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3. AS PROPOSTAS PARA A ORLA FERROVIÁRIA DE JUNDIAÍ

3.3. Os trens regionais paulistas e o Trem Intercidades

3.3.2. A MIP/PPP dos Trens Intercidades

Após um ano de estudos, o consórcio composto pelas empresas Estação da Luz Participações e Banco BTG Pactual apresentaram uma Manifestação de Interesse Privado (MIP) ao Governo do Estado com uma proposta para viabilização da rede de trens regionais através de uma PPP, aprovada no dia 27 de novembro de 2012 (MAUTONE; D’ANDRADE, 2012). Este estudo, que passará por consulta pública e será licitado, prevê um investimento de R$ 20 bilhões para a construção de 432 km de linhas de trens de passageiros, ligando 14 cidades do interior à capital e aos aeroportos de Campinas e Guarulhos.

A rede dos Trens Intercidades, nome proposto para esta PPP pelo referido consórcio, seria originalmente composta por duas linhas: Sorocaba a Pindamonhangaba e Americana a Santos. Elas se cruzariam na estação Água Branca, na Capital Paulista, e teriam material rodante atendendo às especificações definidas originalmente pela Secretaria de Transportes Metropolitanos (2010), com trens capazes de circular a 160 km/h. Uma viagem entre Campinas e São Paulo levaria 50 minutos, com passagem entre R$ 18 e R$ 15.

FIGURA 3.13 - Linhas do Trem Intercidades previstas pela MIP elaborada pelo consórcio EDPL - BTG Pactual.

155 De acordo com a proposta do consórcio EDLP – BTG Pactual a rede dos Trens Intercidades poderia começar a operar em 2016 e seria concluída em 2019, transportando em média 250 mil passageiros por dia. Segundo reportagem de Roberto Macedo (2012), as linhas dos linhas deste sistema seriam construídas em três fases. Na primeira o trem expresso ligaria São Paulo ao ABC e a Capital até Jundiaí, começando a operar em 2016. Na segunda fase seriam construídos os trechos entre São Paulo e Santos, São Paulo e Sorocaba e Jundiaí-Campinas, e na terceita fase o trecho São Paulo - São José dos Campos. A segunda etapa deveria entrar em operação em 2018, com exceção da linha para Sorocaba, que viria a ser concluída em 2019, e a terceira fase deveria ocorrer em 2020. Estuda-se também conexão com aeroportos de Viracopos e Guarulhos nas fases dois e três.

O estudo apresentado pela EDLP/BTG foi a primeira Manifestação de Interesse Privado para projetos de infraestrutura de transportes não desenvolvida por fornecedores de material rodante ou construtoras, prevendo que 30% do investimento seria proveniente do Estado e 70% da iniciativa privada, com concessão da operação desse sistema por cerca de 30 anos (NAKAGAWA, 2013). Com a aprovação desta MIP, o Governo do Estado paralisou os projetos já anunciados de trens regionais para Jundiaí e Sorocaba (AMORA, 2012) que eram desenvolvidos pela CPTM, e abriu espaço para que outras empresas e consórcios elaborassem propostas para o projeto da rede Intercidades, das quais uma será escolhida e construída após uma nova licitação.

De acordo com reportagem da Revista Ferroviária, uma manifestação de interesse privado deve conter projeto de engenharia, modelo de remuneração, um estudo de demanda e análises de viabilidade econômico-financeira, aspectos operacionais e aspectos jurídicos institucionais (REVISTA FERROVIÁRIA, 2013a). Até fevereiro de 2013 treze grupos foram autorizados pelo Governo do Estado a desenvolver propostas, mas até o mês de agosto do referido ano apenas um deles entregou um estudo completo, o consórcio EDPL-BTG Pactual, que aprimorou sua MIP original e gerou mais de 3700 páginas de documentos para serem analisados pelas autoridades (REVISTA FERROVIÁRIA, 2013b).

No mês de março de 2013 o secretário Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional Júlio Smeghini acreditava que o contrato da PPP para

156 construção da rede dos trens Intercidades seria assinado em 2014 (COSTA, 2013). Apesar disso ressaltava que o governador Geraldo Alckmin desejava acelerar o andamento desta iniciativa caso ocorressem grandes atrasos, se necessário viabilizando com verba pública os trechos prioritários entre o ABC Paulista e Santos e entre São Paulo e Jundiaí.

Até o momento esta pesquisa não teve acesso à informações mais recentes sobre o andamento da rede dos Trens Intercidades. Em entrevista, o Diretor de Planejamento da CPTM, arquiteto Silvestre Eduardo Rocha Ribeiro, realizada no dia 17 de março de 2014 (ver Apêndice C), informou que a MIP ainda estava sendo analisada e não havia prazo estabelecido para uma definição sobre o novo projeto desta rede. Para realização desta dissertação, com foco na região de Jundiaí e o recebimento de uma estação desta rede ferroviária de média velocidade, será utilizado um projeto funcional elaborado pela CPTM, anexo ao edital de concorrência internacional nº 8035120011, para elaboração dos projetos básico e executivo do Trem Expresso Jundiaí (CPTM, 2012). Independentemente da nova proposta de engenharia proposta pela iniciativa privada, parte significativa das diretrizes estabelecidas originalmente pela CPTM deverão ser mantidas, uma vez que este projeto atende à funcionalidade da infraestrutura de transportes e as demandas da administração municipal, que desenvolveu até mesmo uma operação urbana para a região.

Muitos dos governos estaduais de nosso país têm voltado novamente os olhos para o transporte ferroviário, uma das possíveis soluções para a situação caótica do transito nas rodovias e principais centros urbanos brasileiros. De acordo com informações veiculadas no Jornal Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO, s.d.), atualmente 14 estados estão estudando a construção de 21 ramais ferroviários de passageiros, resultando em uma oferta de 3334 km de trilhos até o ano de 2020. Esta modalidade de transporte de alta capacidade é comprovadamente mais rápida, barata, segura e menos poluente que todas as outras existentes e se adequa à demanda de grandes metrópoles, ou de uma Macrometrópole, como é o caso no Estado de São Paulo, onde mais de dois milhões de pessoas se deslocam diariamente entre as diversas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas.

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