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Mobilização das feministas para criação de Organizações de Direitos Políticos e de

Nos anos de 1990, com o advento das Organizações Não Governamentais (ONGs), Pinto (2003) destaca ao menos duas com expressiva importância para a mobilização em favor de direitos femininos.

as mais destacadas no último período são o Centro Feminista de Estudos e assessoria (CFEMEA), criado em 1989, com sede em Brasília. [...] No texto de sua apresentação na página da internet caracteriza-se como tendo “como traço característico o trabalho junto ao Poder Legislativo, onde atua de forma democrática, suprapartidária, autônoma e comprometida com o movimento de mulheres” (www.cfemea.org.br). [...] constitui-se num grande articulador das questões das mulheres junto ao Congresso Nacional, defendendo projetos, propondo emendas às comissões, assessorando a bancada de mulheres no legislativo e junto aos ministérios. (PINTO, 2003, p. 98).

Outra ONG analisada por Pinto, e importante para esse trabalho é a Rede Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos66, “A Rede Saúde tem tido importante papel no acompanhamento de políticas públicas referente à saúde da mulher. [...] atua no monitoramento de políticas públicas e em ações diretas com a sociedade”.67 No Anexo III deste trabalho encontra-se a capa do 1º Jornal da Rede.

De acordo com informações do site, da rede Feminista de Saúde – Direitos Sexuais e Reprodutivos68, essa organização foi criada em 1991, em Itapecerica da Serra, a partir da articulação de movimentos de mulheres. Assim, constituiu-se em uma articulação política nacional do movimento de mulheres, feminista e antirracismo, sobre os princípios de: fortalecimento dos movimentos feministas e de mulheres no âmbito local, regional, nacional e internacional, em torno da saúde e

“os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos pelo homem e pela mulher”; (art. 226, § 5º).

“fundado nos princípios da dignidade humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte das instituições oficiais ou privadas” (art. 226, § 7º).

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Quando a Rede Feminista foi formada, em 1991, congregava 110 filiadas em 20 estados.

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Id., 2003, p. 102.

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Disponível em: <http://redesaude.org.br/home/institucional.php/>; <http://www.redesaude.org.br/ hotsite/1991/index.html>

dos direitos sexuais e direitos reprodutivos; reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos como direitos humanos; reconhecimento da violência sexual, racial e doméstica como violações dos direitos humanos; defesa da implantação e da implementação de ações integrais de saúde da mulher, no âmbito do Sistema Único de Saúde, e legalização do aborto, cuja realização é decisão que deve competir à mulher como direito.

O site da Rede comunica que a abrangência dessa organização é nacional, sendo que, atualmente, é composta por 12 regionais organizadas no Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal. A coordenação da Rede é realizada por um Conselho Diretor e uma Secretaria Executiva, que compõem o Colegiado. A Assembleia Geral é a instância maior de decisão.

Ainda verificamos nesse portal que a Rede Feminista de Saúde é integrada por Organizações Não Governamentais, grupos feministas, pesquisadoras e grupos acadêmicos de pesquisa, conselhos e fóruns de direitos das mulheres, além de ativistas do movimento de mulheres e feministas, profissionais da saúde e outras que atuam no campo da saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos. Está presente em cerca de 30 instâncias nacionais,69 governamentais e não governamentais, que incidem sobre as políticas públicas de saúde. Integra relatorias nacionais e internacionais de saúde e direitos humanos das mulheres.

Por fim, apuramos na apresentação disposta, que desde a sua criação, a metodologia de trabalho da Rede Feminista vem envolvendo ações e incidência política nas diferentes instâncias públicas do país visando garantir o acesso e assistência à saúde integral das mulheres e assegurar os direitos sexuais e

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Coordena a Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher do Conselho Nacional de Saúde (CNS), integra a Comissão Executiva de Monitoramento do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, tem assento no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e no Conselho do Observatório Brasil de Igualdade de Gênero, é uma das redes parceiras do projeto Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha. Integra a Coordenação da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Plataforma DhESCA/Brasil) e a titularidade da Relatoria Nacional do Direito Humano à Saúde. Tem assento na Comissão Nacional de Morte Materna e na Comissão de Articulação dos Movimentos Sociais.

A Rede Feminista é fundadora e faz parte das Jornadas Brasileiras pelo Aborto Legal e Seguro e da Frente Nacional pelo Fim da Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto. É Ponto Focal da Campanha 28 de Setembro Pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe. Coordena no Brasil a Aliança Nacional pela Campanha Por uma Convenção Interamericana dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e participa da Articulação Mulher e Mídia, da Aliança de Controle do Tabagismo, da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política, entre outras articulações.

reprodutivos como direitos humanos das mulheres. O advocacy e o controle social na área da saúde, enfatizando a perspectiva feminista, revelam-se prioritários no trabalho da entidade.

A Rede Feminista dispõe em seu site que essa organização tem reafirmado, ao longo desses anos, seu compromisso de defesa da saúde integral das mulheres e dos seus direitos sexuais e reprodutivos e do Sistema Único de Saúde público, universal e de qualidade, acessível a todas as mulheres. É filiada à Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC) e à Rede Mundial de Mulheres pelos Direitos Reprodutivos.

A Rede Feminista de Saúde – Direitos Sexuais e Reprodutivos teve papel decisivo na aprovação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.

2.5 Mobilização transnacional do movimento feminista para participação nas