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Diagrama 4 – Percurso de P3

2 REFLEXÃO E AÇÃO DOCENTE: A CONSTITUIÇÃO DE UMA PRÁTICA

4.1 OPÇÃO METODOLÓGICA

Para analisar as possíveis contribuições do CNSMI para o processo de reflexão dos professores, busquei identificar elementos que mostrem “como” o professor mobiliza a reflexão e reconstrói seu saber sobre o trabalho docente e se isso pode ter relação com a formação que vivenciou. Isto é, busquei coletar dados que pudessem trazer respostas significativas para o problema, que oportunizassem a compreensão da positividade/contribuição dos processos formativos, indicados como reflexivos. Para tanto, num percurso dessa natureza, há que se buscar a qualidade e a validade dos dados obtidos e da análise que se faz sobre os mesmos.

Dessa maneira, a pesquisa desenvolveu-se num enfoque descritivo-interpretativo, numa abordagem qualitativa, considerando que nesta tem-se o ambiente natural como fonte direta de dados; todos os dados coletados são importantes e predominantemente descritivos; a preocupação maior é com o processo, com a complexidade da trajetória dos participantes; o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são objeto de atenção do pesquisador; a análise dos dados segue um processo indutivo (BOGDAN e BIKLEN, 1994). Pude, ao longo do meu percurso de pesquisa, compreender melhor a força dessas afirmativas, pois à luz de autores como Ludke e André (1986), Yin (2002), Costa e Paixão (2004), André (2005), reconheço que uma abordagem interpretativa centra-se na relação entre os indivíduos e seus contextos, valorizando-se a atribuição de sentidos fornecida pelos sujeitos investigados e também pelos investigadores. Nesse caso, são essenciais a identificação, a descrição, a explicação e compreensão de processos que envolvem a vida humana e, para tanto, faz-se

necessário construir significados a partir de um conjunto de dados obtidos nos contextos em que o fenômeno ocorre, utilizando-se de métodos que permitam uma leitura compreensiva do objeto investigado. Costa e Paixão (2004) afirmam que a interpretação que fazemos da realidade centra-se na necessidade de refletir no como é que sabemos o que sabemos, reforçando ainda que o pesquisador assume seus pontos de vista sobre os fenômenos que investiga, contudo mantém uma atitude aberta e flexível, admitindo o diálogo com outras interpretações.

Outra opção para o delineamento da pesquisa foi a de que este estudo não seria de representatividade do curso e de generalização dos resultados, mas sim de profundidade, com o objetivo de analisar os processos reflexivos de professores na relação com o curso que realizaram. Inseriu-se no projeto a perspectiva do “Estudo de Caso”, pois este é um tipo de investigação descritiva, que busca o conhecimento do particular e singular, possibilita a compreensão de um percurso inserido numa totalidade. A finalidade do trabalho constituiu-se em explicar a evolução das análises de alguns professores durante o curso e o significado de cada trajetória. Dessa forma, a pesquisa foi na direção de selecionar um número pequeno de casos para estudar em profundidade, buscando-se captar o máximo daquilo que se investiga, não desprezando suas particularidades.

A definição pelo citado tipo de pesquisa fez-se em função de que os estudos de casos buscam o conhecimento do particular, são descritivos, indutivos, buscam a compreensão do processo inserido numa totalidade. Yin (2005, p. 19) afirma que deve ser dada preferência a essa metodologia quando: “as perguntas da pesquisa forem do tipo ‘como’ e ‘por que’; quando o pesquisador tiver pouco controle sobre aquilo que acontece ou que pode acontecer; e quando o foco de interesse for um fenômeno contemporâneo que esteja ocorrendo numa situação de vida real”. Pertinente é a observação de Costa e Paixão (2004) sobre esse conceito, quando afirmam que, neste tipo de estudo, realmente não convém que se tenha controle sobre os acontecimentos, pois qualquer tentativa de controle de variáveis equivaleria a uma distorção do fenômeno, descontextualizando-o de seu ambiente e transformando-o num outro caso.

Tendo em vista a compreensão de processos, inseridos numa totalidade, definiu-se ainda que a pesquisa relacionava-se à perspectiva de “Estudo de Casos Múltiplos”, em que os sujeitos estão sendo considerados como unidades de análise, porém inseridos numa totalidade constituída por todo um percurso formativo, em que um conjunto de dimensões pessoais, profissionais, contextuais está em permanente relação. Nessa dimensão, as unidades de análise podem apresentar características semelhantes, fato que as incluem num mesmo

conjunto. Neste caso, a preocupação centra-se no curso que realizaram e nas contribuições dos processos formativos desenvolvidos. Por outro lado, essas unidades de análise podem apresentar aspectos diferenciados e idiossincráticos, que demonstram a forma como cada sujeito apropriou-se do curso e construiu seu percurso.

Espera-se produzir um tipo de conhecimento sobre o pensamento dos professores a partir de um conjunto de resultados que possa contribuir para uma teoria sobre processos formativos. Trata-se, no dizer de Yin (2005), de generalizar as descobertas para uma teoria e estimular novas pesquisas, isto é, a teoria gerada numa pesquisa de casos particulares torna-se instrumento para examinar outros dados, em outros casos semelhantes, oportunizando uma possível contribuição para uma determinada área. André (2005), apoiando-se em Stake, enfatiza que fundamental no Estudo de Caso é o conhecimento que se deriva do mesmo, isto é, o que se aprende ao estudar um caso. Nesse sentido, é possível entender duas importantes características do Estudo de Caso: a heurística e a indução. A primeira permite visualizar que um estudo de caso pode revelar a descoberta de novos significados, estendendo a experiência do leitor ou confirmando o que já se conhece. A segunda característica aponta que os estudos de caso baseiam-se na lógica indutiva, ocorrendo descoberta de novas relações, conceitos, compreensão do fenômeno, mais do que verificação de hipóteses pré-definidas.

4.2 A SELEÇÃO DOS CASOS, DEFINIÇÃO DOS DOCUMENTOS DE ESTUDO E