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Aprendizagem musical na Orquestra Sinfônica da UFRN

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

APRENDIZAGEM MUSICAL NA ORQUESTRA SINFÔNICA DA UFRN

Ana Claudia Silva Morais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

APRENDIZAGEM MUSICAL NA ORQUESTRA SINFÔNICA DA UFRN

Ana Claudia Silva Morais

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – como requisito para a obtenção do título de Mestre em Música.

Orientadora: Profª. Dra. Amélia Martins Dias Santa Rosa

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, por iluminar meus caminhos e me fortalecer a cada dia com seu amor e bênçãos divinas.

A minha mãe, Maria das Graças Silva, por seu amor incondicional, por ter motivado minha história de vida musical, por estar sempre me incentivando a conquistar meus sonhos e objetivos e me orientando com sabedoria para trilhar as estradas da vida em todo tempo...

À minha tia, Maria de Jesus da Silva, pelo amor, carinho e apoio de todas as horas. Por nos acompanhar cotidianamente oferecendo disponibilidade e suporte nos estudos, trabalhos e na vida.

Ao meu pai, Samuel Leandro de Morais, pelo amor, carinho e compreensão durante a caminhada da vida.

Às minhas queridas irmãs, Maria Conceição e Clarissa Maria pelo amor mútuo, pela amizade sincera, por saber que posso contar sempre com elas!

Ao meu amado esposo por seu amor, carinho e apoio diários. Pela compreensão, prontidão e paciência em me ouvir, sempre disposto a ajudar, revisar o texto e a refletir sobre os diversos aspectos dessa jornada acadêmica.

A minha orientadora, professora Dra. Amélia Martins Dias Santa Rosa, pelo exemplo de amor e humanidade em seu fazer docente, por seus ensinamentos, paciência e amizade dispensados durante todo esse percurso acadêmico.

Aos professores André Muniz e Zilmar Rodrigues por oportunizarem a realização dessa pesquisa no contexto orquestral da UFRN e também por todo carinho, atenção, confiança e amizade dedicados a mim. André, grata por tudo!

Aos professores Luis Ricardo Silva Queiroz e Carla Santos pelas sábias palavras e orientações dedicadas com zelo durante a elaboração do trabalho escrito.

A professora Carolina Chaves Gomes por suas orientações durante a docência assistida, por sua amizade e carinho em momentos de dúvidas na vida acadêmico-profissional e por tudo!

A Dejadiere (Deja) por ser tão gentil e eficaz em seu fazer, na secretaria da pós-graduação, nos acompanhando durante essa trajetória acadêmica.

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Aos demais professores da Escola de Música da UFRN com quem tive satisfação de conviver e aprender durante todo o tempo em que estudei nessa instituição, desde a minha infância até hoje.

A todos os participantes da Orquestra Sinfônica da UFRN (equipe administrativa, apoio, comissão artística e músicos) pela oportunidade de caminharmos juntos, pelo acolhimento, desprendimento, disponibilidade dos mesmos durante a pesquisa e por inspirarem esse trabalho.

Aos colegas de curso pela vivência e ajuda mútua em momentos de dúvidas e incertezas, assim como em momentos de alegria e partilha (Catarina Aracelle, Priscila Gomes, Marcus Vinicius – Montanha, Ernandes Candeia, Isac Rufino, Jacó Freire, Anderson Henrique e Washington Nogueira).

Aos alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFRN e colegas de trabalho dos campi Pau dos Ferros (Glória, Ana Cristina e Alian) e São Paulo do Potengi, pela amizade, conselhos, compreensão e votos positivos durante essa trajetória.

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RESUMO

A música e a educação musical estão presentes no cotidiano das pessoas de diversas formas e em múltiplos contextos. Neste estudo, destaca-se a formação musical no contexto orquestral objetivando compreender como acontece a aprendizagem musical na Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – OSUFRN. Para atingir esse objetivo, buscou-se identificar quais atividades são inerentes à OSUFRN, assim como sua estrutura e funcionamento; observar o desenvolvimento das atividades do grupo, verificando as interações presentes entre os participantes da orquestra e compreender as diferentes maneiras de se aprender música no contexto orquestral. O trabalho baseia-se em discussões de autores acerca da prática musical coletiva, da formação instrumental na educação musical, a aprendizagem em si e as relações entre jovens e música no contexto da aprendizagem na prática musical coletiva. Os procedimentos metodológicos adotados nesta investigação correspondem à abordagem qualitativa e ao estudo de caso com participantes da orquestra sinfônica da referida instituição. A coleta de dados foi estabelecida por meio de observações

in loco das atividades desempenhadas pelo grupo, de acordo com sua agenda de ensaios e apresentações, e de entrevistas semiestruturadas realizadas com o maestro e com participantes que possuíam mais tempo de experiência na orquestra. Além disso, o uso de fotografias e filmagens auxiliou em todo o processo de coleta e construção dos dados, permitindo análises posteriores. A análise e interpretação desses dados foram efetivadas pela técnica de Análise de Conteúdo apresentando categorias que revelam a aprendizagem musical através de instâncias de aprendizagem percebidas nos ensaios, concertos, na convivência com o maestro e entre músicos, com professores colaboradores do projeto e músicos convidados, individualmente, nas viagens e intercâmbios com outros grupos orquestrais. Desse modo, as atividades desenvolvidas pelo grupo possibilitam uma formação musical integral que orienta seus componentes a adquirir autonomia de sua aprendizagem, preparando-os para o futuro profissional.

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ABSTRACT

Music and music education are present in the daily lives of people in different ways and in multiple contexts. In this study, we highlight the musical training in the orchestral context aiming to understand how learning music happens in the Symphony Orchestra of the Universidade Federal do Rio Grande do Norte – OSUFRN. To achieve this goal, we identified all the activities, structure and functioning in OSUFRN; we have observed the development of activities of the group by checking the interactions among the participants of the orchestra and the different ways to learn music in that orchestral context. The research is based on discussions about collective musical practice, instrumental training in music education, the process of learning and the relationship between young people and music in the context of collective musical practice learning. Qualitative approach and case study were used as methodological procedures. Data collection was established by means of on-site observations, accompanying of the activities, rehearsals and performances of group and semi-structured interviews with the conductor and some participants with more time in the orchestra. We have also used photographs and footage that helped us in the procedure collection and construction of data. The analysis and interpretation of these data were enforced by Content Analysis featuring. It reveals the musical learning, through learning instances perceived in rehearsals, concerts, in living with the conductor and between musicians, teachers, employees and guest musicians, individually in travel and exchanges with other orchestral groups. In this way the activities developed by the group enable a comprehensive musical education that guides to acquire autonomy in their learning and preparing them for future careers.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Publicações sobre a prática orquestral no contexto da educação musical.... 15

FIGURA 2: EMUFRN (1991)... 24

FIGURA 3: EMUFRN (2004)... 24

FIGURA 4: Barreira utilizada durante a audição da seleção de alunos... 26

FIGURA 5: Músicos dispostos atrás das cortinas do palco Onofre Lopes – EMUFRN.. 26

FIGURA 6: Projeto Parcerias Sinfônicas - “Vinícius –uma canção pelo ar”... 30

FIGURA 7: Ensaio de naipe (cordas) com regente assistente (Flávia Seabra)... 37

FIGURA 8: Ensaio geral no auditório Onofre Lopes (EMUFRN)... 37

FIGURA 9: Concerto erudito no auditório Onofre Lopes (EMUFRN)... 39

FIGURA 10: Concerto com repertório popular em Currais Novos/RN... 39

FIGURA 11: Concerto didático... 41

FIGURA 12: Parcerias Sinfônicas em Currais Novos/RN... 44

FIGURA 13: Concerto no Teatro Riachuelo... 45

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 11

CAPÍTULO 1 1 PRÁTICA ORQUESTRAL NA EDUCAÇÃO MUSICAL E A ORQUESTRA SINFÔNICA DA UFRN ... 14

1.1 Educação musical e orquestra: levantamento da produção acadêmico-musical... 14

1.2 Contexto orquestral... 21

1.3 A orquestra sinfônica da UFRN... 23

1.3.1 Estrutura organizacional da OSUFRN... 27

1.3.2 Parcerias Sinfônicas... 29

1.4 Delimitando o foco de pesquisa... 31

CAPÍTULO 2 32 2 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA INVESTIGAÇÃO NA ORQUESTRA SINFÔNICA DA UFRN... 32

2.1 Abordagem qualitativa e estudo de caso... 32

2.2 Procedimentos de coleta de dados... 33

2.2.1 Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)... 33

2.2.2 Pesquisa documental e bibliográfica... 34

2.2.3 Observação participante... 34

2.2.3.1 Observações no ensaio... 35

2.2.3.2 Observações nos concertos... 38

2.2.3.3 Observações durante as viagens... 42

2.2.4 Diário de Campo... 46

2.2.5 Entrevistas Semiestruturadas... 47

2.2.6 Registros fotográficos e gravação em vídeo... 49

2.3 Organização e análise de dados... 50

CAPÍTULO 3 54 3 RELAÇÕES ENTRE PRÁTICA ORQUESTRAL E EDUCAÇÃO MUSICAL: contribuições teóricas... 54

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3.2 Aprendizagem em grupos... 57

3.3 As relações entre os jovens e a música... 60

3.4 Formação instrumental no contexto da escola especializada... 64

CAPÍTULO 4 69 4 CONCEPÇÕES E INSTÂNCIAS DE APRENDIZAGEM NA OSUFRN. 69 4.1 Convivência e aprendizagem em grupo... 72

4.1.1 Aprendizagem nos ensaios e concertos: diversidade sociocultural no relacionamento com participantes da OSUFRN... 75

4.1.2 Aprendizagem nos ensaios e concertos: ouvir o outro na coletividade... 79

4.2 Estratégias de formação e interações... 80

4.2.1 Planejamento e metodologia do maestro... 82

4.2.2 Aprendizagem individual... 85

4.2.3 Aprendizagem com o maestro e músicos convidados... 87

4.3 Concertos, viagens e intercâmbios... 92

4.3.1 Aprendizagem nos concertos... 93

4.3.2 Viagens e intercâmbios... 96

4.4 Perspectiva de futuro e profissionalização dos músicos... 101

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 107

REFERÊNCIAS... 111

APÊNDICES... 120

APÊNDICE A: Ofício de autorização do maestro para realização da pesquisa... 121

APÊNDICE B: Termo de autorização do maestro para a utilização de seu nome real... 122

APÊNDICE C: Termo de autorização da regente assistente para a utilização de sua imagem... 123

APÊNDICE D:TCLE referente à entrevista do maestro... 124

APÊNDICE E:TCLE referente às entrevistas dos músicos... 125

APÊNDICE F:Roteiro de entrevista semiestruturada do maestro... 126

APÊNDICE G: Roteiro de entrevista semiestruturada dos músicos... 128

APÊNDICE H: Trabalhos encontrados na literatura pesquisada e categorizados no contexto orquestral... 130

ANEXOS... 135

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INTRODUÇÃO

A educação musical é uma área do conhecimento que contempla o ensino e aprendizagem de música em espaços e contextos diversos. Este estudo dirige-se ao âmbito da formação instrumental, prática orquestral, desenvolvendo-se no espaço da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – EMUFRN. Nesse contexto busquei investigar sobre a aprendizagem e as relações interpessoais existentes em um grupo orquestral específico objetivando compreender como acontece a aprendizagem musical na Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Para tanto, a partir dos objetivos específicos delineados foi possível identificar quais atividades são inerentes à Orquestra Sinfônica da UFRN – OSUFRN; conhecer sua estrutura e funcionamento; observar o desenvolvimento das atividades cotidianas do grupo; identificar as interações presentes entre os participantes da orquestra e compreender as diferentes maneiras de se aprender música no contexto orquestral.

A escolha por este tema de pesquisa se deu pelas relações estabelecidas durante a minha trajetória musical com a instituição, EMUFRN, e com o grupo orquestral estudado. Desde sua criação aos dias de hoje, a EMUFRN desenvolve diversas atividades de ensino, pesquisa e extensão, das quais tive oportunidade de participar ativamente, como o curso da flauta-doce (Preparatório, Médio e Final), o curso básico em piano e, em seguida, o curso de percussão erudita no nível básico e técnico. Em nível superior, concluí a graduação em Licenciatura em Música e Especialização em Educação Musical na Educação Básica, reingressando posteriormente no Bacharelado com habilitação em percussão. Em comunhão com as aulas de instrumento, havia na Escola de Música da UFRN formações de grupos musicais, tais como: grupo de flautas, grupo de percussão, banda sinfônica, big band, orquestra sinfônica, entre outros. Dentre esses grupos citados, na Orquestra Sinfônica da UFRN, além de participar do grupo como instrumentista, atuei como diretora administrativa, função exercida por ter formação em música e também em administração. Daí o interesse e ligação com o tema proposto, além da facilidade de acesso e admiração pelo trabalho desenvolvido nesta orquestra.

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colegas da orquestra, principalmente aqueles que compunham o mesmo naipe. Ao iniciar o trabalho de cunho administrativo, passei a perceber o grupo de maneira diferenciada. Obtive uma visão mais ampla dos procedimentos necessários para um grupo de grande porte desenvolver-se com celeridade diante dos processos administrativos, os quais são exigidos por estar vinculada a uma instituição federal de ensino. E consegui observar os colegas músicos, bem como seus comportamentos humanos durante as atividades artísticas de maneira global. Além disso, acompanhava as atividades desempenhadas por eles e apreciava o resultado final nas apresentações. Contudo, mesmo com pouca proximidade com os colegas, pude perceber que havia diversas aprendizagens entre as diferentes trocas ali estabelecidas. Por isso, quis compreender como se dava o processo da construção do saber e da aprendizagem musical neste grupo de prática musical orquestral.

Sendo assim, esta pesquisa é um estudo de caso norteado pela abordagem qualitativa, necessária para tratar de questões sociais e humanas. Os dados foram construídos através de observações das atividades comuns ao grupo, como ensaios, concertos e viagens, e entrevistas semiestruturadas com o maestro e com os músicos que possuíam mais de um ano de experiência na orquestra. Por meio dessa vivência com os sujeitos pesquisados, percebe-se que para alcançar os objetivos performáticos propostos pela formação da orquestra há uma série de processos intrínsecos ao fazer musical orquestral, como o estudo individual e em grupo do repertório proposto, a postura exigida durante ensaios e apresentações, a disciplina com horários, frequências e assiduidades, o desenvolvimento da percepção coletiva, entre outros aspectos, que podem interferir em um grupo orquestral.

Entender como essas particularidades se efetivam nesse grupo em específico, assim como compreendê-los nos seus processos de aprendizagem e performance proporcionam reflexões para a formação musical do participante, estudantes de música, músicos e educadores musicais acerca da aprendizagem musical no contexto orquestral.

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O segundo capítulo apresenta os caminhos metodológicos adotados durante a investigação, expõe as escolhas dos instrumentos de coleta e construção de dados, bem como descreve sobre a organização e análise dos dados obtidos na investigação.

O terceiro capítulo apresenta uma reflexão teórica sobre as práticas musicais coletivas, a aprendizagem em grupos, as relações interpessoais presentes entre o público jovem e a música, e sobre a formação musical instrumental no contexto da escola especializada. Os autores selecionados fundamentam e contribuem para este estudo diante da aprendizagem musical no contexto orquestral, auxiliando no desvelamento e compreensão dos dados encontrados no campo empírico.

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CAPÍTULO 1

1 PRÁTICA ORQUESTRAL NA EDUCAÇÃO MUSICAL E A ORQUESTRA SINFÔNICA DA UFRN

Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre a formação musical instrumental e a prática orquestral sob a visão da educação musical. Inicialmente, expõe um panorama da produção científica brasileira a partir de artigos, dissertações e teses sobre a educação musical no contexto orquestral; em seguida, apresenta a estrutura, histórico e funcionamento da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, afim de facilitar a compreensão do leitor sobre o contexto da pesquisa.

1.1Educação musical e orquestra: levantamento da produção acadêmico-musical

Com a intenção de conhecer os trabalhos desenvolvidos no contexto orquestral, realizei uma busca sobre essa temática em periódicos da área de música e anais de congressos científicos nacionais, promovidos pela Associação Brasileira de Educação Musical – ABEM e Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Musica – ANPPOM, assim como em monografias de especialização, dissertações de mestrado e teses de doutorado, entre os anos 2000 e 2014.

Para a seleção dos trabalhos, tomou-se como critério de escolha, textos que tratassem de grupos instrumentais cujas atividades musicais são desenvolvidas no contexto orquestral, observando nos mesmos: título, resumo, objetivos e palavras-chave. Nesta consulta, não foram contemplados grupos formados por um único tipo de instrumento, como exemplo: orquestra de violões, orquestra de clarinetes, entre outros, por considerar que melhor se assemelha ao objeto de estudo grupos com formação instrumental diversa. Desse modo, nas fontes de pesquisa consultadas foi possível encontrar cinquenta e dois trabalhos publicados.

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pós-graduação em música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Cadernos do Colóquio, do programa de pós-graduação em música da UNIRIO.

Somente nove artigos foram encontrados com essa temática nesses periódicos. Já nos anais de eventos nacionais da ABEM e da ANPPOM foram encontrados vinte e quatro trabalhos que tratam da prática orquestral. Em termos de produções de conclusão de curso, TCCs e monografias de especialização, dissertações de mestrado e teses de doutorado, foram encontrados dezenove trabalhos em repositórios online. Estes dados foram organizados em ordem cronológica, como pode ser verificado no gráfico a seguir.

Fonte: A autora (2014)

A análise do gráfico permite-nos identificar que foram poucos os trabalhos direcionados à temática do contexto orquestral entre os anos 2001 e 2004, sendo que estes foram apresentados principalmente em anais de congressos. O gráfico também nos mostra um crescimento da pesquisa nesse contexto a partir de 2005 com o surgimento de trabalhos defendidos na pós-graduação, gerando um salto de produção acadêmica no ano de 2012. Contudo, é possível perceber que a produção científica acerca deste tema ainda é pequena e instável, pois apresenta descontinuidade no ano de 2008 e nos anos seguintes a 2012 há

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Anais 2 2 2 1 2 1 4 1 3 3 3

Periódicos 1 1 2 1 1 1 2

TCC e Pós-graduação 1 1 2 3 2 1 6 2 1 0

1 2 3 4 5 6 7

Qu

an

tidad

e

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novamente uma queda significativa da produção. Observa-se também, que alguns trabalhos encontrados pertencem ao mesmo autor, havendo continuidade do tema pesquisado por estes, entretanto pouco discutida por autores diversos. Dessa forma, é salutar que haja novas investigações em torno da temática apresentada.

Ao buscar agrupar os trabalhos em categorias, considerei primeiramente os títulos relacionados ao contexto orquestral, em seguida, os resumos e as palavras-chave, fazendo a leitura dos textos quando esses pré-requisitos tornaram-se insuficientes para uma melhor compreensão do estudo verificado. Contudo, categorizar os trabalhos é uma tarefa acadêmica árdua, visto que muitos deles se enquadram em mais de uma categoria estabelecida.

Desse modo, foi priorizado o objetivo central das pesquisas desenvolvidas neles, gerando, portanto, as seguintes categorias1: repertório de orquestra, cujos trabalhos encontrados nos periódicos tratam especificamente de obras musicais para orquestra e suas análises; saúde no trabalho do músico cujos artigos tratam de análises e avaliações quanto aos sistemas auditivo e fisioterapêutico dos músicos; orquestra infanto-juvenil, cujos estudos descrevem a prática orquestral com integrantes na faixa etária entre a infância e a juventude; orquestras vinculadas a projetos sociais que compreende os trabalhos de prática orquestral que visam alcançar crianças e jovens que encontram-se em situações de risco; orquestra escolar referindo-se aos grupos orquestrais formados em escolas de educação básica; orquestras universitárias abrangendo os estudos sobre grupos formados no meio universitário e orquestra sinfônica contemplando trabalhos que explicitam a trajetória de orquestras sinfônicas e suas relações com a cidade/estado em que estão inseridas, com a sociedade e com o público atendido por elas, sejam em concertos oficiais ou didáticos.

Cada categoria acima direciona a reflexão para diferentes temas e objetivos. No entanto, optei por destacar somente aquelas categorias que tratam mais especificamente do ensino e aprendizagem no âmbito da orquestra. São elas: orquestra infanto-juvenil, orquestras vinculadas a projetos sociais, orquestra escolar e orquestra universitária.

Na categoria orquestra infanto-juvenil, foram encontrados trabalhos com as temáticas de musicalização e formação musical em orquestras, nas quais se desenvolve o trabalho de estudo e pesquisa da música brasileira para a construção do repertório dos grupos (JOLY, Ilza; SANTIAGO, 2001), assim como a ênfase na implantação de um trabalho de formação de orquestras para crianças de classes populares. Essa formação é direcionada para

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a melhoria da autoestima e inclusão social dessas crianças e de suas famílias (JOLY, Ilza; SANTIAGO; PENTEADO; JOLY, Maria, 2002).

Kruger e Hentschke (2003) apresentaram em seu artigo um relato de experiência sobre uma série de concertos didáticos realizados pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) para crianças e adolescentes e Chagas (2007), em sua dissertação, estudou sobre a orquestra de cordas infanto-juvenil, considerando-a um instrumento metodológico na educação musical. O autor propõe uma série de exercícios com fins específicos e aborda a dinâmica do ensaio, planejamento e avaliação no processo de ensino e aprendizagem musical, utilizando o repertório como meio na formação musical do aluno.

Nos trabalhos de Bozzetto (2010; 2011; 2012; 2014), a pesquisadora trata sobre o projeto educativo dos pais de crianças e jovens, pertencentes a uma orquestra a partir da educação musical dos filhos. Especificamente em sua tese de doutorado, Bozzetto (2012) buscou revelar expectativas e concepções da família sobre aprendizagem musical desenvolvida com seus filhos, em um projeto que enfatiza a formação de músicos profissionais. Este trabalho chama atenção ainda, por discorrer sobre a vontade da maioria dos componentes da orquestra, em manter-se no campo da música e o modo como enxergam suas formações musicais no presente, almejando o futuro como músicos profissionais.

Os trabalhos relacionados nesta categoria revelam a preocupação dos responsáveis pelos grupos estudados, como regentes ou professores, com a educação musical de crianças e adolescentes em formação. No âmbito dos trabalhos encontrados, dois deles foram produzidos na pós-graduação, os quais consideram as relações estabelecidas no contexto orquestral, o relacionamento entre os participantes enquanto meio de socialização e o desenvolvimento da percepção musical do aluno através de sua interação ativa com o grupo.

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Nesta categoria, os trabalhos mostram que os projetos sociais são contextos em que a educação musical se efetiva, atendendo geralmente, pessoas em vulnerabilidade social. Nestes espaços, além do desenvolvimento musical e artístico, a prática orquestral é associada ao trabalho coletivo, à sociabilidade e à cidadania, objetivando promover a transformação da realidade sociocultural por meio da música e a formação integral dos indivíduos.

Na categoria orquestra escolar, Silva, José (2001) relatou sobre as rotinas de ensaios e composições da Itiberê Orquestra Família apresentando considerações dos integrantes da orquestra e de outros observadores que têm acompanhado o grupo. No trabalho de Ribeiro (2010), verificou-se que o mesmo descreveu a trajetória histórica da orquestra experimental do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – IFSC, abordando aspectos políticos, sociais e pedagógicos e Santos, Wilson (2013), expôs em sua dissertação sobre o ensino coletivo de instrumentos e as orquestras-escola, apresentando estratégias de ensaio para esses grupos.

Outros autores desenvolveram suas pesquisas sobre a Orquestra Villa-Lobos, pertencente à escola de educação básica em Porto Alegre – Rio Grande do Sul (SANCHOTENE, 2011; SANTOS, 2010; 2012; 2013; 2014; SOUTO, 2013), cada um sob um aspecto particular. Souto (2013) apresentou sua dissertação de mestrado intitulada “Orquestra Villa-Lobos: o impacto da competência musical no desenvolvimento sociocultural de um contexto popular” com o objetivo de investigar a relação existente entre o desenvolvimento da competência musical das crianças que compõem a Orquestra Villa-Lobos e o desenvolvimento sociocultural da comunidade. E Santos (2013) observou o grupo com a finalidade de analisar como se configura um modo de ensinar música na escola através da prática musical em grupo com referência na profissão, desenvolvendo assim, sua tese de doutorado intitulada “Ensinar música na escola: um estudo de caso com uma orquestra escolar”.

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Na categoria orquestra universitária, encontrei trabalhos relacionados ao ensinar e aprender no ensaio e a utilização de ferramentas para a melhoria dessas atividades de ensaio (SILVA, 2012; SANTIAGO; JOLY, Ilza; ALLIPRANDINI, 2002), assim como uma pesquisa referente à identificação de elementos constitutivos do universo das Orquestras Sinfônicas Universitárias, tratando dos modelos mais recorrentes dessas formações em universidades públicas (CARVALHO, 2005). Sobre esse contexto universitário, Joly, Ilza (2004) apresentou um relato de experiência sobre a orquestra experimental da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar apontando o grupo como um laboratório ativo e mediador de relações educativas, culturais e sociais, considerando que este pode ser transformado em ação educadora para o desenvolvimento da cidadania. Joly, Maria, (2007) tratou do mesmo grupo em sua dissertação de mestrado, destacando em sua análise a aprendizagem musical, humana e social originadas da convivência de um grupo de músicos amadores e profissionais de diversas comunidades.

No trabalho de Silva (2012), a autora buscou compreender, em sua dissertação, o ensinar e aprender música nos ensaios da orquestra com o título: “Ensino/aprendizagem musical no ensaio: um estudo de caso na orquestra Camargo Guarnieri”. Além disso, buscou entender os aspectos individuais e coletivos envolvidos no ensaio do grupo, trazendo reflexões sobre as relações sociais na prática musical em conjunto.

Ainda nesse âmbito de formação universitária, Lima; Vanzella e Freire (2008) trataram da organização do grupo orquestral de cordas que atua sem regentes; Rocha (2009) traçou em seus estudos um perfil de projeto didático, tomando como pressuposto o desenvolvimento da autonomia através de estratégias de cooperação; Morais (2013) refletiu sobre a prática orquestral de estudantes, diante da percepção de formação musical dos alunos pesquisados e do público participante dos concertos didáticos e, Viçosa (2014) apresentou em seu trabalho o planejamento e execução de palestras pré-concerto para a formação musical do público participante.

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Ressalta-se ainda, que dos trabalhos desenvolvidos na pós-graduação, no que concerne a esta categoria, apenas dois deles direcionam suas reflexões para a aprendizagem musical de seus participantes, discutindo sobre as práticas musicais, os processos educativos, a aprendizagem colaborativa e o desenvolvimento da cidadania. Desse modo, compreende-se que o campo de estudo necessita de novas investigações, pois diante dos trabalhos apresentados nessas categorias, cada autor efetiva sua análise frente a aspectos inerentes ao contexto orquestral e/ou de acordo com a formação dos participantes de cada grupo. Estes trabalhos contribuíram significativamente para o estudo realizado com a OSUFRN ao ampliar o conhecimento acerca de concepções e serviram de referência para a investigação.

A pesquisa desenvolvida para a escrita desta dissertação se assemelha aos estudos de Joly, Maria (2007); Santos (2013) e Silva (2012) na medida em que tratam da prática musical em grupo, da convivência, dos processos de ensino e aprendizagem musical e da profissionalização do músico, os quais serão discutidos no capítulo de contribuições teóricas. No entanto, a originalidade desta investigação está no estudo da Orquestra Sinfônica da UFRN – OSUFRN cujas atividades ainda não haviam sido abordadas em trabalhos científicos. Além disso, a OSUFRN possui objetivos diferentes dos grupos investigados pelas autoras citadas, pois se trata de uma orquestra de alunos que tem caráter formativo.

Na OSUFRN as aprendizagens no instrumento acontecem cotidianamente, nas relações interpessoais, não havendo o estudo deliberado da técnica instrumental, mas a aplicabilidade dessa técnica através da prática de conjunto em um grupo heterogêneo. Por esse motivo, faz-se importante a presente investigação, uma vez que explicita e traz ao universo da academia as atividades, as dinâmicas e as aprendizagens de uma Orquestra Sinfônica universitária de representatividade regional, cuja prática tem contribuído para formação de diversos músicos de orquestra em âmbito local, nacional e internacional.

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1.2Contexto orquestral

Considerando que há infinitas possibilidades para se desenvolver o fazer musical, este estudo direciona-se ao fazer musical coletivo, mais especificamente, à orquestra. Ao longo da história da música houve diversos tipos de formação instrumental, grupos menores como duetos, trios, quartetos, entre outras formações maiores como as orquestras. Segundo Carvalho (2005, p. 31), “os gregos denominavam orchestra o espaço semicircular à frente do palco onde cantava e dançava o coro durante as representações operísticas, sendo finalmente aplicado ao próprio conjunto de instrumentistas”. No século XVIII, o termo “orquestra” foi utilizado para designar os conjuntos instrumentais compostos por uma combinação de instrumentos de cordas e de sopro, sofrendo mudanças até alcançar o formato que conhecemos na atualidade. Essas mudanças ocorreram durante os períodos históricos, renascentista, barroco, clássico, romântico e moderno, como diferenciações no número de instrumentos/instrumentistas presentes no grupo orquestral, repertório executado, interpretação das obras, entre outros aspectos determinados, por vezes, pelos compositores e suas obras (CARVALHO, 2005, p. 31-41).

Segundo Hentschke et al. (2005, p. 6), as orquestras podem ser classificadas como orquestra de câmara, orquestra filarmônica e orquestra sinfônica, pois “variam de acordo com a diversidade e a quantidade dos instrumentos que os compõem”. A orquestra de câmara possui poucos componentes, entre oito e vinte músicos com instrumentos diferentes ou apenas instrumentos da família das cordas, como violinos, violas, violoncelos e contrabaixos. A orquestra filarmônica e a orquestra sinfônica são maiores, contendo aproximadamente acima de trinta componentes, ambas com a mesma formação instrumental e com maior variedade de instrumentos quando comparadas à orquestra de câmara. Lehmann (1998, p. 74), explicita que

a orquestra sinfônica é composta por:

Quatro famílias de instrumentos: as cordas, as madeiras, os metais e a percussão. As três primeiras compreendem cada uma quatro instrumentos no mínimo: violinos, violas, violoncelos e contrabaixos nas cordas; flautas, oboés, clarinetas e fagotes nas madeiras; trompas, trompetes, trombones e tubas nos metais. A percussão fragmenta-se numa multiplicidade de instrumentos que vão dos tímpanos ao xilofone, vibrafone, glockenspiel,

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Mesmo com essa organização em famílias, de acordo com a composição e/ou arranjo musical, é possível haver a inserção de outros instrumentos que não são comuns à formação do grupo, como: violão, contrabaixo elétrico, entre outros.

As orquestras possuem características próprias que as diferem de outros grupos populares, por exemplo, durante suas apresentações “os músicos entram pouco a pouco no palco [...] todos têm um lugar determinado, os sopros de um lado, as cordas do outro, todos ficam de pé quando se lhes pedem e sentam-se quando devem” (LEHMANN, 1998, p. 73). Para iniciar o concerto, os músicos entram e aguardam a entrada do spalla2, músico do primeiro violino da orquestra, que tem entre suas funções tocar trechos solos, “repassar as instruções do maestro aos demais músicos e, quando solicitado, até reger no lugar do maestro” (HENTSCHKE et al., 2005, p. 9). Lehmann (1998) acrescenta sobre a postura e comportamento desse músico durante a apresentação de uma obra musical ao dizer que:

O spalla demonstra ao público certa autoridade ritual: é ele, por exemplo, que indica ao oboé o momento de dar o , é ele que faz sinal para os músicos se levantarem quando da chegada do maestro, ou para não o fazerem em alguns de seus retornos ao palco. Enfim, é ele que o maestro cumprimenta antes de todos, o público inclusive (LEHMANN, 1998, p. 81).

A figura do spalla no grupo orquestral se efetiva como guia para a tomada de decisões coletivas ou específicas aos violinos e como exemplo de performance. Esse músico, especificamente, tem atribuições de liderança, condução e orientação contribuindo com os demais componentes do grupo.

O nome “orquestra”, no entanto, tem sido utilizado também para definir outros grupos instrumentais organizados para tocarem juntos. Alguns trabalhos publicados com essa temática não se restringem à formação instrumental que compõem as orquestras sinfônicas, filarmônicas ou de câmara, mas sim a um conjunto de instrumentos musicais apresentados em diversas formações. Como exemplo disso, observa-se a Orquestra Experimental da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar e a Orquestra Villa-Lobos em Porto Alegre – RS. A primeira é composta por violino, violoncelo, contrabaixo, trompete, bombardino, tuba, trombone, flautas transversais, clarinete, saxofone, flautas doce (soprano, contralto, tenor e baixo) xilofones (soprano, contralto e baixo), vibrafone, glokenspiel, gaitas, teclados, piano e percussão; e a segunda por flautas doce, acordeom, violino, viola, violoncelo, violão, cavaquinho, teclado e percussão.

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Ambas as formações contemplam instrumentos que fazem parte da composição de orquestras sinfônicas, mas também contém outros instrumentos que não são comuns a essa formação, como as flautas doce, cavaquinho, entre outros. Desse modo, Silva, José (2001, p. 25) considera que a denominação orquestra “parece referir-se mais ao número de músicos e à variedade da instrumentação que a qualquer analogia com grupos sinfônicos, de dança, big bands etc.”, e Santos (2013, p. 131) elucida que “a atribuição de ‘orquestra’ ao nome dado ao grupo [Orquestra Villa-Lobos] está intimamente relacionada ao formato dos grupos sinfônicos, sobretudo pela maneira como se portam, se vestem, se organizam e agem”, relacionando a nomenclatura com o comportamento dos músicos do grupo.

1.3A orquestra sinfônica da UFRN

A Orquestra Sinfônica da UFRN – OSUFRN pertence à Escola de Música da UFRN – EMUFRN, que é vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN3. Apesar da sua representatividade não foram encontrados trabalhos científicos desenvolvidos sobre essa orquestra universitária. As informações que serão dispostas a seguir foram extraídas dos textos dispostos na página online4da Escola de Música da UFRN, documentos da instituição e através de dados desvelados durante a pesquisa. Por esse motivo, para entender o funcionamento da OSUFRN primeiramente é necessário compreender um pouco da história da Escola de Música da qual faz parte.

A escola de música da UFRN iniciou seu funcionamento no ano de 1962, inicialmente com atividades curriculares de ensino do instrumento, teoria e solfejo e extracurriculares, a exemplo dos cursos de iniciação artística, oferecendo a formação instrumental nos níveis: Preparatório, Médio e Final5. Sua primeira sede situava-se no centro da cidade do Natal/RN, e em 1991 foi transferida para sua nova sede no setor do Campus Universitário da UFRN, ainda sem constituir-se como uma escola de ensino superior.

3 Localizada na Av. Passeio dos Girassóis S/N. Campus Universitário Natal, Rio Grande do Norte/RN.

4 Site da Escola de Música da UFRN: www.musica.ufrn.br

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Figura 2: EMUFRN (1991) Figura 3: EMUFRN (2004)

Somente no fim dos anos 1990 foram implantados os cursos de música, o Bacharelado em 1997 e o Técnico, em 1998. O curso de Licenciatura em Música foi criado em 2004 e em 2010, a pós-graduação em música, na qual foram implantados os cursos de especialização em Práticas Interpretativas do Século XX e XXI e em Educação Musical na Educação Básica. Além dos cursos supracitados, em 2013 foi criado o curso de Mestrado em Música, com duas linhas de pesquisa: Processos e dimensões da formação em Música e Processos e dimensões da formação artística.

A EMUFRN mantém atualmente diversos grupos, entre eles, a Orquestra Sinfônica da UFRN, caracterizada como um Grupo Permanente de Arte e Cultura da UFRN e cadastrada como projeto de extensão universitária6 desde 2011. A OSUFRN participa ainda, anualmente, do edital de financiamento interno da UFRN, o qual garante que todos os integrantes recebam uma bolsa para ajuda de custo. E tem como proposta atender ao público interno da Escola de Música, como alunos dos cursos: técnico, graduação (Licenciatura e Bacharelado) e pós-graduação com o intuito de favorecer um laboratório provedor de “competências e saberes específicos ao campo de atuação com supervisão de parcela do corpo docente da Escola de Música da UFRN” (PROJETO OSUFRN, 2013).

De acordo com os dados coletados na pesquisa, a OSUFRN foi fundada por dois professores da Escola de Música da UFRN que almejavam a formação de um grupo que proporcionasse o desenvolvimento das técnicas aprendidas nas aulas de instrumento por meio

6 Edital UFRN/NAC/PROEX Nº 01/2012 correspondente à temporada 2013 e o EDITAL UFRN / PROEX/NAC Nº 18/2013 para a temporada 2014.

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da prática coletiva. Esse grupo foi conduzido pelo atual maestro, André Muniz, até o ano de 2003, quando se afastou para capacitação. Ao retornar, o maestro trabalhou com o grupo em 2008 e permanece à frente da orquestra até o presente momento. Entre o ano de seu retorno e o corrente ano, o modo de dirigir o grupo sofreu modificações, adotando novas formas de trabalho, planejamento e perspectivas de desenvolvimento musical.

Até o ano de 2010, participavam da orquestra alunos indicados por seus professores, sendo selecionados aqueles estudantes com condições técnicas no instrumento para tocar em grupo. A partir de 2011, o maestro modificou o modo de ingresso na OSUFRN, adotando uma seleção por mérito através de audições. No ano seguinte, buscando melhorar a organização e oportunizar que as informações atingissem a todos os alunos, desenvolveu-se um edital denominado “Edital da Audição Seletiva para Músicos Instrumentistas” (EDITAL OSUFRN, 2014), com o objetivo de normatizar o processo seletivo. Nele, estão dispostas informações como: datas e prazos, quantidade de vagas disponíveis para cada instrumento (cordas, madeiras, metais e percussão), excertos de obras orquestrais que os alunos devem estudar com antecedência para executar no dia da audição, entre outras informações.

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Desse modo, os alunos que obtiverem melhor desempenho no momento da execução são selecionados para fazerem parte da OSUFRN, sendo definidos também os chefes de naipe (primeiros instrumentistas de cada naipe) e o spalla do grupo (primeiro violino da família das cordas), anualmente.

Essa estrutura e formato de funcionamento geram rotatividade dos músicos que compõem o grupo, sendo comum haver mudanças nos componentes da orquestra e consequentemente níveis diferenciados de apropriação no instrumento. A cada audição são avaliados alguns pontos como afinação, precisão rítmica, sonoridade, adequação ao andamento e estilo composicional durante a execução do excerto orquestral, apenas por meio do som executado pelo músico. Assim, é possível que durante a audição o estudante fique alterado emocionalmente, modificando sua performance e resultando provavelmente em um desempenho de menor qualidade. Dessa forma, a cada ano poderá haver músicos com diferentes níveis técnicos no grupo, ou seja, alunos mais experientes, concluintes de seus cursos e alunos iniciantes na habilitação instrumental.

Além disso, as decisões que eram determinadas pelo maestro foram descentralizadas, pois ele buscou parceria de alguns professores da UFRN com formação em instrumentos que representassem cada família da orquestra (cordas, madeiras, metais e percussão), formando, desse modo, uma comissão artística. Esse conjunto de ações e modificações define a estrutura e funcionamento do grupo atualmente, como será exemplificado a seguir.

Fonte: A autora (2013) Fonte: A autora (2013)

Figura 4: Barreira utilizada durante a audição da seleção de alunos.

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1.3.1 Estrutura organizacional da OSUFRN

A orquestra sinfônica da UFRN desempenhava suas atividades contando com as providências organizacionais do maestro, coordenador do grupo e com apoio da direção da Escola de Música. A partir de 2011, com a experiência das audições, alguns professores foram convidados para formar uma comissão efetiva, pois se via a necessidade de estruturar uma equipe que oferecesse apoio às atividades do grupo. Para alcançar esse objetivo, buscou-se apoio institucional, solicitando à UFRN via projeto de extensão, bolsas de apoio técnico para a permanência de uma pessoa responsável pelas ações administrativas do grupo, outra pessoa para o arquivo e organização das partituras e outros que pudessem garantir a montagem e desmontagem da estrutura física da orquestra.

Nesse sentido, a estrutura funcional do grupo ficou assim organizada:

a) Direção e comissão artística

A direção é conduzida pelo maestro e professor da UFRN, André Muniz, que atua em parceria com a comissão artística (PORTARIA 007/2014, 2014). Esses professores que compõem a comissão artística foram convidados para auxiliarem na seleção de ingresso dos estudantes no grupo (anualmente), decisões de repertório, conduções de ensaios de naipe e famílias, orientações voltadas à técnica instrumental de cada aluno, entre outras necessidades, atuando junto ao grupo em diferentes momentos.

b) Direção administrativa

Coordenada por um bolsista de curso de graduação em música da UFRN, esse setor em parceria com o maestro, é responsável pelo planejamento, organização, direção e controle das atividades inerentes à orquestra, relacionando-se diretamente com todos os outros: direção artística, arquivista, montadores e setores da universidade.

c) Arquivista

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responsável por fazer impressões, cópias e colagens do repertório trabalhado, assim como acompanhar o grupo em todos os ensaios, apresentações e viagens.

d) Montadores

A orquestra conta com dois estudantes bolsistas do curso de graduação em música da UFRN para realizar a montagem e desmontagem do palco nos ensaios de naipe, ensaios gerais e nas apresentações, sendo responsáveis por organizar cadeiras e estantes de acordo com o repertório e número de participantes em cada obra musical.

Contando com esse suporte e estrutura proporcionada pela UFRN, o grupo realiza três ensaios semanais: um ensaio com a família dos instrumentos, conduzido pelo professor pertencente à comissão artística da orquestra ou pelo maestro e seus assistentes (alunos do curso técnico em regência) e dois ensaios gerais, com todos os músicos juntos no palco do Auditório Onofre Lopes da EMUFRN. Além desses ensaios estabelecidos pela direção artística, cada naipe tem autonomia para realizar outros ensaios entre eles mesmos durante a semana.

Na temporada de 2013, período em que foi realizada a pesquisa, a orquestra foi formada por dez violinistas, quatro violistas, quatro violoncelistas, um contrabaixista, dois flautistas, um flautista-pícollo, um oboísta, dois clarinetistas, um fagotista, quatro trompistas, dois trompetistas, três trombonistas, um tubista e um percussionista, totalizando em trinta e sete músicos. Eles foram os alunos selecionados na audição, mas devido ao número reduzido no naipe da percussão e do contrabaixo, foi necessário realizar mais uma audição para compor o naipe e ainda assim, não houve aprovados. Nessas ocasiões em que há o número reduzido de participantes em determinado instrumento, é necessário convidar outros instrumentistas, sendo comum a essa orquestra receber músicos para complementar a quantidade proposta pela obra musical, como aconteceu com o naipe de percussão e de contrabaixo. Entretanto, geralmente os músicos convidados são direcionados, principalmente, para os naipes de viola, oboé e tuba.

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1.3.2 Parcerias Sinfônicas

No ano de 2011, a orquestra foi convidada a participar da parceria entre a UFRN e o Serviço Social do Comércio – SESC/RN intitulada “Parcerias Sinfônicas”. Esse projeto é uma ação institucional em prol da valorização da cultura potiguar, realizada por meio da formação musical e do incentivo ao surgimento de novos talentos.

A proposta tem a intenção de promover parcerias entre o SESC e orquestras, grupos sinfônicos e camerísticos, solistas, arranjadores, compositores e produtores, de modo a incentivar a produção musical local, com foco na formação de músicos e de plateia (SESC, 2013). Dessa forma, a parceria contribui com o trabalho realizado pela universidade através de bolsas para os alunos participantes do grupo e demais bolsistas, assim como manteve em seu planejamento anual a produção e realização de concertos eruditos, populares e didáticos para a comunidade.

Os concertos populares têm ganhado bastante evidência na sociedade, visto que a cada ano o SESC/RN e a UFRN investem e proporcionam um espetáculo que se apresenta em vários municípios do estado como: Mossoró, Currais Novos, Caicó, Natal, entre outros, através de uma temática que homenageia cantores e/ou compositores brasileiros com arranjos inéditos para orquestra e com participação de artistas convidados. Além das apresentações, os shows são gravados em CD e DVD.

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Riachuelo, Natal/RN; em Mossoró/RN e Caicó/RN, com a participação dos artistas: Dodora Cardoso, Galvão Filho, Liz Rosa e músicos convidados (SESC, 2014).

A parceria produziu espetáculos que foram sucesso de crítica e de público, recebendo nos anos de 2011 e 2012, o “Prêmio Hangar7” de melhor espetáculo. Entretanto, para a

temporada de 2015, a parceria sinfônica não foi renovada. Com essa trajetória, o grupo tem se consolidado, apresentando-se em outros estados brasileiros incluindo participações na Mostra Internacional de Música de Olinda (MIMO) e SESC-SP em parceria com a Sinfônica Heliópolis (ESCOLA DE MÚSICA DA UFRN, 2013).

7 O Prêmio Hangar de Música contempla os destaques do ano anterior da música potiguar e todo o cenário produtivo do Rio do Grande do Norte, divididos em categorias e escolhidas por júri popular.

Fonte: SESC/RN (2013)

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1.4Delimitando o foco da pesquisa

Partindo de experiências com grupos instrumentais ao longo da minha formação acadêmica, para ingressar na pós-graduação elaborei o projeto de pesquisa visando discorrer sobre o ensino e aprendizagem musical dos músicos da orquestra de alunos da UFRN. Além disso, pretendia pesquisar o impacto dos concertos didáticos para os alunos e professores das escolas de educação básica que participavam desses eventos, apresentados semestralmente. Após discussões dialógicas com professores e colegas de curso, percebi que investigar esses dois universos poderiam demandar mais tempo do que o disponível para realizar a pesquisa. Fui aconselhada durante as orientações a escolher um deles para direcionar o meu estudo. Foi então que, baseada na minha curiosidade em compreender um pouco mais sobre o universo das atividades desempenhadas pelos músicos da OSUFRN, que optei por focar na aprendizagem dos alunos, componentes da orquestra, partindo do questionamento: como acontece a aprendizagem musical na Orquestra Sinfônica da UFRN?

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CAPÍTULO 2

2 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA INVESTIGAÇÃO NA ORQUESTRA SINFÔNICA DA UFRN

2.1Abordagem qualitativa e estudo de caso

A pesquisa realizada em um dado local e com um grupo específico aponta características que a classifica predominantemente como abordagem qualitativa, por discorrer sobre o assunto de forma subjetiva, porém com o rigor metodológico necessário para estudar questões sociais, humanas e culturais (GIL, 2009).

Segundo André (2005, p. 16), a abordagem qualitativa “tem suas raízes no final do século XIX quando os cientistas sociais começaram a indagar se o método de investigação das ciências físicas e naturais [...] deveria continuar servindo como modelo para o estudo dos fenômenos humanos e sociais”, visto que predominava a metodologia quantitativa, baseada em dados estatísticos. Referente a essa conjuntura histórica, Bresler (2007, p. 14) lembra que por volta de 1980 houve o aparecimento de estudos qualitativos em música, identificando novas questões, abrindo direções inovadoras para a pesquisa e assim, tornar-se metodologia aceita no campo da educação musical por volta do ano 2000.

Ao refletir sobre o desenvolvimento da pesquisa e da ciência, a qual esteve centrada em determinismos que desconsiderava a experiência das pessoas, por exemplo, Freire (2010, p. 82) considera que “o paradigma de pensamento pós-moderno prioriza a perspectiva subjetiva, centrada no sujeito, e não o distanciamento objetivo entre um sujeito, que se pretende neutro e um objeto, externo a ele e distante”. Nesse sentido, através do paradigma de pensamento pós-moderno identificam-se várias mudanças no âmbito da música e da pesquisa, o que nos convida a repensar alguns aspectos, como a relativização do campo de pesquisa, conceitos e métodos; a ampliação dos próprios limites das pesquisas; a valorização da heterogeneidade, passando a abarcar conteúdos e práticas musicais antes marginalizados, e a frequente valorização da subjetividade.

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pesquisa) e explorá-lo suficientemente para a obtenção dos dados essenciais à investigação, permitindo maior profundidade nos processos e especificidade do estudo. Esse método “é utilizado em muitas situações, para contribuir ao nosso conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados” (YIN, 2010, p. 24).

Após definir o método norteador da pesquisa e entendendo que no processo investigativo é necessário aproximar-se das “pessoas, situações, locais, eventos, mantendo com eles um contato direto e prolongado” (ANDRÉ, 2005, p. 29), delimitamos os instrumentos de coleta de dados que seriam satisfatórios para atingir os objetivos do trabalho, cujos procedimentos serão explicitados a seguir.

2.2 Procedimentos de coleta de dados

2.2.1 Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

Para iniciar minha inserção no campo de estudo elaborei alguns Termos de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – direcionados aos participantes da OSUFRN. Preocupada com questões éticas e com respeito às pessoas envolvidas na pesquisa, esses documentos foram elaborados após a leitura de trabalhos produzidos na pós-graduação em educação musical, sobretudo no contexto orquestral, dispostos nos repositórios online, servindo como modelos e possibilidades de elaboração desses termos. Sobre isso, Queiroz (2013, p. 13) elucida que:

[...] é recorrente na pesquisa em música a realização de fotografias, filmagens e gravações de áudio durante o trabalho de campo. Esses documentos, produzidos pelos próprios pesquisadores, são, geralmente, utilizados como material de base analítica, mas também como ilustrações de textos e/ou outros documentos produzidos. Fontes dessa natureza retratam situações, instrumentos, performances e outros elementos da música e de pessoas fazendo música, e, portanto, para serem produzidos, utilizados e/ou divulgados também necessitam de autorização. É recomendável que todo pesquisador tenha o respeito e o cuidado devido, solicitando autorização tanto para realizar os registros, durante a coleta, quanto para utilizá-los em publicações resultantes do processo investigativo.

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anotações e redação do texto (APÊNDICE B). Além disso, solicitei autorização de um dos regentes assistentes (APÊNDICE C) devido à utilização de sua imagem no corpo do trabalho. Para as entrevistas, os termos de consentimento foram direcionados ao maestro (APÊNDICE D) e aos músicos selecionados (APÊNDICE E) para fazer uso do material coletado na investigação, bem como utilizar as imagens em fotografias e vídeos somente para fins de natureza acadêmico-científica e vinculados à pesquisa de mestrado.

2.2.2 Pesquisa documental e bibliográfica

Para melhor compreender a trajetória do grupo e seu contexto, visitei o site institucional da EMUFRN buscando dados históricos e documentos sobre a Escola de Música, enquanto escola especializada em música. Considerando documentos como, o regimento interno da EMUFRN, editais publicados e portaria publicada pela direção da EMUFRN que trata da comissão artística da OSUFRN (ANEXO B), pois “para uma apreensão mais completa do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que ele se situa” (LUDKE; ANDRÉ, 2013, p. 21). A leitura desses dados foi importante para ampliar o conhecimento acerca do objeto de pesquisa e seu contexto, além de possibilitar segurança à divulgação das informações, as quais foram analisadas e citadas no corpo do trabalho.

Quanto à pesquisa bibliográfica, além do levantamento de autores e pesquisadores da área de música e de educação musical relacionados ao contexto orquestral, busquei trabalhos ligados à temática da aprendizagem, das práticas coletivas em música e da relação jovens e música. A leitura e reflexão em torno desses textos possibilitaram contribuições teóricas para a constituição da temática e a fomentação da discussão sobre esse contexto.

2.2.3 Observação Participante

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apresentações e concertos não fornecem dados para a compreensão da aprendizagem e da construção do conhecimento em música.

Nesse sentido, de acordo com Brandão e Streck (2006, p. 113), a observação participante “trata-se de um método de pesquisa, no qual a participação da coletividade organizada – no processo de pesquisa – permite uma análise objetiva e autêntica da realidade social em que o pesquisador é partícipe e aprendiz comprometido no processo”. Com esse entendimento, observei quarenta e cinco ensaios da orquestra sinfônica da UFRN, onze concertos oficiais, um concerto didático, acompanhando o grupo em quatro viagens para a realização de concertos pelo interior do Rio Grande do Norte e na capital da Paraíba/PB. Durante a convivência com o grupo, estive atenta para visualizar como se desenvolvia a prática musical coletiva para os participantes e suas relações com o outro diante das atividades comuns ao grupo.

A minha presença enquanto pesquisadora durante os ensaios, apresentações e viagens não demonstrou incomodar os participantes da orquestra, possivelmente por ser egressa do grupo. O contato com eles aconteceu de maneira natural, passando a sensação de que estavam à vontade e não lembravam que eu estava naquele espaço observando-os. Bogdan e Biklen (2010, p. 134) dizem que “nos estudos de observação participante, o investigador geralmente já conhece os sujeitos”, acredito que essa familiaridade entre pesquisadora e pesquisados garantiu fluidez durante o período de investigação.

Corroborando com esse pensamento, André (2005, p. 28) elucida que “a observação é chamada de participante porque parte do princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetado”, assim, “seria ingênuo achar que uma pesquisa poderá ser realizada sem interferir, mesmo que minimamente, na prática e/ou a ação cotidiana do contexto investigado” (QUEIROZ, 2013, p. 12). Desse modo, durante as observações busquei estar atenta aos fazeres do grupo acreditando que ao acompanhá-los nos ensaios, concertos e viagens seria possível verificar de forma espontânea as relações entre os músicos, seus comportamentos e aprendizagens.

2.2.3.1Observações no ensaio

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interessar em assisti-los. Por isso é comum ter visitantes temporários no auditório, como estudantes de música, pais de alunos, amigos dos componentes do grupo, entre outras pessoas, de modo que os músicos da orquestra estão acostumados com a presença de pessoas diversas.

Os ensaios geralmente são ministrados pelo maestro André Muniz, mas há a participação de outros regentes. No início das observações, uma das primeiras obras a ser estudada e, consequentemente, executada no primeiro concerto do segundo semestre letivo correspondeu à composição de um professor da EMUFRN. Por esse motivo, a orquestra foi conduzida por ele, que ofereceu sua contribuição explicando como pensou a obra e seu contexto histórico, esclarecendo alguns trechos musicais e conduzindo os músicos a interpretarem de acordo com a visão do compositor através de sua regência. Para o desenvolvimento desse trabalho, regeu e dirigiu os primeiros encontros do segundo semestre da temporada de 2013 em ensaios que continham apenas os instrumentistas da OSUFRN e, em outros momentos, além deles, músicos convidados. Sempre com o acompanhamento atento do maestro André, que, em alguns momentos da dinâmica dos ensaios, também sugeria aos músicos como realizarem a execução e interpretação dos trechos ensaiados.

Em meados de setembro de 2013 o grupo vivenciou a condução de outro regente, arranjador e egresso da OSUFRN, ao trabalhar com as músicas que compunham o repertório popular, em preparação do espetáculo “Vinícius –uma canção pelo ar”. Nessa temporada, a orquestra contou com o apoio de dois alunos, egressos do curso técnico de regência, os quais desenvolveram atividades de regentes assistentes da OSUFRN e conduziram o grupo algumas vezes durante o semestre com a presença do maestro, e em outras oportunidades conduziram sem o regente.

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Figura 7: Ensaio de naipe (cordas) com regente assistente

Fonte: A autora (2013)

Figura 8: Ensaio geral no auditório Onofre Lopes (EMUFRN)

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2.2.3.2Observações nos concertos

A maioria dos concertos oficiais da temporada de 2013.2 ocorreu na Escola de Música da UFRN, apresentando obras contemporâneas, como “A paixão segundo Alcaçus”, do compositor Danilo Guanais e obras de compositores como Beethoven, Brahms, Mendelssohn e Mozart. Os concertos observados, em ordem cronológica, foram: XXIII Abertura do Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música – ANPPOM, sediado pela EMUFRN em 22 de agosto de 2013; Abertura do IV Festival Internacional de Música de Câmara, EMUFRN, em 10 de setembro de 2013; Encerramento do Festival Semana da Música, EMUFRN, com participação de alunos inscritos no festival em 12 de outubro de 2013; Concerto do Parcerias Sinfônicas em Currais Novos/RN em 14 de outubro de 2013; Concerto OSUFRN e Orquestra de Câmara de Karlsruhe, Teatro Riachuelo – Natal/RN, em 21 de outubro de 2013 e João Pessoa/PB, UFPB, em 23 de outubro de 2013; Concerto do Parcerias Sinfônicas na Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura – CIENTEC/UFRN em 25 de outubro de 2013; Concerto do Parcerias Sinfônicas no Teatro Riachuelo, Natal/RN em duas récitas, em 28 de novembro de 2013; Concerto do Parcerias Sinfônicas em Mossoró/RN em 03 de dezembro de 2013; IV Concerto Oficial da OSUFRN na Semana do Violino, EMUFRN, em 12 de dezembro de 2013 e Concerto do Parcerias Sinfônicas em Caicó/RN em 16 de dezembro de 2013.

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Figura 9: Concerto erudito no auditório Onofre Lopes (EMUFRN)

Fonte: A autora (2013)

Figura 10: Concerto com repertório popular em Currais Novos/RN

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O concerto didático planejado para o semestre 2013.2 não aconteceu por impossibilidade de concordância em uma data comum entre as escolas convidadas e a direção da orquestra. Por isso, o concerto foi transferido para o mês de abril do ano seguinte. Para que as escolas participem do concerto didático é necessário que os interessados se comuniquem com a direção administrativa da orquestra e realizem o agendamento previamente. A partir dessa solicitação observa-se a disponibilidade de ambos, escolas e orquestra (maestro e músicos).

No concerto didático observado a orquestra recebeu mais de duzentas crianças, número que preencheu o auditório com capacidade para duzentos e cinquenta pessoas. Nesse tipo de concerto, os músicos estão mais à vontade, usam vestimentas como calças e camisetas, conversam entre si no palco, sorriem entre si e com as crianças ou jovens, contudo, percebi que esse comportamento não sinaliza que os músicos dão menos importância ao concerto didático, e sim significa que há um diálogo mais próximo com o público. De acordo com os dados coletados no campo, descrevo como aconteceu o concerto didático:

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condução do grupo por meio do gesto, exemplificando com a obra “El toreador” da ópera Carmen – Bizet, modificando o andamento e a dinâmica por vezes. Para que as crianças vivenciassem, chamou um menino e uma menina para reger e os músicos tocaram de acordo com o andamento estabelecido pela criança. Uma das crianças se destacou conseguindo manter precisão e andamento, modificando de acordo com sua vontade, com bastante firmeza, este foi reconhecido pelos colegas com muitos aplausos. Em seguida, o maestro agradeceu aos professores das escolas convidadas e a parceria do SESC/RN, finalizando o concerto com música e sendo aplaudidos de pé pelas crianças (DIÁRIO DE CAMPO, 10.04.2014).

Este concerto didático foi bastante dinâmico e interativo. Todos estavam à vontade no espaço, caracterizado como sala de concerto. Embora as orientações que antecederam o concerto tenham chamado atenção para a seriedade do ambiente, as crianças estavam deslumbradas com a música e com a orquestra. Elas naturalmente, se comunicavam com seus colegas, sorriam, apontavam para o grupo, aplaudiam, queriam responder as perguntas feitas pelo maestro, entre outros gestos de satisfação em participar daquele momento. E esse clima de descontração e encantamento contagiou a todos, músicos, maestro e pesquisadora.

Figura 11: Concerto didático

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2.2.3.3Observações durante as viagens

As viagens aconteceram em decorrência do projeto Parcerias Sinfônicas SESC/RN e EMUFRN apresentando o espetáculo “Vinícius –uma canção pelo ar”, nas cidades de Currais Novos, Mossoró e Caicó – Rio Grande do Norte, e também devido ao intercâmbio entre EMUFRN e a Universidade de Karlsruhe – Alemanha, com realização de dois concertos, um deles na Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa – Paraíba. Nessas viagens, estive em contato direto com os componentes do grupo, professores e equipe de apoio da OSUFRN e do SESC/RN, hospedando-me com eles no mesmo hotel/pousada, dividindo quarto com musicistas e regente assistente.

A divisão dos componentes era sugerida pela diretora administrativa em consonância com o hotel/pousada de cada cidade visitada. Sendo assim, sugeriram que eu ficasse no quarto de componentes com idade semelhante à minha e ao mesmo tempo com pessoas do grupo em que eu tinha maior afinidade. Em todas as atividades da orquestra fui bem acolhida e inserida como pertencente à equipe, viajando, hospedando-me e alimentando-me sem custos próprios. Nas viagens em que seria apresentado “Vinícius – uma canção pelo ar” utilizei a mesma camiseta que os componentes e equipe da orquestra, doada pelo SESC/RN, com a logomarca da parceria EMUFRN e SESC/RN, a qual apresenta e divulga o espetáculo enquanto os músicos ensaiam, fazem a passagem de som e trafegam na cidade.

Nas cidades visitadas em que havia mais tempo de permanência caminhei com alguns músicos e os acompanhei durante suas atividades em momentos livres. Em outras viagens mais rápidas8, os acompanhei também durante momentos em que estavam ocupados, buscando ajudar no que fosse preciso, sempre ao lado do arquivista e da regente assistente, com quem conversava bastante sobre aspectos gerais do grupo. Assim, selecionei duas viagens, onde descrevo a partir do diário de campo, o concerto popular de estreia na cidade de Currais Novos/RN e o concerto erudito em João Pessoa/PB.

9h40 de 13/10/13, partindo da EMUFRN, a viagem com destino a Currais Novos seguiu tranquila, em três ônibus – dois deles com banda base, músicos e instrumentos da orquestra, e um micro-ônibus com cantores e atores. Além destes, um caminhão baú seguiu para Currais Novos no dia anterior com instrumentos de percussão e contrabaixos acústicos acompanhados por um servidor na EMUFRN. Durante a viagem, o SESC/RN providenciou água e lanche para todos. Ao chegar a Currais Novos, às 12h00 fomos direto para o restaurante almoçar – self-service e

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