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Como informado anteriormente, este trabalho foi realizado em 02 (duas) turmas de 4º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas da Rede Municipal de Recife (uma turma de cada escola, doravante ES e EJ), localizadas na mesma Região Político-Administrativa.

A pesquisa ocorreu em cinco etapas respeitando a seguinte ordem: 1. Ditado de palavras com toda a turma; 2. Entrevista clínica com as crianças selecionadas; 3. Execução da sequência didática e dos jogos ortográficos; 4. Aplicação do segundo ditado de palavras com os estudantes selecionados; 5. Segunda entrevista clínica com os alunos selecionados. Vejamos a partir de agora mais detalhadamente cada momento.

A pesquisadora explicou às crianças que elas realizariam uma atividade e que para fazê-la teriam que prestar atenção no que seria lido naquele momento. Em seguida, leu o texto (APÊNDICE A). Em um segundo momento, distribuiu o mesmo texto, este, porém apresentava algumas lacunas para serem preenchidas por elas com as palavras que iriam ser ditadas. Foi informado, ainda, que a palavra só iria ser pronunciada duas vezes. Desta forma, para não se confundirem, elas deveriam acompanhar a leitura. Durante o ditado, que foi coletivo, houve o cuidado de não artificializar a pronúncia das palavras, todavia ditá-las de acordo com o dialeto local de Recife, e de forma mais natural possível.

Observamos o comportamento dos estudantes em relação à proposta. Percebemos que as crianças da escola J embora um pouco mais agitadas, tentavam

antecipar qual palavra completaria algumas lacunas do texto, e, ainda, procuraram ao término falar um pouco sobre o texto. Já na escola S, as crianças ficaram bem atentas e preocupadas com a sequência em que as palavras estavam sendo pronunciadas. Em ambas as escolas, a atividade foi realizada em apenas um dia com duração de aproximadamente 40 minutos.

Este ditado, composto de palavras que contemplavam as regularidades contextuais e morfológico-gramaticais, tinha como objetivo identificar que regra os estudantes apresentariam mais dificuldades. A partir dele, foi identificada a regra que passaria a ser foco de nossa pesquisa e, consequentemente, as crianças que participariam. Tal identificação, seleção e classificação já foi explicitada na seção 2.1 que trata dos participantes. Após a seleção das 20 crianças, essas passaram para a etapa da EC 1.

Selecionamos uma palavra para cada tipo de regra proposta para ser objeto inicial de investigação durante a entrevista. Caso a criança não conseguisse demonstrar o conhecimento da regra, a pesquisadora, durante a conversa, apresentava algumas possibilidades chegando, inclusive, a cometer transgressões, a fim de que o estudante pudesse apresentar o possível problema. As crianças foram questionadas se havia alguma regra para que a palavra devesse ser escrita corretamente, quando respondiam positivamente, eram indagadas sobre qual regra se tratava.

Antes de construir tanto a sequência didática como os jogos, a pesquisadora observou cada turma por um período de duas semanas a fim de promover um contato mais próximo com as mesmas, afinal, seria ela quem aplicaria os instrumentos. E, neste período não houve um ensino explícito da ortografia por parte das professoras das duas turmas.

Para não priorizar nenhuma das ações de forma que influenciasse nos resultados da pesquisa, foram criados e aplicados os mesmos critérios para a execução da sequência didática e dos jogos, foram eles: a. Quatro encontros; b. Mesmo tempo para aplicação; c. Seleção das duplas realizada por sorteio independentemente do resultado; d. Formas de agrupamento dos estudantes (individual, dupla e grupo).

Cada turma foi submetida a 4 encontros. E para cada um, independentemente de ser sequência didática ou jogos, foram traçados os mesmos objetivos, vejamos no quadro 3:

Quadro 3 – Objetivos comuns aplicados na sequência didática e nos jogos ortográficos por encontro

CORRESPONDÊNCIA REGULAR CONTEXTUAL o uso de R em diferentes contextos nas palavras

Encontro Objetivos

01

Indicar as hipóteses para a escrita de palavras com a letra R;

Reconhecer e distinguir os sons do R em diferentes posições nas palavras.

02

Reconhecer e distinguir os sons do R em diferentes posições nas palavras: entre vogais e em início de palavras

Elaborar, em nível consciente, dos conhecimentos ortográficos referente ao uso do R entre vogais e em início de palavras.

03

Reconhecer e distinguir os sons do R em diferentes posições nas palavras: final de sílaba, em encontro consonantal e precedido das consoantes N, L ou S.

Elaborar, em nível consciente, dos conhecimentos ortográficos referente a regra do uso do R.

04 Aplicar a regra sobre o uso do R nas diferentes posições das palavras.

Convém ressaltar que durante a realização da sequência didática os 10 (dez) sujeitos participavam coletivamente das discussões propostas pela pesquisadora, porém quando as atividades eram lançadas, estas deveriam ser respondidas, primeiramente, em duplas para posterior comentários em grande grupo. A formação das duplas era realizada por sorteio de modo que a dupla formada sempre deveria ser constituída de um estudante com alto e o outro com baixo desempenho. A cada encontro novas duplas eram criadas.

Os mesmos procedimentos ocorreram na aplicação dos jogos. A dupla conversava entre si depois com a dupla desafiadora e ao término do jogo a pesquisadora realizava intervenções com as duas duplas sobre a jogada, neste momento eram realizados registros individuais no “caderno de regras ortográficas”. Ao término do dia, era realizada uma discussão em grande grupo apontando as descobertas feitas pelos estudantes durante as jogadas.

As sessões de aplicações da sequência e dos jogos aconteceram duas vezes por semana. No caso dos jogos, em apenas um único encontro tivemos a aplicação de dois jogos diferentes.

A fim de não prejudicar o trabalho pedagógico das professoras, e como apenas parte dos estudantes participaram da pesquisa, a aplicação dos instrumentos foi externa a sala de aula. Na ES a aplicação ocorreu na biblioteca, e na EJ, ocorreram ora na sala de leitura ora no laboratório de informática.

Durante as aplicações a pesquisadora realizava intervenções promovendo discussões, e, de forma a provocar explicitações ou tentativas delas, que justificassem suas respostas ou ações, buscava torná-los, os estudantes, conscientes das decisões tomadas durante a sequência didática e o jogo.

Depois de realizados os 8 encontros, quatro em cada escola, voltamos a realizar coletivamente nas respectivas escolas, apenas com os estudantes selecionados, o mesmo ditado de palavras aplicado no primeiro momento da pesquisa.

E, por fim, realizamos a segunda entrevista clínica, seguindo o mesmo procedimento que a primeira, neste segundo momento buscou-se verificar a verbalização que as crianças apresentavam após a aplicação tanto da sequência como do jogo sobre a regra estudada.

Todos os momentos foram registrados por meio de equipamentos de gravação de vídeo e de áudio para posterior transcrição e tratamento dos dados e materiais coletados. Concordando com Belei (et al, 2008, p.194) “com a filmagem pode-se reproduzir a fluência do processo pesquisado, ver aspectos do que foi ensinado e apreendido, observar pontos que muitas vezes não são percebidos”. A transcrição das falas dos participantes serviu de protocolo, pois assim tecemos, de forma mais fidedigna, comentários relacionados ao foco da pesquisa.

Também foi analisado o envolvimento (participação) dos estudantes nos momentos de execução, para verificar se tais ações contribuiriam ou não com o domínio ortográfico e com as verbalizações produzidas.