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4.3 COMPORTAMENTO INFORMACIONAL E CULTURA INFORMACIONAL

4.3.3 Modelos de comportamento informacional

Acerca dos modelos de comportamento informacional, Wilson (1981), Dervin (1983), Ellis (1989) e Wilson e Walsh (1996) apud Silveira e Oddone (2007, p. 122-126) propõem modelos de comportamento informacional que podem ser considerados como os modelos clássicos no campo da CI.

4.3.3.1 Modelo de comportamento informacional de Wilson (1981)

Wilson (1981) configura seu modelo de comportamento informacional comparando as necessidades primárias (fisiológicas, cognitivas e afetivas) com as necessidades de informação (necessidades secundárias que visam satisfazer às de ordem primária), observando que o contexto em que tais necessidades ocorrem é determinado pelo indivíduo, por seu papel na sociedade e também pelo meio ambiente em que se encontra, sendo que as dificuldades para se obter as informações necessitadas também derivam do referido contexto (WILSON, 1981; WILSON, 2000b; SILVEIRA; ODDONE, 2007).

FIGURA 6 – Modelo de comportamento informacional de Wilson (1981).

FONTE: Adaptado de Wilson (1981, online, tradução nossa); Silveira e Oddone (2007, p. 123). Usuário da informação Satisfação ou insatisfação Usuário da informação Transferência da informação Necessidade Comportamento de busca informacional

Demanda por sistemas de informação

Sucesso

Troca de informação

Demanda por outras fontes de informação

Falha

Outra pessoa

4.3.3.2 Modelo do sense-making de Brenda Dervin (1983)

FIGURA 7 – Modelo do sense making de Dervin (1983).

FONTE: Dervin (1983, p. 68-69, tradução nossa) e Silveira e Oddone (2007, p. 123).

Conforme mostra a figura acima, o modelo de comportamento informacional de Dervin (1983) – derivado da teoria desenvolvida pela autora e conhecida como modelo do

sense-making – considera como componentes do comportamento informacional: a) a situação que origina o problema informacional e que desencadeia a necessidade por informação; b) a lacuna informacional, a falta de determinada informação para o usuário transpor-se da situação problema para a situação desejada, diminuindo, assim, sua incerteza; e c) o resultado da busca da informação para preencher a referida lacuna (DERVIN, 1983; WILSON, 2000b; DERVIN, 2007; SILVEIRA; ODDONE, 2007).

4.3.3.3 Modelo da busca da informação de Ellis (1989)

Por sua vez, o modelo de Ellis (1989) considera oito atividades básicas do usuário durante a situação de busca por informação: a) inicialização, o usuário começa a buscar pela informação; b) encadeamento, o usuário busca informações em fontes indicadas pelas primeiras fontes que encontrou; c) navegação, o usuário realiza busca semi- estruturada em fontes potenciais; d) diferenciação, o usuário filtra e seleciona as fontes de informação que o interessam; e) monitoramento, o usuário verifica por atualizações e continua lendo as fontes de informação selecionadas; f) extração, o usuário utiliza sistematicamente as fontes de informação tidas por ele como essenciais; g) verificação, o usuário confere a veracidade das informações encontradas (ELLIS, 1989 apud SILVEIRA e ODDONE, 2007; WILSON, 2000b).

Situação

Experiência

FIGURA 8 – Modelo do comportamento de busca da informação de Ellis (1989).

FONTE: Adaptado de ELLIS (1989) apud SILVEIRA e ODDONE (2007, p. 124).

4.3.3.4 Modelo do Information seeking process de Kuhlthau (1991)

O modelo de comportamento informacional de Kuhlthau (1991) se dá conforme o quadro abaixo.

QUADRO 2

Modelo do Information seeking process (ISP) de Kuhlthau (1991)

Estágios do ISP Sentimentos comuns

Pensamentos comuns

Ações comuns Tarefa apropriada

1. Iniciação Incerteza Gerais/ vagos Buscando

informações básicas

Reconhecer

2. Seleção Otimismo - - Identificar

3. Exploração Confusão/

frustração/ dúvida - - Investigar

4. Formulação Clareza Específicos/

claros - Formular

5. Coleção Senso de direção/

confiança Aumento do interesse informações Buscando relevantes ou

focadas

Coletar

6. Apresentação Alívio/satisfação

ou frustração Focado ou claro - Completar

Fonte: Adaptado de KULTHAU (1991, p. 367, tradução nossa).

Segundo Silveira e Oddone (2007, p. 124) e Wilson (2000, p. 52), Kuhlthau (1991; 1994144) acrescenta ao modelo de Ellis (1989) apud Silveira e Oddone (2007) uma associação entre sentimentos, pensamentos e atitudes, sugerindo que os estados emocionais de incerteza, confusão e ambiguidade diminuem durante a realização das atividades durante a situação de busca por informação, sendo, posteriormente, substituídos por confiança e satisfação enquanto o usuário avança na busca e se aproxima da obtenção

144

KUHLTHAU, C. C. Seeking meaning: a process approach to library and information services. 2. ed. Norwood : Ablex, 1994.

Rastreando

Começando

Monitorando

da informação desejada. O modelo de comportamento informacional de Kulthau (1991), comumente usado em estudos na área de educação, é conhecido como Information seeking

process (ISP - Processo de busca da informação, tradução nossa).

4.3.3.5 Modelo revisado de Wilson e Walsh (1996) e Wilson (1997)

Revisando as constatações de todos os modelos de comportamento informacional anteriormente apresentados, Wilson e Walsh (1996) e Wilson (1997) propõem um modelo de comportamento informacional revisado, conforme a figura a seguir:

FIGURA 9 – Modelo revisado de Wilson e Walsh (1996) e Wilson (1997).

FONTE: Wilson e Walsh (1996, online, tradução nossa), Wilson (1997, p. 569, tradução nossa) e Silveira e Oddone (2007, p. 125).

Tal modelo inclui, se comparado ao modelo inicial de Wilson (1981): a) um estágio entre o contexto do usuário e a decisão de buscar informação – similar à lacuna entre a situação e o uso do modelo de Derwin (1983)145 apud Wilson (1997) – sendo

145

DERVIN, Brenda. An overview of sense-making research: concepts, methods and results to date. Paper presented at the International Communications Association Annual Meeting, Dallas, maio, 1983.

Contexto da necessidade

Processo da busca informacional

Variáveis

intervenientes Mecanismo ativador da busca

Pessoa no

contexto Teoria do estresse/ enfrentamento Teoria do risco/ recompensa Teoria da cognição social Auto-eficácia Busca ativa Busca passiva Busca continuada Atenção passiva Mecanismo ativador da necessidade Processo da busca informacional Psicológicas Demográficas Ligadas à função ou interpessoais Meio ambiente Características das fontes

que para ultrapassar a tal lacuna os autores sugerem o momento de ativação do mecanismo, através do modelo tensão/enfrentamento para motivar a ultrapassagem; b) a consideração de que algumas necessidades informacionais não culminam necessariamente em busca por informação, devido às barreiras e/ou intervenientes para a busca de informação (pessoais, emocionais, educacionais, demográficos, sociais ou interpessoais, de meio ambiente, econômicos, relativos às fontes de informação – acesso, credibilidade, canais de comunicação); c) um estágio intermediário entre a determinação da necessidade de informação e o empenho em ações para satisfazer a tal necessidade, de acordo com as teorias de risco/recompensa, cognição social e o conceito de auto-eficácia (confiança do indivíduo em sua própria eficácia ao se dedicar a determinada tarefa146); d) inclui a fase de processamento e uso da informação, dependente do contexto em que se encontra o usuário, considerando as barreiras e intervenientes como presente nos intervalos entre todas as etapas do comportamento informacional, por exemplo, as fases entre o contexto e o mecanismo de ativação, entre o mecanismo de ativação e o comportamento de busca, e entre o comportamento de busca e o processamento e uso da informação; e) a retroalimentação do modelo por parte do usuário com a finalidade de identificar se a necessidade de informação foi satisfeita (WILSON e WALSH, 1996; WILSON, 1997; WILSON, 2000b; SILVEIRA e ODDONE, 2007).