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O CONCEITO DE ENSINO RELIGIOSO ATRIBUÍDO PELO PCNER:

Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso

O CONCEITO DE ENSINO RELIGIOSO ATRIBUÍDO PELO PCNER:

Continuando este estudo que estamos fazendo dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER), é necessário entender algo mais que a sua estrutura e funcionamento. Desde a Lei 9.475/97, ocorrera uma mudança substantiva na noção de Ensino Religioso.

A questão do “ônus para o Estado” somente foi alterada na medida em que a noção de Ensino Religioso também mudou. Isto fica bem patente quando você começa a analisar os PCNER. Quando estudamos os PCNER temos que ter o cuidado de verificar a sua constituição básica.

O texto dos PCNER pode ser divido em duas partes: 1) a primeira que trata da fundamentação e da razoabilidade dos parâmetros curriculares; e 2) a segunda a parte dos critérios e eixos organizadores para os blocos de conteúdos. Para verificação do conceito de Ensino Religioso nos PCNER devemos nos atermos a sua primeira parte. A noção de Ensino Religioso atribuída pelos PCNER começa a ficar evidente desde as primeiras linhas do texto quando diz:

O ponto de partida para o entendimento do que deveria ser Ensino Religioso estava na própria escola. A lógica interna do mundo da religião não pode sobrepor os importantes fundamentos de conhecimento e diálogo. Cézar de Alencar A. de Toledo e Tânia C. I. do Amaral afirmam que houve a necessidade de elaborar “uma nova concepção do Ensino Religioso” em função de que como disciplina, tinha que se articular duas coordenadas que até então distantes: “educação escolar pública e religião” (AMARAL, T. C. I. & ARNAUT DE TOLEDO, C. A.. Análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso nas Escolas Públicas. Em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/art9_14.pdf. Acessado em 25/05/ 2009).

Assim, com os PCNER, as instituições religiosas deixaram de ser o eixo de sentido para o Ensino Religioso. Sentido clássico latino de Religião precisou ser revisto (MADURO. 1980. p.28). Houve a necessidade de pensar a “religião como uma re-leitura” (AMARAL, T. C. I. & ARNAUT DE TOLEDO, C. A.. Id.p. 4). O Ensino religioso deixar de enfatizar o discurso dogmatizado da religião para considerar o conhecimento religioso:

O conhecimento religioso fruto da experiência dos religiosos passou a ser objeto de verificação, produção e distribuição. No espaço escolar o

A partir do processo constituinte de 1988, o Ensino Religioso vai efetivando sua construção como disciplina escolar, a partir da escola e não de uma ou mais religiões. Assim, a razão de ser do Ensino Religioso tem sua fundamentação na própria função da escola: o conhecimento e o diálogo.

A escola é o espaço de construção de conhecimentos e, principalmente, de socialização dos conhecimentos historicamente produzidos e acumulados. E, como todo conhecimento humano é sempre patrimônio da humanidade, o conhecimento religioso deve também estar disponível a todos que a ele queiram ter acesso.

:: Releitura: É a maneira de criar o novo a partir da modificação do conhecido e familiar, consistindo na apropriação da imagem de um precedente específico e sua posterior transformação. É o ato de criar utilizando imagens préexistentes. Deve-se ressaltar que a modificação inserida pela releitura é apenas parcial, a constante que dá identidade à obra é preservada. O que acontece é uma adaptação da imagem originária, ou seja, a transformação de alguns de seus aspectos, nunca de todos. Barbosa, Marília. Releitura na Arquitetura. Em: http://www.ufrgs.br /propar/publicacoes/ ARQtextos/PDFs_rev ista_1/1_Marília.pdf. Acessado em 25/05/2009.

conhecimento sagrado (revelações, mediunidades, mitos, símbolos etc...) está a serviço do bem comum da humanidade. Trata-se de um “laicismo positivo” tal como defendido por Nicolas Sarkozy: “As religiões são patrimônios vivos de reflexão” (http://noticias.terra .com.br/mundo/interna/0,,OI3177253-EI8142,00- Sarkozy+e+Papa+reafirmam+raizes+cristas+da+Euro pa.html. Acessado em 25/05/2009).

Os sistemas de ensino se abrem para as contribuições positivas que o conhecimento religioso tem a dar. Contudo, o Ensino Religioso que acontece na escola não pode “propor a adesão e vivência de conhecimentos enquanto princípios de conduta religiosa...”.

Os PCNER afirmam que o conhecimento religioso em um nível dentre os demais articulados, explicaria o “significado da existência humana”. Cabe a escola prover a capacitação para “o aprofundamento para a autêntica cidadania”. Os PCNER atribuem ao conhecimento religioso uma dimensão fomentadora destas profundas aspirações em sociedade. O conhecimento religioso em diálogo com as demais esferas do saber representa um avanço na história da humanidade.

Os PCNER afirmam que o Ensino Religioso deve “garantir a experiência de diálogo”. O conhecimento religioso deve “contribuir para a vida coletiva”. Ainda que existam aqueles que duvidem deste pode da religião (HITCHENS, 2007. p.23). E aqueles que o concebem como um esforço mundial (HÜNG, 1993. p122-127). Há uma aposta sincera por parte dos PCNER que o conhecimento religioso é a seu modo unificador.

Para além dos temas até então levantados, os PCNER buscam se aterem em um nível de questões não tratadas em documentos dos sistemas de ensino. As perguntas que o ser humano faz pelo “desconhecido, o mistério: transcende”. Este tipo de conhecimento não deve ser sonegado ao educado. Mas a que se incluir também o conhecimento daqueles buscam dentro de si o transcende (CAMPBELL, 1994.p.13-17).

O humano busca e deve recebe no nível do escolar as respostas que fazem parte do patrimônio cultural da humanidade. Com isto, o “fenômeno religioso” tornou-se objeto o conhecimento escolar. E é assim que deve ser introduzido no conjunto de afirmações devido ao educando. Diante da busca respostas para os temas de vida e morte não se pode negar ao aluno o conhecimento religioso, que faz parte da teia maior da cultura humana.

A pesquisa religiosa deve abastecer a escola com elementos que forneçam dados para quem procura conhecer a grande produção cultural, historicamente estabelecida da religião. O fenômeno religioso de deverá ser analisado à luz da razão.

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