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3 AÇÕES AFIRMATIVAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

4.1 OS RELATOS DOS ENTREVISTADOS

A realização da pesquisa, como dito anteriormente, compreendeu 17 entrevistas – cada uma singular à sua maneira, seja pelo teor dos relatos obtidos, pela maneira como os participantes se expressavam durante a entrevista, pelas emoções que cada lembrança desencadeava durante esses relatos, pelo modo como haviam elaborado em si as experiências vividas e as expectativas e planos para o futuro. Cada um sujeito de sua história. Mas cujas

79 De acordo com o levantamento feito pelo IBGE, publicado na “Síntese de Indicadores Sociais 2018” (IBGE,

2018), o Maranhão é a unidade da federação com a situação mais grave em termos de condições de vida de seus habitantes, com 54,1% da sua população sendo composta por pessoas em situação de pobreza.

histórias se encontravam permeadas de coincidências e distâncias entre si, na medida em que partiam de semelhantes situações identificadas na pesquisa.

Os perfis dos entrevistados serão apresentados conforme ano e curso de graduação no qual ingressaram na UFMA/Imperatriz, o que se expressa na seguinte ordem: cotistas de Direito e Pedagogia que ingressaram em 2007; cotistas de Direito e Pedagogia que ingressaram em 2012; e cotistas de Direito e Pedagogia que ingressaram no ano de 2016. Como informado anteriormente, todos os nomes apresentados são fictícios.

Por meio dos relatos obtidos, pude visualizar algumas convergências e antagonismos no que se refere às condições de vida desses sujeitos, ao apoio familiar, à escolarização e à vivência como acadêmicos da UFMA – elementos que me forneceram uma compreensão dos desafios estruturais a partir dos quais eles construíram sua individualidade, além de um olhar sobre o processo de expansão e democratização da universidade a partir dos efeitos produzidos em um campus do interior.

4.1.1 Cotistas de Direito – 2007

- Carolina: “Se eu chegar num local e disser que eu sou só professora, é uma coisa. Se eu digo que eu sou advogada o olhar muda. Eu acho que não deveria ser assim, eu me orgulho muito mais da minha profissão de professora, do que de advogada”.

Carolina foi minha primeira entrevistada. Já nos conhecíamos pela proximidade que tivemos enquanto aluna e professora no curso de Direito da UFMA, onde lecionei para sua turma nos últimos períodos antes da formatura. Ao estabelecer contato com Carolina alguns anos depois no intuito de entrevistá-la, ela sugeriu seu local de trabalho para a realização: o Instituto Federal do Maranhão (IFMA). A entrevista ocorreu em uma manhã de fevereiro de 2017, próxima ao horário do almoço, numa sala reservada e sem interferências externas durante a conversa.

Carolina é natural da cidade de Colinas/MA. Aos dois anos, a família se mudou para região tocantina do Estado. Devido ao trabalho dos pais, comerciantes, Carolina passou o ensino fundamental alternando entre escolas públicas (polos estaduais e municipais) das cidades de Imperatriz e Açailândia. O ensino médio, por sua vez, foi cursado integralmente na cidade de

Imperatriz, onde ingressou por meio de seletivo na escola Graça Aranha, a única da rede estadual a realizá-lo por ser considerada, na época, uma das melhores da cidade e em razão das poucas vagas que não atendiam à demanda que havia. A mãe possui nível médio e o pai ensino fundamental.

O ensino médio de Carolina foi concluído em 1992, porém seu ingresso no curso de Direito da UFMA se deu apenas em 2007, quando tinha 29 anos de idade. Isso porque, quando concluiu o ensino médio, preferiu ingressar no mercado de trabalho, tendo exercido a função de secretária em uma associação de classe. Foi quando em 1997 decidiu prestar o vestibular para o curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), passando a conciliar o trabalho de secretária com os estudos no ensino superior.

No último semestre de sua graduação na UEMA, Carolina foi aprovada em concursos públicos para professora, onde assumiu o cargo inicialmente na cidade de Montes Altos/MA. Após a formatura em Geografia, também passou em concurso público para professor no estado do Tocantins. Anos depois, decidiu prestar o vestibular para Direito, nele ingressando na reserva de vagas para egressos de escola pública. Não optou pelas cotas raciais, apesar de se considerar negra. Era o primeiro ano de implantação da política de cotas na UFMA. Para dar conta de trabalho e estudo em diferentes localidades, Carolina percorria diariamente 80 quilômetros tanto na ida quanto na volta.

Quando ingressou no curso de Direito da UFMA/campus Imperatriz, Carolina morava sozinha, possuía uma renda mensal de quatro mil reais, mas se encontrava insatisfeita com a profissão de professora e com as dificuldades de conciliar o trabalho em tempo integral e as constantes locomoções entre um estado e outro, o que lhe moveu a estabelecer novos horizontes por meio das possibilidades de concurso público que a graduação em Direito oferecia.

Antes do final do curso de Direito, porém, mudou sua concepção. Com a aprovação no concurso público para o cargo de professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA, onde assumiu na cidade de Imperatriz-MA, deixando o cargo de professora no estado do Tocantins, Carolina disse ter se reencontrado na profissão. Atualmente, com mestrado na área e cursando o doutorado em História, além de uma remuneração mensal em torno de seis mil reais, Carolina busca conciliar as duas formações. Além da docência no IFMA, o intuito agora é auxiliar o marido, recém-graduado em Direito, no exercício da advocacia.

- Roberto: “Eu cheguei aqui sem nada, morando na casa dos meus tios de favor e hoje eu sou advogado”.

Assim como Carolina, Roberto, ao ser contactado para a entrevista, também sugeriu seu local de trabalho para a realização da mesma: um escritório de advocacia que tinha em sociedade com outros colegas advogados, localizado no centro da cidade de Imperatriz. A entrevista se deu num horário também próximo ao almoço, em março de 2017. Ao chegar, fui recebida em sua sala, um espaço reservado, bem decorado, com muitos livros, estátua e quadros que remetiam à deusa da Justiça. Ali ele atendia seus clientes e elaborava suas petições.

Roberto veio de São Luís para Imperatriz em busca de uma vaga no ensino superior público. Seus pais eram separados e sua mãe havia educado sozinha a ele e ao irmão mais novo. Por haver cursado o Magistério no ensino médio, a renda da mãe era obtida a partir de aulas particulares que ela dava em sua casa, localizada no bairro João de Deus, periferia da capital São Luís. Roberto conta que cursou o ensino fundamental numa escola comunitária, mantida por uma associação filantrópica espírita que construiu a escola no bairro onde ele morava. Com professores qualificados, ele disse ter obtido ali uma boa base educacional, diferentemente do ensino médio, cursado na Escola Técnica Estadual Bacelar Portela, localizada no bairro Ivar Saldanha, uma área também pobre de São Luís.

O desejo de ingressar no ensino superior, após duas tentativas frustradas no vestibular em São Luís, levou Roberto, sem o conhecimento da mãe, a prestar vestibular para o curso de História da UEMA em Imperatriz, onde conseguiu aprovação. No ano de 2004, mudou-se então para Imperatriz, indo morar com uma tia, técnica em enfermagem aposentada com renda mensal de um salário mínimo, que ele sequer conhecia. Depois, foi morar com um tio professor da rede estadual, cuja renda era maior (cerca de dois a três salários mínimos), que possuía três filhos e que, a partir daquele momento, com Roberto, passou a ter a quatro. Todos na casa viviam daquela renda.

Quando estava no 6º período do curso de História, Roberto, que sempre tivera o desejo de ingressar no curso de Direito, resolveu prestar o vestibular da UFMA em Imperatriz. Na época, por conta do curso de História, já dava aulas em uma escola particular como horista, trabalhando também em uma reprografia no turno da tarde. A renda que obtinha era toda para arcar com os custos dos seus estudos, algo que o tio de Roberto fazia questão. Assim, ingressou

no ano de 2007, aos 23 anos, no curso de Direito da UFMA em Imperatriz, na categoria cotas para negros: “me identifico como negro, de raízes africanas, pela minha própria cidade que teve essa construção histórica, me considero preto”. Seus relatos trazem, desde a infância, referência a situações de discriminação racial.

Levando o curso de Direito paralelamente ao curso de História, Roberto graduou-se nesse último em 2009, prestando também naquele ano concurso para professor na cidade de Senador La Roque, próxima a Imperatriz, sendo aprovado em quarto lugar. Em 2012, mesmo ano em que se graduou no curso de Direito, foi nomeado e tomou posse no cargo. Após três tentativas no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) obteve aprovação e começou a exercer a advocacia, conciliando-a com as aulas de História no município de Senador La Roque.

Ao descrever sua situação na época da entrevista, ou seja, dez anos depois de ingressar no curso de Direito e cinco anos após sua formatura, Roberto diz levar uma vida confortável, com muitas vantagens em relação aos pais que deixou em São Luís. Ainda tem pretensões de um dia ingressar no Ministério Público ou na Defensoria – algo para o futuro, uma forma de dar um retorno social, como o magistério que exerce em escola pública municipal, para as oportunidades que o Estado e a sociedade lhe ofereceram. Um dia antes da entrevista, ele havia dado uma palestra para estudantes da rede pública do terceiro ano do ensino médio, falando de sua experiência e das oportunidades que aproveitou. Periodicamente, ele e os sócios prestam assessoria jurídica popular em comunidades carentes de Imperatriz e cidades vizinhas.

- Gilson: “Eu costumo dizer que eu nem sabia que eu iria conseguir chegar tão longe, se eu contar a história de onde eu saí até chegar aqui”.

A entrevista com Gilson aconteceu nas dependências físicas da Unidade Centro da UFMA/campus Imperatriz, numa sala de vídeo disponibilizada pela Direção do CCSST. Assim, como Carolina e Roberto, Gilson também atendeu prontamente minha solicitação de entrevista. Por trabalhar em outra cidade (Marabá/PA), mas possuir residência em Imperatriz, combinamos a entrevista para uma sexta-feira, numa data em que ele estaria de folga do trabalho. Assim, no início de uma tarde nublada do mês de fevereiro de 2017, aguardei Gilson na portaria da universidade, que acabava de vir da sua prática desportiva favorita no momento, o ciclismo.

Com antecedentes socioeconômicos bastante adversos, Gilson, apesar de nascido em Imperatriz, foi ainda pequeno com a família morar em uma cidade do interior do Pará, chamada Novo Repartimento. Os pais eram lavradores, hoje aposentados, cujo nível de escolaridade do pai foi até a quarta série do ensino fundamental. A mãe, considerada semianalfabeta, segundo Gilson, mal sabe escrever seu nome. Além de Gilson, a família é composta por mais sete irmãos e a renda familiar na época em que este vivia com os pais era cerca de dois salários mínimos.

Gilson cursou todo o ensino fundamental na escola municipal de Novo Repartimento. O ensino médio, por sua vez, era ofertado pelo Estado numa espécie de sistema modular, pois não havia escola estadual naquela localidade. Os professores vinham de Belém e o conteúdo de um ano inteiro de uma determinada disciplina era visto em três meses. Ao final desses três meses, professores de outras disciplinas para lá se dirigiam a fim de lecionar seus respectivos conteúdos no mesmo prazo. Gilson concluiu o ensino médio aos 21 anos de idade. Vislumbrando o curso de Direito na UFMA, por conta de um primo advogado que inspirava toda a família, mudou-se para a casa da avó em Imperatriz.

Ciente da deficiência que tivera no ensino médio, Gilson se inscreveu em um cursinho pré-vestibular particular. Para arcar com os custos, trabalhava como cobrador numa loja de móveis da cidade durante o dia. Levou um ano até prestar o primeiro vestibular, que fez para Química na UEMA e para Direito na UFMA. Logo foi aprovado na UEMA, ingressando no ensino superior no ano de 2001. O ingresso no curso de Direito da UFMA se deu em 2007, quando tinha 26 anos de idade, na quinta tentativa. Nessa época, ele já era soldado da Polícia Militar aprovado em concurso e graduado em Química, com remuneração mensal em torno de mil e duzentos reais. Inscrito nas cotas raciais, quando lhe perguntei sobre o que lhe motivou a fazer essa opção, uma vez que se enquadrava também na opção de escola pública, Gilson, além de ter sentido certa segurança em se inscrever nessa modalidade de concorrência, ressaltou também sua condição de negro, por sua cor e pela sua ancestralidade.

Os caminhos trilhados por Gilson envolvem diversas aprovações em concurso público. Durante o curso de Direito, ele foi aprovado nos concursos para Oficial de Justiça do Estado do Maranhão, Técnico do Ministério Público Federal (MPF) e Analista do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJ/MA). Optou por exercer o cargo de Técnico do MPF, por ser em Imperatriz e assim continuar estudando com tranquilidade para outros concursos.

Em 2013, um ano depois de sua formatura, ele foi aprovado em concurso público no Estado do Pará, exercendo atualmente o cargo de Delegado de Polícia Civil na cidade de

Marabá/PA, cuja jornada de plantões lhe permite possuir residência também na cidade de Imperatriz/MA. Em nenhum dos concursos públicos em que Gilson se inscreveu houve previsão de cotas para negros. Quando lhe perguntei se as utilizaria num próximo concurso em que elas estivessem previstas, seja para a Magistratura ou para o Ministério Público, ele disse que não via tanta diferença na utilização das cotas haja vista esses concursos serem difíceis até para atingir a pontuação mínima. Mas se tiver no edital e ele se enquadrar “sim, é sempre uma possibilidade a mais”.

Os vínculos de Gilson com Imperatriz/MA estão mais fortes. É pai de uma menina, fruto do casamento com uma colega do curso de Direito em 2009, de quem hoje se encontra divorciado. Suas folgas são aproveitadas com tranquilidade em Imperatriz, onde aproveita para praticar o ciclismo. Ao passar e ver pessoas trabalhando debaixo do escaldante sol que castiga a cidade na época da estiagem, lembra que já passou por aquilo, quando era cobrador de loja de móveis.

Gilson afirma que sempre que visita a família na cidade de Novo Repartimento no Pará, há sempre um estranhamento por parte das pessoas que com ele conviveram na juventude. Dos seus irmãos, dois trabalham como vigia, uma é professora do município (com Magistério, porém sem formação superior), um é pedreiro, um é moto taxista e uma outra irmã é merendeira. Gilson acredita que sua renda hoje é maior do que a de todos os sete irmãos juntos. “Uma mudança muito grande, que ninguém acredita”, conclui ele.

4.1.2 Cotistas de Pedagogia - 2007

- Milena: “Eu queria entrar na universidade, terminar, passar num concurso público, me estabilizar, ter um dinheiro pra eu ter minhas coisas, porque antes eu não podia ter nada”.

Milena foi minha primeira entrevistada do curso de Pedagogia. Consegui chegar a ela por meio de sua ex-colega de turma, que ingressara em 2007, e que tinha bastante contato com os que haviam sido meus alunos no curso de Direito. Nossa entrevista foi numa noite de março de 2018, após seu horário de trabalho, numa sala de aula que estava disponível na Unidade Centro da UFMA/campus Imperatriz. Quando cheguei, Milena me aguardava na área de

convivência. Enquanto ainda conversávamos naquele local, uma professora do curso de Pedagogia a reconheceu, se aproximou e cumprimentou sua ex-aluna. Após uma breve conversa entre ambas, virou-se para mim e disse o quanto Milena havia mudado, para melhor, em comparação à época em que era apenas uma aluna recém-chegada na universidade. Estava mais bonita e confiante. Bem diferente daquela menina tímida, de aparência simples e insegura.

A timidez de Milena se mostrou bem presente no início da entrevista. Porém, na medida em que ia se redescobrindo em suas memórias, Milena foi se sentindo mais à vontade para falar. Ela nasceu na cidade de Coroatá/MA. Sua família se mudou para Imperatriz na década de 1990, quando ela tinha por volta de dois anos de idade. A mãe, dona de casa, não chegou a concluir o ensino fundamental. O pai, que exerce a profissão de mecânico de automóvel, sempre gostou muito de estudar, conseguindo graduar-se em Teologia por um instituto particular ligado à Igreja evangélica que frequentam. O valor da mensalidade era simbólico. A renda da família era de dois salários mínimos. Além dos pais, a família era composta também por um irmão mais novo.

Milena cursou todo o ensino básico em escola pública. O ensino médio foi cursado na escola estadual Amaral Raposo, a qual se tornou anos depois o Colégio Militar Tiradentes. Antes de prestar o vestibular, Milena cursou três meses de cursinho particular. Apesar de inclinada ao curso de Direito, não se via em condições de passar. Por sugestão do pai, escolheu o curso de Pedagogia, sem saber ao certo o que esse curso compreendia. Segundo o pai de Milena, era uma forma de ingressar logo na universidade, conseguir um emprego e depois, se assim desejasse, fazer o curso que de fato quisesse cursar.

Assim, aos 19 anos ingressou no curso de Pedagogia, por meio da categoria de cotas para estudantes egressos de escola pública. Segundo Milena, a ficha de inscrição do vestibular foi preenchida no próprio cursinho que ela frequentava, durante uma explicação sobre a forma como deveriam preencher o formulário. Foi quando ficou sabendo da implantação das cotas, optando por concorrer nessa categoria. Milena se autodeclarava como parda, mas depois de uma experiência vivida em sala de aula durante o curso de Pedagogia, deixou de relativismos. Passou a se declarar negra. Sua primeira atividade remunerada também foi na universidade, onde auxiliava no laboratório de informática e recebia por mês uma bolsa de cento e cinquenta reais, que utilizava para pagar as despesas com material do curso.

Quando estava na metade do curso, surgiu a oportunidade dos seletivos da Prefeitura Municipal de Imperatriz para professor. Vendo que lhe era permitido participar, se inscreveu e

foi selecionada. Começou a trabalhar numa creche municipal no bairro do Bacuri, uma das áreas mais carentes da cidade de Imperatriz. Desde então, passou a participar de todos os seletivos que apareciam, trabalhando como contratada da Prefeitura de 2009 até 2012. Nesse ano, que foi o da sua formatura, houve o concurso para professor da educação infantil e séries iniciais, no qual obteve aprovação. Desde 2013, é professora efetiva do município de Imperatriz, recebendo remuneração mensal de cerca de quatro salários mínimos. A vida da família melhorou, segundo Milena. Além de ajudar nas despesas de casa, pois ainda mora com a família, Milena disse que também passou a cuidar mais da aparência e de si mesma, algo que não tinha condições de fazer antes de começar a trabalhar. Alguns dias antes da entrevista, fora contemplada no consórcio de um carro que com muita luta estava pagando. O curso de Direito ainda tinha lugar em seus planos, mas apenas como uma realização pessoal. Hoje, Milena diz ter se encontrado na Pedagogia.

- Rosângela: “Na minha família já tem muita gente formada, mas dos mais próximos mesmo, eu fui a primeira daqui da minha casa”.

Rosângela foi a única entrevistada que me recebeu em sua casa. Consegui seu contato por meio de Milena, que fora sua colega de cursinho pré-vestibular e da turma de Pedagogia