perdeu injustamente o pai, quando muito jovem, então passou a se dedicar a ajudar os oprimidos e fazer justiça onde for necessário. É um homem misterioso que em diversos momentos da história desaparece e subitamente retorna, sempre no momento em que é necessário atuar. Tem um ajudante, o moleque Saci, que, apesar de lhe auxiliar, não desempenha a função de solucionar os conflitos, característica do herói.

Jerônimo nos lembra de pelo menos duas referências da época, uma social e outra artística. A primeira, de ordem sociopolítica, é Lampião uma figura política marcante do período que morrera de forma polêmica há apenas quinze anos. A segunda referência, de ordem artística, é a dos heróis dos filmes de faroeste americano, imbatíveis e temidos por todos. De maneira menos direta nos lembra também Dom Quixote e Sancho Pança, principalmente no que se refere a dupla principal. Entretanto Jerônimo é uma personalidade singular, ambientado em um contexto brasileiro, o qual o aproxima do público local. Um homem muito seguro, com ações firmes, força física e astúcia, além de manejar muito bem as armas que

carrega, tal como os valores preconizados pelo cinema norte-americano. Foi reconhecido, na época da radionovela, como um autêntico herói brasileiro.

O ator que o interpretará deve buscar atitudes tais como a do galã central, descrito por Otávio Rangel em sua obra Técnica Teatral. Este tipo age com bom senso, seus gestos e atitudes revelam a coerência de sua personalidade, pois já não é mais um jovem inseguro. Melhor seria se fosse representado por um ator mais velho, pois, de acordo com os valores do gênero melodramático, somente a idade e a experiência poderiam trazer tais características. Sua aparência deve ser impecável e provavelmente se trata de um homem forte, o que contribui para revelar de imediato as características da personalidade de Jerônimo. No Circo Nerino foi representado por Roger Avanzi, o galã. Na época da encenação ele era um ator experiente que, com muita maestria, realizou o imbatível herói.

Saci é o ajudante de Jerônimo, personagem cômica por ser desbocado e serrista. Ele não demonstra uma preocupação em falar corretamente, não utiliza as concordâncias necessárias (comum à fala das demais personagens), apresenta um linguajar informal, em que gírias e abreviações de palavras são comuns. É um moleque esperto, valente e justiceiro, principalmente por atuar ao lado de Jerônimo, porém em alguns momentos é briguento e gosta de arrumar confusão. Este é um contraponto interessante com o herói que só briga se for realmente necessário e em nome da justiça. Isso ocorre, por exemplo, no primeiro ato, quando Saci ameaça bater no Caveira e Jerônimo intervém, mostrando para o público que só reage depois de ser atacado.

A maior parte da comicidade do moleque ocorre a partir do que diz: geralmente apresenta uma leitura inusitada e engraçada das situações da peça, além de tirar sarro deliberadamente das demais personagens, principalmente más. Outra característica, que o permite acompanhar o herói, está relacionada a sua esperteza e rapidez no raciocínio. Mesmo sem a educação formal se sobressaí perante as demais personagens, apesar disso, Jerônimo comenta, na radionovela da época, que ele deveria ir para a escola por ainda ser muito menino.

Certamente seria interpretado pelo ator cômico da companhia que costuma ser um palhaço. No caso do Circo Nerino foi interpretado por dois atores, Paulo Sobral e depois por Walmir Santos, o palhaço Garrafinha da primeira parte do espetáculo. Esta foi uma personagem que ganhou muito destaque nas

apresentações deste circo e também na radionovela, especialmente entre o público jovem. Mais à frente voltaremos a falar de Saci, analisando os momentos cômicos por ele suscitados.

Maria José é a principal vilã da peça, que atua em conjunto com Coronel Ambrósio. Ela procura agir com astúcia para assim recuperar a fortuna de sua família que, com a morte de seu avô, perdeu tudo e se encontra endividada. Devido a isto, deve dinheiro ao Coronel e pretende casá-lo com sua irmã, para abater a dívida. Sua participação na trama é muito relevante por ser a responsável por articular os planos da dupla de vilões. Trata com desdém e desrespeito sua irmã e mãe, somente se mostra atenciosa com quem lhe traz algum proveito. Seu comparsa, Coronel Ambrósio, lhe apoia apenas por interesse no casamento com Eunice, caso isto não aconteça, ameaça Maria José de tomar suas terras pela dívida. Isto o torna diferente do comparsa convencional, subordinado e executor dos planos do vilão. Ele não precisa obedecer às regras impostas pela vilã e quem executará os planos serão os capangas, principalmente Caveira.

Não é comum que o papel da vilã seja representado por mulheres, ainda mais pelo fato de Maria José se mostrar muito ativa e impiedosa. Da dupla de vilões ela é mais importante do que ele, principalmente porque tiram sarro de Ambrósio. Apesar de não ser a personagem cômica ele é passível de graça pelo seu jeito tolo, sua maneira de agir e por sua enorme covardia, o que o levam a ser o comparsa e não o cabeça da relação. Já Maria José não é passível de graça devido a sua seriedade e gravidade. Até mesmo a vestimenta revela parte de suas características, como podemos observar através da fala de Jerônimo que ao entrar e se deparar com as personagens a reconhece por estar “vestida tão amazonescamente” (MAVRUDIS, 2011: 19).

Maria José, além de desempenhar o papel de vilã, se declara e pede Carlos em casamento, invertendo as posições de conquista usuais da época. Também é quem cuida e manda na casa, em sua mãe e irmã. Somente o tipo da vilã poderia se insinuar para um homem e ser a chefe da casa, comportamentos estes tipicamente masculinos. Percebemos que até mesmo seu nome revela estas características, através da junção de um nome feminino, Maria, e um masculino, José. Entretanto toda sua força e poder somente são possíveis porque está resguardada por seus

capangas armados, além da proteção de seu amigo Coronel Ambrósio que a encoraja nos seus planos.

O Caveira é o principal capanga da dupla de vilões que, assim como Saci, não utiliza as concordâncias necessárias para falar corretamente. Na radionovela era um importante vilão das histórias narradas, cuja principal característica era o disfarce, que o permitia aparecer em diversos capítulos. Entretanto na peça em questão não representa o papel do vilão e também não utiliza disfarce. Um traço interessante desta personagem é revelado logo no início: demonstra ter muita coragem e força, porém ao se deparar com o herói se revela um covarde. Isso ocorre, por exemplo, no momento do confronto do primeiro ato, depois de apanhar, sai de cena “correndo comicamente” (MAVRUDIS, 2011: 13).

O seu nome é metafórico e revela algumas particularidades de sua figura, explicitando sua função de matar as pessoas. Isto somente será possível com a utilização de armas, pois não se trata de um homem astuto e forte. Pelo contrário, ao lado de Jerônimo, o herói da trama, percebemos o quanto Caveira é fraco, porém muito orgulhoso e confiante ao admitir ser o gatilho mais rápido do sertão. Somente aparece quando solicitado e para executar alguma perversa ação dos vilões.