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Instituto de Ciências da Sociedade, Macaé (Universidade Federal Fluminense)

Andreza Aparecida Franco Câmara

4 Instituto de Ciências da Sociedade, Macaé

(Universidade Federal Fluminense)

1 Estudo de caso

2 Professora Associada na Universidade Federal Fluminense (UFF), Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais. Professora Permanente no Programa de Pós- Graduação em Sociologia e Direito da UFF. Doutora em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Coordenadora do Observatório Fundiário Fluminense. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/7866939328153617

Email: anamribeiro@outlook.com

3 Professor Adjunto na Universidade Federal Fluminense. Doutor em Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito. Membro do Observatório Fundiário Fluminense. Coordenador do Grupo de Pesquisa Território, Propriedade e Movimentos Sociais.

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9539356175579880 Email: paulodillsoares1234@yahoo.com.br

4 Professora Adjunta na Universidade Federal Fluminense. Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisadora FAPERJ. Coordenadora do Laboratório de Estudos do Interior.

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/5231824758786824 Email: andrezafranco@id.UFF.br

Resumo

A proposta analisará o modelo de assentamento - Projeto de Desenvol- vimento Sustentável (PDS) -, política de Reforma Agrária incorporada pelo INCRA (órgão do Estado responsável pela distribuição de terras na dimensão da agricultura familiar), inspirada na luta dos seringuei- ros e dos povos da floresta na Amazônia, pelo direito à terra e à floresta, em regime de uso coletivo e sustentável, valorizando os saberes e o modo de vida dos assentados e que foi historicamente encaminhada pela liderança de Chico Mendes, com reconhecimento internacional. O estudo empírico focará nos PDS’s criados no Rio de Janeiro: Sebastian Lan, localizado em Silva Jardim, no entorno da Reserva Biológica Poço das Antas, e Osvaldo de Oliveira, situado em Macaé, ambos em terri- tório de Mata Atlântica. A contrapelo da história de construção dessa proposta verificam-se dois processos que merecem análise para enten- der empiricamente a questão da produção política de uma suposta con- tradição entre preservação ambiental e reforma agrária. No primeiro, aparece o PDS através de uma politica pública impositiva do Estado. No segundo, o INCRA disponibiliza uma área sem presença humana e só depois conduz um grupo já mobilizado para acesso à terra para os quais apresenta o PDS como modelo fechado, e as tensões começam a emergir em ambas as situações, criando novas lutas em lugar de facili- tar a emergência de uma comunidade em instituir o plano de uso. Pre- tende-se problematizar pela escuta das vozes afetadas o contraste entre interesses políticos do Estado e os significados e interesses levantados pela construção coletiva dos projetos.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Preservação Ambiental, Reforma Agrária, Projeto de Desenvolvimento Sustentável, Mata Atlântica.

181 as políticas públicas ambientais, outras servindo de executoras des- sas ações, através de consultorias e outros mecanismos de assesso- ramento, que priorizam o pragmatismo de ação em detrimento de meios democráticos e horizontais de participação dos atores envolvi- dos (Acselrad, 2004).

É a partir desse cenário que uma nova categoria passa a constar em documentos oficiais, legislações e ações governamentais: decidir politicamente o que é ou não “sustentável”. Registra-se que o conceito de desenvolvimento

sustentável, segundo o Relatório Brundtland, procura responder aos problemas e às desigualdades sociais e ambientais do planeta.

Nessa definição, vemos que o desenvolvimento sustentável é “uma correção, uma retomada do crescimento, alterando a qualidade do desenvolvimento, a fim de torná-lo menos intensivo de matérias- -primas e mais equitativo para todos”, e, ao mesmo tempo, “um pro- cesso de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras” (CMMAD, 1987).

Tomando como ponto de partida essa ideia, pretende-se discu- tir o processo de sistematização de um novo modelo de assentamento, na modalidade de Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS)5, que visa harmonizar as políticas agrárias e ambientais, inspiradas na luta dos seringueiros e dos povos da floresta na Amazônia, em continuar exercendo o direito ao acesso a terra e a floresta, dando-lhe um uso sustentável, baseado na valorização dos saberes e do modo de vida tradicionais.

Para tanto, a escolha metodológica se deu pelo estudo de caso, examinando os assentamentos na modalidade de PDS, criados no Estado do Rio de Janeiro, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA): o PDS Sebastian Lan, localizado no Município de Silva Jardim, e o PDS Osvaldo de Oliveira, situado em Macaé, sob a perspectiva de um processo de construção fundado em luta social de populações atingidas pela intervenção estatal na adoção de uma matriz tecnológica baseada na agroecologia, revelando-se, por

vezes, uma opção baseada no modelo de “domínio gestionário-admi- nistrativo” (Acselrad, 2010) calcado em ações de cima para baixo, sem a escuta das organizações de luta pela terra e dos próprios assentados. Nesse sentido, Paul Little considera essencial a identificação do foco central do conflito socioambiental por meio daquilo que “real- mente o está em jogo”, sem perder de vista as dimensões, movimentos ou fenômenos complexos que permeiam o conflito específico (Little, 2004). A partir dessa consideração é possível vislumbrar três grandes tipos de conflitos. O primeiro versa sobre os jogos de poder e o controle sobre os recursos naturais. O segundo a respeito dos impactos sociais, ambientais, econômicos e culturais gerados pela ação humana. O ter- ceiro estabelece os conflitos sobre os valores e modo de vida envolvendo o uso e a exploração dos recursos naturais, isto é, o que está por trás dos valores e das ideologias defendidas nas estratégias de mercado e dos grupos que se opõem a esse tipo de aproveitamento.

Nesse artigo, pretende-se identificar os conflitos socioambientais através das práticas empregadas pelos atores sociais, analisando os inte- resses antagônicos em jogo nos conflitos gerados pela imposição/insti- tuição de uma agenda internacional conservacionista assumida após a edição da ECO-92, Rio/92 pelo Brasil.

Problematizando o modelo de Projeto de