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6.3 DESENHO DO ESTUDO CASOS MÚLTIPLOS INCORPORADOS

6.3.1 Teoria

De acordo com Yin (2005), a teoria possui duas perspectivas em um estudo de caso: a revisão de literatura e a teoria que o estudo propõe-se a desenvolver, conforme explicado e apropriado ao presente estudo, na sequência.

6.3.1.1 Revisão de literatura

Para Yin (2005), a revisão de literatura em um estudo de caso (ou revisão teórica) tem como objetivo criar um referencial teórico ou plataforma teórica para subsidiar a análise a ser realizada pela pesquisa e a teoria a ser desenvolvida por ela. Com isso, Yin (2005, p. 28) observa que a revisão teórica em um estudo de caso é ―um meio para se atingir uma finalidade, e não – como pensam muitos estudantes – uma finalidade em si‖. Assim, considerando-se Gil (2009), a revisão de literatura para compor o referencial teórico do presente estudo considera a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental.

6.3.1.1.1 Pesquisa bibliográfica

Para Gil (2009), a pesquisa bibliográfica contempla a revisão de livros e artigos científicos que permitem ao pesquisador cobrir fenômenos mais amplos do que se imagina de início, dando base teórica para a fase de análise de tais fenômenos. No presente estudo, a etapa de pesquisa bibliográfica considera obras teóricas e/ou de constatações científicas qualitativas que abordem os seguintes temas, estritamente relacionados ao problema de pesquisa ao qual se pretende solucionar: informação; redes sociais; redes sociais virtuais; fluxo informacional; comportamento informacional; cultura informacional; representações sociais; Orkut; amor; obras teóricas sobre metodologia de pesquisa qualitativa.

Durante a referida etapa de pesquisa bibliográfica, prioriza-se artigos e obras científicas do tipo revisão de literatura por conterem teoria atualizada e referências de novas leituras acerca dos temas investigados. Dentro do humana e temporalmente possível, lê-se, consulta-se e cita-se as obras referenciadas pelos autores que aqui se utiliza, no entanto, quando não consegue-se acesso a essas obras, destaca-se a referência completa em nota de rodapé. Em alguns momentos, mesmo tendo-se lido a obra referenciada, opta-se por manter a citação de citação somente por uma questão ética, buscando-se ser transparente com o caminho percorrido por essa pesquisa para se chegar a determinada leitura.

Reafirma-se que, dentro do exequível, lê-se as obras citadas nas obras consultadas, visto que a consulta às obras citadas por outra obra científica leva a uma cadeia sucessiva e infinita de consultas/leituras. Diante dessa dificuldade inevitável ao apropriar-se de várias leituras, prioriza-se textos de autoridades acadêmicas e científicas nos temas que pesquisam e sobre os quais falam, considerando-se, durante toda a fase de pesquisa bibliográfica, a credibilidade das fontes/autores consultados. Esta pesquisa crê que esses autores dedicaram-se por tempo consideravelmente superior ao disposto por esse

estudo para realizarem as revisões de literatura das quais se apropriam. Assim, considera- se não primordial refazer todas as leituras feitas por todos os autores das obras lidas. Isto posto, soma-se o fato desta pesquisa ter a revisão teórica como etapa e não por finalidade.

6.3.1.1.2 Pesquisa documental

A pesquisa documental, segundo Gil (2009), assemelha-se à pesquisa bibliográfica, no entanto, sua maior diferença está na natureza das fontes, pois tal pesquisa é formada por materiais que ainda não passaram por tratamento analítico, ou que podem ser reelaborados segundo os objetivos da pesquisa. De acordo com o autor, há os documentos de primeira mão, que ainda não foram tratados analiticamente, como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, filmes, fotografias etc.; e os de segunda mão, que foram analisados de alguma forma, como: relatórios de pesquisa; relatórios de empresas; Tabelas estatísticas etc. Desse modo, a etapa de pesquisa documental desse estudo considera documentos que contenham: dados quantitativos de acesso e de usuários da Internet, dos sites voltados à formação de redes sociais virtuais, e, em específico, do Orkut e suas ferramentas; históricos de sites voltados à formação de redes sociais virtuais e, principalmente, do Orkut; entrevistas e reportagens jornalísticas sobre o Orkut e também com administradores e/ou pesquisadores do referido site.

6.3.1.2 Teoria descritiva a ser desenvolvida

Acerca da teoria a ser desenvolvida em um estudo de caso, pondera-se que tal teoria tem o objetivo de ser um esquema suficiente para o estudo, bem como o de determinar quais dados devem ser coletados e as estratégias de análise desses dados (YIN, 2005, p. 49-51). Sob ótica similar, Martins (2008, p. 11-12) constata que tal teoria busca ―explicações e interpretações convincentes para situações que envolvam fenômenos sociais complexos‖ e ―inferências analíticas sobre proposições constatadas no estudo e outros conhecimentos encontrados‖.

Dentre as possibilidades de teoria a serem desenvolvidas, Yin (2005) destaca o desenvolvimento de uma teoria descritiva em um estudo de caso, teoria essa que deve: a) voltar-se ao propósito descritivo de responder a questões sobre como se configura determinado fenômeno; b) ser ampla, mas realista no sentido de exequível, considerando-se uma variedade de tópicos que podem ser considerados como uma descrição do que se

estuda; c) apontar prováveis tópicos que serão a essência da descrição (ver as categorias de análise dessa pesquisa, f. 186-188). Para o autor, o objetivo é o de ―generalizar um conjunto particular de resultados a alguma teoria mais abrangente‖ (YIN, 2005, p. 58).

Considerando-se os apontamentos de Yin (2005) e Martins (2008), essa pesquisa propõe-se a desenvolver uma teoria descritiva sobre como se configura o comportamento e a cultura informacional dos usuários das redes sociais virtuais de informação sobre amor existentes no Orkut. Para essa tarefa em específico, realiza-se duas etapas do estudo de caso, apontadas pelos autores anteriormente citados: as questões orientadoras (questões de estudo a serem respondidas pela pesquisa científica, ver f. 22), e as proposições teóricas (ver f. 147), sendo que ―cada proposição direciona a atenção a alguma coisa que deveria ser examinada dentro do escopo do estudo‖. Segundo Martins (2008), tais proposições teóricas são

formuladas a partir de algum conhecimento do caso e reflexões do pesquisador [...] podem ser entendidas como uma teoria preliminar, criada pelo autor, que buscará, ao longo do trabalho, defender e demonstrar. Ou seja, a explicitação de uma teoria acerca do caso, anterior à coleta de qualquer dado ou evidências [...] substituem os objetivos e as hipóteses normalmente formuladas nas pesquisas convencionais (MARTINS, 2008, p. 68).

Apresentadas as orientações metodológicas às diversas perspectivas da teoria em um estudo de caso, traz-se os critérios utilizados para a seleção dos casos.