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REVISÃO DA LITERATURA

A INOVAÇÃO NA HOTELARIA

3.2. O Turismo no Algarve

O turismo é considerado “o motor da economia” e a “actividade económica mais relevante” do Algarve, de acordo com Correia e Pires (2006), pois emprega mais de dez por cento da população, concentra 38% da capacidade de alojamento e atrai 22% dos turistas que procuram Portugal. O Algarve, de acordo com os dados da AHETA, recebeu, em 2004, cerca de cinco milhões e meio de turistas nacionais e estrangeiros, provenientes maioritariamente

de Inglaterra, Alemanha e Holanda, embora a actividade tenha abrandado em virtude da crise que afectou aqueles países, entre 2000 e 2004. Nos dois últimos anos, contudo, a situação modificou-se, tendo o Algarve registado um aumento das receitas do turismo de 4,5%, de acordo com os dados publicados pelo Instituto de Turismo de Portugal. O aumento de estadias de curta duração, por parte de cidadãos nacionais e espanhóis, bem como a estratégia de diversificação dos produtos, alternativos ao sol e praia, como é o caso do golfe (hoje referência mundial), do turismo sénior, incentivos e congressos e o turismo activo, de saúde e de natureza, contribuíram decisivamente para tal resultado.

O plano estratégico para o turismo, apresentado em Janeiro de 2006, define como linhas orientadoras a diversificação de destinos e produtos, de modo a afirmar o País como um destino turístico de bem-estar e qualidade, propondo o planeamento de novos destinos, a requalificação dos destinos existentes e a inovação nos produtos. Define, assim, dez produtos estratégicos (gastronomia e vinhos, touring cultural e paisagístico, saúde e bem-estar, turismo natureza, MICE (Meetings, Incentives, Conferences & Events), turismo residencial, city e

short breaks, golfe, turismo náutico e sol e mar) e afirma a importância da requalificação dos

produtos tradicionais (sol e mar, city short breaks, golfe e turismo de negócios). A tradução regional destes objectivos, encontra-se expressa na Estratégia de Desenvolvimento do Algarve 2007-2013, coordenada por Correia e Pires (2006), em que se reafirma a necessidade de requalificação da região, melhorando a qualidade, contrariando a massificação a que se assistiu nas décadas anteriores, e diversificando a oferta, nomeadamente na organização de actividades ligadas ao desporto, ao lazer na terceira idade e à saúde e bem estar, bem com na implementação de alojamento em espaço rural e do turismo residencial. Preconiza-se a inovação, no sentido de encontrar novos produtos, novos mercados e práticas de gestão mais flexíveis capazes de minorar os efeitos da sazonalidade.

O alojamento é um dos elementos base do desenvolvimento turístico de uma região, constituindo um indicador da actividade turística regional. Assim, o investimento no sector do alojamento cresceu, no Algarve, a um ritmo superior à média nacional; de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 1992 e 1999, a oferta de alojamento aumentou 18,6%, face a 13,7% no resto do País. A Tabela 1 retrata a oferta de alojamento em 2005, por categoria de estabelecimento hoteleiro, capacidade de alojamento e número de trabalhadores ao serviço. De acordo com os dados de Carvalho (2006), a oferta de alojamento hoteleiro aumentou cerca de 11%, tendo o número de dormidas aumentado de 2,6%, no período de Janeiro a Setembro de 2006, de acordo com os dados do Instituto de Turismo de Portugal.

Tabela 1 – Estabelecimentos Hoteleiros do Algarve, por Categoria, Capacidade de

Alojamento e Número de Trabalhadores.

Categoria do estabelecimento Número de estabelecimentos Capacidade de alojamento Número de trabalhadores Hotéis 93 27 546 6 524 Hotéis/Apartamentos 57 19 638 2 219 Apartamentos Turísticos 141 34 360 2 446 Aldeamentos Turísticos 29 12 813 1 681 Pousadas 2 168 ni Estalagens 7 435 191 Motéis 5 618 ni Pensões 99 4 404 473 TOTAL 433 99 982 13 534

ni – não indicado Fonte: INE, 2005

De acordo com os dados publicados pela AHETA, a taxa de ocupação média por quarto, no ano de 2005, foi de 57,4%, o que corresponde a uma subida de 4% face ao ano

mostram que os hotéis e aparthotéis de quatro e cinco estrelas registam as taxas de ocupação média por cama mais elevadas (respectivamente de 53,8% e 50,2%), verificando-se uma subida face ao ano anterior de 8,2% e 2,4%, respectivamente, o que justifica o aumento do investimento neste segmento mais elevado, com a construção prevista de vinte cinco hotéis de cinco e um de seis estrelas.

Os dados mostram que o mercado inglês constitui o principal mercado turístico do Algarve, (tendo o aeroporto de Faro registado mais de dois milhões e setecentos mil ingleses, em 2005, o que corresponde a 59,3% dos passageiros), sendo também o principal cliente dos hotéis de cinco estrelas, dos aldeamentos e apartamentos de quatro e cinco estrelas, nomeadamente nas zonas de Loulé e Albufeira. A diminuição significativa do número de turistas em proveniência da Alemanha foi compensada pelo aumento do mercado irlandês e pela recuperação do número de turistas holandeses. A duração da estadia média tem vindo a diminuir, embora se registe uma diminuição da sazonalidade, constatando-se que as estadias dos turistas provenientes da Alemanha e do Reino Unido não oscilam significativamente ao longo do ano (situando-se entre sete e dez dias) e que as dos holandeses são mais prolongadas nos meses de Inverno do que de Verão. Em termos de destinos os holandeses preferem o Sotavento algarvio e os alemães as zonas de Lagoa, Silves, Lagos e Sagres. Os turistas espanhóis e portugueses permanecem, em média, menos tempo na região do que os restantes, deslocando-se ao Algarve aos fins-de-semana e nas férias da Páscoa, respondendo às promoções oferecidas pela hotelaria regional. Regista-se igualmente o aumento do turismo residencial, com a compra de segunda habitação na região, por parte de cidadãos europeus, que beneficiam do euro, como moeda única, e da diminuição do preço do transporte aéreo.

O Algarve obteve, no ano 2005, dois prémios (o de melhor destino turístico para investimento estrangeiro, atribuído pela cadeia de televisão BBC e o de melhor destino de golfe turístico mundial) que lhe proporcionaram uma notoriedade acrescida e o posicionam

como um destino de qualidade. Os gestores hoteleiros manifestam, contudo, alguma apreensão face à diminuição das margens de lucro, decorrente da manutenção dos preços ao cliente associada ao aumento dos custos operacionais, estratégia que tem permitido lidar com a concorrência existente no sector.