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Nesta semana de Prática Pedagógica, apenas houve um dia de intervenção; pretendo refletir sobre a avaliação das atividades desenvolvidas nesse dia e sobre a minha ação.

Incidindo no parâmetro da avaliação, relativamente ao jogo de associação de alimentos saudáveis/não saudáveis, as crianças identificaram facilmente os alimentos saudáveis/não saudáveis, não havendo portanto, dificuldade na classificação dessas categorias. Ao estar a observar as crianças, ia fazendo registos sobre a sua ação, o que contribui também para as avaliar; “é preciso que o professor tenha uma atitude de observação que o mantenha informado da influência que o projeto do ambiente está exercendo sobre a conduta das crianças e sobre a sua aprendizagem” (Zabalza, 1998, p.252). Inicialmente, nesta atividade, as crianças estavam entusiasmadas, mas acabaram por se dispersar rapidamente. Reconheço que, um possível motivo pelo qual as crianças estivessem desmotivadas, poderá ter sido o facto de a atividade não ir ao encontro dos seus interesses nem estar bem planeada: considero ainda que a estratégia inicial planificada pelo grupo de trabalho não tenha sido a mais correta, uma vez que apenas uma criança estava envolvida no jogo, enquanto as outras esperavam; isso fez com que o jogo demorasse muito tempo e que as crianças não estivessem motivadas. Foi então que refleti na ação e sugeri à colega, tentar adotar outra estratégia: sabia que poderia correr o risco de não funcionar bem com o grupo de crianças, mas sem experimentar nunca o iria saber: optamos por arriscar e foi distribuído a cada criança um cartão do jogo e cada uma ficava com ele até a estagiária a chamar o colocar no cartaz. Verifiquei que, de facto, a estratégia foi bem pensada e adotada: deixou de ser uma atividade em que era apenas uma criança a participar, passando a ser uma em que participavam todas na mesma atividade, cooperando entre si e estando mais motivadas, empenhadas e participativas. Digo isto porque verifiquei que houve muita cooperação entre as crianças mais velhas para com as mais novas: isso torna-se bastante fundamental, pois, no meu ponto de vista, considero que as crianças mais novas se sentem ajudadas e acompanhadas, e as mais velhas também se sentem igualmente satisfeitas ao ajudarem as mais novas, pois demonstram que já sabem e que o podem transmitir aos outros.

No que diz respeito à avaliação sobre a conversa do fim de semana e do bolinho, considero que as crianças estão cada vez mais participativas, mostrando um discurso coerente, mas, no entanto, tentam sempre quebrar as regras; mas eu própria também o fiz, ao voltar a dar a palavra a uma criança, sem dar conta. Terei de ter em atenção às consequências que a minha ação pode ter pois, por mais pequena e insignificativa que possa parecer, pode ser o suficiente para que as crianças alterem o seu comportamento e quebrem as regras estabelecidas, uma vez que tendem a imitar os adultos, pois são modelos para elas: é mais um momento que procuro melhorar para ir aprendendo, onde terei de me autoavaliar, pensar, refletir, e adequar estratégias para melhorar a minha ação. Considero também que as crianças ainda não respeitam os colegas, quando estes querem falar; “é importante que as crianças se apercebam que a igualdade da participação de todos deve ser promovida” (Cardona, Nogueira, Vieira, Uva & Tavares, 2010, p.76). É fundamental que a criança tome consciência de quando é a sua vez de falar e de respeitar a vez dos seus colegas, aceitando as regras impostas: “à medida que a criança convive com os outros, deve adquirir a capacidade de regulação do seu próprio comportamento” (Fontaine, 2000, p.15).

Um dos aspetos positivos a mencionar desta atividade, julgo ter sido a estratégia adotada pelo grupo de trabalho ao explorar a conversa com as crianças através da manipulação de fantoches; de acordo com Costa e Baganha (1989), “o fantoche é um brinquedo privilegiado como mediador entre o Eu e o Outro” (p.29), de tal modo “considerarmos a sua utilização nos jardins-de-infância de uma importância primordial”. Em conformidade com os autores, reconheço que os fantoches têm um impacto incrível para com as crianças, pois a atenção por parte delas foi mais notória, comunicaram ainda mais, interagindo, o que contribui para o desenvolvimento da linguagem da criança. Deixou de haver apenas interação entre criança-estagiária, passando a ser entre criança-estagiária-fantoche: apesar de o fantoche não ter vida própria, este pode provocar reações em quem o manipula e em quem o vê ser manipulado, e assim, “sendo um objecto inanimado, torna-se alguém” (Costa & Baganha, 1989, p.37), com o qual as crianças poderão interagir, permitindo a existência de proximidade. Com este momento reflito sobre a importância de levar materiais diferentes e incentivar a participação dos alunos, para que possam aprender de forma significativa e contextualizada.

Ao longo de todas estas semanas de intervenção no jardim-de-infância, já começo a ir conhecendo melhor o grupo de crianças, até porque elas se vão revelando semana após semana, dia após dia: é fundamental conhecer os alunos, pois assim é possível partir do que eles já sabem e daí explorar e ampliar os seus conhecimentos, bem como, proporcionar aprendizagens significativas para cada criança, que “deve basear-se nas situações do dia-a-dia” (Castro & Rodrigues, 2008, p.60).

Nas semanas anteriores estava mais centrada na minha função, esquecendo um pouco se as atividades estavam de acordo às necessidades das crianças e se tinham significado para elas. Porém, estou a mudar essa minha postura, dando mais apoio individualizado a cada criança, conhecendo-as melhor. Como

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afirma Bastos (2003), o conceito de diferenciação pedagógica considera que “cada criança/aluno é um indivíduo com as suas especificidades próprias, que requerem, por isso mesmo, uma atenção particular e, tanto quanto possível, de forma individualizada” (p.9). Após refletir sobre a minha ação ao longo da Prática Pedagógica, reconheci a importância da diferenciação pedagógica com este grupo de crianças, uma vez que “as necessidades das crianças pequenas são muito variadas” (Zabalza, 1998, p.252).

Sei que, apesar de já ter aprendido várias coisas, continuarei a aprender ao longo desta prática e decerto, muito ficará ainda por descobrir. Não poderei esquecer a importância da autoavaliação, para me conhecer e mudar para melhorar: “o auto-conhecimento é a capacidade que o indivíduo tem de reconhecer em si mesmo o que há de positivo e de negativo, de identificar os pontos fortes e fracos da sua personalidade” (Dias, 2009, p.18). Terei de ter a opinião/perceção de mim própria para me autoavaliar; este é um processo de construção pessoal de mim mesma, das minhas competências e atitudes. Reconheço que se torna fundamental este conhecimento que vai sendo construído ao longo do processo de desenvolvimento, em função do que vou experimentando e vivenciando ao longo do tempo. Todas as mudanças referidas anteriormente que pretende fazer, permitem-me tomar consciência dos meus erros e com isso, aprender; estas aprendizagens proporcionam vontade de fazer sempre melhor.

Para finalizar a minha reflexão, cito um excerto de Freire (1991), indo ao encontro do que eu referi anteriormente sobre a minha reflexão de toda a prática: “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”. (p.58).

Referências bibliográficas:

Bastos, G. (2003). Diferenciação Pedagógica para a Diversidade na Infância – caderno de apoio. Lisboa: Universidade Aberta.

Cardona, M.; Nogueira, C.; Vieira, C.; Uva, M. & Tavares, T. (2010). Guião de educação género e cidadania pré-escolar. Lisboa: Comissão para a cidadania e igualdade de género.

Castro, J.; Rodrigues, M. (2008). Sentido de número e organização de dados: textos de apoio para educadores de infância. Lisboa: Ministério da Educação.

Costa, I. & Baganha, F. (1989). O fantoche que ajuda a crescer. Porto: Edições Asa.

Dias, M. (2009). Promoção de competências em educação. Leiria: Instituto Politécnico de Leiria. Fontaine, A. (2000). Parceria Família – Escola e Desenvolvimento da criança. Porto: Edições Asa. Freire, M. (1991). A Formação Permanente. In: Trabalho, Comentário, Reflexão. Petrópolis. Zabalza, M. (1998). Qualidade em educação infantil. Porto Alegra: Artmed.

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