• Nenhum resultado encontrado

Khirbet ed-Dawwara no Ferro I-IIA

No documento Download/Open (páginas 147-149)

CULTURA MATERIAL E O PLATÔ DE BENJAMIM NO FERRO I-IIA

Artefato 3.4 Estatueta de cavalo, L65, Et-Tell

3.3.2.5.3 Khirbet ed-Dawwara no Ferro I-IIA

A vila de Khirbet ed-Dawwara existiu na mesma época que as vilas do Ferro de Khirbet Raddana e Khirbet et-Tell (FINKELSTEIN; PIASETSKY, 2006, p. 50; FINKELSTEIN, 2007, p. 110; CALLAWAY, 1993a, p. 40; cf. §3.3.2.3.3), o que significaria, segundo a baixa cronologia, sua datação absoluta na segunda metade do séc. 10 aEC. As três áreas escavadas no sítio (A, B, C) renderam vestígios do Período do Ferro I. A área A, principal área de escavação, estava localizada na parte ocidental do sítio e rendeu, conforme Finkelstein (1990, p. 172), “três casas com pilastras, provavelmente do tipo de quatro-cômodos, e uma parte de outra estrutura”, essas dentro das grandes fortificações. Os edifícios “foram construídos com seus eixos longitudinais alternadamente perpendiculares e paralelos à muralha de defesa” , tendo o cômodo 198

interior das casas em paralelo, formando uma muralha de casamata.

A área B, na região nordeste do sítio, próximo à muralha periférica, não rendeu muitos achados, visto que parte da muralha cedeu em direção à encosta do outeiro, ainda nos tempos do sítio, o que teria gerado a necessidade de se renovar as muralhas. Embora haja escassez nos achados, é possível que houvesse um edifício com pilastras, visto que havia duas linhas de pilastras de pedras, de orientação sul-norte (FINKELSTEIN, 1990, p. 172-173). A área C, no lado oriental do sítio, cujo declive é mais acentuado que no restante do sítio, rendeu algumas pedras da muralha periférica, esta que também cedeu na encosta do outeiro (FINKELSTEIN, 1990, p. 175).

3.3.2.6 Khirbet Nisieh (MR 17175.14495) 3.3.2.6.1 Explorações em Khirbet Nisieh

O sítio de Khirbet Nisieh — ou Nisya, segundo as primeiras explorações — viu um levantamento arqueológico primeiramente realizado por Roy Blizzard, até então doutorando da Universidade do Texas, em 1974. Blizzard teria se interessado pelo sítio arqueológico após ver a proposição de David Livingstone no Westminster Theological Journal em dois artigos, respectivamente de 1970 e 1971 (LIVINGSTONE, 2012, p. 11;

Ing.: “three pillared houses, probably of the four-room type, and a section of another structure, were 198

uncovered in Area A inside the massive fortifications. The building were constructed with their longitudinal axes alternately perpendicular and parallel to the defence wall.”

artigos republicados respectivamente em LIVINGSTONE, 2012, 177-202, 203-222), que refutou a identificação da vila árabe de Beitin com Betel e do sítio arqueológico de et- Tell com Ai. Isso teria incentivado novas expedições na região. Finkelstein e Yitzhak Magen (1993, p. 32*) o incluíram em seu levantamento de Benjamim, catalogando a cerâmica do sítio. O sítio foi escavado por David Livingstone (1989, 1990, 2002, 2012) que, a partir de 1979, organizou 16 expedições ao sítio (1979, 1981, 1982, 1984, 1985, 1986, 1987, 1990, 1991, 1993, 1994, 1995, 1996, 1998, 1999, 2000), em nome da Associates for Biblical Research (2019), um “ministério cristão apologético dedicado à demonstração da confiabilidade histórica da Bíblia através da pesquisa arqueológica e bíblica” , i.e., uma associação religiosa cujo objetivo é utilizar a arqueologia para 199

comprovação de passagens e teologias bíblicas evangélicas norte-americanas. A expedição foi financiada pela The Phoebe Haas Foundation, William Penn Foundation, Weyerhaeuser Foundation, além de contribuições individuais (LIVINGSTONE, 2012, p. 17). Os achados glípticos foram examinados e publicados por Baruch Brandl (2002). 3.3.2.6.2 Histórico de interpretações

As explorações de Khirbet Nisieh carregaram pré-concepções muito similares às de Beitin, especialmente no que concerne à necessidade de assinalar a veracidade dos textos bíblicos. O autor do relatório final e diretor das escavações, argumenta que seu interesse nasceu ao ouvir de um professor que a cidade de et-Tell não era murada no período da conquista (LIVINGSTONE, 2012, p. 4). Isso levou Livingstone à uma jornada pessoal em busca de uma nova candidata. A necessidade de comprovar a tese que Khirbet Nisieh seria Ai é vista em toda a redação do relatório. O objetivo secundário do relatório, segundo Livingstone (2012, p. 3) seria “recuperar evidências suficientes para indicar se Khirbet Nisya poderia ser a Ai bíblica” . A interpretação, entretanto, é 200

problemática, pela hierarquização de fontes e leitura acrítica. O autor chega a dizer que “qualquer que seja o resultado, nós mantemos que a Bíblia é verdade, e que a arqueologia é muito fragmentada para recompor toda a verdade” . Os problemas a 201

serem enfrentados pelo relatório, segundo Livingstone (2012, p. 3), seria a conclusão de

Ing.: “”A Christian apologetics ministry dedicated to demonstrating the historical reliability of the Bible 199

through archaeological and biblical research”. Esse é o slogan do website da instituição. Ing.: “to recover sufficient evidence to indicate whether Khirbet Nisya could be biblical Ai”. 200

Ing.: “”Whatever the outcome, we maintain that the Bible is truth, and that archaeology is too 201

que a Bíblia não seria confiável ou historicamente acurada. Assim, o relatório carrega diversas inconsistências que precisam ser analisadas criticamente.

A tese central de Livingstone (p. 177-185) parte do pressuposto de que as escavações de Beitin não encontraram evidências materiais para a identificação de Betel. Para ele, os vestígios deveriam encontrar os elementos mencionados no texto bíblico. Há sete argumentos para isso: (1) a Bíblia não diz que Josué queimou Betel; (2) não há evidências arqueológicas que comprovariam que Beitin é Betel; (3) o santuário de Jeroboão jamais foi descoberto (cf. §3.3.2.1.1); (4) não há evidências de que Beitin foi ocupada por Eusébio e Jerônimo ; (5) um sítio adequado para Ai não foi 202

encontrado a leste de Beitin; (6) não houve ocupação canaanita em Beitin no Bronze Tardio I; (7) não houve ocupação no Período Persa. Isso o levou a defender que Beitin não é Betel, mas que el-Bireh o seria por atender melhor a esses aspectos, especialmente a distância de Jerusalém. Essa constatação levou Livingstone (2012, p. 208-222) a rever a localização da Ai bíblica. Seguindo J. Simons, o escavador de Khirbet Nisieh acredita que et-Tell não preencheria os requisitos, visto que: (1) não seria próxima a Betel (aqui, Beitin), com 2 milhas de distância; (2) não seria habitada no período da conquista; (3) seria muito grande, maior que el-Jîb. Com relação ao quarto tópico, sobre não haver um amplo vale ao norte, o arqueólogo de Nisieh discorda de Simons, dizendo que há. Entretanto, mesmo com a discordância, Livingstone prefere relacionar a bíblica Ai com dois outros sítios, Khirbet el-Maqatir e Khirbet Nisieh:

Tabela 3.5 Identificação de Ai, cf. Livingstone (2012, p. 210, 219)

Kh. Maqatir Kh. Nisieh

1. Montanha entre Betel (el-Bireh) e Ai (Gn 12.8) Sim Sim (Jebel et-Tawil)

2. Vale ao norte de Ai (Js 7-8) Sim Sim

No documento Download/Open (páginas 147-149)