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4.2 Instrumento de pesquisa: Sequência Didática

4.2.5 Quarto encontro

A atividade planejada e executada neste último encontro teve como objetivo verificar o nível de apropriação das regras estudadas durante os três encontros da pesquisa (vide plano de atividade 04 APÊNDICE E). As crianças teriam que ler um pequeno texto, identificar as palavras com escritas incorretas quanto ao uso do R e RR (RRUIM, MOREM, DIFERRENTES, CORRES, BANCAS, PARRADA, ENRROLAM) e fazer a correção por escrito.

Optamos por subdividir as duplas, ou seja, em um primeiro momento trabalhamos com duas duplas e, no segundo, com as outras três. Ressaltamos que conforme ocorrido em encontros anteriores, a formação deu-se por meio de sorteio.

A pesquisadora realizou o mesmo procedimento com os dois subgrupos: em um primeiro momento, coletivamente, entregou a ficha com a atividade, leu em voz alta o texto “Uma “Mosquita” Dengosa” e procedeu com o comando (A professora de

João fez um trabalho sobre dengue e esse foi um dos textos que ela trouxe para trabalhar na sala. João ficou tão impressionado com a história que decidiu escrever com suas próprias palavras e distribuir para os amigos e vizinhos. Vejamos o que

ele escreveu ... o que vocês acharam do que ele escreveu? Como está a escrita? Vocês perceberam alguma coisa? Pois então, agora que vocês disseram isto, leiam e releiam quantas vezes quiserem o texto dele e onde vocês acharem que ele escreveu errado vocês escreverão como deveria ser a escrita correta e explicar, por escrito, para João porque é que ele teria que escrever do jeito de vocês)

Os alunos leram e discutiram entre si a escrita das palavras. E, em alguns momentos solicitavam a presença da pesquisadora, porém a mesma não fez nenhum tipo de intervenção informando os acertos ou os erros, apenas esclarecendo dúvidas quanto ao que fazer.

A dupla de alunos 1 e 6 leu a história escrita por João. Como o primeiro apresentava melhor fluência de leitura quando comparado a sua dupla, acabou lendo rápido e o colega apenas acompanhou. Identificaram erro em cinco palavras (RRUIM, MOREM, DIFERRENTES, CORRES e PARRADA). Porém, ao justificar por escrito a frases eram sempre as mesmas: a palavra corres está errada. Por que o

som do RR está errado, aqui é o R, está certo; A forma certa é com um R; A palavra certa é com dois R; Não existe a palavra diferentes com dois R. Diante destas

resposta, a pesquisadora buscou investigar sobre os conhecimento adquiridos, assim fez alguns questionamentos, vejamos a seguir:

Extrato 20

Pesquisadora: Que palavra é essa? Aluno 1: RUIM

Pesquisadora: Onde está o erro?

Aluno 1: É ... porque não pode ter dois R no começo de palavra. Pesquisadora: 6, porque a palavra PARADA é com um R só? Aluno 6: PARADA?

Pesquisadora: Sim.

Aluno 6: Porque é com um R, porque com dois ia ficar PARRADA ... e com um R fica fraquinho ... é igual a DIFERENTES.

Pesquisadora: Ok. Não entendi isso aqui, vê .... a palavra certa é com dois R? Está falando de quem? Vocês corrigiram de onde?

Aluno 1: MORREM

Aluno 6 circulou a palavra ENRROLAM só para completar as sete, pois a dupla disse que não há problemas na escrita. A pesquisadora solicitou que eles analisassem novamente o texto e lessem atentamente as palavras que eles circularam. Continuaram a afirmar que esta palavra estava certa. Depois de um tempo ...

Aluno 1: Eita! Calma, calma, calma. Tá errado. Pesquisadora: O quê está errado?

três consoantes com N, L ... S, sei lá e tem que colocar só um R!

Os alunos 1 e 6 sintetizaram, por escrito, que o uso do R ou RR deveria ser feito em palavras corretas, porém percebemos a verbalização da regra quando conversam com a pesquisadora, conforme extrato 20. Tal situação se repetia no momento de conversa com outras duplas, como por exemplo com os alunos 3 e 7, observemos o extrato 21:

Extrato 21

Conversa entre a dupla

Aluno 3: Sabe porque não pode? Por que .... Saúde RUIM ... dois R no começo. Aluno 7: Dois R no começo (fala ao mesmo tempo que o aluno 3). Elas MORREM ... Aluno 10: MOREM (falando /r/) ... aqui tem MOREM se a gente colocar dois R fica MORREM ... sei lá!

Aluno 3: ... elas são diferentes ... Aluno 7: Ôpa! DIFERENTES Aluno 3 (para a leitura)

Aluno 7: Aqui tem DIFERRENTES (falando /R/) Aluno 3: Porque tem CORES ... CO-RES ... Aluno 7: Aqui tem CORRES ...

Aluno 3: Tem que ter um R só porque se não fica CORRES (falando /R/) ... BAN ... BRAN ... BRAN-CAS

Aluno 7: Faltou um R!

Aluno 3: ... elas depositam seus filhotes na água ...

Aluno 7: água parada! Água PARADA ... aqui tem PARRADA ... PARRADA Aluno 3: PARRADA ... é ... é ...

INTERVENÇÃO

Pesquisadora: E ainda tem uma? A dupla analisa, mas não identifica.

Pesquisadora: Tem regra que foi até a última que a gente estudou ... só pode ter fulano ... se tiver fulano, cicrano ...

Aluno 3 (sorri)

Aluno 7: ENROLAM!

Pesquisadora: O que é que tem ENROLAM? Aluno 3: Só pode ter um R antes do N! Aluno 07: Agora sim.

Aluno 3: Fulano, cicrano e beltrano (sorrisos)

É interessante que a dupla consegue justificar verbalmente quando se usa R ou RR entre vogais, porém no momento de responder, por escrito, olham uma para a outra, leem as duas formas e resistem por não saberem como e o que escreverem.

Pesquisadora: Qual é a palavra? Aluno 7: MOREM (falando /r/)

Pesquisadora: E qual é o certo? Aluno 3 e 7: MORREM

Pesquisadora: Como é que vocês vão justificar?

Aluno 3: Porque João escreveu errado. Tem que colocar dois R.

Pesquisadora: Por que tem que colocar dois R? É isso que eu quero saber. Aluno 3: Porque ... porque ... Fica muito fraco e fica errado.

Pesquisadora: Ajude 7.

Aluno 7 (escreve e fala): Não pode porque .... Pesquisadora: Por que ... Porque 3?

Aluno 3 (olha para a pesquisadora)

Pesquisadora: 3, você acabou de responder. Aluno 3 (permanece calada)

Pesquisadora: Você disse porque fica ... Aluno 3: Fraco e tem que colocar dois.

A partir das respostas que pudemos observar no extrato 21 à medida que o aluno 3 lia a história, identificou duas palavras enquanto que o aluno 7, com mais atenção além de ler e acompanhar a colega, apontou erro na escrita de quatro palavras, é interessante destacar que nas três primeiras palavras ele justificou o erro, mas na última não soube dizer. Nenhum dos dois identificou, de imediato, o erro na palavra ENROLAM. Com a intervenção da pesquisadora o aluno 3 além de identificar corrigiu corretamente a escrita.

Analisando de forma geral, percebemos que as crianças que no início da atividade apresentavam dificuldade em expressar-se frente aos questionamentos lançados pela pesquisadora passaram a responder com um pouco mais de propriedade dentro do conteúdo abordado. Fazendo um recorte sobre o produto final escrito pelas crianças no quarto encontro, percebemos que dos cinco contextos de uso do R, a maioria das duplas identificaram os erros na escrita das palavras, com exceção, apenas, da palavra ENROLAM.

Em se tratando de justificar as correções tanto no momento da escrita como na verbalização, a maioria das crianças apresentaram mais facilidade em dizer que no início de palavras não se escreve com dois R e em palavras onde há consoante e vogal, só pode ser com um R, como por exemplo, a palavra BRANCA. Por outro lado, em se tratando do uso do R entre vogais, havia uma dificuldade em justificar por escrito, mas verbalmente as respostas deram-se de forma correta.

Acabamos de apresentar como ocorreu a aplicação da sequência didática no tocante as regularidades ortográficas contextuais. Agora, veremos se houve ou não

efeito(s) quanto ao desempenho dos alunos nos ditados ocorridos durante a pesquisa.

4.2.6 Análise do desempenho ortográfico dos alunos na atividade do ditado de palavras 1 (DP1) e ditado de palavras 2 (DP2) – Escola S

Para analisar nossos dados, montamos dois quadros, sendo um contemplando todas as regras contextuais e outro as morfológico-gramaticais. Embora o foco de nossa pesquisa tivesse sido o uso do R em seus contextos, optamos por analisar todas as regras selecionadas a fim de verificar se houve avanços, permanências e/ou retrocessos no domínio ortográfico. O quadro apresenta as seguintes informações de cada estudante: o subgrupo que pertence, numeração por ordem de desempenho e situação no ditado de palavras inicial e no final.

Ressaltamos que solicitamos às crianças que escrevessem 5 palavras que contemplavam a mesma regra, se elas errassem a escrita de 3 destas consideramos que não possuíam domínio sobre a mesma.

Para visualizar, adotamos gradação de cores diferentes para sinalizar o percurso das crianças no ditado inicial e no final (vermelha – a criança iniciou e terminou com dificuldade na mesma regra; laranja – a criança apresentou dificuldade no DP 2 que não foi apontada no DP 1; verde – as dificuldades apontadas no DP 1 não mais existiam no DP 2). Os quadradinhos que não apresentarem nenhuma dessas três cores é porque a criança iniciou e concluiu a pesquisa sem apresentar dificuldades em determinadas regras, sendo assim, marcamos apenas àquelas em que o emprego não ocorreu corretamente e, que nos deu condições para discutir sobre o domínio após a aplicação do instrumento. A partir de agora apresentamos como cada criança caminhou ao longo da pesquisa, ou seja, antes e depois da aplicação da sequência didática. Iniciaremos por uma análise quantitativa e finalizando por uma análise qualitativa dos resultados.

4.2.7 Análise do desempenho ortográfico dos alunos nas regularidades