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O Programa Especial de Realojamento, criado em 1993, através do Decreto lei nº 163/93 de 7 de Maio, o Programa Especial de Realojamento - PER, tem como objectivo a erradicação total de barracas nos Municípios das Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto. Este Programa estava integrado no âmbito do Programa Nacional de Luta contra a Pobreza lançado pelo Governo, em 1991. O Município da Amadora subscreveu o acordo de adesão a este programa, em 1995.

De acordo com o recenseamento efectuado, o Município da Amadora possuía 35 núcleos de habitação degradada, dispersos por várias Freguesias, num total de 4.855 barracas. Viviam nesta situação 6.138 famílias, num total de 21.400 pessoas68.

Perante este quadro, a CMA desenvolveu um programa de construção ou aquisição fogos para realojar as famílias inscritas no PER, com vista à resolução definitiva da sua situação.

Tal como já foi referido, o realojamento da população na Urbanização do Casal da Mira efectuou-se no âmbito do PER. Sobre a aplicação do programa, apresentam-se de seguida alguns aspectos referenciados nas entrevistas às assistentes sociais:

“Sobre o PER, eu acho que foi uma excelente medida que surgiu em 93 e que veio dar resposta a uma parte dos problemas de habitação que existiam no nosso país, mas que não é suficiente tendo em conta a enormidade de problemas no âmbito da habitação” AS 3

“O PER em si era uma boa política porque visava erradicar as barracas na área metropolitana de Lisboa e Porto e portanto iria proporcionar melhores condições de vida à população” AS 5

“ Não se pode afirmar que exista uma política de habitação social, existem sim medidas avulsas para darem resposta a situações definidas no espaço e tempo. É neste contexto que considero que o PER foi criado em 1993, conforme a lei o prevê” AS 8

“….Outra consequência do PER, é que as autarquias ficam com um peso enorme, em termos de despesa, relativamente a este investimento na construção e depois a manutenção de toda esta estrutura, com prejuízo para outras áreas do social, que ficam para traz.” AS 1

Uma questão bastante focada, nas entrevistas tem a ver com o facto de o PER não prever desdobramentos dos agregados familiares, nos casos em que os filhos constituíram família, enquanto, que, nos bairros de origem, já viviam, muitas vezes, de forma autónoma, porque, com alguma facilidade construíam um anexo.

“É uma Lei estanque, que não considera o desenvolvimento natural das famílias, ou seja, não prevê os desdobramentos, acontecendo, apenas em situações muito excepcionais.” AS 1

“….O facto, da Câmara não fazer desdobramentos ou aumento de tipologia pelo crescimento natural das famílias é uma questão complicada. Temos famílias com 5 filhos a viverem num T2 e famílias com 3 filhos num T1, o que é uma situação complicada para estes agregados familiares, que pode contribuir para uma degradação na família. Estas famílias não têm capacidade para adquirir outra habitação, que não seja num bairro social e em resultado destas situações, existem relações de conflito entre esses elementos que foram realojados na mesma habitação, que tendem a agudizar-se, verificando-se situações de violência. Com frequência, as pessoas pedem a nossa intervenção, no gabinete, sendo complicado fazer a gestão dos conflitos nesses agregados familiares, sabendo-se que, à partida não podemos propor desdobramento, a não ser que sejam casos gravíssimos em que a coabitação seja mesmo perigosa, porque põe alguém em risco.” AS 2

“Relativamente ao facto de alguns jovens não terem uma segunda habitação para se autonomizarem dos pais, o que nós temos que trabalhar e fazer ver a estas famílias é que, tal como acontece no mercado privado, em que as pessoas quando casam e tem filhos, antes, têm de pensar, de que forma é que se podem autonomizar dos seus pais

e não querer projectar essa competência nos serviços, portanto, essa competência tem que ser da própria família, conseguir gerir os seus recursos para poder ter a habitação que deseja. Não tem que ser a autarquia ou os serviços estatais a resolver o assunto.” AS 5

O cálculo de renda69 também foi referenciado pelas assistentes sociais, por gerar o descontentamento de algumas famílias, a quem foram aplicadas rendas, que consideram elevadas:

“…..Continuo a achar que os cálculos de renda não são justos, porque são considerados os rendimentos ilíquidos e há algumas profissões de risco, nomeadamente os cantoneiros de limpeza que tem uma série de subsídios (incertos), que depois também são contabilizados como sendo rendimento integral e que às vezes dá grandes desproporções relativamente a cálculos de renda.”AS 1

“…..Talvez fosse importante fazer uma revisão do PER. Destacava, de entre alguns aspectos, a questão do cálculo da renda, que é calculada com base no valor ilíquido e não aquilo que as pessoas recebem efectivamente e que às vezes faz a diferença por estamos a falar de agregados familiares carenciados e vinte ou trinta euros a mais ou qualquer coisa que seja a partir desse valor faz falta.” AS 2

O tempo de espera para o realojamento, relativamente à data do levantamento PER (1993), surge também como um constrangimento para as pessoas abrangidas por este programa:

“O levantamento PER foi efectuado em 1993 e os realojamentos foram feitos em 2005, 2006 e 2007. Há aqui uma desproporção enorme em termos de tempo. Não faz sentido o facto das pessoas se manterem todo esse tempo à espera da casa” AS 1 “ Houve muitos problemas nos realojamentos PER, porque desde o recenseamento até à sua concretização, as famílias crescem, os filhos crescem, casam-se, tem filhos e isso originou muitos problemas porque os próprios filhos querem se autonomizar dos pais, ou seja, querem outra habitação…..Isto depois reflecte-se na insatisfação da população e também no trabalho dos técnicos, no terreno, sendo complicado gerir entre aquilo que a família deseja e aquilo que a autarquia pode oferecer.”AS 5 Outro aspecto referenciado relaciona-se com algumas actividades económicas (mercearias, cabeleireiros, cafés, oficinas), que existiam no bairro de origem e que o PER

69 Decreto-Lei nº 166/93, de 7 de Maio, que estabelece o regime de renda apoiada. Tal regime baseia-se na

existência de um preço técnico determinado objectivamente, tendo em conta o valor real do fogo e de uma taxa de esforço determinada em função do rendimento do agregado familiar. É da determinação da taxa de esforço que resulta o valor da renda apoiada. Estabelecem-se, assim, os mecanismos de determinação do valor locativo do fogo - o preço técnico -, bem como do montante que o arrendatário pode efectivamente suportar - a renda apoiada.

não assegura a sua continuidade no novo contexto – o bairro de realojamento. Esta situação tem reflexos muito penalizantes para essas famílias que desenvolviam esses negócios, que em muitos casos, constituía o seu “ganha – pão”:

“As famílias que no bairro, onde vivam tinham um negócio, que ajudava muito na questão da economia familiar, ao irem para um bairro social é óbvio que a pessoa que tinha a oficina, ou o café não pode continuar a ter o espaço para o seu negócio. A Senhora que fazia os bolinhos para fora, na sua casa sem ter a sua situação legalizada a esse nível, agora não o pode continuar a fazer isso e deixam de contar com esse rendimento. Isso era importante para as pessoas, não só ao nível económico como a nível pessoal, porque era a sua forma de vida e representava uma mais valia,”AS 2

O PER – Famílias é um programa criado pelo decreto-lei 79/96 de 20 de Junho, no âmbito do PER ao qual podem concorrer todos os agregados recenseados no PER que queiram efectuar obras de reabilitação em habitações próprias desde que estas se localizem fora das Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, ou comprar casa independentemente do local. Para tal devem os candidatos ter um rendimento anual que lhes permita suportar os custos de um empréstimo bancário.

Às famílias que pretendem adquirir habitação, é concedida uma comparticipação, através do Instituto Nacional de Habitação (INH)70, de 40% do valor da habitação, de acordo com o valor da Portaria em vigor71, sendo que a Câmara Municipal da Amadora (CMA) comparticipa até 20% do valor do mesmo, caso seja necessário. A soma da comparticipação para a reabilitação de fogos não poderá ultrapassar 40% do valor definido por Portaria. Este apoio implica a demolição da construção não licenciada onde habitam ou a sua selagem definitiva.

O Programa de Retorno Voluntário, aprovado, através da deliberação da Assembleia Municipal de 19/01/2000 e aplicado a partir de 2001 é um projecto da responsabilidade da Câmara Municipal da Amadora, que teve origem na constatação de que alguns munícipes, oriundos de países estrangeiros e residentes no Concelho da Amadora em situação precária, desejavam regressar definitivamente aos seus países de origem. Este programa assentou num protocolo de cooperação com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), no sentido de criar as condições técnicas,

70 Hoje, IHRU – Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana 71 Portaria 1052/2001 de 03/09, actualizada anualmente

operacionais e financeiras necessárias à implementação deste projecto, que entretanto terminou, sendo actualmente responsabilidade só do município.

Este programa dirige-se a todos os inscritos em programas ou projectos de que o Município faça parte, que residam em construções sem as mínimas condições de habitabilidade e desejem regressar definitivamente aos seus países de origem ou países com que provem ter relações.

A Autarquia apoia na atribuição de uma verba correspondente a 20% do valor dos fogos a custos controlados, adequados ao agregado familiar. Este apoio implica a demolição da construção não licenciada onde habitam ou a sua selagem definitiva.

O Programa de Apoio ao Auto-Realojamento (PAAR), aprovado, através da deliberação da Assembleia Municipal de 06/07/2000, é uma forma de responder às carências habitacionais do concelho, ao mesmo tempo que se implementa o Plano Rodoviário Municipal.

Este programa traduz-se no apoio a sujeitos ou agregados familiares pertencentes a estratos sociais desfavorecidos ou dependentes, residentes no Município da Amadora, nomeadamente em áreas sujeitas a intervenção do Plano Rodoviário Municipal,72que desejem recorrer a alternativas ao realojamento. Para o efeito, a Autarquia concede um incentivo no montante de 20% do valor dos fogos a custos controlados, o que implica a demolição ou selagem definitiva da construção não licenciada e o impedimento de obtenção de qualquer outro tipo de apoio camarário para fins habitacionais ou de realojamento.

A venda de habitação a custos controlados, promovida pela Autarquia73 pretende promover a aquisição de habitação a preços regulamentados em Portaria, mediante regulamentos de concurso para venda de fogos a custos controlados aprovados pela Câmara Municipal.

72 O Plano Rodoviário Municipal consiste no planeamento das vias de comunicação rodoviária que

atravessam o território do município de âmbito local, regional e nacional

73 Este tipo de programas é lançado ocasionalmente de acordo com a disponibilidade de

A atribuição dos fogos é efectuada por sorteio a realizar em sessão pública da Câmara Municipal da Amadora. Cada candidato pode apenas efectuar uma inscrição para aquisição de uma só habitação podendo optar por uma ou mais tipologias.

Numa primeira fase, destinava-se a jovens ou jovens casais e funcionários autárquicos com idade igual ou inferior a 30 anos a trabalhar ou residir no Município há pelo menos dois anos. Posteriormente, através da deliberação da Assembleia Municipal de 18/10/2001, o programa foi alargado a população carenciada, com idade inferior a 45 anos, cujos rendimentos ilíquidos mensais não excedam os limites máximos "per capita", definidos em função do salário mínimo nacional. Neste caso, o critério de selecção dos candidatos baseia-se no rendimento "per capita", sendo em cada fogo considerado um candidato efectivo e um suplente.

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