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Observações durante as viagens

2.2 Procedimentos de coleta de dados

2.2.3 Observação participante

2.2.3.3 Observações durante as viagens

As viagens aconteceram em decorrência do projeto Parcerias Sinfônicas SESC/RN e EMUFRN apresentando o espetáculo “Vinícius – uma canção pelo ar”, nas cidades de Currais Novos, Mossoró e Caicó – Rio Grande do Norte, e também devido ao intercâmbio entre EMUFRN e a Universidade de Karlsruhe – Alemanha, com realização de dois concertos, um deles na Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa – Paraíba. Nessas viagens, estive em contato direto com os componentes do grupo, professores e equipe de apoio da OSUFRN e do SESC/RN, hospedando-me com eles no mesmo hotel/pousada, dividindo quarto com musicistas e regente assistente.

A divisão dos componentes era sugerida pela diretora administrativa em consonância com o hotel/pousada de cada cidade visitada. Sendo assim, sugeriram que eu ficasse no quarto de componentes com idade semelhante à minha e ao mesmo tempo com pessoas do grupo em que eu tinha maior afinidade. Em todas as atividades da orquestra fui bem acolhida e inserida como pertencente à equipe, viajando, hospedando-me e alimentando-me sem custos próprios. Nas viagens em que seria apresentado “Vinícius – uma canção pelo ar” utilizei a mesma camiseta que os componentes e equipe da orquestra, doada pelo SESC/RN, com a logomarca da parceria EMUFRN e SESC/RN, a qual apresenta e divulga o espetáculo enquanto os músicos ensaiam, fazem a passagem de som e trafegam na cidade.

Nas cidades visitadas em que havia mais tempo de permanência caminhei com alguns músicos e os acompanhei durante suas atividades em momentos livres. Em outras viagens mais rápidas8, os acompanhei também durante momentos em que estavam ocupados, buscando ajudar no que fosse preciso, sempre ao lado do arquivista e da regente assistente, com quem conversava bastante sobre aspectos gerais do grupo. Assim, selecionei duas viagens, onde descrevo a partir do diário de campo, o concerto popular de estreia na cidade de Currais Novos/RN e o concerto erudito em João Pessoa/PB.

9h40 de 13/10/13, partindo da EMUFRN, a viagem com destino a Currais Novos seguiu tranquila, em três ônibus – dois deles com banda base, músicos e instrumentos da orquestra, e um micro-ônibus com cantores e atores. Além destes, um caminhão baú seguiu para Currais Novos no dia anterior com instrumentos de percussão e contrabaixos acústicos acompanhados por um servidor na EMUFRN. Durante a viagem, o SESC/RN providenciou água e lanche para todos. Ao chegar a Currais Novos, às 12h00 fomos direto para o restaurante almoçar – self-service e

8 Viagens com roteiro definido para chegar à cidade visitada, realizar a passagem de som, tocar no

após o almoço retornamos para o ônibus seguindo para o hotel. Alguns músicos optaram descansar, outros ficaram conversando em seus quartos, outros na área livre do hotel. Após esse momento de descanso estava agendado um ensaio no palco às 16h, ministrado pelo maestro e sua assistente de regência apenas com os instrumentistas. Em seguida, ao anoitecer, aconteceu a passagem do espetáculo com os cantores e atores testando som, iluminação, projeção audiovisual e tempo de entradas e saídas sem interrupções para avaliação e correção posteriormente. Esse teste simulou o show com cantores e atores com as roupas e maquiagens a serem utilizadas na estreia e demais espetáculos. Ao finalizar a passagem do show a maioria dos músicos foram jantar no mesmo local em que almoçaram, outros procuraram outros locais, pois a noite era livre. No dia seguinte, 14/10/13 os músicos tinham manhã e tarde livres, tempo que foi aproveitado por alguns chefes de naipe para ensaiar repertório dos próximos concertos, mas também foi aproveitado para conhecer um pouco da cidade, visitando praças, feiras, etc. Enquanto caminhava junto com os músicos pelo município, passava um carro de som anunciando o show que aconteceria à noite e sempre que o carro passava próximo de nós, os músicos aplaudiam e vibravam com a divulgação. A noite, às 19h00 houve a passagem de som, os músicos já saíram do hotel com roupa apropriada para o espetáculo porque após a passagem, era momento de lanchar e preparar-se para a abertura. Havia juntamente com a estreia do espetáculo um festival gastronômico chamado Seridó Sabor e Arte, com stands em frente ao palco representando restaurantes da região e parque de diversões também próximo ao palco. Os músicos lancharam e ficaram atrás do palco, próximos aos camarins conversando em rodas, em grupos, outros foram para frente do palco, outros foram caminhar próximo ao parque de diversão, enfim, ficaram bem à vontade, pois às 21h haveria uma abertura com os representantes local, regional e nacional do SESC/RN e representantes da prefeitura de Currais Novos celebrando a estreia do espetáculo. Às 21h40, os músicos subiram ao palco. Durante o concerto, os músicos estavam concentrados em suas partituras e maestro, mas em algumas músicas os naipes dos metais e contrabaixos faziam movimentos de acordo com o ritmo executado nas canções (DIÁRIO DE CAMPO, 13 e 14/10/13).

A cena descrita acima retrata a primeira viagem realizada pela orquestra com repertório popular em 2013 (Figura 12). Esta foi uma viagem relativamente longa, pois proporcionou dois dias de convivência em grupo, possibilitando aos músicos a oportunidade de conhecer a cidade, descansar, estudar e confraternizar-se, além de se apresentarem em público. O que mais me chamou atenção nessa viagem foi ver a descontração e alegria dos componentes que ouviram o carro de som anunciar o espetáculo que também seria realizado por eles. Nesse comportamento espontâneo, demonstraram satisfação pelo trabalho que desempenham no grupo, ao mesmo tempo em que sentiram a responsabilidade que teriam de enfrentar em poucas horas.

Figura 12: Parcerias Sinfônicas em Currais Novos/RN

Fonte: A autora (2013)

No que concerne ao intercâmbio com a Universidade de Karlsruhe, há uma “cooperação com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico, dentro das atividades do programa UNIBRAL, que tem proporcionado a circulação de alunos e professores entre a Hochschule für Musik Karlsruhe e três universidades brasileiras” (EMUFRN, 2013), ressaltando a UFRN como única universidade participante situada fora da região sudeste. Assim, celebrando o Ano da Alemanha no Brasil, a Orquestra Sinfônica da UFRN recebeu a KammerOrchester da HochSchule fur Musik de Karlsruhe – Orquestra de Câmara de Karlsruhe, Alemanha – para apresentações no Auditório Onofre Lopes – EMUFRN, no teatro Riachuelo – Natal/RN (Figura 13), dentro do Projeto “Parcerias Sinfônicas” do SESC-RN e na cidade de João Pessoa/PB (EMUFRN, 2013). Abaixo, descrevo como aconteceu a viagem que proporcionou o encontro das duas orquestras em João Pessoa/PB.

A orquestra jovem da Universidade de Karlsruhe (Alemanha) estava na cidade há aproximadamente dois dias, fez ensaio juntamente com a OSUFRN no dia anterior à viagem, mesclando as posições das estantes entre os dois grupos, onde as primeiras estantes de todos os instrumentos foram ocupadas por eles. No dia 23/10/13, antes de seguir viagem, os músicos que chegaram primeiro esperaram por seus colegas no hall da EMUFRN, alguns dedilhando seus instrumentos, outros brincando com jogos em rodas e outros conversando sentados nas cadeiras (Figura 14). Às 17h30, deste dia, os ônibus saíram em direção a João Pessoa/PB. Durante a viagem os músicos da OSUFRN conversaram entre si, outros descansaram um pouco. Ao chegar à UFPB, local do concerto, os músicos alemães passaram alguns trechos do repertório que iriam tocar sozinhos com seu maestro, enquanto os músicos

da OSUFRN observavam. Em seguida, as duas orquestras fizeram a passagem de som, sentindo a acústica da sala de concerto. Antes da apresentação os músicos lancharam rapidamente e se vestiram para o concerto a se realizar sob a regência do maestro André Muniz. Após a apresentação, todos iriam jantar, retornando a Natal/RN posteriormente. No retorno, cada grupo seguiu em seu ônibus (DIÁRIO DE CAMPO, 23/10/13). Na cena acima descrita, percebe-se que de maneira geral, não houve um contato muito próximo entre os participantes das duas orquestras, cada grupo se relacionou com seus pares, antes e durante o percurso até chegar a UFPB, local onde se realizaria o concerto, demonstrando comportamento semelhante no retorno a Natal/RN.

Figura 13: Concerto no Teatro Riachuelo

Figura 14: Músicos no hall da EMUFRN (23/10/13)

Fonte: A autora (2013) Fonte: SESC/RN.