Capítulo II. O Ensino Religioso no Colégio Santa Cruz: aspectos históricos
3. O Ensino Religioso do Colégio Santa Cruz a partir dos Planos
3.2. Fases da Educação Religiosa do Colégio Santa Cruz
ainda mais seres humanos que vivem de maneira bem pouco humana.
(...) Mas será preciso compreender que tratar do homem, do seu devir, do seu futuro, do seu processo de Evolução, é operar uma síntese entre dois discursos: um antropológico, o outro teológico, que se completam para descobrir os caminhos que ele deverá percorrer a fim de continuar a crescer e a ser mais homem do que nunca.
(CHARBONNEAU, 1985, p. 182-185)
3. O Ensino Religioso do Colégio Santa Cruz a partir dos Planos Diretores
3.1. Os Planos Diretores
O Plano Diretor apresenta como será o ano letivo, permanências e mudanças, novidades, o calendário escolar, o componente curricular de cada série e seus conteúdos programáticos, organização didática, administrativa, Pastoral e o Projeto Pedagógico. Dando atenção especial aos objetivos amplos, como meta geral da escola e objetivos específicos a serem alcançados pelos alunos. E é preparado pela Direção Geral, pelas equipes de direção e coordenação de cada curso. Além de informar sobre a organização da estrutura física e sua equipe de educadores e funcionários gerais.
3.2. Fases da Educação Religiosa do Colégio Santa Cruz
Após um levantamento de documentos históricos, os Planos Diretores, foi possível observar algumas fases da Educação Religiosa praticada no Colégio Santa Cruz, desde a sua fundação.
Essas fases não correspondem a períodos específicos de tempo, mas sim à mudanças de contextos, de paradigmas e, dentro de algumas perspectivas, eclesiais, educacionais e/ou filosóficas descritas em seus Planos Diretores.
A análise de todos os modelos apresentados, tanto os determinados nas Leis como os de PASSOS (2007), pode determinar que a Educação Religiosa do Colégio Santa Cruz sempre esteve à frente das legislações e dos estudos sobre esse tema, inclusive já tinha o Ensino Religioso dentro do currículo escolar, como disciplina, e para todos. Mesmo que houvesse os ensinamentos cristãos, leitura da Bíblia como dado histórico, por ser um colégio católico, desde o início, os temas da sociedade estavam em discussão nessas aulas também, com um olhar para a diversidade e liberdade de escolha de cada um. Sem ser completamente confessional e, de forma alguma, proselitista.
Tanto que primeiro a chamaram de Religião;; - aparece em documentos de 1952-1954 já como parte do currículo escolar, para todos os alunos, em horário regular de aulas. Depois, de Educação Religiosa, abrangendo outras atividades como a Ação Comunitária (voluntariado dos alunos);; de Religião e Ética, nas séries iniciais do Ensino Fundamental 1;; de Cultura Religiosa para o Colegial;; e, somente mais tarde, de Ensino Religioso, nos Cursos de Ensino Fundamental 1 e 2, para ficarem de acordo com as indicações legais. De qualquer forma, o seu conteúdo não precisaria mudar, por se tratar de um colégio privado que não está sujeito ao que a Constituição diz sobre essa disciplina, e principalmente, por já estar muito avançado em relação a toda essa discussão.
E, de acordo com o que os Planos Diretores mostram em seus registros, o modelo de Ensino Religioso usado pelo Colégio, durante um período maior de tempo, foi mais parecido com o Teológico. Somente depois, no início do séc.
XXI, começa a mesclar com o da Ciência da Religião quando, em 2002 um professor de Ensino Religioso do Ensino Fundamental 2 também assume a disciplina de História, caso que se amplia em 2003, com um professor de Ciências, depois em 2005, com uma professora de Francês - até que, em 2014, mais uma professora de História assume as aulas de Ensino Religioso, completando os quatro anos do curso com professores ministrando uma disciplina específica mais o Ensino Religioso. E o Ensino Fundamental 1, que
até então mantinha professoras de Ensino Religioso que também davam aulas de Catequese, nesse mesmo ano, muda a situação por completo, separando a função dessas professoras e ficando apenas com as que ministram somente o Ensino Religioso. Incluindo a contratação de uma nova professora com formação em Biologia e Psicopedagogia, a autora desse trabalho, para completar o quadro de professoras dessa disciplina, que logo em seguida, foi fazer Mestrado em Ciência da Religião.
Todo esse levantamento e pesquisa corroborou para a indicação das Fases da Educação Religiosa/Ensino Religioso no Colégio Santa Cruz.
1a Fase) Experimental - Plurirreligiosa De 1952 a 1968.
Desde sua fundação, em 1952, já havia a disciplina “Religião” ministrada em horário regular de aulas, para todos os alunos do Curso Ginasial.
Os padres estavam em todos os cargos de direção e também ministravam as aulas de Religião, nas quais falavam sobre o cristianismo, mas, ao mesmo tempo, tinham uma cosmovisão plurirreligiosa e pregavam a livre escolha. O contexto educacional era de “escola experimental”;; portanto, tinham liberdade para escolherem “o quê” seria o conteúdo e “como” as aulas seriam ministradas.
O Colégio Santa Cruz, teve o imenso mérito de reclamar desde logo a renovação da estrutura escolar e dos métodos pedagógicos, foi a primeira escola brasileira a sugerir e insistir junto ao Departamento de Ensino Secundário sobre a criação de classes experimentais para a renovação dos métodos pedagógicos vigentes, foi a única escola religiosa masculina e uma das seis ou sete entre os estabelecimentos oficiais e particulares de São Paulo a lançar em 1959 classes experimentais. (...) Plano Piloto elaborado por uma comissão de professores deste estabelecimento, plano esse aprovado pelo Ministério da Educação e Cultura no parecer no 607, processo no 113.762/58 (LA FRANCE, 1963, p. 5-6).
As aulas de Religião passam a ser chamadas de Prática Educativa, e passaram para o horário da tarde (as aulas regulares aconteciam na parte da
manhã), mas ainda obrigatória para todos os alunos. E o Curso Colegial passa a ministrar a disciplina Cultura Religiosa, no seu horário curricular, também para todos os alunos (Planos Diretores 1962-64).
O projeto de classes experimentais se amplia para escola experimental.
Pelo ambiente que a escola cria, as disciplinas que inclui no programa, os métodos que emprega, ajuda a moldar sua personalidade e a adquirir atitudes altruístas. Procura em última análise, uma melhor adaptação da criança, da família e de si própria à sociedade e deseja, através do desenvolvimento das pessoas, a realização de uma Humanidade solidária e fraternal onde o progresso das sucessivas gerações seja proveitoso a cada um dos membros e vice-versa. Que a escola o queira ou não, ela exerce sempre, quer seja positivamente ou negativamente, uma influência sobre a formação física, moral, social ou religiosa da criança. (Plano Diretor, 1965)
Como disse Padre Charbonneau (1973, p. 52): “A escola deve ser um centro de pessoas, cada uma das quais gozando o mais plenamente possível sua identidade. Educar, poder-se-ia dizer, é antes de tudo procurar um rosto, descobrir uma alma, revelar uma pessoa”. Por isso a formação integral, aberta e experimental, era tão importante para os padres de Santa Cruz.
O problema da formação religiosa da criança é mais delicado.
Com efeito, ideias pré-concebidas e empedernidas despontam facilmente em torno desse assunto. A fé ou a crença, pensa-se muitas vezes, pertencem à vida particular e não interessam senão à consciência de cada um. Isto é verdade, sem dúvida. Mas precisamos entender-nos. Existem problemas que não sejam senão individuais? A Religião exprime uma das dimensões do homem e nesse sentido é uma interrogação permanente feita aos nossos espíritos inquietos.
Esforcemo-nos por ignorá-la ou silenciá-la e teremos imediatamente por resultado graves desequilíbrios. (Plano Diretor, 1965)
Portanto, a razão de ser da escola, o seu papel, talvez “seja menos fazer conhecer o mundo do que incitar o indivíduo a conhecer-se. Se é assim, isto significa também que a escola deverá ser a casa da liberdade”.
(CHARBONNEAU, 1973, p. 53).
A escola deve favorecer o desenvolvimento das tendências religiosas do indivíduo. Com mais razão nada deve empreender que
venha a corromper ou abafar essas tendências. Acreditamos que a Religião, sob forma de História da Atividade Religiosa do Homem, deve ser ensinada em todas as escolas, assim como as Letras, as Ciências e as Artes. Dever-se-ia poder conhecer as diversas manifestações do sentimento religioso no seio das numerosas crenças que agrupam e às vezes separam os homens. Tal pesquisa constituiria uma espécie de reflexão acerca das inquietações fundamentais que encontramos em cada um de nós, aceleraria a aproximação das diferentes confissões oferecendo-lhes bases de acordo tão vastas e universais quanto possível, e apressar a marcha da Humanidade para uma Unidade que o homem hoje em dia pode razoavelmente entrever. Em resumo, acreditamos que a Religião, encarada numa relação cada vez mais estreita com as Ciências, as Artes e o conjunto das atividades humanas, está destinada a desempenhar um papel de relevo no desenvolvimento da Humanidade.
Os padres de Santa Cruz trouxeram com eles tudo o que aprenderam e o que vivenciaram no Colégio Saint Laurent, no Canadá, como uma escola que ensina para uma formação completa e para um convívio com o “outro”, de forma a olhar para a realidade em sua volta, e mergulhar em todos os seus aspectos humanos: social, cultural, político, espiritual. “Sem ser perfeito, o Colégio Santa Cruz representa, entretanto, longos anos de pesquisa e, embora não pretenda ser o modelo, pode ser considerado como um modelo aplicável em nossa realidade brasileira, que não pede grandes proezas” (CHARBONNEAU, 1973, p.
58).
Em se tratando da educação religiosa cristã ou mesmo, se quisermos, católica, pertence à Igreja concebê-la e assegurá-la aos seus adeptos. Pode esta, se servir da escola como de um instrumento para divulgar a Mensagem Evangélica? Certamente não. A escola é uma instituição que depende da sociedade civil e tem direito a que sejam respeitadas sua finalidade própria e sua autonomia. É o meio, universalmente difundido, pelo qual a sociedade educa seus cidadãos, transmite-lhes sua cultura e comunica-lhes os valores civilizadores de que é portadora.
A Igreja pode, sem dúvida, com o mesmo direito que outros agrupamentos particulares e com o mesmo respeito à autoridade constituída, criar escolas que se tornam o que, por um nome no fundo infeliz, chamamos de escolas confessionais. Fá-lo então para
compensar alguma insuficiência da sociedade civil e se compromete a respeitar as normas que regem intrinsecamente essas instituições. De qualquer forma, o que se pode esperar dela, - e aqui é preciso render-
lhe justiça: em geral ela cumpre essa exigência - é que se prenda a uma forma de agir que torne mais forte e aperfeiçoe a fé dos fiéis que ela ali reúne, sem forçar a liberdade de quem quer que seja e sem prejudicar àqueles que, por um ou outro motivo, se encontram sob seu teto sem professar o mesmo credo.
Aqui, deixam muito claro de que forma pretendem seguir a construção de seu colégio;; que seja um lugar em que todos possam ser livres para fazerem suas escolhas e possam exercê-las de forma cidadã.
O problema religioso situa-se na raiz de nosso ser. A Religião dá um grande valor ao sentido comunitário da existência: ela exige o respeito da liberdade individual, mas, por outro lado, insiste fortemente sobre a comunhão com valores universais. Eis por que ambos, o sentimento religioso e a Religião, devem merecer a atenção de todos aqueles que se dedicam a tarefas educativas.
É primeiramente pela formação do espírito que a escola pretende exercer uma influência educadora junto à criança. Uma coordenação judiciosa, de atividades exercitando a reflexão, o raciocínio, a memória, o espírito crítico, a expressão de si mesmo sob todos os aspectos, assegurará a formação da inteligência, do coração e da vontade dos jovens e permitirá levá-los ao alargamento progressivo de sua experiência pessoal. (Plano Diretor, 1965)
Em 1966, começa um processo de “sacerdotalização” das tarefas,
“desclericalização” das estruturas e “democratização” do Colégio.
Cabe-nos lembrar, a esta altura, remetendo nossos leitores à obra que os padres de Santa Cruz publicaram pela Editora Herder,
"Educação Brasileira e Colégios de Padres", que as metas norteadoras do Colégio são a desclericalização, praticamente realizada no Curso Colegial, a democratização que, embora muito cautelosamente, se iniciou em 1966, pela eliminação do refeitório, readaptação do conceito de semi-internato, além da manutenção do sistema de bolsas de estudo, a que acresce agora, em 1967, o aumento do número de classes no 1o colegial, a sacerdotalização das tarefas dos padres que em 1967, trará para a animação espiritual de nossos alunos o Pe.
Eugênio (como era chamado) Charbonneau, agora liberado de suas funções de Diretor de Curso. (Plano Diretor, 1967)
Tudo isso aprovado pelo Congresso de Padres de Santa Cruz, em julho de 1964, no Canadá (CHARBONNEAU, 1973, p. 163). Na qual decidiram quatro proposições: 1) que a Santa Cruz deve continuar presente no problema educacional brasileiro;; 2) que o Capítulo Providencial envie mais sacerdotes preparados para trabalharem na área da educação em diversos setores além de escolas formais;; 3) revisão dos conceitos sobre padre-educador e colégio de padres adaptados às necessidades do país;; 4) intensificar o processo da
“desclericalização”, da “democratização” e da “sacerdotalização”.
Fiéis à perspectiva pedagógica que nos diz respeito, compreendemos que a democratização não se faz apenas por uma recomposição da população escolar, para permitir a conveniência das diversas classes sociais, mas também pela formulação duma estrutura capaz de levar o adolescente a atingir os dois processos básicos de sua própria educação: a independentização e a enculturação.
Como se vê, tem-se em mira o mundo de hoje, que é pluralista, no qual e sobre o qual o aluno vai agir. Donde a necessidade de um curso eclético em que se atende simultaneamente à formação humanística e a científica, resultando o encaminhamento vocacional de uma opção verdadeira, baseada num conhecimento menos superficial da realidade que o cerca. (Plano Diretor, 1967)
Contudo, não adianta essas mudanças ocorrerem apenas com o grupo de padres e com o colégio, mas é necessário que os alunos também entendam que fazem parte da instituição e da sociedade em que vivem, para que, assim, também consigam mudar o que for necessário para tornarem-se adultos responsáveis e engajados.
Declara-se o Colégio, uma instituição temporal de ensino médio ao serviço da sociedade, apolítica e sem fins lucrativos, aberta a todos sem discriminações de cor, raça, religião, condição social ou econômica, desde que sejam aceitos os objetivos educacionais, a estrutura e a mentalidade cristã que a inspiram, convencidos de que qualquer forma de discriminação nos direitos fundamentais da pessoa, deve ser superada e eliminada, porque contraria o plano de Deus. E garante a todos uma total liberdade religiosa e total liberdade de manifestarem sua fé, porque a própria natureza social do homem exige
que ele manifeste externamente atos internos de religião, que se comunique com outros em matéria religiosa, que professe sua religião em forma comunitária. (Plano Diretor, 1967)
Mudanças que talvez já fossem resultado do Concílio Vaticano II, que foi uma renovação da Igreja ao mundo contemporâneo e “o mais ecumênico de todos”, segundo PASSOS & SANCHEZ (SIGNORELLI, 2016, p. 7).
Orientação Espiritual: “Todos os cristãos que, pela regeneração da água e do Espírito Santo, se chamam e são filhos de Deus, têm o direito à educação cristã. Educação essa que não visa apenas à madureza da pessoa humana, mas objetiva em primeiro lugar que os batizados sejam gradativamente introduzidos no conhecimento do mistério da Salvação e se tornem de dia para dia mais cônscios do dom recebido da fé;; aprendam a adorar a Deus Pai;; e sejam treinados a orientar a própria vida segundo o homem novo na justiça e na santidade” (cfr. Jo. 4,23). Declaração “Gravissimum Educationis” sobre a Educação Cristã. (Declaração do Concílio Vaticano II).
O texto citado acima lembra, pois, aos educadores a urgência de dar aos jovens cristãos uma sólida formação religiosa, adaptada à sua idade e ao mundo de hoje. Eis porque o currículo do Ginásio Santa Cruz inclui a catequese. (Plano Diretor, 1968)
Os padres ainda estavam experimentando como seria uma disciplina desse caráter. Por isso, havia uma mescla de temas da vida, da espiritualidade, da religião, do cristianismo e do catolicismo.
Declaravam-se um colégio apolítico. As ideias de uma educação moderna os acompanhavam desde o Canadá. Mas, para essas aulas, ainda usavam conteúdos doutrinais, mesmo que somados à filosofia humanista do seu projeto educacional, do olhar para o outro e para uma ação solidária, e da liberdade com responsabilidade. As aulas tinham como objetivo a orientação espiritual e o despertar do sentimento religioso nos alunos.
2a Fase) Secular, Plurirreligiosa De 1969 a 1987.
O Colégio estava passando por uma “sacerdotalização” e
“desclericalização” de suas funções, apenas a Direção Geral e a Vice-Direção Geral ainda eram de padres. Nesse período ocorre uma mudança de paradigma, de uma disciplina “Religião” para uma área de Educação Religiosa.
A tendência a reunir-se em grupos ou comunidades de jovens se apresenta cada vez mais forte dentro da dinâmica dos movimentos de juventude da América Latina. As comunidades de jovens se caracteriza em geral, por serem grupos naturais de reflexão e revisão de vida, em torno de um compromisso cristão ambiental. (Plano Diretor, 1969) flagrantemente, com a mentalidade religiosa do meio ambiente. Os jovens não aceitam, sem mais, as ideias e práticas religiosas dos adultos, julgando-as herança morta de uma cultura ultrapassada.
Podemos afirmar que esta mentalidade evolutiva e pragmática está na origem de todas as mudanças sociais, psicológicas, morais e religiosas com que atualmente nos defrontamos”.
CHARBONNEAU (1973, p. 100) fala sobre essas questões: “Nos centros urbanos, especialmente, vai se processando, com muita rapidez, uma
“desmistificação” dos conceitos de autoridade, sexo, moral e religião. (...), a religião livrou-se das pressões sociais, culturais e mesmo familiares”. Com a rapidez das mudanças, e com o avanço da secularização45, os jovens
45 O fenômeno histórico-social da secularização está intimamente relacionado com o avanço da modernidade. O direito, a arte, a cultura, a filosofia, a educação, a medicina e outros campos da vida social moderna se baseiam em valores seculares, ou seja, não religiosos. As bases filosóficas da modernidade ocidental revelam uma concepção de mundo e de homem dessacralizadora, profana que contrasta com o universo permeado de forças mágicas, divinas das sociedades tradicionais e primitivas. O desenvolvimento da ciência, da técnica e do racionalismo faz recuar as concepções sacrais e religiosas do homem e mundo. A secularização se caracteriza fundamentalmente pelo declínio da religião, pela perda de sua posição axial e pela
necessitam de bases firmes que os ajudem a esclarecer suas crises e dúvidas.
“O pedagogo que realmente aceitar o desafio da educação será somente aquele que fará o adolescente “sentir-se bem em sua pele” e à vontade em sua alma”
(p. 37).
Dessa forma, as aulas de Animação Espiritual, especialmente nas 3a e 4a séries do ginásio, revestirão dois aspectos que se completam entre si, 1o o aspecto secular: temas de vida, enfocando problemas específicos da juventude, do interesse de todos, sem ligação com a opção religiosa de cada um;; 2o o aspecto religioso do tema, proporcionando especialmente àqueles que têm a fé cristã.
Nas séries iniciais, a Animação Religiosa era apresentada mais como uma catequese. Mas também, uma orientação moral e religiosa, por meio de temas que desenvolviam a consciência crítica do aluno.
Nas séries finais, o curso era mais para uma reflexão sobre assuntos relacionados com a religião e a fé. Para todos, independente da opção religiosa de cada um. (Plano Diretor, 1970)
Por isso, nesse ano, fazem um curso com uma outra ideia:
“Nem religião, nem cultura religiosa, nem catequese, mas animação espiritual”. Ou seja, introduzir um conteúdo histórico, científico, espiritual e, existencial. Pois há a percepção de um meio pluralista. E como o curso é para todos os alunos, também tem que ser plural.
Apesar, de ainda ter um conteúdo bíblico e litúrgico. Mas, com possibilidades cada vez mais “abertas” e multidisciplinar. (Plano Diretor, 1971)
A cosmovisão do Colégio passa a ser plurirreligiosa;; não só pela presença de alunos de diversas religiões ou sem religião, mas como no ensino, que buscava ser mais amplo apresentando outras religiões que não somente a católica. A chegada do Pe. Lourenço foi um marco, pois ele trouxe ideias renovadas (que iam ao encontro de alguns temas já abordados e refletidos pelo Padre Charbonneau).
autonomização das diversas esferas da vida social da tutela e controle da hierocracia. A secularização traz consigo uma série de importantes conseqüências sociais. Talvez a mais importante seja à perda do monopólio religioso da Igreja Católica, no caso brasileiro e de grande parte dos países ibero-americanos e do sul da Europa, que conduziu a liberdade religiosa e ao surgimento do pluralismo religioso. RANQUETAT JR (2008, p. 2). Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/sociaisehumanas/article/view/773. Acesso em: 05 de novembro de 2017.
Portanto, o Colégio Santa Cruz, mesmo sendo uma instituição
Portanto, o Colégio Santa Cruz, mesmo sendo uma instituição