• Nenhum resultado encontrado

“Um trabalho de história oral pode dizer respeito a uma voz (uma história de vida de um indivíduo) ou a muitas; no último caso estas podem ser apresentadas como séries de monólogos ou interligadas em uma montagem temática ou cronológica. A variação entre monólogo e polifonia também muda a abordagem interpretativa. Uma história individual é um gênero diferente de um livro, no qual um número de entrevistas são apresentadas uma após a outra como uma série de monólogos” (Portelli, 2001, p.28).

História oral como qualquer outra metodologia exige uma série de reflexões e ações para a sua utilização enquanto ferramenta interpretativa. Depois da apresentação e contextualização da história oral enquanto maneira de investigar, abordaremos os métodos existentes e as teorias que os sustentam enquanto opções científicas válidas. Outro momento importante foi detalhar, no caso específico desta tese, quais foram as escolhas realizadas. Partimos desta reflexão importante realizada por uma grande especialista em História Oral:

“Sendo um método de pesquisa, a história oral não é um fim em si mesma, e sim um meio de conhecimento. Seu emprego só se justifica no contexto de uma investigação científica, o que pressupõe sua articulação com um projeto de pesquisa previamente definido. Assim, antes mesmo de pensar em história oral é preciso haver questões, perguntas, que justifiquem o desenvolvimento de uma investigação. A história oral só começa a participar dessa formulação no momento em que é preciso determinar a abordagem do objeto em questão: como será trabalhado.” (Alberti, 2007, p.29)21

21 Outro reforço salutar nesta questão foi abordado por Verena Alberti ao recordar que existe na realização da

história oral uma série de questionamentos anteriores que fazem desse ato normal que é uma conversa gravada. Ser utilizada enquanto fonte para a realização de um estudo em história oral.

57 A escolha de um método por si só, não é garantia antecipada de qualidade ou de fracasso. Essa premissa é válida para a história oral e também para qualquer outro tipo de metodologia adotada. História, para ser bem-feita, necessita de investigação e reflexão, ter as entrevistas realizadas não é ter um trabalho pronto, as entrevistas são apenas um registro histórico. Existe uma série de questões a serem trabalhadas antes da realização da entrevista e também depois dela estar pronta, pois são várias as possibilidades para analisar e trabalhar com esse material.

“A interdependência entre prática, metodologia e teoria produz o conhecimento histórico; mas é a teoria que oferece os meios para refletir sobre esse conhecimento, embasando e orientando o trabalho dos historiadores, aí incluídos os que trabalham as fontes orais. Exatamente o mesmo ocorre com outras metodologias: a demografia histórica, por exemplo, está apta a elaborar tabelas e séries relativas às populações, construir metodologias de trabalho para esse material e formular questões importantes sobre tais dados, mas deve procurar fora dela própria – na teoria – subsídios para compreender as questões que suscita; o mesmo se passa com a história econômica, a genealogia, a história cultural etc” (Ferreira, 1999, p XVII).

Como foi dito anteriormente e reforçado pela Marieta Ferreira a metodologia não é um fim em si mesmo. O exemplo usado no artigo, ao comparar as questões e funções com outra metodologia histórica mais estabelecida, é extremamente salutar. Pois assim, retira o peso dos preconceitos e resistências em relação à história oral e coloca a questão de maneira simples e precisa. Entretanto sabemos que nem toda a história oral por si só garante a qualidade de um trabalho, muito pelo contrário. Algumas das críticas à historia oral foram fruto de uma maneira equivocada (em se/de se) utilizar essa metodologia, como neste exemplo utilizado pela autora:

“Com efeito, algumas das práticas e crenças da chamada História oral “militante” levaram a equívocos que convêm evitar. O primeiro deles consiste em considerar que o relato que resulta da entrevista de História oral já é a própria “História”, levando à ilusão de se chegar à “verdade do povo” graças ao levantamento do testemunho oral. Ou seja, a entrevista, em vez de fonte para o estudo do passado e do presente, tornar-se a revelação do real. Essa confusão aparece algumas vezes ainda hoje em trabalhos ditos acadêmicos; por exemplo, em dissertações ou teses que se limitam a apresentar o texto transcrito de uma ou mais entrevistas realizadas, como se esse fosse um resultado legítimo e final da pesquisa. É claro que a publicação de uma ou mais entrevistas não constitui problema em si. O equívoco está em considerar que a entrevista publicada já é “História”, e não apenas uma fonte que, como todas as fontes, necessita de interpretação e análise. Em nome do próprio pluralismo, não se pode querer que a única entrevista ou um grupo de entrevistas dêem conta de forma definitiva e completa do que aconteceu no passado” (Alberti, 2009, p. 158).

Essa história oral “militante”, como nomeou a autora, erra ao não interpretar a fonte, esta falha é muito comum e grave. Outros trabalhos históricos não “militantes” também erram

58

ao utilizar qualquer fonte enquanto ilustração - fotos, notícias de jornais, filmes, cartas ora: todas elas são produzidas intencionalmente com uma função específica. A sua utilização enquanto representante real do passado é um grande equívoco, na historiografia atual qualquer fonte deve ser analisada em todos os seus aspetos, como por exemplo: produção, circulação, objetivo, função, custos, envolvidos, entre outros. Esse equívoco foi nomeado pelo autor Neto dessa forma:

“No caso das fontes orais e imagens visuais, não se tem mais a ingenuidade de considerá- las “testemunhos do real”, “elos com a realidade”, “captura do real”, ou até mesmo levantar questões, tais como, “reviver o passado” e “dar voz aos silenciados”, entre tantas afirmações do mesmo tipo. Mas, de maneira enfática, a orientação é outra, procura-se ampliar os aportes teóricos que dão amparo às discussões e sistematizações dos procedimentos de análise próprios ao seu uso e complexidade; valoriza-se o movimento ou ação dos que professam a arte de pensar acerca das palavras, dos testemunhos, e segundo certos autores, observando rastros e vestígios no tempo” (Neto, 2012, p.21).

O que classificamos como “equívoco” ou que para a Alberti era “militância”, para Neto seria “ingenuidade”. Todos esses conceitos coadunam ao afirmar que não se pode ser leviano ao analisar uma fonte histórica. Devemos interpretar qualquer fonte com o mesmo rigor. A História enquanto ciência atual é produzida por meio de análises dos registros produzidos pelos seres humanos. Apenas o objeto físico ou o som da entrevista não são história, são produtos históricos. Como já foi referido anteriormente, a história é realizada com base na crítica do testemunho, seja atual ou antigo. Como nota Fagundes:

“Testemunhos histórico são fonte histórica legítima, a história contemporânea pode ser objetiva, a memória oral não é mais problemática do que a escrita, a função política da história em formar cidadãos pode partir de fatos do passado recentes como remotos e, finalmente, o compartilhamento do tempo histórico do historiador com aqueles que fazem história pode ter um lado positivo, visto que o historiador deve dividir” (Fagundes, 2015, p.24).

A questão abordada pela autora é fulcral e serve tanto para a história oral quanto para a História do Tempo Presente. Em qualquer análise existem possibilidades variadas de interpretações e ainda algumas dessas podem ter a vantagem de o historiador ter compartilhado o tempo histórico vivido pela testemunha. 22 Luísa Oliveira aborda os limites e as vantagens dos testemunhos orais de uma maneira muito profunda:

22 Entretanto como já referi, com certeza minha condição de brasileiro, facilitou muito nas entrevistas realizadas.

Pois por várias vezes os meus entrevistados utilizaram expressões “nós brasileiros”; “a gente”; “eles os portugueses” ou “os outros”. Outra vantagem dessa condição de ser brasileiro foi ao tratar de um tema passado com ancoragens nos dias atuais, do tipo: hoje para conseguir comprar requeijão (um derivado do leite, utilizado para barrar pão ou torradas, com sabor de queijo e bastante cremoso, em nada parecido com o requeijão português) tem que ir em Arroios, como era na sua época? Ou tenho saudade de comer pizza e você?

59

“Aquilo que alguns consideram os limites dos testemunhos orais devem, sim, ser perspectivados como especificidades a merecer uma utilização adequada, como as de qualquer outro tipo de fontes. Aliás algumas destas características são partilhadas com muita da documentação de natureza pessoal, cujo uso é sobejamente defendido na investigação em ciências sociais.

Na crítica das memórias enquanto fonte, exige-se a atenção às suas características próprias. Em primeiro lugar, deve atender-se à contemporaneidade da sua produção com a investigação e não com a factualidade estudada. Depois, é preciso equacionar sempre os efeitos da interacção entrevistador-entrevistado. Em seguida, urge ultrapassar aquilo que tem sido chamado o “handicap do a posteriori”, o conhecimento daquilo que sucedeu em seguida, que contribui para a reconstrução do passado em função dum sentido que dá legibilidade à realidade recordada, bem como àquilo que posteriormente aconteceu. Esta expressão, hoje consagrada, impôs-se a partir do texto matricial de Becker (1987; ver também Descamps, 2001; Ritchie, 2003).

Suscitadas, sujeitas à crítica do testemunho e cruzadas com outro tipo de fontes, as memórias representam um contributo essencial e, muitas vezes, insubstituí-vel para a análise dos problemas históricos, permitindo investigar novas questões, formular novas hipóteses e chegar a novos resultados. Com a utilização da história oral, é uma outra história que é possível.” (Oliveira, 2010, p.152)

Existe uma série de questões históricas que só são alcançadas graças à utilização da metodologia da história oral, devido ao facto de nem todos os seres humanos se preocuparem em produzir registros históricos de suas vidas. Entretanto, essa fascinante possibilidade de ineditismo ao entrevistar pessoas que estão à margem da sociedade atual não pode interferir na análise sobre essa fonte produzida em conjunto entre o historiador e o seu entrevistado. Philippe Joulard concorda com Oliveira e ainda faz outra interessante reflexão acerca dos limites dessa metodologia:

“Porém, para que a pesquisa oral desempenhe plenamente seu papel, precisa reconhecer seus limites e, até, fazer deles uma força. Explico-me: estou convencido de que a história oral fornece informações preciosas que não teríamos podido obter sem ela, haja ou não arquivos escritos; mas devemos, em contrapartida, reconhecer seus limites e aquilo que seus detratores chamam suas fraquezas, que são as fraquezas da própria memória, sua formidável capacidade de esquecer, que pode variar em função do tempo presente, suas deformações e seus equívocos, sua tendência para a lenda e o mito. Estes mesmos limites talvez constituam um de seus principais interesses. Sem contradição nem provocação, estou, de fato, convencido de que tais omissões, voluntárias ou não, suas deformações, suas lendas e os mitos que elas veiculam, são tão úteis para o historiador quanto as informações que se verificaram exatas. Elas nos introduzem no cerne das representações da realidade que cada um de nós se faz e são evidência de que agimos muito mais em função dessas representações do real que do próprio real (mesmo em um nível intelectual bem elevado). O que os historiadores positivistas consideram radicalmente como o ponto fraco do testemunho oral não apenas nos permite compreender melhor o "vivido" dos testemunhos, mas também conhecer os motores da ação. Esses "erros" nos apresentam uma forma de verdade superior. Um único exemplo, mas de peso: através da história oral colhemos, frequentemente, os «rumores»” (Joulard, 1999, p.34).

60

A mentira, o esquecimento, o mito, a lenda, os temores, ou rumores são sentimentos e atitudes de qualquer ser humano. A história oral possibilita que interpretemos estas questões tão relevantes no cotidiano das pessoas, as representações que as pessoas fazem do mundo e dos acontecimentos de suas vidas devem ser analisados. Por isso esse limite da “imprecisão” nas entrevistas como define Joulard, pode-se tornar uma grande mais-valia, no sentido que permite alcançar outros campos de investigação, nem sempre possíveis nos documentos escritos. Nas palavras de Paul Thompson:

“Em suma, a história não é apenas sobre eventos, ou estruturas, ou padrões de comportamento, mas também sobre como são eles vivenciados e lembrados na imaginação. E parte da história, aquilo que as pessoas imaginam que aconteceu, e também o que acreditam que poderia ter acontecido – sua imaginação de um passado alternativo e, pois, de um presente alternativo -, pode ser tão fundamental quanto aquilo que de fato aconteceu” (Thompson, 1992, p.184).

Essa relação salientada pelo autor sobre o que aconteceu e o imaginário é extremamente importante. Pois pode revelar o desejo do entrevistado, uma dimensão nem sempre acessível aos historiadores. Durante o decorrer da entrevista, o pesquisador não deve corrigir o entrevistado. Se realmente for muito importante essa correção ou questionamento, devem ser feitos com muita cautela. Pois como a historiadora Alberti afirma, ao abordar a questão da ética nas entrevistas nós, enquanto pesquisadores, devemos:

evidenciar o respeito que se nutre pelo entrevistado, enquanto sujeito produtor de significados outros que os dos pesquisadores. “Como são sua experiência e suas interpretações que se buscam em uma história oral, é preciso mostrar ao entrevistado que não se tenciona modificar ou criticar sua forma de ver o mundo, suas crenças e opiniões.” (2007, p.87)

Não se pode realizar uma entrevista sem essa condição de respeito. O ato de ceder suas memórias para um pesquisador deve ser respeitado e ser tratado com a maior dignidade possível. Um bom exemplo dessa dura relação entre o entrevistado e o entrevistador é este trecho da entrevista de Henry Rousso, presidente do IHTP, sobre as dificuldades de realizar a História do Tempo Presente:

“Quando eu comecei a pesquisar tive reuniões com os antigos ministros de Vichy. Eu os questionava, tomávamos um café e ponto final. Vou lhe contar um fato curioso. Uma vez eu convidei um antigo nazista para vir até minha casa, em função de uma entrevista para um filme, um antigo militar da SS francesa (...). Eu o convidei, pois não sabíamos onde rodar o filme e a solução foi a minha casa. Um senhor gentil que tinha 65 anos. Ofereci- lhe café, discutimos e ele explicou-me tranquilamente que era nazista. Ok, eu era um historiador e não havia problema. Mas, houve um momento em que afirmou que as câmeras de gás não existiram. Eu então lhe disse: ─ meu senhor, retire-se daqui. São situações que nós somos confrontados quando somos historiadores do Tempo Presente.

61

Portanto, o recuo funcionou durante uma hora. Eu tinha 25 anos na época. Não foi fácil, mas eu estava com alguém que contava sobre a guerra até o segundo que tive um clic. Eu me dei conta que estava diante de um safado que não pode continuar na minha casa e ponto final. Mas se fosse hoje, não faria isso, não o mandaria embora. Após trinta anos de profissão, (...) eu o faria falar. É isso pra mim a História do Tempo Presente. É um manter-se à distância face ao próprio presente, uma tarefa dura.” 23

O autor reconhece que errou ao interromper o entrevistado e ainda destaca que, com os anos de profissão, aprendeu que o deveria ter deixado falar. Manter a distância em relação ao presente é algo muito difícil, mas é por meio desse processo que construímos o conhecimento. Aproveitamos este exemplo para destacar uma das principais recomendações de como se comportar durante o processo de entrevista:

“Uma regra básica em História Oral é que nunca devemos interromper uma fala e nunca devemos demonstrar desinteresse pela fala. Se o entrevistado se distanciar muito da questão em pauta devemos aproveitar uma pausa da fala e com muito tato dizer: “isto é muito interessante, mas…”. Dependendo do jeito que interrompemos um assunto, poderemos reprimir o depoente e não conseguirmos o que realmente queremos ouvir. Aliás, saber ouvir as pessoas é uma característica fundamental do pesquisador, que utiliza a História Oral como instrumento em sua pesquisa” (Freitas, 2002, p.96).

Saber ouvir é muito importante, porque durante o processo da fala o entrevistado faz um trabalho com sua memória, buscando reconstruir um passado por meio de uma narrativa que faça sentido (Portelli, 1997, p.22). A interrupção atrapalha esse processo de várias formas, ao cortar os nexos que estava sendo estabelecido pelo depoente: também pode parecer menosprezo da parte do entrevistador, entre outras questões. Este trecho abaixo demonstra outra possibilidade neste sentido:

“Reconhecer os paradigmas que estão na base da História oral não implica renunciar à sua capacidade de ampliar o conhecimento sobre o passado. Ao contrário, saber em que lugar nos situamos ao trabalhar com determinada metodologia ajuda a melhor aproveitar esse potencial. Uma das principais vantagens da História oral deriva justamente do fascínio da experiência vivida pelo entrevistado, que torna o passado mais concreto e faz da entrevista um veículo bastante atraente de divulgação de informações sobre o que aconteceu. Esse mérito reforça a responsabilidade e o rigor de quem colhe, interpreta e divulga entrevistas, pois é preciso ter claro que a entrevista não é um retrato do passado” (Alberti, 2009, p.170).

Em alguns casos o entrevistado tem um fascínio sobre o tema abordado e isto facilita muito o processo da entrevista, pois ele tem um grande prazer em contar a sua versão dos acontecimentos. Mas existem também entrevistados que passaram por momentos traumáticos, que não conseguem falar sobre a sua experiência dolorosa. O historiador deve em ambos os casos mediar da melhor maneira possível a situação, pois a entrevista é um processo

62

complexo e cheio de nuances. Como a historiadora Khoury defende brilhantemente, existem imensas possibilidades de aprofundar o conhecimento sobre as relações sociais:

“Buscando apreender os significados mais profundos das relações sociais, e da mudança histórica, compreendo e incorporando a diversidade de perspetivas e pontos de vista, como possibilidades alternativas colocadas no social, procuramos dar uma explicação densa dos fatos e trabalhá-los acima de qualquer compartimentação. Para isso não só recorremos a uma gama bastante diversificada de fontes, como lançamos um novo olhar sobre elas. Nós as pensamos em sua própria historicidade, como expressões de relações sociais, assim como elementos constitutivos dessas relações. Escolhê-las e analisá-las implica identificá-las e compreendê-las no contexto social em que se engendram e igualmente dentro das nossas perspectivas de investigação. Nesse sentido, mais do que buscar dados e informações nas fontes, nós as observamos como práticas e/ou expressões de práticas sociais através das quais os sujeitos se constituem historicamente. Nessa perspectiva é que as fones orais foram sendo progressivamente incorporadas ao nosso trabalho, constituindo-se em instrumento útil na investigação da complexidade e dinâmica social, por sua natureza peculiar, marcada por um processo de diálogo entre duas pessoas, por meio do qual se produzem versões únicas da realidade social” (2002, p.81).

Outra importante questão levantada neste trecho pela historiadora é a noção de singularidade e diálogo. A entrevista em História Oral se realiza através do diálogo entre o historiador e o entrevistado, portanto de forma dinâmica e singular. A condição humana dos envolvidos nesse processo gera necessariamente fontes únicas, como lembra a autora. Por isso, ao entrevistar alguém, o historiador tem um papel importante, porém não é um monólogo, muito pelo contrário. Vários autores destacam a relevância nas formas de entrevistar.

Entrevistar é um processo dinâmico realizado em mão dupla. Os autores Poirier, Valladon e Raybaut fazem uma excelente analogia reflexiva:

Narrador e narratário são parceiros numa relação dialética que é a da interrogação socrática. Quem é o autor do pensamento expresso nos diálogos? Sócrates ou Platão, ou o terceiro com quem Sócrates dialoga.” (1999, p.26)

.

Existe uma preparação do entrevistador ao problematizar as perguntas, entretanto as respostas dos entrevistados muitas vezes possibilitam outras abordagens. O historiador Paul Thompson defende que uma entrevista não deve ser um diálogo e sim uma conversa, dizendo que a empatia entre entrevistador e entrevistado deve ser incentivada (1992, p.144). Ainda sobre o