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Numa vez mais em que assumi o papel de estagiária atuante, pretendo incidir a presente reflexão sobre a minha ação, tendo sempre em vista não só o meu melhoramento bem como as aprendizagens significativas para as crianças. Neste sentido, e no que concerne às propostas educativas desenvolvidas, pretendo refletir sobre duas atividades realizadas em diferentes áreas: uma dizendo respeito à dramatização de uma história encenada através de sombras chinesas (realizada na segunda-feira) e uma outra no âmbito da expressão motora (realizada na terça-feira). A par da reflexão sobre estas atividades, irei ainda salientar as minhas fragilidades e aprendizagens. É certo que nesta semana foram abordadas outras áreas, nomeadamente a expressão plástica na elaboração de trabalhos manuais acerca da temática “Halloween” e a exploração dos sentidos na confeção do bolinho mas, a escolha de reflexão sobre os referentes anteriormente apresentados, deve-se ao facto de, ao longo destas semanas de intervenção, os mesmos terem incidido no âmbito da expressão plástica e nunca terem sido vivenciadas experiências nas outras vertentes referidas. Para finalizar a reflexão e de forma a ir pensando e refletindo cada vez mais na minha prestação e no desempenho das crianças, irei salientar a importância da avaliação.

Aquando a apresentação da história, não me foi possível verificar o comportamento e reações das crianças, pelo facto de ser apresentada por sombras chinesas e de eu estar por detrás do lençol. O facto de não dar para ver as suas reações e de não poder interagir ativamente com elas, foram senãos encontrados por mim. Apenas consegui perceber as suas reações depois de conversas com a educadora cooperante e com as próprias crianças, verificando que elas gostaram, pedindo inclusive, para repetir. Deste modo, e tendo em vista o perceber se esta atividade foi ao encontro dos interesses e necessidades das crianças permitindo a aquisição de aprendizagens significativas, dou por mim a questionar-me se não deveria ter proporcionado mais momentos de interação com as elas ao longo da dramatização da história, o que aconteceu apenas, uma única só vez, ou refletindo ainda se a história seria a adequada para tal. O grupo de trabalho optou por apresentar a história desta forma, a fim de ser algo novo realizado pelo mesmo para as crianças, com o intuito de “permitir espaços e flexibilidade para aumentar a variedade dos métodos de ensino” (Hargreaves, Earl & Ryan, 2001, p.120). Concordando com a ideia que Lopes (1996) defendia, “é uma idade em que gostam que lhes contem histórias pessoalmente” (p.10), considero que seja de facto importante não só ler histórias às crianças bem como apresentá-las em diferentes formatos.

Já no que concerne à atividade de expressão motora realizada no segundo dia desta semana de Prática Pedagógica, consistindo no seguimento da leitura da história “Carlota Barbosa, a bruxa medrosa”, foi desafiado às crianças o executar de um percurso, onde se assumiam como a bruxa da história, ultrapassando vários obstáculos que a atormentavam (ratos, aranhas, mochos, baleias e sapos). Senti a necessidade de planificar uma proposta educativa a nível mais motor, não apenas pelo facto de ser sugerido a elaboração da mesma numa unidade curricular, bem como pelo facto de nunca ter assistido nem proporcionado atividades dirigidas neste âmbito; apenas tive a oportunidade de observar as crianças a realizarem atividades motoras em momentos voluntários e espontâneos das próprias, sobretudo no espaço exterior. Nesta atividade, senti muita dificuldade na organização e gestão de grupo: este dispersava-se com muita facilidade, não respeitando, por vezes, as regras instruídas. Apesar de elas demonstrarem terem gostado, pelo motivo de ser algo novo e de haver imagens associadas ao que estavam a executar e de os ter integrado na história e de aderirem ativamente, querendo algumas, repetir novamente a atividade, tive ainda a especial atenção de ir exemplificando cada etapa de cada vez e não avançar para a etapa seguinte sem que todas as crianças a executassem. Durante a realização da mesma, houve questões que me fizeram pensar e refletir: uma vez mais, voltei a refletir sobre a minha postura, e se a atividade planificada não tenha exigido em demasia das capacidades e limitações das crianças. Uma solução que me parece que poderia ter sido viável, debruça-se no facto de executar apenas partes do percurso isoladamente, e não dar de imediato um percurso para as crianças o realizarem. Apesar das fragilidades salientes desta atividade, pude observar e registar que as crianças se encontram em diferentes níveis de desenvolvimento, embora todas revelem maior dificuldade no salto uni pedal, sendo um obstáculo usar os pés na impulsão, apresentando maior facilidade na corrida, gatinhar e rastejar.

Deste modo, apostar mais em atividades motoras é um aspeto que quero ter conta pois, a meu ver, ao longo da minha formação fui verificando que ainda se dá demasiado e mais valor ao produto e não tanto ao processo; exemplificando o que acabo de ver, sinto que se dá mais reconhecimento a um desenho, pintura ou trabalho manual que uma criança faz do que jogos motores, tal como foi experienciado esta semana, pelo facto de a primeira permitir a obtenção de um produto final visível, contrariamente ao que nem sempre acontece com as atividades motoras. Neste sentido, é importante não descurar a ideia que a criança tem de se desenvolver em todos os domínios, não valorizando em demasia um e desvalorizar outro. Sinto ainda que o grupo de trabalho tem planeado e planificado muitas atividades no âmbito da expressão plástica, talvez pelos motivos anteriormente apresentados. Apesar de eu não ter conseguido gerir o grupo da melhor forma, pois nem sempre respeitavam a sua vez de participação e não cumpriam

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instruções, saber estabelecer as regras é de facto fundamental, isto porque as crianças estão constantemente a testar até onde as deixamos ir.

A par não só desta atividade mas também a nível geral, incidindo na adoção de estratégias necessárias para controlar o grupo de crianças, reconheço que não poderei nunca desistir e terei de ir conhecendo cada vez mais as características do grupo; concordando com Garcia (1999) ao afirmar que os educadores/professores têm de ter conhecimentos sobre o grupo, as suas características e os níveis de rendimento, encontrando soluções para os motivar, terei de adotar diferentes estratégias em diferentes momentos, passando por cantar músicas do seu agrado, manter a surpresa, conversar sobre assuntos do seu interesse, … sintetizando, terei de ser criativa e dinâmica, procurando sempre o melhor para as aprendizagens das crianças. Só assim, é-me possível planificar corretamente para o grupo de crianças com quem estou a trabalhar pois, ao planificar vou verificando que nem sempre esta se encontra completa, apresentando pequenas lacunas.

Com o que acabo de apresentar ao longo da presente reflexão semanal, estou em constante processo de avaliação, tanto da parte das crianças como da minha própria auto-avaliação: “a avaliação no seio da actividade de aprendizagem e de produção é, portanto, uma necessidade, tanto para o professor como para os alunos.” (Bartolomeis, 1977, p.41), a fim de poder melhorar a minha ação em prol das crianças, sabendo “caracterizar com rigor a relação educativa e pedagógica, descrevendo, tipificando, categorizando, avaliando e diagnosticando os múltiplos fenómenos complexos que coexistem nos contextos do processo ensino/aprendizagem” (Freire, 2009, p.36), e para as crianças que, por mais pequenas que sejam, estas têm de ser capazes de reconhecer as suas capacidades, dificuldades e limitações, a fim de encontrar respostas para solucionar os seus problemas.

Referências bibliográficas:

Bartolomeis, F. (1977). Avaliação e Orientação – objetivos, instrumentos, métodos. Lisboa: Livros Horizonte.

Freire, J. (2009). A escola como observatório de necessidades educativas de alunos e formativas dos professores - da caracterização dos contextos educativos às cartas de intervenção estratégica. Disponível em: http://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/1429. Acedido a 09.06.2012.

Garcia, C. (1999). Formação de professores – para uma mudança educativa. Porto: Porto Editora.

Hargreaves, M.; Earl, L & Ryan, J. (2001). Educação para a mudança : reinventar a escola para os jovens adolescentes. Porto: Porto Editora.

Lopes, E. (1996). Acesso e qualidade da educação pré-escolar – caderno n.º 4. Lousã: Projecto de educação para todos.

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