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Posteriormente aos Programas habitacionais atrás referenciados, registaram-se algumas alterações nas políticas públicas, tendo surgido algumas medidas de política social de habitação74, que convém referenciar.

O NRAU - Novo Regime de Arrendamento Urbano (Lei 6/2006, de 27 de Fevereiro) visava dinamizar o mercado de arrendamento por permitir a actualização das rendas, instituindo-se também o subsídio de renda para quem não pode suportar a renda da casa.

O PROHABITA75 - Programa de Financiamento para Acesso à Habitação, regulado pelo Decreto-Lei nº 135/2004 de 3 de Junho, que tem como fins:

a) Resolução de situações de grave carência habitacional de agregados familiares residentes no território nacional;

b) Requalificação de bairros sociais degradados ou desprovidos de equipamentos. O PROHABITA é concretizado mediante a celebração de acordos de colaboração entre os municípios ou associações de municípios e o Instituto Nacional de Habitação

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Elementos baseados na Intervenção do INH – Engº José Ferreira Monteiro sobre Política Social de Habitação / Seminário sobre Políticas Públicas e de Coesão Social – Maio 2007

75 Em 2010 a Câmara Municipal da Amadora promoveu um recenseamento geral das famílias que reuniam as

condições para poderem ser abrangidas por este programa, tendo-se apurada 409 famílias. Destas só 221 completaram os processos que lhes permitiriam vir a fazer parte do protocolo com o IHRU, que até à data não foi estabelecido.

(INH), ao abrigo do artigo 17º do Decreto-Lei 384/87, de 24 de Dezembro. Também pode ser concretizado através de financiamento directo a agregados familiares carenciados nos termos previstos no diploma.

Este programa considera a situação de grave carência habitacional: a residência permanente de agregados familiares sem local para habitar em virtude da destruição total ou parcial das suas habitações ou da demolição das edificações ou estruturas provisórias em que residiam.

O arrendamento de edifícios para habitação ou destinado a subarrendamento é financiado sob a forma de comparticipação à renda pelo prazo máximo de 12 anos e até ao limite de 40% do menor dos valores entre a renda devida pelo beneficiário e a renda técnica que seria aplicada em caso de regime de renda apoiada. Quando se trata de habitações devolutas o limite é de 60%.

O Dec. Lei nº 54/2007 de 12 de Março veio alterar o PROHABITA no sentido de abranger novas situações, que não foram contempladas anteriormente, tais como: agregados familiares carenciados cujas habitações são destruídas por catástrofes ou desastres naturais ou que necessitam de alojamento urgente e temporário por não disporem de local para residirem em virtude da demolição de barracas ou edificações similares. Prevê, ainda, o apoio para a reabilitação de bairros sociais em regime de propriedade horizontal, cujo estado justifica uma intervenção. Abrange também o apoio à criação de equipamentos em bairros sociais, face às situações de inexistência ou insuficiência de equipamentos urbanos de utilização colectiva.

Uma das críticas que se poderá fazer a este diploma76, é de que vem reeditar as situações de injustiça social criadas pelo PER, isto é, criou uma situação de desigualdade relativamente aos agregados familiares igualmente carenciados, ainda que de forma menos visível, por não residirem em barracas. O presente diploma vem permitir o acesso directo a um subsídio ao arrendamento de habitação compatível, por dois anos a quem residir em barracas e não estiver abrangido pelo Programa Especial de Realojamento. O subsídio não responde assim à globalidade das situações de carência habitacional.

O Decreto-Lei nº 54/2007 prevê também a possibilidade de os municípios arrendarem casas, para posteriormente as subarrendarem a agregados familiares

76 Esta análise crítica baseia-se no depoimento da Chefe de Divisão de Habitação e Realojamento da Câmara

carenciados, mecanismo que poderá ser complicado, pelo que talvez pudesse ser o INH a subsidiar directamente o arrendamento dessas casas, assumindo-se como fiador.

O Programa Porta 65 foi criado pelo Decreto-lei nº 308/2007, de 3 de Setembro, que foi regulamentado pela portaria nº 1515 – A/2007 de 30 de Novembro. Este programa tem como objectivo regular os incentivos aos jovens arrendatários, estimulando:

 Estilos de vida mais autónomos para jovens sozinhos, em família ou em coabitação jovem;

 A reabilitação de áreas urbanas degradadas;  A dinamização do mercado de arrendamento

Este programa apoia o arrendamento de habitações para residência, atribuindo uma percentagem do valor da renda como subvenção mensal.

A Iniciativa Bairros Críticos77 é um programa nacional coordenado pela Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e Cidades e constitui um instrumento da política das cidades.

Tem como objectivo a intervenção em territórios urbanos que apresentam factores de vulnerabilidade crítica, através de intervenções sócio-territoriais integradas.

Iniciou-se com uma fase experimental em três territórios (Cova da Moura- Amadora; Lagarteiro-Porto e Vale da Amoreira –Moita).

Envolve a Presidência do Conselho de Ministros e vários Ministérios (Ambiente, Trabalho e Segurança Social, Administração Interna, Saúde, Educação e Justiça), envolvendo também entidades públicas, organizações e associações locais.

Este programa tem como princípios de orientação: projectos mobilizadores; projectos integrados, de base territorial; intervenções orientadas para a inovação; coordenação estratégica e participação dos actores locais; mobilização de novas formas de financiamento; sustentabilidade e durabilidade dos resultados e efeitos.

O PNAI - Plano Nacional de Acção para a Inclusão é o documento de coordenação estratégica e operacional das políticas de combate à pobreza e à exclusão social e insere-se no âmbito dos objectivos comuns adoptados pelo Conselho Europeu. Com base na análise da situação e das principais tendências e desafios nacionais, o Plano Nacional de Acção

para a Inclusão apresenta uma estratégia global de inclusão social, identificando as

principais prioridades de intervenção e medidas políticas a implementar. Através do PNAI - 2008-2010, o governo português identifica como prioridades:

combater a pobreza das crianças e dos idosos, através de medidas que assegurem os seus direitos básicos de cidadania; corrigir as desvantagens na educação e formação/ qualificação e ultrapassar as discriminações, reforçando a integração de grupos específicos, nomeadamente: pessoas com deficiências e incapacidades, imigrantes e minorias étnicas.

O documento centra-se em dois eixos. O eixo 1, que consiste em fazer face ao impacto das alterações demográficas e o eixo dois, que aponta para a promoção da inclusão social, com a prevenção de situações de pobreza e redução das desigualdades. Os objectivos do eixo dois, que se relaciona mais com o objecto do presente estudo, traduzem- se, em primeiro lugar, em promover a inclusão social activa, favorecendo a melhoria do rendimento, proporcionando mais e melhor acesso a serviços e apoiando a integração sócio-profissional. Em segundo lugar, melhorar as condições de vida em territórios e habitats mais vulneráveis e, por último, favorecer a inclusão social de grupos específicos, nomeadamente pessoas com deficiências ou incapacidades, pessoas sem-abrigo, imigrantes e minorias étnicas.

O I Plano para a Integração dos Imigrantes - Resolução do Conselho de Ministros nº 63-A/2007 do ACIDI - Alto Comissariado para a Integração e Diálogo Intercultural visa a implementação de iniciativas com vista a garantir a actuação concertada de todos os Ministérios e o acompanhamento e avaliação dos objectivos preconizados.

Este Plano tem como finalidade a plena integração dos imigrantes na sociedade portuguesa e assenta num conjunto de princípios orientadores, dos quais se destacam: visão positiva da imigração, que reconhece o seu contributo económico, social e cultural e assume o compromisso pelo bom acolhimento e pela integração plena das comunidades imigrantes na sociedade portuguesa; (…); acolhimento com hospitalidade e integração com mais cidadania, como um dos pilares fundamentais das políticas de imigração; afirmação do princípio da interculturalidade, garante da coesão social, aceitando a especificidade cultural e social de diferentes comunidades (…); participação e co-responsabilidade em todos os domínios da sociedade, estimulando os imigrantes como protagonistas participantes e co-responsáveis pelas políticas de imigração e não apenas seus beneficiários; afirmação simultânea e indissociável dos direitos e deveres dos imigrantes;

igualdade de oportunidades para todos, com particular expressão na redução das desvantagens no acesso à educação, ao trabalho, à saúde, à habitação e aos direitos sociais, rejeitando qualquer discriminação (…); direito a viver em família, reconhecendo o papel estruturante da mesma na integração dos imigrantes nas sociedades de acolhimento; promoção de um consenso social alargado na concepção e avaliação das políticas de acolhimento e integração, assente na participação de portugueses e de imigrantes, na sensibilização da opinião pública, na desmistificação de estereótipos e no reforço de plataformas de negociação e envolvimento dos parceiros sociais e especial atenção à igualdade de género, reconhecendo a dupla vulnerabilidade da condição mulher/imigrante.

A concretização destes princípios traduz-se na implementação de medidas de política, em diferentes campos de intervenção, nomeadamente: acolhimento; trabalho, emprego e formação profissional; habitação; saúde; educação; solidariedade e segurança social; cultura e língua; justiça; sociedade da informação; desporto; descendentes de imigrantes; direito a viver em família – reagrupamento familiar; racismo e discriminação; liberdade religiosa; associativismo imigrante; média; relação com países de origem; acesso à cidadania e direitos políticos; igualdade de género e tráfico de seres humanos.

Destas medidas, destacaremos as respeitantes à habitação, reagrupamento familiar e à igualdade de género.

No caso da habitação, estas medidas traduzem-se no desenvolvimento e abertura do mercado de habitação social através das Autarquias, nomeadamente através do Programa de Financiamento para Acesso à Habitação - PROHABITA; novas soluções de habitação social, que sejam acessíveis aos imigrantes; criação de Gabinetes de Apoio à Habitação, que apoiem os cidadãos imigrantes na procura e consolidação de soluções habitacionais; aperfeiçoamento do acesso aos mecanismos de apoio ao arrendamento; sensibilização do sistema bancário para maior abertura ao acesso ao crédito bancário por parte de imigrantes; conclusão do Plano Especial de Realojamento – PER; reforço das soluções alternativas para habitantes de zonas abrangidas pelo PER, mas que não constam do recenseamento inicial; exigência do cumprimento dos deveres contratualizados pelos beneficiários de programas de realojamento, como sejam o pagamento da renda, da água e electricidade.

O reagrupamento familiar, prende-se com o direito de viver em família e aponta para a desburocratização e agilização do processo de reagrupamento familiar e reforço da rede consular face às origens dos fluxos migratórios para Portugal. De referir, a este respeito, que o reagrupamento familiar encontra, na realidade, grandes entraves. A título de

exemplo, na Urbanização Casal da Mira, que integra o Parque Habitacional da Câmara Municipal da Amadora, um imigrante que tenha sido realojado, sozinho, numa habitação, de tipologia 0 ou 1, se a família pretender, posteriormente vir do país de origem juntar-se a esse indivíduo, a Câmara Municipal não lhe atribui uma habitação maior, podendo essa família reagrupada ficar a residir numa casa, com apenas um quarto, quer tenha um, dois ou mais filhos.

Relativamente à igualdade de género, salienta-se o combate à vulnerabilidade das mulheres imigrantes, originada por múltiplas causas, como violência doméstica ou a rejeição de algumas das tradições da sua comunidade de origem, em que deverá haver uma protecção adequada; divulgação, junto das mulheres imigrantes, informação sobre os seus direitos e deveres específicos enquanto mulheres; promoção da empregabilidade e empreendedorismo das mulheres imigrantes, nomeadamente no aceso à educação e à formação profissional; promoção da participação das mulheres na sociedade e do seu envolvimento em movimentos associativos de defesa dos direitos das mulheres.

Com o objectivo de dar continuidade às políticas preconizadas no I Plano para a Integração dos Imigrantes, o XVII Governo Constitucional, através da Resolução do Conselho de Ministros nº 74/201078, aprovou o II Plano para a Integração dos Imigrantes (2010-2013), continuando a ser assumida como grande finalidade a plena integração dos imigrantes, destacando-se duas novas áreas de intervenção: a da promoção da diversidade e interculturalidade e a dos idosos imigrantes.

3 - Execução dos Programas de Habitação, no Município da Amadora

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