• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO I – A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO SUBSISTEMA DA SEGURIDADE SOCIAL

1.2 SUBSISTEMAS DA SEGURIDADE SOCIAL: SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL

1.3.7 Princípio da gestão democrática da seguridade social

A seguridade deve se pautar pela participação da sociedade civil na sua administração. Institui esse princípio que os trabalhadores, os empregadores, os aposentados - destinatários do sistema - e o Governo, devem estar juntos deliberando nos órgãos colegiados, para fazerem uma gestão, em caráter democrático e descentralizado. O Estado Democrático de Direito pressupõe a existência de uma vontade política, pautada pelo respeito daqueles que tomam as decisões. Daí a razão do constituinte em determinar que a seguridade tenha diversos participantes (os destinatários), representando setores e posições diferentes.107

Em obediência a esse princípio foi criado o Conselho Nacional de Seguridade Social - CNSS, que existiu no período de 1991 a 1999 como órgão ___________________________________________________________________ Paulo: Ltr, 2003, p. 44.

106

Concordamos com Zélia Pierdoná quando afirma que ao concurso de prognósticos realizados pelos órgãos do Poder Público, não configura uma contribuição, em sentido técnico-jurídico do termo, mas apenas uma forma indireta de custeio, em razão de tratar de recursos do Poder Público sendo destinados à seguridade social. In PIERDONÁ, Zélia Luiza. Contribuições para a seguridade social. São Paulo: LTr, 2003, p. 85 e 62.

107O art. 10 da Constituição Federal preceitua: É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

44 central de planejamento, formulação, coordenação e supervisão da seguridade social. A extinção desse conselho foi, na expressão de Wagner Balera, o último grau de misericórdia, uma vez que foi “decepada” a cabeça da estrutura colegiada.108

É fundamental para a centralização orgânica do sistema, que esse conselho seja reintroduzido pela legislação, passando a estruturar dessa forma, as ações de saúde, previdência e assistência social. Desde 2007 que tramita no Senado Federal o projeto de Lei nº 178, do Senador Paulo Paim, que trata da gestão quadripartite da seguridade social, a cargo dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados, o qual recriará um novo Conselho Nacional de Seguridade Social. Até setembro de 2011 o projeto estava na Relatoria, sem qualquer parecer.

Na mesma época da criação do CNSS foi criado o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, pela Lei nº 8.213, de 24.07.1991, como órgão superior de deliberação colegiada. Sua composição se faz por seis representantes do Governo Federal e nove representantes da sociedade civil, sendo: a) três representantes dos aposentados e pensionistas; b) três representantes dos trabalhadores em atividade; e c) três representantes dos empregadores da União.

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) é instância máxima de deliberação do Sistema Único de Saúde – SUS. O Conselho é composto por representantes de entidades e movimentos representativos de usuários, entidades representativas de trabalhadores da área da saúde, governo e prestadores de serviços de saúde.

Originalmente, esse conselho foi um dos primeiros órgãos consultivos da área de saúde, criado pela Lei n.° 378, de 13 de janeiro de 1937. Com a separação do Ministério da Saúde e da Educação Pública, o CNS foi regulamentado pelo Decreto n.° 34.347, de 08 de abril de 1954, para a função de assistir ao Ministro de Estado na determinação das bases gerais dos programas de proteção à saúde. Posteriormente, veio a sofrer modificações pelos Decretos n.° 847, de 05 de abril de 1962, Decreto nº 67.300, de 30 de setembro de 1970, Decreto ___________________________________________________________________ 108BALERA, Wagner. Noções preliminares de direito previdenciário. São Paulo: Quartier Latin, 2004, p.148.

45 n.° 93.933, de 14 de janeiro de 1987. Em 28 de dezembro de 1990, a Lei n.° 8.142 instituiu as Conferências e os Conselhos de Saúde, instâncias de Controle Social e o Decreto n.º 99.438, de 07 de julho de 1990, regulamentou as novas atribuições do CNS.109

A partir do ano de 2003 ocorreu a ampliação dos Conselhos de Saúde, nas esferas estaduais e municipais, sendo criados os Conselhos Regionais, Conselhos Locais, Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos Distritais Sanitários Indígenas, sob a coordenação dos Conselhos de Saúde da esfera correspondente.110

Compete ao CNS estabelecer as diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em função das características epidemiológicas e da organização dos serviços em cada jurisdição administrativa (art. 37, da Lei nº 8.080/90).

O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS foi instituído pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, como órgão superior de deliberação colegiada. Têm em sua composição 18 membros, sendo 09 (nove) representantes governamentais111

, incluindo 01 (um) representante dos Estados e 01 (um) dos Municípios; e 09 (nove) representantes da sociedade civil, dentre representantes dos usuários ou de organizações de usuários, das entidades e organizações de assistência social e dos trabalhadores do setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério Público Federal112

. Esse Conselho é vinculado à estrutura do órgão, responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social, em todo o território nacional, que é o MDS.

Em razão da diretriz do princípio preceituado é que ficou garantida, por lei, em cada esfera estadual e municipal, a criação de um conselho respectivo, com competência para a coordenação e execução dos respectivos programas assistenciais, havendo assim um comando único em cada esfera. Desse modo nasceram os Conselhos Estaduais de Assistência Social, o Conselho Distrital de ___________________________________________________________________ 109Confira histórico no site http://conselho.saude.gov.br/apresentacao/historia.htm, acessível em 16.8.2011.

110

Primeira diretriz da Resolução do CNS nº 333 de 04.12.2003.

111Resolução do CNAS nº 53/2007 determinou que o Poder Judiciário e o Poder Legislativo por terem outras atribuições constitucionais,não deveriam ter representação neste Conselho.

112

46 Assistência Social e os Conselhos Municipais de Assistência Social. Esses conselhos são órgãos deliberativos, normativos e fiscalizadores da Política de Assistência Social, com a participação paritária entre governo e sociedade civil (art. 16 da Lei nº 8.742/93).