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DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL

BRASIL: EVO LUÇ ÃO DAS VENDAS DO S HIPERMERC ADO S,1994 2003 (e m bilhóe s de dólare s)

3.3. O MOVIMENTO DAS PEQUENAS EMPRESAS DO AUTO-SERVIÇO NO CONTEXTO ATUAL

No Brasil, os pequenos varejistas preocupavam-se principalmente com a manutenção da renda familiar, enquanto as grandes empresas buscavam a remuneração dos acionistas e a maximização da rentabilidade sobre o capital, o que implicava na busca da expansão e do aumento permanente de produtividade. Para atingir tal objetivo, as grandes empresas procuravam estar localizadas em regiões que possuíam uma grande área de influência e, principalmente, onde havia um grande poder de compra concentrado.

Em contrapartida, as empresas menores tinham como característica buscar áreas centralizadas e próximas ao consumidor, a exemplo dos bairros das cidades maiores ou em cidades interioranas. É justamente neste espaço de mercado, o dos supermercados de vizinhança, que os pequenos e médios varejistas do ramo têm conseguido manter-se. Face aos desafios que estão enfrentando para competir com as grandes empresas do setor, foram criadas várias estratégias, destacando-se a formações de redes de associativismo. Assim, visando à permanência no mercado, surgiram as associações entre as empresas menores ou entre estas e os grandes atacadistas, criando uma nova modalidade comercial.

No trabalho de dissertação de mestrado, quando tratou-se das principais estratégias utilizadas pelas empresas do atacado brasileiro, salientou-se o interesse dos atacadistas em investir nestas associações. Com o objetivo de fortalecer o pequeno e o médio comerciante, seus principais compradores, frente ao grande varejista, que compra diretamente da indústria, e, consequentemente, diminuir a dependência de produtores e distribuidores em relação às grandes redes de supermercados, o setor do atacado-distribuidor pretendia trazer para o Brasil a IGA Inc. Associates, a maior empresa do mundo especializada em transferir tecnologia e know-how de implantação de supermercados a pequenos e médios comerciantes. A IGA é uma empresa franqueadora internacional de supermercados que visa preparar o varejista para encontrar o melhor modelo organizacional para a sua loja, abrangendo desde a escolha do mix de produtos aos cuidados com os perecíveis, até a

limpeza da loja. A criação do IGA deu-se em 1926, em Chicago, nos Estados Unidos, a partir de uma cooperativa de pequenos e médios comerciantes que se uniram na tentativa de se fortalecerem para sobreviver frente à concorrência imposta pelas grandes redes varejistas que começavam a ganhar forças naquele país. Em 1996, a empresa possuía cerca de quatro mil pontos de vendas, mantinha representação em quatorze países (Austrália, Coréia, Japão, Nova Guiné, Canadá, China, Indonésia, Malásia, Tailândia, Antígua, Anguila, Trindad Tobago, Cingapura, Estados Unidos)19 e pretendia atingir, ainda, a Europa e a Índia.

No Brasil, o Grupo IGA almejava investir, aproximadamente, R$ 25 milhões na estruturação de uma cadeia de supermercados, na abertura de lojas-modelo, na implantação de um centro de treinamento, na montagem da sede brasileira (na cidade de São Paulo) e no intercâmbio de executivos com a direção geral nos Estados Unidos. Tinha ainda como meta, implantar lojas-modelo na periferia da capital e no interior de São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Estas lojas seriam abertas pelos próprios atacadistas que já demonstravam interesse em investir no fortalecimento dos pequenos e médios comerciantes do varejo e tentar evitar a concentração no setor, no Brasil. Por outro lado, essas empresas atacadistas assegurariam, com exclusividade, a manutenção e o abastecimento dos estoques dessas lojas.

Para fazer parte do Grupo, os pequenos e médios comerciantes teriam que utilizar o know-how da empresa na montagem de supermercados e, dessa forma, receberiam o selo de qualidade IGA o que lhes permitiria comercializar cerca de três mil itens fabricados nos EUA. Os responsáveis pelas negociações com o Grupo eram treze empresas do atacado- distribuidor brasileiro: Vila Nova, Ciro Distribuidora, Pennachi, Zamboni Distribuidora,

Luiz Tonin & Cia., Potência. Elo Atacadista, Corso & Cia, Auvergne, Polinco Polibrás, Comaia, Sucessores de Dorival Ribeiro e Guarato. (CLEPS, 1997, p.89-90)

As negociações com o Grupo não se concretizaram. No entanto, com o objetivo de acirrar a concorrência junto às grandes redes de hipermercados, a estratégia foi utilizada pelo atacado-distribuidor e, posteriormente, pelos hipermercados, através da formação das Redes de Associações.

De acordo com a ABRAS, em 2003 as redes e associações de negócios somavam um total de 150 associações e foram responsáveis por 12% do faturamento do auto-serviço

19

Nos Estados Unidos, em 1996, a IGA era formada por 21 das maiores empresas distribuidoras do país, sendo liderados pela Fleming Inc. Nesse país o faturamento do Grupo, em 1995, atingiu US$ 19 milhões. (Revista Distribuição, n. 43, mai./1996, p. 42, apud CLEPS, 1997, p. 89)

alimentar do Brasil, ou seja, R$ 10,15 bilhões. Esses números significam um crescimento de 7,9% do faturamento real das empresas, em relação ao ano de 2003. Tal aumento, ainda de acordo com a ABRAS, pode ser explicado pelo comportamento do consumidor que, diante de um cenário de recessão econômica, buscou alternativas de compras, tornando-se mais racional e seletivo. Assim, o consumidor reduziu a quantidade de itens comprados, passou a adquirir produtos mais acessíveis e, principalmente, passou a freqüentar mais as lojas vizinhas, nas proximidades de sua residência. Com essas mudanças, as menores empresas, apoiadas pelas redes de associativismo, puderam dedicar-se à fidelização dos clientes, oferecendo bom atendimento, produtos com preços competitivos e mix mais variado e apropriado à demanda local. (SUPERHIPER, n.346, 2004, p.14-17)

A Tabela 4 ilustra, de forma bastante significativa, a evolução da nova estratégia utilizada pelos pequenos e médios supermercadistas nos últimos quatro anos.

TABELA 4

Brasil: Evolução das Redes e Associações de Supermercados, 2000-2003.

Total Brasil 2000 2001 2002 2003

Variação (%) 2003-2002* Faturamento

bruto (R$) 2,0 bilhões 3,0 bilhões 8,2 bilhões 10,15 bilhões 7,9 Número de Centrais/Redes 60 80 130 150 15 Número de empresas 1.150 1.700 1.900 2.100 11 Número de Lojas 1.500 1.800 2.200 2.500 14 Número de check-outs 5.000 5.500 10.000 11.800 18 Área de Vendas

(em m²) 600 mil 830 mil 1.100 mil 1.160 mil 5,0

* Variação real – deflacionado pelo IPCA.

Fonte: ABRAS, SUPERHIPER, n. 346, 2004, p. 15.

De acordo com os dados, no período analisado o faturamento bruto das redes de associativismo aumentou R$ 8,15 bilhões (passando de dois bilhões em 2000 para 10,15 bilhões em 2003); o número de centrais foi ampliado de 60 para 150 (aumento de 40%). Quanto ao número de empresas, em 2000 existiam 1.150 empresas atuando nesse sistema, em 2003 o número total era de 2.100, crescimento de 54,7%. Outro dado interessante relaciona-se ao número de lojas que, no período analisado, aumentou em 60%, passando de 1.500 lojas para 2.500. No que se refere a quantidade de check-outs, os números também

impressionam, de 5.000 em 2000, para 11.800 em 2003, o que representa um crescimento de 42,3%. A área de venda também apresentou crescimento expressivo (51,7%). De acordo com os dados da tabela 4, podemos observar que de 600 mil m² em 2000 a área passou para 1.160 mil m² em 2003.

QUADRO 14

Classificação das Redes e Associações de Negócios, por Faturamento Bruto – 2004.*

Class. Razão Social Sede

No. de Empresas Filiadas N. de Lojas N. de check- outs Área de Vendas (m²) N. de Func.. Faturamento Bruto 2003 1 Arcos – Associação Rede de

Compras de São Paulo SP 41 85 531 44.300 2.800 500.000.000 2 Rede Valor Supermercados MG 178 178 694 57.050 2.750 494.695.000 3 Avaes – Associação dos

Varejistas do Espírito Santo ES 68 79 328 40.606 2.370 450.000.000 4 Unisuper – Rede União

Gaúcha de Supermercados e

Atacados – Ltda. RS 53 93 380 47.484 2.210 346.076.000 5 Associação de Super. do

Litoral Paulista SP 24 58 480 52.200 2.730 303.550.000 6 Colômbia Sustem. do Brasil

Mercearia Peraí RJ 40 78 400 25.000 2.100 300.000.000 7 Central Econômica de

Distribuição Redems Ltda. MS 38 44 225 29.000 1.860 264.000.000

8 União dos Supermercados

Sulmineiros MG 15 22 153 17.670 1.182 251.774.999 9 Rede Super Ltda. RS 45 62 296 32.495 1.707 222.327.000 10 Repas – Rede Paulista de

Supermercados SP 41 51 276 20.400 1.676 200.440.000

11 Rede Show Supermercados

Associados ES 47 53 210 15.000 850 200.000.000 12 Associação das Empresas de

Auto-Serviço do Ceará CE 4 22 199 21.150 1.448 190.000.000 13 Acomegre – Assoc. de

Compras de Mercadorias de

Guarulhos e Região SP 26 34 179 15.905 1.177 162.120.000 14

Assoc. Supermais de Varejo MG 12 21 130 14.089 994 159.544.353 15 Rede Supermais Assessorias

de Compras Ltda. RJ 35 38 155 8.200 570 153.120.000 16 Averj – Associação dos

Varejistas do Estado do RJ RJ 26 46 230 17.000 1.500 140.000.000 17 Associação Central Super. RS 27 30 84 9.450 240 120.000.000 18 Associação Gaúcha de

Mercados RS 112 112 220 29.000 892 110.000.000 19 Assuvali – Associação

Supercordas Vale do Itajaí SC 16 21 102 16.790 522 85.080.000 20 Rede Interativa Comércio,

21 Associação Florianopolitana de Supermercados SC 11 19 105 13.274 517 76.937.801 22 Associação de Supermer. Rede Supermais RJ 21 32 153 13.00 510 75.000.000 23 Rede de Supermercados Independentes Giroforte MG 13 19 62 7.000 341 72.000.000 24 Rede União de Super. MG 12 13 40 3.900 250 58.500.000 25 Associação Super Rede de

Supermercados MS 16 19 69 8.500 264 55.200.000

26 Central de Compras da

Região de Concórdia SC 18 19 48 7.150 196 45.120.000 27 Assoc. de Empresas do Setor

de Gêneros Alimen. do RS RS 24 25 78 9.935 235 37.800.660 28 Associação Sulbaiana de

Supermercados Rede Obas BA 11 20 70 6.100 280 36.240.000 29 Rede Viva MG 12 15 41 4.100 270 27.600.000 30 Rede União Ltda. RS 11 12 41 5.843 213 25.260.000 30 MAIORES 1.018 1.346 6.065 602.091 33.234 5.240.386.413

31 Associação Rede Super. Parceiros da Economia RJ

25 27 79 9.747 500 22.500.000

32 Associação Rede Macro de

Supermercados RS 14 15 35 5.610 162 21.500.000 33 Unicompras – Associação

dos Supermercados do Norte

Catarinense SC 9 9 20 2.505 55 12.500.000 34 Cooperativa de Mercados e Mercearia da Serra Catarinense SC 21 21 31 5.000 100 12.000.000 35 Associação dos Superm. do

Seridó RN 18 18 50 5.280 200 11.582.000 35 MAIORES 1.105 1.436 6.280 630.233 34.251 5.320.640.545

36 Rede de Superm. Maxi da

Fronteira Oeste Ltda. RS 13 13 17 2.235 55 4.949.680 37 Associação dos Superm.

Independentes de S. J. Rio

Preto e Região SP 18 18 51 7.052 252 3.085.800 38 Anpes – Associção Norte

Pioneira de Empresários e

Supermercadistas PR 13 13 32 6.700 150 2.260.000 39 Rede de Supermercados

Sorriso PB 14 14 18 500 45 500.000 TOTAL RESPONDENTE 1.163 1.494 6.398 646.720 34.753 5.331.436.025 * Dados referentes ao ano de 2003.

Fonte: SUPERHIPER, n.346, 2004, p. 16-17.

Os números demonstrados anteriormente refletem o crescimento do sistema de associativismo no auto-serviço brasileiro. Devido a esse desenvolvimento, a ABRAS tem realizado a classificação das redes de acordo com o faturamento bruto. O ranking de 2004, com base nas informações prestadas pelas empresas em 2003, classificou um total de 39 redes as quais apresentam, em média, 98m² de áreas de vendas por check-outs, 464m² por

loja e um número mínimo de cinco check-outs por loja. O Quadro 14 revela importantes informações sobre as principais redes de associativismo que atuam no Brasil. Analisando-o pode-se considerar que, em 2003, o número de empresas associadas entre as trinta maiores era de 1.018, as quais contavam com 1.346 lojas, 6.065 check-outs, 602.091m² de área de vendas e possuíam 33.234 funcionários.

GRÁFICO 10

BRASIL: LO C ALIZAÇ ÃO DAS SEDES DAS REDES E ASSO C IAÇ Õ ES DE