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Nesta semana de intervenção, fui a aluna observante, mas, para além de observar e registar dados, também auxiliava a minha colega na preparação e decorrer das atividades, pois considero que seja quase impossível estar numa sala de jardim-de-infância sem intervir. Durante esta semana de atuação pretendo refletir sobre o grupo de crianças, a importância da planificação, da avaliação e das aprendizagens, e ainda sobre estratégias a adotar para melhorar determinados aspetos.

Relativamente ao grupo de crianças, observei que continua ainda muito disperso e agitado o que leva a que, por vezes, não participe tão ativamente no que é solicitado; a tarefa de reconquistar a atenção do grupo complica-se. Esta situação faz-me parar para pensar em estratégias para melhorar: para querer a atenção das crianças, não poderei exigir apenas que elas mudem se nós, estagiárias, também não o fizermos: muito provavelmente teremos de mudar a nossa postura, visto haver a perda do grupo por várias vezes. É verdade que as crianças nos testam, tentando ver até onde podem quebrar as barreiras; nós, enquanto atuantes, temos o papel de não permitir que certos comportamentos decorram, e quando eles acontecem, temos de fazer perceber à criança onde ela errou e o porquê, fazê-la refletir.

No que se refere à planificação, apesar de ser, segundo Escudero (citado por Zabalza, 1992) “o conjunto de processos (…) através dos quais a pessoa visualiza o futuro, fez (…) um marco de referência que guie as suas acções” (p.48), nunca podemos garantir que seja cumprida. De facto, ela é pensada e planeada, tendo por base ideias, experiências e metas a alcançar que indicam um rumo a seguir; porém, há sempre contratempos que acontecem na hora e a planificação tem de ser ajustada nesses momentos. Nesta semana, as planificações foram cumpridas quase na totalidade; porém, houve algumas atividades que não foram realizadas e reconheço que fizeram falta para enriquecer o trabalho e desenvolvimento de aprendizagens para as crianças; um dos exemplos refere-se à análise não realizada da roda dos alimentos com as duas salas do jardim; admito que esta análise teria sido bastante importante, pois assim ter-se-ia feito novamente a exploração da roda e as crianças poderiam reconhecer onde erraram, esclarecer as suas dúvidas e adquirir novos conhecimentos.

Durante as intervenções, a educadora cooperante auxiliou-nos sempre quando necessário, tanto nos momentos para gerir os grupos bem como na realização das atividades, dando sempre sugestões. Julgo que seja essencial esta interação entre educadora – estagiária, pois a educadora, conhecendo melhor o grupo de crianças e tendo uma maior experiência para lidar com situações que vão ocorrendo na sala de jardim-de-infância, sabe o que funciona melhor com o grupo, algo que eu ainda terei de ir aprendendo. Ao observar os comportamentos e escutar as sugestões dadas pela educadora, reconheço serem uma grande aprendizagem para mim, tanto a nível pessoal como profissional, pois sei que, neste momento, não tenho adquiridas as aprendizagens suficientes para gerir todo um grupo sozinha.

Relativamente à avaliação desta semana, as crianças ao comerem as maçãs confecionadas de duas maneiras diferentes, apenas as saborearam, não identificando as restantes propriedades a partir dos outros órgãos dos sentidos. Um aspecto que considero que poderia ter sido melhorado por parte do grupo de trabalho seria ter dado a maçã inteira para que as crianças observassem as diferentes propriedades: considero que se esta estratégia tivesse sido adotada, as aprendizagens teriam sido mais enriquecedoras.

Na atividade de conversarem sobre o fim de semana, regra geral, as crianças estabelecem um discurso coerente, contudo, não respeitam as regras impostas: é pedido que contem apenas uma coisa que tenha sido a mais importante e a maioria das crianças, conta tudo. Perante esta situação é importante não deixar quebrar as regras e dar oportunidade de cada criança evidenciar apenas uma vivência. No “Jogo do toque” algumas crianças não sabiam identificar as partes do corpo; julgo que não tenham percebido a atividade, pois tocavam com as suas próprias partes do corpo umas nas outras em vez de tocarem no seu parceiro. Eu e a minha colega de Prática Pedagógica exemplificámos uma vez, mas uma solução que poderia ter sido aplicada seria a exemplificação mais do que apenas uma vez, pois assim as crianças observavam e imitavam e depois de perceberem a atividade, realizavam-na sozinhas.

Em relação à atividade de se agruparem consoante as semelhanças do corpo entre elas, foi pedido que se juntassem todas as crianças com olhos azuis: verifiquei que houve muita dificuldade em se agruparem; uma solução poderia passar pela estagiária ajudar as crianças a formar primeiramente um grupo e explicar como o fez e de seguida, as crianças formavam um novo grupo sozinhas. Relativamente à elaboração da roda dos alimentos, houve muitas crianças que não conseguiram associar o recorte do alimento ao sector da roda dos alimentos. Apesar de a exploração ter sido feita e de as crianças terem dificuldade de associar, poderá dar a entender que as aprendizagens nesta atividade não foram significativas para elas. Perante esta situação, dever-se-ia ter feito novamente a exploração dos conceitos para verificar se as crianças realmente aprenderam.

Na exploração do gráfico, verifiquei que algumas crianças evoluíram a nível cognitivo: digo isto porque, na semana passada quando as questionei sobre quantas pessoas viviam com elas, a maioria das crianças não contava consigo própria. Ao explorar os gráficos, as crianças incluíram-nas e quase sempre,

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em primeiro lugar. Quero com isto dizer que considero que houve aprendizagens, pois as crianças perceberam e aprenderam que ela própria faz parte do agregado familiar. As crianças também identificaram corretamente o que era pedido, organizando a informação correta no gráfico. Verifiquei que houve dispersão na análise dos gráficos, visto ser uma atividade em que as crianças não participam todas simultaneamente, mas considero que este tipo de atividades terá de ser realizada em grande grupo, pois permite a discussão e confronto de ideias.

Na atividade de criar uma história a partir de imagens, verifiquei diferentes níveis de desenvolvimento social, mesmo entre crianças da mesma faixa etária: havia crianças que colocavam vários elementos para além dos representados e formavam uma história criativa e completa. De um modo geral, todas as crianças associaram corretamente a ordem das imagens com o que iam dizendo, formando assim, uma história coerente.

Na apresentação do livro elaborado por elas, cada criança reconheceu o seu desenho e inclusive, havia crianças que reconheciam o trabalho dos colegas; foi gratificante observar que as crianças conseguiram fazer o reconhecimento, o que poderá demonstrar que, para além de elas estarem motivadas na atividade, estavam também atentas a todo o trabalho desenvolvido.

Após estes confrontos de avaliação é possível entender como o grupo é tão heterogéneo, não havendo duas crianças iguais: cada uma tem o seu ritmo de trabalho e precisa do seu tempo, e nós, futuras educadoras, temos o dever de as auxiliar sempre que necessitam. Em conformidade com Bastos (2003), “cada criança/aluno é um indivíduo com as suas especificidades próprias, que requerem, por isso mesmo, uma atenção particular e, tanto quanto possível, de forma individualizada” (p.9).

Para terminar o parâmetro da avaliação, considero que na reflexão final de grupo deverá ser trabalhada a autoavaliação das crianças, para que elas tomem consciência do trabalho que elaboraram, que reconheçam os seus erros e possam ultrapassar as dificuldades, indo assim, ao encontro do que referem Cardona, Nogueira, Vieira, Uva e Tavares (2010): “a forma como se processa e trabalha a avaliação é uma estratégia fundamental para a evolução do seu trabalho e pode incentivar a reflexão também por parte das crianças sobre os respectivos comportamentos e atitudes e sobre as aprendizagens que vão realizando” (p.84). Contudo, nestes momentos de reflexão, as crianças continuam a referir apenas o que gostaram mais de fazer. É de facto importante ter esses conhecimentos, e elas ao afirmarem terem gostado mais de alguma atividade proposta por nós, pode significar que as propostas vão ao encontro dos interesses das crianças. Mas, mais importante do que elas gostarem das nossas atividades, de ir acompanhando o trabalho delas e de a planificação ter sido cumprida, é o facto de as crianças aprenderem e de forma significativa. E é também a partir da reflexão final feita pelas crianças que poderemos saber se elas aprenderam algo.

Em relação às aprendizagens desta semana, depois da reunião estabelecida com o professor supervisor, reconheço a importância de reagirmos ao que as crianças nos comunicam, pois é uma forma de elas se manterem mais atentas e interessadas, pois ao as escutarmos, é possível “melhor as conhecer e melhor identificarmos e respondermos às suas necessidades, interesses, competências e direitos” (Formosinho & Araújo, 2008, p.27), adaptando diferentes estratégias para lidar com cada criança.

Mas para além das minhas aprendizagens, as aprendizagens dos alunos são tão ou mais importantes; para que uma aprendizagem seja significativa “há que valorizar todos os momentos de uma actividade e o saber dialogar, antes e depois da sua realização” (Cardona et al, 2010, p.77); deveremos partir sempre dos conhecimentos que as crianças já possuem, e depois confrontar o que elas sabiam e se aprenderam algo de novo.

Incidindo particularmente sobre estratégias a adotar para melhorar todo o processo de ensino- aprendizagem, considero que deveremos dividir o grupo em grupos mais pequenos na realização de algumas atividades, acompanhando as crianças mais de perto para lhes poder dar a atenção e apoio de que necessitavam, tal como referido anteriormente: este acompanhamento mais próximo torna-se fundamental, pois há aprendizagens para ambas as partes, e assim, as crianças estão mais concentradas no trabalho o que poderá contribuir ainda mais para a aquisição de aprendizagens significativas.

Durante esta semana, a interação com o grupo de crianças nas horas livres voltou a crescer, o que proporcionou momentos de aprendizagem. Assim sendo, finalizo a minha reflexão transcrevendo um episódio vivenciado num nesses momentos de interação e que me marcou pessoalmente. Na hora do lanche, uma criança que muito dificilmente trocava palavras comigo, inclusive no decorrer das atividades propostas, chamou-me várias vezes para me dizer algo. Fiquei bastante admirada com a sua atitude mas, simultaneamente, bastante contente, pois a criança falou espontaneamente comigo e sempre que eu tentava interagir com ela, quase nunca era correspondida. É mais um episódio marcante e sinto que possa ter significado que a criança já me vai vendo, gradualmente, como alguém a quem pode comunicar aspetos importantes do seu dia-a-dia. Volto a afirmar que, por mais pequenos que estes gestos possam parecer, enchem-me de alegria e vontade de estar mais tempo com o grupo de crianças.

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Referências bibliográficas:

Bastos, G. (2003). Diferenciação Pedagógica para a Diversidade na Infância – caderno de Apoio. Lisboa: Universidade Aberta.

Cardona, M.; Nogueira, C.; Vieira, C.; Uva, M. & Tavares, T. (2010). Guião de educação género e cidadania pré-escolar. Lisboa: Comissão para a cidadania e igualdade de género.

Formosinho, J. (2008). A Escola vista pelas crianças. Porto: Porto Editora.

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