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2 Fundamentação Teórica

3.2 Metodologia adotada

Tendo em vista o contexto descrito anteriormente, a presente investigação tem como objetivo buscar formas para associar o LD a TD em estratégias que potenciem o ensino ativo em Matemática e, consequentemente, avaliar os resultados dessa associação. Na busca de caminhos para alcançar esse objetivo geral, foram definidas outras questões de investigação e objetivos específicos apresentados no Quadro 2.

As questões e os objetivos propostos estão intimamente ligados ao contexto educacional em que o ensino e a aprendizagem ocorrem. Nesse contexto, entendeu- se ser necessário buscar uma visão do todo facilitada por estratégias quantitativas, bem como deter-se nos detalhes para entender as especificidades do tema estudado numa abordagem qualitativa (Warfa, 2016). Por essa razão, optou-se por rejeitar a ideia de uma natureza dicotômica da pesquisa educacional adotando um paradigma pragmático em que o problema ou objetivo concreto da pesquisa e não a posição filosófica determina o desenho de um estudo (Niglas, 2004). Os métodos e técnicas de pesquisa foram escolhidos de forma a entender o problema de pesquisa, quer usando dados e estratégias quantitativas e/ou qualitativas (Creswell, 2003). Ou seja, diferentes métodos foram escolhidos para explorar diferentes aspectos da investigação (Brannen, 2005), permitindo que uma questão seja avaliada por múltiplos ângulos (R. B. Johnson, Onwuegbuzie & Turner, 2007; Yin, 2006). Assim, propõe-se um desenho de investigação misto concebido a partir de um paradigma pragmático conforme proposto por diferentes teóricos (Bryman, 2006; Creswell, 2003; Teddlie & Tashakkori, 2009).

Questões de Investigação Objetivos Propostos

Qual a percepção dos professores quanto ao livro didático digital como ferramenta de ensino e integração das tecnologias digitais na sala de aula?

Analisar as expectativas de professores do Ensino Médio quanto ao uso do LDD para a integração das TD na sala de aula.

Os professores de Matemática usam o LD e TD associados a estratégias de ensino ativas ou passivas?

Investigar o papel que os professores de Matemática atribuem ao LD e às TD e como usam essas ferramentas em suas práticas.

Avaliar se os estudantes são envolvidos em estratégias de ensino ativas com o uso do LD e das TD.

Como o LD pode ser associado à TD para o ensino ativo em Matemática?

Propor, de forma colaborativa, estratégias de ensino ativas em Matemática que associem o LD à TD.

Qual o impacto das estratégias de ensino ativo em Matemática criadas a partir da associação do livro didático com TD na prática dos professores?

Avaliar os efeitos do uso das estratégias desenvolvidas na etapa anterior, na prática dos professores e envolvimento dos estudantes no processo de aprendizagem.

Desenhos de investigação mistos têm sido usados na área educacional e social em diferentes contextos (Seidel, Reggi, Schinske, Burrus & Tanner, 2015; Snelson, 2016; Warfa, 2016) e, inclusive, em pesquisas na área de educação Matemática (Kelle & Buchholtz, 2015). Tais estudos podem ser classificados de formas distintas. Bryman (2012) classifica os estudos mistos conforme a prioridade e a sequência. A prioridade diz respeito à natureza dos dados mais relevantes coletados. Assim, um estudo pode ser prioritariamente qualitativo (QUAL), quantitativo (QUANT) ou possuir ênfases iguais no estudo. Já a sequência refere-se aos momentos em que os instrumentos são aplicados, podendo ser sequenciais (->) quando a coleta de um tipo de dados precede e influencia a outra, ou simultâneos quando as coletas de dados são realizadas ao mesmo tempo sem que uma influencie a outra (+). Essa classificação resulta em 9 combinações possíveis, como apresentado na Figura 4.

Figura 4 – Classificação de métodos mistos de pesquisa. Traduzido e adaptado por Neri-de-Souza, Neri- de-Souza & Moreira (2016), de Bryman (2012, p. 632)

Outros autores apresentam a classificação dos métodos mistos em três desenhos principais (Creswell & Plano-Clark, 2011; Morse, 2003; Snelson, 2016; Warfa, 2016):

i) Desenho paralelo convergente; ii) Desenho sequencial exploratório; iii) Desenho sequencial explanatório.

O desenho convergente paralelo é o mais comum dos desenhos mistos, sendo também conhecido como triangulação, com a coleta de dados acontecendo em uma única fase (QUAL + QUANT) (Snelson, 2016). É usado quando se deseja comparar informações obtidas de dados qualitativos e quantitativos ou para expandir dados quantitativos com resultados qualitativos (Creswell & Plano-Clark, 2011). Kelle & Buchholtz (2015) comparam esse desenho ao exame de um objeto físico a partir de dois pontos de vista ou ângulos diferentes. Ambos os pontos de vista fornecem imagens diferentes desse objeto que podem não necessariamente uma validar a outra, mas oferecem uma imagem mais completa do fenômeno ao serem reunidas. Dessa forma, a combinação de métodos quantitativos e qualitativos incrementam a consistência interna do estudo, trazendo maior credibilidade científica (Hussein, 2009).

O desenho sequencial exploratório é estruturado com uma porção qualitativa, precedendo uma segunda fase com dados quantitativos, com a intenção de confirmar ou generalizar as descobertas feitas na primeira fase (Creswell, 2014; Creswell & Plano-

Clark, 2011). Já o desenho sequencial explanatório é como o espelho em que análise qualitativa é realizada com a finalidade de aprofundar e melhor descrever descobertas feitas na análise quantitativa que a antecedeu (Snelson, 2016).

Essa investigação foi concebida numa perspectiva mista, sendo que as estratégias e os métodos foram escolhidos conforme os objetivos específicos de cada fase de estudos. Foram desenvolvidos dois estudos investigativos preliminares, sendo o primeiro num desenho sequencial exploratório e o segundo num desenho paralelo convergente. Esses dois estudos iniciais foram seguidos de um estudo de caso instrumental (Yin, 2001) nos quais elementos quantitativos e qualitativos foram usados na triangulação de dados para as conclusões finais do estudo. Nas seções seguintes, tem-se a descrição detalhada de cada uma dessas fases, objetivos, metodologia e métodos escolhidos.