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Perspectiva de futuro e profissionalização dos músicos

A OSUFRN tem desenvolvido sua prática musical coletiva objetivando participar da formação musical de jovens músicos pertencentes à educação de nível médio e superior. Essa prática contribui para o desenvolvimento musical, integral e humano de seus participantes visto que estimula a convivência em grupo, oportuniza o diálogo com músicos de referência, favorece o contato com outros públicos e os orienta acerca da prática orquestral brasileira e mundial.

As atividades desempenhadas pela OSUFRN, como a seleção de instrumentistas ingressantes, ensaios, concertos, viagens, entre outras, visam oferecer uma formação aos músicos voltada para o mercado de trabalho do músico, alcançando a profissionalização. Segundo Kimura et al. (2012, p. 11) “o processo de profissionalização estabelece estreitas relações com a formação profissional, uma vez que a instituição de uma agência formadora caracteriza-se como um dos estágios do processo de desenvolvimento das profissões”. Segundo Hikiji, (2006, p. 67-68), “há também uma cultura específica do aprendizado do instrumento de orquestra, que implica, em algum momento, a participação do aprendiz em algum conjunto musical e o aproxima da efetiva possibilidade de profissionalização”.

Para Kimura et al., (2012, p. 11) esse processo corresponde ao “conjunto de conhecimentos que abrange saberes e competências específicas referentes a um determinado campo de trabalho, e que o desenvolvimento destes conhecimentos está diretamente ligado ao processo de formação do profissional”. Nesse sentido, os alunos enxergam que a orquestra é um dos caminhos para sua formação. Reconhecem que praticam e potencializam o entendimento dos conteúdos vistos na teoria musical ou nas aulas de instrumento através da prática de conjunto. Durante as entrevistas com os músicos, os conteúdos citados foram: afinação, percepção, aprendizagens com os diversos tipos de repertórios (erudito; popular; regional, brasileiro e estrangeiro); identificação de timbres diferentes, dedilhados, fraseologia e técnica do instrumento. Sobre estes, os alunos Elias, Thales e Pedro fazem referência com sua aprendizagem.

Elias (2014) lembra que no seu instrumento, em específico, consegue identificar conteúdos trabalhados em sala de aula, mas bastante comum durante a prática de orquestra

como: respiração e ataques. Para Thales (2014), a prática de orquestra é imprescindível para colocar em prática técnicas aprendidas teoricamente durante o curso de formação como afinação, articulação, e independência. E Pedro (2014) entende que através do contato cotidiano com o grupo, aprende-se ainda sobre regência, porque é “como você ser o seu maestro [...] eu uso muito isso em peças solos que vou tocar, questões de compassos, que a gente vai vendo a regência e vai conseguindo entender um pouco mais” (informação verbal), correlacionando assim, seus conhecimentos para além da performance na OSUFRN.

Referente à interpretação musical, os pesquisados concordam que a estética da música também é vista durante o curso de instrumento, geralmente com o professor ao lado, mas na orquestra eles ganham essa independência, buscando identificar o caráter de cada obra e de seus compositores durante seus estudos, antes mesmo da passagem e indicações do maestro. Por esse motivo, Tásia (2014) acrescenta que não se pode desvincular o conteúdo da teoria visto nos cursos técnico ou de graduação da prática desenvolvida na orquestra, pois é importante que cada músico possa utilizá-los, transpondo-os do papel para vivenciá-los na prática, “então é não separar, ao contrário, acrescentar!”(informação verbal). Desse modo, em concordância com Silva (2012, p. 126) “pode-se dizer que em qualquer orquestra, a formação musical e as experiências musicais dos músicos são diversas”.

Além dos conteúdos identificados, outro ponto destacado pelos músicos corresponde às habilidades necessárias ao convívio social, as quais são vistas como significativas para a convivência na prática orquestral. Diante disso, os conhecimentos vivenciados no contexto da orquestra são considerados relevantes para a vida e para o meio profissional. O músico Marcos (2014) relata que tocar na orquestra é:

Conseguir conviver em sociedade, o que a orquestra ensina muito bem. Tem que sentar ali, tem que respeitar, é preto, é branco, é homossexual ou não é, é azul, tem bolinhas amarelas no rosto e... não há um espaço, até pela proximidade de convivência tão grande, de você ter qualquer tipo de preconceito, racismo ou qualquer coisa como humano” (informação verbal). Sobre isso, o maestro André Muniz (2014) também ressalta a temática da convivência em grupo enquanto reflexo desse convívio em sociedade ao dizer que:

[...] se a gente deixa a parte musical e pensa na sociedade de uma forma um pouco mais ampla, esse respeito entre os contrários, coisas tão antagônicas, como o poderio do som do trompete versus a necessidade de agrupamento dos violinos para fazer frente a isso daí... Essa questão do respeito à diversidade que pode ser visualizada a partir de uma orquestra sinfônica, eu

acho que pode ser um grande exemplo pra todo conjunto da sociedade (informação verbal).

Corroborando com eles, Nicolau (2014) chama atenção para o interesse em transformar essa diversidade em unidade sonora, referindo-se à variedade de instrumentos musicais comuns às orquestras, assim como as lideranças e hierarquias presentes no fazer artístico orquestral:

Olha em geral, tá todo mundo sempre aprendendo a criar uma unidade sonora do naipe e do grupo porque quando a gente tá tocando em orquestra a gente segue ao mesmo tempo o chefe de naipe e o maestro. E o resultado é meio curioso [...] é uma ideia de reflexo, você tá se ouvindo, vendo e ouvindo os outros. Meio complexo. Tem que ter atenção, concentração, reflexo, flexibilidade, é muito importante ser flexível na orquestra, principalmente se você não é líder. Tem muita gente que não tem flexibilidade e isso acaba impedindo que o nível seja melhor por isso (informação verbal).

Nicolau (2014) comenta sobre as habilidades necessárias para atingir a unidade sonora, como saber ouvir, selecionar e absorver as informações presentes durante os ensaios e apresentações. Desse modo, a maioria dos músicos entende que essa flexibilidade citada por Nicolau (2014) é relevante para a formação dos mesmos, visto que poderão encontrar ambiente semelhante após a finalização dos cursos em andamento e o discernimento de como se comportar nas diversas situações de covivência em grupo poderá ajudá-los em suas carreiras profissionais. Nesse contexto, diante da perspectiva de futuro profissional, o aluno analisa que diferentemente do investimento em carreira solo, a orquestra é considerada um mercado possível e abrangente,

porque você sabe que música é difícil né e o mercado para a performance, um dos maiores é a orquestra. Então se você for solista, você tem que ser muito bom! Tem esse negócio de muito bom e tem, tipo – vagas. No mercado, o que tem vagas é orquestra, pra músico de orquestra (EDYSON, 2014) (informação verbal).

Outro componente da OSUFRN lembra que o futuro reserva incertezas quanto aos caminhos que serão traçados profissionalmente, mas participar da prática orquestral garante a preparação necessária para concursos e atuação em possíveis orquestras profissionais, como explicita abaixo:

Eu acho que [a OSUFRN] com certeza contribui bastante para o meu desenvolvimento musical, técnico e musical. Obviamente existe pessoas no

mundo inteiro que preferem não tocar em orquestra e preferem seguir uma carreira solista, por exemplo, tudo bem. Eu acho importante pra mim e pros meus colegas que toquemos em orquestra, por mais que futuramente eu não venha a tocar em orquestra, que por exemplo eu faça um concurso pra professor na universidade e passe, não precise mais tocar em orquestra. Mas acho que esse momento é bom pra mim, pra me preparar musicalmente, pra saber também o que é tocar num grupo com outras cabeças pensantes, não sei no futuro o que vai acontecer, se eu vou continuar tocando em orquestra, mas acho que agora é bastante válido como crescimento musical e humano também (ROBERTO, 2014)(informação verbal).

Diante dessa perspectiva de futuro e de incertezas, relatado por Roberto (2014), Corti e Souza (2004) lembram que nessa fase da vida os jovens se defrontam com grande quantidade de alternativas e possibilidades, por isso,

é importante que a sociedade lhe dê oportunidade de conhecer os vários papéis sociais possíveis de serem desempenhados no futuro, e de ensaiar e experimentar escolhas nesse sentido. Só assim ele poderá descobrir suas preferências e aptidões. [...] Faz parte desse processo poder reverter algumas escolhas feitas, como exercício de autoconhecimento e de ensaio para algumas decisões futuras. (CORTI; SOUZA, 2004, p. 27).

As autoras salientam que as escolhas efetivadas durante a formação dos jovens podem assumir caráter definitivo, assim como outras são provisórias e reversíveis, desse modo, “essa reversibilidade nas escolhas é algo fundamental na vivência juvenil” (CORTI; SOUZA, 2004, p. 27). Assim, diante da escolha em participar da orquestra sinfônica da UFRN, almejando construir seu futuro profissional, alguns alunos observaram que a participação nesse grupo também favorece um contato constante com o repertório de orquestra e isso os prepara para seleções de músicos efetivos nas orquestras brasileiras, devido ao fato de o repertório ser trabalhado ao longo do tempo.

Pensando nisso, Thales (2014) acredita ser salutar estudar trechos orquestrais e solos além do repertório visto durante as aulas instrumentais e durante a prática orquestral porque “no último concurso pra orquestra que foi feito, eram... das quatro peças solo apresentadas, três delas eu já tinha tocado e dos oito trechos de orquestra exigidos, eu já conhecia cinco, [então], facilita muito o trabalho” (informação verbal). Por isso, Marcos (2014), acredita que:

A orquestra, para nós daqui da universidade, soa muito como um laboratório de orquestra, de emprego. Quando fizermos um concurso vai ser essa realidade daqui multiplicada por vinte. Vai ser essa realidade de ensaio demorado e pesado, de chegar e sair na hora sem atraso, de trabalhar, receber o salário... Se faltou, desconta! Atrasou, desconta! É um laboratório (informação verbal).

Corroborando com ele, acerca desse cotidiano orquestral, Gil (2014) relata que na vida profissional,

você vai ter uma responsabilidade muito grande em orquestras profissionais, que já vem amadurecendo desde a orquestra da universidade em questões como horário, preparação de repertório, etc. porque a orquestra em si não se resume só ao momento daquelas duas ou três horas que o maestro está lá na frente ensaiando, tem um tempo de preparação antes, individual. Se você não tiver um costume pra fazer isso, não tiver uma preparação pra isso, quando chegar num nível profissional, [provavelmente] vai ter muitos problemas. Eu já participei de orquestras profissionais como [músico] convidado, e via isso (informação verbal).

Assim, a proximidade com o meio profissional em que os alunos convivem, através das atividades inerentes a OSUFRN, suscitam uma diversidade de percepções e habilidades necessárias ao desenvolvimento do grupo. A partir destas, promove-se instâncias de aprendizagens que consolidam a formação integral de seus participantes. Sobre esse aspecto Maria (2014) afirma que a prática musical coletiva na orquestra é um aprendizado para a vida, no sentido em que

você sempre tem que estar respeitando o local em que trabalha [...] Na nossa vida há hierarquias, e a orquestra também tem essa hierarquia: tem o seu chefe de naipe, tem o maestro, tem as pessoas que você deve conta [satisfação], porque se você vai chegar atrasado ou se você não vai poder vir para o ensaio, você pede orientação a eles, porque eles têm essa responsabilidade de líderes. Então, eles são seus líderes naquele lugar, que é um ambiente de trabalho. Você aprende essa formação e [consequentemente] estará se relacionando bem com as pessoas também. Por que deve ser [muito chato] tocar numa orquestra em que você não se relaciona bem com a pessoa que está sentada do seu lado e você vai ter que tá toda vida do lado dela, tocando do lado dela... Por isso, você tem que criar bons relacionamentos. Isso é importante pra vida. Além das outras coisas que você acha que ajuda no seu dia a dia, está a orquestra, tocar na orquestra. Sei lá, desenvolver o seu intelectual, organizar seus pensamentos, não sei. Acho que tudo isso colabora para a aprendizagem (informação verbal).

Portanto, participar de um grupo como uma orquestra que exige disciplina, cumprimento de horários, estudo, dedicação e amplia o universo de conhecimento através de viagens e intercâmbios, entre outros aspectos, faz com que os alunos vislumbrem objetivos futuros. Muitos deles não sabem qual será seu futuro profissional, mas desde já, têm consciência da trajetória que estão trilhando no presente para obter um futuro promissor enquanto músicos solistas, músicos de orquestras ou docentes. Eles veem e ouvem relatos de

músicos que escolheram caminhos diversos e como jovens estudantes, se preocupam com o mercado de trabalho do músico profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Objetivando compreender como acontece a aprendizagem musical na Orquestra Sinfônica da UFRN foi relevante adquirir conhecimento acerca da origem e estrutura de funcionamento deste grupo, em específico, inserido na escola especializada de música e no contexto universitário. Ao longo do trabalho foram discutidos aspectos relacionados ao ensino e aprendizagem musical no âmbito das práticas musicais coletivas, identificando o público participante, o espaço em que se desenvolviam estas atividades musicais, os objetivos propostos e os resultados encontrados para cada investigação da literatura estudada.

Durante esse percurso percebe-se que a produção acadêmico-musical aponta para direções relacionadas à performance, saúde no trabalho do músico e educação musical. Com foco na aprendizagem musical me detive a analisar a literatura que tratava da prática musical coletiva em espaços vinculados a projetos sociais e escolares. Essa análise me permitiu concluir que esses espaços estudados, sob a perspectiva do contexto orquestral, apresentaram maneiras de se desenvolver a musicalização em grupo e revelaram as relações presentes na convivência da prática musical coletiva. Demonstrando que poucos autores tratam sobre o assunto, ao mesmo tempo que há a continuidade da produção acadêmico-científica dos mesmos.

Vivenciar os fazeres da OSUFRN foi bastante dinâmico e interessante. Em todo tempo, durante o acompanhamento do grupo, buscava o olhar da pesquisadora diante das situações presenciadas. Essa preocupação ajudou para que as reflexões acerca da aprendizagem se organizassem aos poucos, conduzindo a investigação para o entendimento das práticas musicais coletivas, das relações e relacionamento dos jovens com a música, e para a formação musical do instrumentista, sobretudo nesse espaço de ensino especializado.

Embora a orquestra sinfônica da UFRN tenha resultados semelhantes a outros grupos inseridos no contexto orquestral, apresenta diversas singularidades, encontradas e analisadas nesta investigação. Nesse sentido e de acordo com Arroyo (2000, p. 16) “o que importa são os significados locais, isto é, como cada agrupamento humano confere sentido às suas práticas culturais, incluindo aí as músicas”, pois a autora enfatiza que “os significados dos fazeres musicais devem ser considerados em relação aos contextos socioculturais e aos processos de interação social que lhes deram origem”.

Nesta perspectiva, a partir dos dados identificados no campo empírico, foi possível compreender que a aprendizagem dos músicos da orquestra sinfônica da UFRN acontece em

diversas instâncias de aprendizagem, como ensaios, concertos, viagens e intercâmbios, nas relações interpessoais, na convivência com o maestro e com músicos convidados, nos estudos individuais e coletivos, no compartilhamento de saberes, nas relações sociomusicais, entre outras, que se desenvolvem no âmbito do contexto orquestral. Em concordância com Silva (2012, p. 24), as vivências, as construções musicais e de relacionamento produzidas no grupo é um percurso que passa, dentre muitas outras questões, pela a compreensão do ensino e aprendizagem musical nesse espaço.

Desse modo, os alunos acreditam aprender durante a prática musical coletiva, chamando atenção para a identificação de conteúdos musicais relacionados à teoria musical e à prática coletiva, como a afinação, percepção, assimilação de timbres diferentes, dedilhados, fraseologia, técnica do instrumento, repertório e a constante necessidade de ouvir o outro. Aliar aspectos teóricos ao fazer prático do grupo possibilita mudanças de postura e de comportamento no decorrer das experiências vividas coletivamente, pois as atividades desenvolvidas pelo grupo contribuem para isso, visando possibilitar uma formação musical que oriente seus componentes a adquirir autonomia de sua aprendizagem, preparando-os para o futuro profissional.

A prática musical coletiva se efetiva como um espaço de ensino, aprendizagem, convivência e sociabilidade, onde seus participantes interagem entre si, dialogam sobre suas experiências, divergem sobre assuntos de interesse comum, concorrem entre si visando galgar espaço, visibilidade e oportunidades de empregabilidade. Entretanto, na OSUFRN há colaboração mútua, compartilhamento de saberes e prevalece a amizade entre eles no cotidiano. Esta amizade sobressai às possíveis desavenças de convivência nos ensaios de naipe, ensaios gerais, apresentações e viagens, pois além desse contato, seus participantes se relacionam no dia a dia universitário entre aulas de instrumento e aulas teóricas de seus respectivos cursos, mantendo uma relação sociomusical que ultrapassa o convívio no grupo.

Neste espaço, o maestro, por sua vez, preocupa-se em contribuir para a formação musical integral de seus músicos, oferecendo uma visão ampla acerca do repertório trabalhado, dos valores e costumes comuns a um grupo orquestral profissional, estimulando- os a se comportarem como profissionais para que sejam autônomos em sua aprendizagem e busquem melhorar suas performances diariamente. Em uma função também educacional, o maestro André pretende que os alunos compreendam suas orientações e busquem se ouvir para que a produção sonora seja efetivamente coletiva e não individualista. Para isso, planeja os ensaios e faz uma leitura geral da composição para colaborar com o desempenho dos músicos frente às dificuldades técnicas e à harmonia do grupo.

Embora as exigências solicitadas aos músicos sejam semelhantes às orquestras profissionais, a OSUFRN é um grupo acadêmico, composto por alunos em formação musical, com diferentes níveis de apropriação técnica em seu instrumento, variando entre iniciantes e alunos concluintes. Essa diferenciação de formação nos remete a diferentes níveis de apropriação do conhecimento e de absorção das informações que resulta em disparidade técnica decorrente do modo de ingresso no grupo. A seleção de músicos instrumentistas seleciona um número restrito de participantes, mas em contrapartida, oportuniza o ingresso de jovens iniciantes em seus instrumentos para que possam desenvolver-se dentro do grupo, adquirindo habilidades e conhecimentos técnicos necessários à atuação em uma orquestra sinfônica.

Nessa dinâmica e na perspectiva da formação do músico, os componentes da orquestra, entrevistados, não se incomodam com essa postura profissional adotada no desenvolvimento das atividades do grupo, pois se preocupam em adquirir experiência necessária nesse tipo de formação musical. Os dados demonstram ainda, a importância dada pelos músicos da OSUFRN quanto à possibilidade de conhecer e se relacionar com outros músicos e maestros de referência musical e profissional. Essa possibilidade de “conhecer pessoas com experiências de vida diversas das suas dá aos jovens referências, opções: aponta caminhos, acertos e erros, possibilidades” (HIKIJI, 2005, p.163), pois permite aos estudantes diversificar e ampliar seus conhecimentos acerca da performance, contribuindo para que se preparem para o mercado de trabalho.

Dentre as atividades do grupo, as apresentações configuradas como o resultado sonoro final de todo processo de apropriação e desenvolvimento musical são citadas como um momento de tensão e ansiedade, entretanto, é um fazer orquestral reconhecido como significativo para aprender a lidar com o controle emocional e para interagir com o público, apreciador da música erudita e/ou popular. A aprendizagem por meio dos concertos se configura também, como outra instância que permite a vivência no grupo, suscita experiências e mudanças de comportamento durante os processos de aprendizagem, sendo considerado um momento imprescindível para a formação dos músicos.

O trabalho desenvolvido na OSUFRN visa oferecer uma formação musical que contemple o desenvolvimento da técnica instrumental em grupo, em nível de alta performance, objetivando que seus músicos se profissionalizem e atendam as exigências do mercado de trabalho. Desse modo, pode-se dizer que a OSUFRN busca desenvolvê-los artisticamente, objetivando melhor desempenho técnico, performático, social, emocional e

cultural, efetivando-se assim, como uma proposta de educação musical instrumental integral e humanizadora.

Sendo assim, os dados desta investigação apontaram que a aprendizagem musical se efetiva na OSUFRN através das instâncias de aprendizagem percebidas nos ensaios (naipe e geral); concertos (erudito e popular); na convivência com o maestro e entre músicos; com professores colaboradores do projeto e músicos convidados; individualmente; nas viagens e intercâmbios com outros grupos orquestrais. Contudo, esta pesquisa não teve a pretensão de encerrar as discussões da temática, trazendo contribuição no aspecto da aprendizagem no contexto orquestral, mas consciente de que há outras perguntas e possibilidades de estudo diante desse grupo.

De maneira geral, a orquestra sinfônica da UFRN apresenta-se como um campo diversificado e aberto a novas investigações, visto que este é o primeiro estudo realizado acerca de suas atividades e características. Dentre as possibilidades de pesquisa, acredita-se