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PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Foto 36 — Café da manhã com a família

4 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO: fazendo caminhos e

4.4 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Na fase de campo, produzimos dados por meio de procedimentos e instrumentos que proporcionassem uma interação constante da pesquisadora com o campo empírico. Elegemos a observação participante das práticas vividas nas salas de aula do CMEI, além da pesquisa documental, importante procedimento para que pudéssemos ampliar o entendimento necessário à contextualização histórica da RMER e, por conseguinte, da instituição selecionada.

4.4.1 Pesquisa documental

A pesquisa documental tem como fundamento compreender o social, favorecer a observação do processo de maturação dos grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos e práticas (CELLARD, 2008), que possibilitem o aprimoramento de ideias e a descoberta de novos conhecimentos e informações para delimitar a escola como campo empírico. Esse tipo de pesquisa possibilita desvelar aspectos quanto ao objeto, uma vez que os documentos informam sobre um momento da história dessa rede de ensino e influenciam a vivência do presente pelos seus atores sociais. (LÜDKE; ANDRÉ, 2001; MINAYO, 2007). Nomeamos o

corpus documental, as fontes que orientaram e indicaram a organização, os critérios

para o currículo da RMER, e, consequentemente, a ação do professor em sua prática pedagógica.

Analisar a documentação teve a finalidade de contribuir para a compreensão das bases das políticas curriculares - diretrizes, princípios, conceitos e ações - para a educação infantil, assim como as orientações para as práticas do currículo: procedimentos, atitudes e saberes específicos a essa etapa da educação. Para tanto, selecionamos os documentos: Política de ensino da Rede Municipal do Recife; dois ofícios circulares para orientações pedagógicas; além do planejamento de aula das professoras observadas, que referenciaram a feitura da política de ensino da RMER, que favoreceram perceber as relações existentes entre a política local e a sala de aula. Como pode ser visto no quadro nº 03 a seguir:

QUADRO 03: CORPUS DOCUMENTAL – EDUCAÇÃO INFANTIL

Autoria Corpus documental Ano

Documentos produzidos pela

Secretaria de Educação

Política de ensino da Rede Municipal do Recife 2015 Ofício circular 13/2018: orientação para o período de

adaptação

2018 Ofício circular 17/2018: orientações sobre o ano letivo na

RMER 2018 Produção das professoras Planejamento de aulas 2018 Fonte: a autora

A análise documental foi feita com base na análise temática. (BARDIN, 2011). Em todos os documentos, procuramos identificar os temas significativos que teriam norteado as concepções de educação infantil e de criança, como também aspectos que orientam as práticas do currículo.

O primeiro documento analisado para a contextualização do objeto foi a proposta curricular da rede municipal de ensino da cidade do Recife. O documento traz os elementos norteadores da prática pedagógica docente-discente vivida nas escolas municipais, permitindo construir o entendimento sobre as concepções de educação infantil referentes aos conceitos históricos e da legislação sobre a infância e a criança, como também aspectos que orientam as práticas do currículo: princípios da prática pedagógica, elementos constituintes da prática pedagógica e organização curricular.

As orientações curriculares que a Secretaria de Educação propõe para as escolas da rede são divulgadas em ofícios circulares, enviados para os gestores via e-mail. Destacamos dois deles, por interferirem diretamente na organização da prática pedagógica institucional dos CMEI. O primeiro - Ofício circular n° 13/2018 de 23 de janeiro de 2018 - tratou da organização do período de adaptação para as crianças de 0 a 5 anos. O segundo - Ofício circular nº 17/2018 de 30 de janeiro de 2018 - abordou a apresentação da temática anual para todas as escolas da rede municipal. Neles foram trazidas sugestões de atividades para o planejamento pedagógico, assim como sugestões de recursos e as ações com datas especificadas para as culminâncias dos subtemas para o trabalho com o projeto. Os planejamentos das docentes foram analisados com base na temática que indica as iniciativas da professora na seleção e organização do trabalho pedagógico, assim como os procedimentos que ela constrói/dispõe para realizar esse trabalho.

4.4.2 A observação participante

A observação participante, um dos procedimentos mais importantes para a coleta de informações na pesquisa qualitativa, possibilitou à pesquisadora criar uma relação de conhecimento com seu objeto de estudo, como um fenômeno concreto da vida social, estabelecido em uma rede de significados socialmente compartilhados. (VIANNA, 2007; TURA, 2011). Por isso, a ideia de “participante” pressupõe um compartilhamento, uma interação com a situação estudada e esse caminho é de mão dupla: interagimos com a situação, afetando-a e sendo por ela afetados. (ANDRÉ, 1995). Todavia vale salientar que, como em qualquer técnica de pesquisa, ela não é neutra. Durante a observação, realizamos registros sobre a prática pedagógica no cotidiano da instituição/CMEI, um ambiente social, com identidade própria capaz de absorver elementos vindos do exterior, trabalhá-los internamente, ressignificá-los, por meio de uma dinâmica especial, única. (FORQUIN, 1996). Por esse motivo, ratificamos a observação como procedimento básico desta pesquisa para a coleta e produção dos dados, tendo em vista nossa preocupação em compreender como as professoras constroem sua prática docente- discente, recepcionando e ressignificando os conteúdos anunciados no currículo prescrito.

O diário de campo foi um instrumento fundamental para os registros da observação. Ele serviu de suporte às observações para registro dos gestos, impressões e acontecimentos evidenciados nos processos dialógicos de sala de aula. Recomenda Minayo (2000) que o diário de campo seja um aliado inseparável das observações, por possibilitar o registro de impressões pessoais, conversas informais, comportamentos e falas contraditórias, manifestações dos interlocutores diante dos pontos observados, entre outros. O diário, conforme preceituam Bogdan e Biklen (1994), propicia ao investigador elaborar um registro escrito e sistemático do que ouve e observa, inserido no mundo que pretende estudar, incluindo as pessoas, suas práticas e tentar conhecê-las, dar-se a conhecer e ganhar sua confiança.

No processo de observação, ocorreram registros fotográficos que foram usados como instrumento de apoio ao diário de campo. Essa decisão metodológica inscreve-se como necessária, porque, não raramente, durante a observação, confrontamo-nos com uma multiplicidade de estímulos e, certamente, diante de

situações complexas, o registro oportunizou a revisão das ações vividas pela professora junto ao grupo de crianças em suas práticas cotidianas, a rotina da sala, sua organização pedagógica, de modo a evidenciar as situações o mais realisticamente possível. Ao observar, é humanamente impossível ver tudo. (VIANNA, 2007). Assim, as fotografias auxiliaram para reiterar algumas situações e extrair possíveis dúvidas durante o processo analítico.

As observações foram feitas e transcritas pela própria pesquisadora no período de primeiro de fevereiro de 2018 a 21 de junho de 201869. Nesses cinco

meses de convivência com a equipe e as crianças no campo de pesquisa, foi possível participar das reuniões pedagógico-administrativas, festividades e atividades das turmas do berçário até o grupo 03, ficando em média dez dias letivos em cada turma, perfazendo um total de 48 dias no CMEI.

Nesses 48 dias, foram feitos registros descritivos diários que originaram posteriormente cinco relatórios gerais: um que descreveu a rotina da instituição e outros quatro correspondentes a cada turma observada.

Para efetivarmos a organização e tratamento dos dados, retomamos nossos objetivos com a finalidade de realizar a leitura flutuante, como recomenda Bardin (2011). Posteriormente, fizemos a leitura mais rigorosa para a codificação das informações dos relatórios e categorizamos os dados com temas vivenciados na rotina diária de atividades do CMEI: os ateliês, onde se sobressaíram as brincadeiras e as linguagens e os cuidados pessoais: alimentação e o banho. Para a categorização e tratamentos dos dados, veremos a seguir a abordagem em que este estudo baseou-se.