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6 FLUXOS DE COMÉRCIO: UE – MERCOSUL – 1991 –

6.4.1 Principais parceiros de comércio da UE

Ressalta-se que os países demonstrados nas Tabelas 12 e 13, da presente Seção, fazem parte dos 50 maiores parceiros de comércio da UE, conforme estatísticas desta, apresentada no documento referenciado na nota 182. Não fazem parte dos 50 maiores parceiros de comércio da UE, o Paraguai e o Uruguai. Por tal razão, não foi possível agregar as estatísticas dos quatro países- membros do Mercosul, de forma a compor as porcentagens de tal bloco, em relação às exportações e importações totais da UE.

182 EUROPEAN COMMISSION. External Relations. Mercosur – (common market of the south). Documento de Estratégia Regional da UE para o Mercosul (2007 – 2013). Disponível em: < http://ec.europa.eu/external_relations/mercosur/index_en.htm > Acesso em: 21.12.2008.

Caso houvesse estatísticas para o Paraguai e o Uruguai - de forma a se compor as porcentagens relativas ao Mercosul, no total das exportações e importações da UE -, muito provavelmente o Mercosul estaria em posição mais favorável do que as posições destacadas individualmente, para o Brasil e para a Argentina, no ranking dos 50 maiores parceiros de comércio da UE. Ainda assim, é válido fazer a demonstração destes dois países em tal ranking, pois são apenas estes dois países-membros do Mercosul que figuram entre os 50 maiores parceiros de comércio da UE - e por se tratar dos dois principais países-membros do bloco.

Em tal contexto, no que se refere aos principais países, destino das exportações da UE, pode-se notar que o Brasil e a Argentina têm perdido posições em tal ranking, ao longo dos últimos anos, como demonstrado na Tabela 12.

Tabela 12. Principais parceiros UE - exportações % das exportações Classificação Anual 1995 2001 2002 2003 2004 2005 1995 2000 2005 EUA 19,8 27,3 27,3 25,6 24,2 23,5 1 1 1 Suíça 9,8 8,5 8 8,1 7,7 7,7 2 2 2 Rússia 3,1 3,5 3,8 4,2 4,7 5,3 5 7 3 China 2,8 3,4 3,9 4,7 5 4,8 7 6 4 Japão 6,3 5,1 4,8 4,6 4,5 4,1 3 3 5 Turquia 2,6 2,3 2,8 3,3 3,9 3,9 8 4 6 Noruega 3,3 3,0 3,1 3,1 3,2 3,2 4 5 7 Índia 1,8 1,4 1,6 1,6 1,8 2,0 16 17 11 México 0,9 1,7 1,7 1,6 1,5 1,6 27 16 17 Brasil 2,2 2,1 1,7 1,4 1,5 1,5 10 10 18 Argentina 0,9 0,6 0,2 0,3 0,4 0,4 26 27 34

Fonte: Eustatistics (seleção da autora)183

Observa-se, inclusive, que as participações do Brasil e da Argentina diminuíram, em termos de porcentagem das exportações totais da UE, entre os anos de 2000 e 2005. O Brasil, por exemplo, ocupava o 10º lugar no ranking da UE, entre os anos de 1995 e 2000, enquanto destino das exportações deste bloco, mas em 2005 caiu para o 18º lugar. O mesmo aconteceu com a Argentina, que ocupava o 26º lugar, em 1995, e a 27º posição, em 2000, mas em 2005 passou a ocupar o 34º lugar. Ambos, Brasil e Argentina, atrás de países como Índia, Rússia e China. Aliás,

183 External and intra-European Union trade: Statistical yearbook – Data 1958 – 2005. Disponível em: < http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_OFFPUB/KS-CV-06-002/EN/KS-CV-06-002-EN.PDF> Acesso em: 1.9.2008.

no que se refere à Índia, Rússia e China, a representatividade destes, no total das exportações da UE, aumentou e, consequentemente, suas posições no ranking dos 50 maiores parceiros de comércio da UE, sofrendo, portanto, uma tendência inversa no que se refere ao Brasil e à Argentina.

No que diz respeito aos principais parceiros da UE, quanto à origem de suas importações, o panorama em relação ao Brasil e à Argentina não é muito distinto do anteriormente analisado, principalmente no que se refere à Argentina, como se pode observar pela Tabela 13.

Tabela 13. Principais parceiros UE - importações

% das importações Classificação Anual 1995 2001 2002 2003 2004 2005 1995 2000 2005 EUA 20,6 20,6 19,3 16,7 15,3 13,8 1 1 1 China 5,2 8,3 9,5 11,2 12,3 13,4 4 3 2 Rússia 4,3 6,4 6,5 7,2 7,8 9,2 6 5 3 Japão 10,8 8,2 7,8 7,7 7,2 6,2 2 2 4 Noruega 5,1 4,7 5,1 5,4 5,3 5,7 5 6 5 Suíça 8,6 6,4 6,5 6,2 6,0 5,6 3 4 6 Turquia 1,8 2,2 2,5 2,7 3,0 2,8 11 12 7 Brasil 2,1 2,0 1,9 2,0 2,1 2,0 10 10 10 Índia 1,5 1,4 1,4 1,5 1,6 1,6 15 19 14 México 0,6 0,8 0,7 0,7 0,7 0,8 30 27 29 Argentina 0,7 0,6 0,7 0,7 0,6 0,5 26 31 35 Fonte: Eustatistics (seleção da autora)184

Pode-se observar que o Brasil ocupou o mesmo 10º lugar no ranking dos 50 maiores parceiros da UE, entre 1995 e 2005, não tendo sofrido, portanto, nenhuma alteração, e representado, em média, 2% do total das importações da UE no período. A Argentina, por sua vez, perdeu posição, passando do 26º lugar, em 1995, para o 35º lugar, em 2005, tendo perdido representatividade no total das importações da UE. A Rússia, China e Índia, ao contrário de Brasil e Argentina, galgaram posições em tal ranking. É notório o incremento da participação da China no total das importações da UE, tendo a sua representatividade mais do que duplicado, no período de uma década.

Assim, para além da perda de posições nos rankings, o Brasil e a Argentina não chegam a representar, em média, 3% das exportações e importações totais da UE. E aqui nota-se uma crescente participação da China no comércio externo da UE, principalmente enquanto origem das importações totais deste bloco. A Tabela 13 evidencia que o Brasil não parece ter perdido o seu mercado na UE para a China, pois a participação do Brasil no total das importações da UE não sofreu expressiva variação. Ao contrário, por exemplo, nota-se um considerável decréscimo da participação dos EUA nas importações totais da UE - ainda que os EUA permaneçam como o principal parceiro de comércio com a UE.

É relevante aqui fazer uma pequena referência à crescente participação da China no total das importações da UE e, igualmente, à manutenção da posição do Brasil em tais importações, ao se comparar a estrutura das importações da UE provenientes da China com as importações da UE provenientes do Brasil/Mercosul. O Gráfico 5 demonstra que a UE importa da China, principalmente, produtos manufaturados, e, ao contrário do que demonstrará o Gráfico 9 (na Seção 6.4.3), a UE importa do Mercosul majoritariamente produtos agrícolas.

Gráfico 5. Estrutura das importações da UE provenientes da China (Em milhões de euros)

Fonte: EC. Europa (elaboração da autora)185

185 TRADE ISSUES. Bilateral Trade Relations. European Union and its main trading partners. Economic and

trade indicators. Disponível em: < http://ec.europa.eu/trade/issues/bilateral/dataxls.htm >. Acesso em:

7.1.2009. 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 2003 2005 2007 Produtos Agrícolas Energia Maquinários Equipamentos Transporte Produção Automotiva Químicos Roupas e Têxteis

Neste caso, o aumento da participação da China no total das importações da UE não parece interferir, de uma forma geral, nas importações deste bloco provenientes do Mercosul, principalmente do Brasil, dado, entre outros motivos, à diferença na estrutura das importações da UE entre Mercosul/Brasil e China - embora o Gráfico 5 demonstre a representatividade do setor têxtil nas importações da UE provenientes da China, setor este de grande interesse do Mercosul, notadamente do setor exportador brasileiro, onde persistem tarifas relativamente elevadas por parte da UE em relação às importações do Mercosul, como observado na Seção 4.2.3.

Entretanto, o mesmo não ocorre no que se refere às exportações da UE para a China e às exportações da UE para o Brasil/Mercosul que, pela própria estrutura das exportações da UE186, é composta, nos dois casos, majoritariamente por produtos manufaturados. Neste caso, a perda de posição do Brasil e da Argentina quanto ao destino das exportações Europeias - afetando, assim, a corrente de comércio entre os dois blocos -, poderá estar vinculada também ao incremento das exportações Europeias para a China. Pela análise do Gráfico 6, pode-se observar a estrutura das exportações da UE para a China, composta, principalmente, por maquinários, equipamentos de transporte e produtos químicos. Da mesma forma, o Gráfico 10 (na Seção 6.4.3) demonstra que a estrutura das exportações da UE para o Mercosul é composta, principalmente, de maquinários, equipamentos de transporte e produtos químicos.

186 Em 2005, cerca de 84% dos produtos exportados pela UE eram compostos por manufaturados, principalmente, maquinários e produtos químicos. TRADE ISSUES. Bilateral Trade Relations. European

Union and its main trading partners. Economic and trade indicators. Disponível em: <

Gráfico 6. Estrutura das exportações da UE para a China (Em milhões de euros)

Fonte: EC. Europa (Elaboração da autora)187

Destaca-se aqui o comércio entre a UE e a China, pois, como visto ao longo deste estudo, este país tem ganhado cada vez mais espaço nas relações econômicas com a UE - e com o Mercosul -, quer seja no que se refere ao IDE, quer seja em relação ao comércio. De fato, o incremento da participação da China no comércio mundial tem redesenhado a estrutura deste, dado tratar-se de um grande mercado consumidor que se coloca, por vezes, como mercado alternativo para os vários exportadores globais, entre os quais a UE e o Mercosul, haja vista o incremento do comércio de ambos os blocos com a China, como já demonstrado nas Tabelas 13 e 14 - e apresentado ainda nas próximas Seções, pelos Gráficos 13 e 14 e pelas Tabelas 19 e 20, quando se analisará os principais parceiros de comércio do Brasil.