• Nenhum resultado encontrado

5.10 – PLUTÃO Astronomia

Depois da descoberta dos últimos planetas, os astrônomos ficaram curiosos de saber se ainda existiam outros. Se houvesse, deveria ser muito difícil de encontrar, a começar pela distância que estariam. Pensaram que Netuno tinha sido descoberto pelas discrepâncias encontradas no movimento de Urano. Talvez pudesse acontecer o meso com Plutão. Mas isso só pode ser detectado depois que é observado o movimento completo do planeta, e Netuno leva cento e sessenta e cinco anos para completá-lo. No início do Século XX Netuno ainda não estava nem na metade do seu movimento, desde a sua descoberta em 1846.

Lowell e Pickering, astrônomos americanos perceberam que já apareciam discrepâncias mínimas na órbita de Netuno e acharam que devia ter outro planeta, movimentando-se com órbita bastante irregular, elíptica e inclinada. Lowell dedicou-se inteiramente a essa pesquisa, enquanto que o colega se desinteressou. Estudou durante onze anos, esgotando-se e morrendo de ataque cardíaco, após ter perdido a paz de espírito. O planeta, ainda desconhecido, mas simbolizando a morte, havia matado o seu pesquisador. Tombaugh, outro astrônomo americano, retomou a pesquisa, Tombaugh tinha aparelhos mais modernos. Um ano depois, ao pesquisar uma fração do céu na constelação de Touro, onde haviam quatrocentas mil estrelas, resolveu descansar – as estrelas eram pesquisadas uma a uma – olhando uma outra fração do céu na constelação de Gêmeos, onde haviam somente cinqüenta mil estrelas. Aí reconheceu uma cintilação diferente e, confrontando-a, descobriu o novo planeta, o qual foi chamado de Plutão: era o ano de 1930. Sua descoberta causou alguma surpresa porque Plutão não era o que Lowell tinha esperado, embora estivesse no local onde ele havia apontado. Sua órbita era bem diferente da esperada e estava mais próximo do que o imaginado. Plutão está a quase 6 bilhões de km do Sol e seu movimento leva cerca de duzentos e quarenta e sete anos para ser completado. Como sua órbita é bastante inclinada ele sai da eclítica – que só tem 16º - e vai até 17º. Seu período em cada signo é variável, ficou vinte e cinco anos em Câncer e vinte em Leão; em Libra, esteve onze anos, saindo em 1984 para Escorpião, onde ficou onze anos. Agora está no periélio (mais próximo do Sol), tendo inclusive se aproximado mais do Sol do que Netuno. Até 1999 Netuno será o planeta mais afastado. Em setembro de 1989 Plutão esteve na sua posição mais próxima do Sol.

Em 1978, surpreendentemente, foi descoberto um satélite de Plutão, e tudo indica que o planeta deve ser menor do que parece, o que mostra a má percepção que se tem desse astro. O satélite foi chamado de Caronte. Plutão é bastante denso: tem cor amarelada, parece ter constituição rochosa e metálica, e ser bastante pequeno. Não se justifica, face ao seu tamanho reduzido e a sua distância, que sua órbita tenha perturbado Netuno. Isso quer dizer que as anotações de Lowell talvez se referissem a outro planeta mais distante, maior e mais maciço. A origem da descoberta de Plutão continua um mistério. Mito

Plutão, o outro filho de Saturno, herdou o mundo subterrâneo dos mortos. Os Cíclopes deram-lhe de presente um capacete que o tornava invisível – aquele que julga deve ser impenetrável e Plutão julga os mortos encaminhando-os para o Tártaro – onde iam os que agiam mal, ou para os Campos Elíseos – os que iam os que seriam recompensados. No início, o reino de Hades era uma planície subterrânea, onde os mortos vagueavam e somente os que cometiam grandes delitos sofriam, e os outros não tinham nenhuma vontade. Era uma espécie de limbo, à espera da reencarnação. Depois que os gregos se organizaram em sociedade é que fizeram a divisão entre Tártaro e Campos Elíseos.

Plutão é um deus competente nas suas vinganças e maldições, na destruição e na morte. Entretanto, nada tem a ver com o demônio da civilização judaico-cristã. Os gregos não conheciam entidades

malignas que estimulassem o pecado ou o sofrimento. Plutão é o aniquilador, mas também é o transformador. É ele que faz as sementes se desenvolverem depois de plantadas no solo e dá produtividade e abundância nos campos: o deus das riquezas e do tesouro escondido. Daí veio a palavra plutocracia, que significa governo dos ricos. Para pedirem a sua proteção nas colheitas, ou até bons conselhos, os homens batiam no solo com a mão ou com varas e ofereciam-lhe bodes em sacrifício, exatamente como se faz nos rituais de Candomblé.

Havia outro deus chamado Pluto, filho de Ceres. Era um deus de riquezas e Zeus tirou-lhe a visão para que distribuísse as riquezas indiscriminadamente, sem levar em conta as particularidades das pessoas. Era representado como uma criança levada pela mão da Fortuna, ou como um velho de olhos vendados carregando uma bolsa. Foi relegado à categoria de deus secundário.

Na Índia é Shiva, o destruidor. No Egito é Osíris, ressuscitado e glorificado por Isis, um deus de fertilidade e dos mortos. Os faraós, ao morrerem, transformavam-se em Osíris e eram enterrados com seus ornamentos e a coroa. Osíris fez o Livro dos Mortos, onde se ensina a mumificação dos corpos – que representa a imortalidade e a ressurreição de Ka, a fim de determinar a vida na eternidade ou a morte em outra extinção.

Idade planetária

Logo após a morte e antes do nascimento, é outra encarnação com o intuito de se atingir a perfeição. No organismo

Aparelho reprodutor, concepção, ânus, virilha e órgãos sexuais. Ação mórbida

Neurose, arteriosclerose, acidose, morte, psicose e câncer. Símbolo:

A letra do seu nome é a mesma daquele que indicou sua descoberta. O círculo do espírito acima do semicírculo da alma, que está receptiva e em expectativa a esse espírito, após dominar a cruz da matéria. Processo de involução quando o espírito desce à matéria, e de evolução, quando a matéria se eleva ao espírito; portanto, a regeneração.

Analogias

Crime, terror, corrupção, sexo, submundo, psicanálise, assalto, morte, orgasmo, contraventor, multidão, gângster, trust, monopólio, álibi, rapto, aniquilação, fatalidade, consciência, detetive, mistério, demônio, funeral, enigma, túmulo, fétido, imoral, antro, luxúria, justiça, metamorfose, riqueza, obscenidade, reprodução, reencarnação, renovação, vingança, sadismo, vício, anormalidade, vírus, enxerto, lodo, manipulação, poder, obsessão e linchamento.

Características

O complexo de poder, existente em todos nós, é Plutão – que tanto pode levar a realizações como à ruína.

É ele que traz à superfície tudo que está reprimido no inconsciente, daí sua associação com a psicanálise. O resultado pode ser explosivo, histérico, perturbador ou transformador e curador. E depois que certas coisas são trazidas à luz, não se pode continuar como antes, é preciso continuar de novo em outro plano. Plutão força uma transformação através de uma destruição. As pessoas, todavia, resistem às transformações ou a encarar o que está reprimido, podendo originar uma neurose ou um vício, onde se tenta esquecer o que deve ser conscientizado.

Podem ocorrer certas atitudes compulsivas e um exemplo delas é o que Jung chamou de “personalidade mana”, isto é, a inflação do ego, quando a pessoa se acha poderosa e se vê como o dominador, aquele que sempre está nos seus direitos, que tanto pode ser Cristo ou Napoleão. Forma-se o complexo de poder, o abuso do poder, a manipulação do poder: a pessoa deixa de ser o indivíduo e chega num ponto em que é impossível lidar com ela. É a obsessão e a desintegração da personalidade. Na mulher pode ocorrer a figura da Grande Mãe, toda poderosa e toda dedicada, mas incompreendida.

A energia de Plutão é destrutiva, e, no entanto, é um instrumento importante e avançado para o estado psíquico. É a habilidade de penetrar no inconsciente, podendo remover todos os obstáculos que impeçam o desenvolvimento.

Plutão, o último planeta até agora, é o estágio final das mudanças e transformações. Ele muda radical e drasticamente. É morte e ressurreição: acaba com o que é inútil para que possa renascer algo novo. Sua força é muito grande, difícil de controlar, tomando atitudes compulsivas e obsessivas. Significa, também, uma psicose, quando a mente não mais funciona e precisaria ser reconstruída.

Plutão diz: deixem ir o que tem que ir. É o cortar laços e desapegar-se, é a força evolucionária da natureza: o terremoto, a erupção vulcânica. É a manipulação atrás do pano, quieta e persistentemente. Sua influência nas pessoas muitas vezes é dúbia: fascina e repele. Inclusive sexualmente. O sexo representa o nascimento de uma nova situação, então esse planeta tem uma parte importante na sexualidade: é a corrente sexual e criativa inerente a todos nós e que será manifestada através de Marte. Significa crime e terrorismo, mas também poder curativo e regenerador. É a magia destruidora, a feitiçaria, e a magia alquímica, o estudo da magia na sua mais elevada forma.

Plutão é o que está oculto e é o fogo que purifica, a fim de que passemos de um estágio para outro. O que nos parece negativo no planeta é apenas o que nós temos de negativo e queremos manter oculto. Há uma relação entre Saturno e Plutão. Saturno manifesta-se retribuindo nessa vida o que se fez em outra encarnação, isto é, desenvolvendo uma experiência cármica. Plutão faz a mesma coisa, mas com relação à humanidade. O abuso pode trazer conseqüências fatais. As pessoas só conhecem seu poder quando o podem colocar em prova, aí vê-se o uso que fazem dele. Quando existem motivações pessoais, o abuso acontece e as coisas um dia têm que ser repostas nos seus devidos lugares. Mas por ser um planeta de transformação – é também um símbolo de criação. Assim, pode-se escolher que situação se deseja criar – cada um é responsável por si. Para que a alma possa evoluir, deve seguir o modelo que lhe foi selecionado antes de nascer, esse modelo é o gráfico e Plutão atua aí como uma forma no crescimento pessoal. Essa força deve ser conscientizada e não seguida às cegas, como quando as pessoas aderem como robôs a determinadas situações, pensando evoluir, como aconteceu em 1978 na Guiana quando mil pessoas foram mortas. O homem deve tornar-se consciente e não seguir cegamente as aparências carismáticas de um Plutão involuído.

Plutão está no portal da vida espiritual e faz-se ver em cada relacionamento que temos, a começar pelo relacionamento entre a vida anterior e a atual, a atual e a próxima, porque é a nossa capacidade de regeneração.

Plutão rege os órgãos excretores, por onde saem os materiais desnecessários, aquilo que o corpo precisa eliminar para manter a saúde, formando o processo regenerativo e transformador do organismo. Quando o corpo não elimina as toxinas, acontece a congestão e todas as desarmonias possíveis no organismo, algumas bem trágicas. Esse mesmo efeito Plutão deve ocorrer nas nossas impurezas mentais e espirituais para evitar problemas nervosos, doenças mentais, expressões malignas e cruéis.

Onde Plutão está é onde o Carma universal está ligado ao nosso Carma individual.

A cada vida que iniciamos começa uma vida interior que precisa ser olhada com profundidade e sem motivações pessoais – e isso só pode acontecer se a energia de Plutão for usada adequadamente. A posição de Plutão no gráfico indica onde devem ocorrer transformações e onde os movimentos de massa poderão atingir a pessoa, uma vez que o planeta tem relação com a grande comunidade. Indica, também, onde existem tendências ocultas ou pode ser usada a força de vontade.

História japonesa

Um mestre de esgrima foi receber um aluno novo e imediatamente disse-lhe:

- Não tenho nada a lhe ensinar, você já é um mestre em esgrima. Onde foi que aprendeu? O aluno responde:

- Jamais aprendi.

- Desculpe, senhor, mas nada conheço de esgrima.

- Acredito; mas você já é um mestre de qualquer coisa que não sei ainda identificar.

- Pode ser – falou o aluno – Na minha infância aprendi que um samurai não podia ter medo d a morte. Aí comecei a pensar sempre na morte até que um dia esqueci-me completamente dela e nunca mais me preocupei. Será isso?

- Certamente. Livrar-se da idéia da morte é o principal segredo da arte da esgrima. Você não precisa de treino, você já é um me stre.