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Os estudiosos da área demonstram que o jogo é a atividade mais in- dicada para satisfazer às necessidades de movimentos que a criança possui. Assim, na atividade lúdica, o professor pode perceber as carac- terísticas da personalidade do educando e orientá-lo, no sentido de in- centivar vivências sociais que contribuam para sua formação e atuação na sociedade.

Por meio do jogo a criança obtém uma maior coordenação mo- tora, cria normas de conduta e assim aprende a viver em grupo. Hábitos e atitudes se modificam durante a prática de jogos, podendo algumas condutas ser transferidas para outras atividades.

O movimento é fundamental para o ser humano, especialmente durante a infância, pois ativa o processo de crescimento e da convivência em grupo. Nesse sentido, a respeito dos jogos cooperativos, Saraydarian, citado por Consciência... (2003) observa que “Aprendendo o verdadei- ro significado da consciência de grupo, paramos de olhar para nós mes- mos como um ser separado de todos os outros e começamos a ver nosso elo com toda a humanidade, a natureza e os cosmos. Nessa realização, aprendemos a ciência e a arte de cooperação”. A afirmação de Ulrich, citado por Brotto (1997, p. 36), aponta para a mesma direção: “Assim, quando as pessoas ou grupos combinam suas atividades ou trabalham juntas para conseguir um objetivo comum, de tal maneira que o maior êxito de alguma das partes concorra para um maior êxito das demais, temos o processo social de cooperação”.

Brotto (1997) enfatiza que os jogos cooperativos, nos quais to- dos cooperam e ganham, jogando uns com os outros e não uns contra os outros, atendem a um dos objetivos da recreação e do lazer. Esses jogos são mais divertidos para todos, pois todos têm o sentimento de vitória, todos participam, não havendo exclusão.

Ao refletirmos sobre os jogos cooperativos, percebemos que, apesar de a recreação ser, historicamente, uma prática constante na in- fância, em diferentes contextos há muitos problemas no que se refere à

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sua utilização como recurso pedagógico. Para a reversão desse quadro, tendo como objetivo o desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e social das crianças, é preciso levá-las à reflexão no seu processo de cons- trução do conhecimento.

Com efeito, estudos sobre jogos cooperativos apontam que, ao liberar o potencial criativo, os sujeitos se sentem mais confortáveis e confiantes para desfazer os bloqueios, conseguindo descontrair e ficar flexíveis nas interações entre os grupos, sabendo que o poder de cada um é expandido pela cooperação. Nesse sentido, Cória-Sabini (2004, p. 27) destaca a infância “como a idade das brincadeiras e que, por meio delas, as crianças satisfazem grande parte dos seus desejos e interesses particulares”.

Nas palavras da autora (2004, p. 27),

Quando as crianças brincam, observa-se a satisfação que elas experimentam ao participar das atividades. Sinais de alegria, risos, certa excitação são componentes desse pra- zer, embora a contribuição do brincar vá bem além de im- pulsos parciais. A criança consegue conjugar seu mundo de fantasia com a realidade, transitando, livremente, de uma situação a outra.

Porém, atualmente, a sociedade tem dado grande ênfase à com- petição, o que tem levado jovens a expressar comportamentos agressi- vos e violentos. É o que se percebe na prática esportiva mais popular no Brasil, o futebol. Torcidas organizadas, em nome da vitória, agridem fisicamente qualquer pessoa, não importando idade ou envolvimento com o momento de jogo, sem o menor discernimento. Embora saiba- mos que grande parte dos que praticam atos violentos já estão envolvi- dos socialmente com esse tipo de comportamento, pessoas que mesmo nunca tendo participado de uma briga deixam vir à tona expressões agressivas.

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Nesse contexto, de acordo com a perspectiva de Brotto (1997), é importante salientar que o jogo competitivo tem como objetivo a busca do rendimento máximo para a superação do outro, porém essa supe- ração precisa ser entendida inicialmente com base em si mesma, a su- peração das habilidades cognitivas e afetivas juntamente às habilidades físicas. Todos os participantes de jogos competitivos estão nessa busca; porém há que haver a consciência de que se o outro venceu foi por- que apresentou estratégias cognitivas e corporais superiores às minhas. Assim, a humildade é o melhor sentimento e a melhor atitude a se esta-

belecer nesse momento. A competição supervalorizando os vencedores e menosprezando os perdedores é o maior troféu da inferioridade que possa existir. De acordo com Brotto (1997, p. 38),

isto resulta na perda da interdependência dos relacionamen- tos. Fica a reflexão: Será que podemos trazer a cooperação para o esporte? Vivenciá-lo de forma a despertar no ser hu- mano não o desprezo ao outro e sim entender que adversário é apenas aquele que disputa em um time diferente do seu, mas que porém continua a ser seu colega e seu amigo?

Para o autor (1997), por meio dos jogos cooperativos existe a possibilidade de estimular a reflexão, a conscientização sobre a convi- vência com os outros e as mudanças que isso implica. Construir uma concepção de totalidade e interdependência, praticando a criatividade por meio da vivência de novas alternativas, estratégias, organização de pensamento, para conseguir alcançar um objetivo comum. Nessa pers- pectiva, Brotto (1997, p. 40) defende que:

qualidades como alegria e entusiasmo, autoestima, confian- ça e respeito mútuo, comunicação espontânea, comunhão de objetivos pessoais e grupais, simplicidade são desenvol- vidas ao trabalhar-se com o enfoque cooperativo na prática esportiva e vêm ao encontro de qualquer proposta de edu- cação e valorização humana.

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Com efeito, para Cória-Sabini (2004), a pala- vra brincar não se relaciona apenas às atividades in- fantis, pois em todas as idades as pessoas brincam e, desse modo, os jogos estariam presentes em todas as faixas etárias.

Sugestões de jogos cooperativosf:

cadeira livre;

olhos de águia;

dança da cadeira cooperativa;

salve-se com um abraço;

olhos de águia;

coelho sai da toca;

barra-manteiga;

a galinha e os pintinhos;

corrida com jornal;

escravos de jó;

gato e o rato;

a história da serpente.

No documento A LUDICIDADE NA EDUCACAO - IBPEX_DIGITAL.pdf (páginas 162-165)