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Na presente reflexão, e seguindo a mesma linha orientadora das reflexões anteriores, irei refletir em momentos distintos: para iniciar, evidenciarei o meu papel enquanto observante e a importância do método de observação e tomada de notas, uma vez que, nesta presente semana, estive dois dias a observar e um a intervir. Seguidamente irei refletir sobre o meu papel enquanto atuante, salientando os receios que me têm fragilizado antes do momento de atuação, bem como as aprendizagens adquiridas durante a mesma, e ainda abordarei a avaliação de uma atividade. Para terminar, refletirei essencialmente em mim, na minha prestação pessoal e o que fazer para mudar de modo a ir melhorando a minha prestação.

Incidindo no primeiro momento que pretendo refletir, a observação, tenho a evidenciar que ao estar a observar e não estando a assumir o papel principal de atuante, tive uma visão e percepção completamente diferentes daquela que não tenho quando estou a intervir; nesta presente semana de atuação, este aspeto foi muito mais notório, em virtude de ter assumido os dois papéis seguidamente. Ainda ao estar neste papel, estava receosa da minha presença poder causar distúrbios nos alunos, pelo facto de eu estar a observar e a recolher dados, o poderia causar incómodo ou distração da sua parte; contudo, não considero que a minha presença tenha sido um constrangimento para eles, antes pelo contrário. Lessard-Hébert, Goyette e Boutin (1994) referem que no processo de observação, não temos de ter em conta apenas o que nos é útil para o estudo mas igualmente as perturbações que poderão surgir com a presença do investigador.

Em semanas anteriores, os alunos questionavam-me frequentemente o que estava a anotar, para quê, e para quem. Senti que para alguns, era mera curiosidade mas para outros, era confuso perceber essa minha ação. Mas como as semanas vão passando e já se torna uma rotina o método de observação e recolha de dados por parte do grupo de Prática Pedagógica, os alunos já não questionam e apenas se dirigiam a mim para esclarecer dúvidas, corrigir trabalhos ou apenas para querer alguns minutos de atenção.

Ainda neste papel enquanto observante, revejo ainda mais a necessidade da utilização cuidada do rigor científico que, ao estar a intervir, a questão da linguagem utilizada nem sempre é tão perceptível, na medida em que nem sempre me apercebo se a linguagem utilizada é a mais adequada e correta. Digo que a utilização de uma linguagem correta e adequada se torna importante, na medida em que é fulcral que os alunos não criem concepções alternativas e, sobretudo, que o professor não os induza a erro.

Relativamente ao momento do meu papel enquanto atuante, começo por salientar que dia após dia de intervenção, o gosto de estar no papel de professora começa a crescer cada vez mais! As dúvidas e os receios existentes até então foram enfraquecendo e sendo substituídos pela certeza de conseguir superar os obstáculos que poderão surgir nesta caminhada. Já foram muitas aprendizagens adquiridas mas, no entanto, reconheço que ainda há um longo caminho a percorrer, de dúvidas, medos, certezas, aprendizagens, desafios e descobertas.

Incidindo na avaliação de uma atividade, pretendo salientar o desenvolvimento de um projeto iniciado pelo grupo de Prática Pedagógica, incidindo no âmbito da expressão musical, nomeadamente, na aprendizagem do instrumento de flauta de bisel. Assumindo como sendo um projeto “novidade”, verifiquei que havia por parte dos alunos uma grande ansiedade de tocar o instrumento. Não iniciei por aí uma vez que, antes da aprendizagem do instrumento, são necessários ter adquiridos os conhecimentos/conceitos elementares para posteriormente ser possível a produção do som. E este facto foi explicado aos alunos, fazendo a comparação da aprendizagem da leitura e de cálculos: os alunos têm de conhecer as notas musicais para poderem tocar o instrumento, tal como conhecer as letras e os números para poder escrever e calcular, respetivamente. Para não explorar os conceitos de modo tão rigoroso e aprofundado, optei estrategicamente, pela utilização de vocabulário e vivências do dia a dia dos alunos. Para ilustrar o referido anteriormente e dando apenas um exemplo para não me tornar tão descritiva, no momento de os alunos soprarem para a flauta, aproveitei o momento de uma aluna fazer anos e solicitar a turma para imaginarem que estavam a soprar para as velas do bolo de aniversário da colega, onde usei a expressão “soprar para a vela mas sem a apagar!”, exemplificando de seguida. Neste momento, pude observar que os alunos conseguiram fazer o pretendido sem dificuldade, executando logo depois da minha demonstração.

Apesar do pouco tempo destinado para este projeto, estou a gostar imenso do resultado dos alunos mas, mais importante que isso, é gratificante ver o interesse e entusiasmo que eles têm por este projeto, o que faz com que eu tenha sempre vontade de fazer mais e melhor e procurar estratégias que os motivem, tal como feito até agora. Sem dúvida que a motivação é um fator chave para o proporcionar de atividades, pois quando o aluno está envolvido, há atitudes que são perceptíveis desse empenho: tal como defende Fonseca (2011), os sinais comportamentais, concentração, energia, criatividade, expressão facial, postura, persistência, precisão e satisfação, são fatores observáveis da aprendizagem significativa por parte dos alunos.

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Reconheço que este projeto tenha ainda imensas potencialidades e objetivos por atingir, necessitando de tempo e espaço, e que, decerto, muitas ficarão por explorar. Mas este projeto é um exemplo vivo de que “qualquer conteúdo pode dar a uma projecto didáctico de expansão experiencial: (…) a partir desse conteúdo-estímulo, podemos trabalhar a linguagem, a expressão artística, a motricidade, a fantasia, etc” (Zabalza, 1987, p.159). Apesar de este projeto ainda agora ter nascido, ainda não houve oportunidade de relacionar com outras áreas (apenas comparando com a língua portuguesa e com a matemática como referi anteriormente), mas considero que, sempre que possível, a integração e interligação com outras áreas do saber deverão ser efetuadas, a fim de serem atingidos diferentes pontos do programa, tal como citado anteriormente por Zabalza. Sabe-se que, nem sempre, a expressão musical é uma área explorada nas salas de aula, o que é um erro; “uma actividade musical, individual ou em grupo, está hoje integrada no curriculum do ensino” (Cunha & Ralha, 1990, p.7), e é preciso que lhe seja dada o seu devido valor, dispensando algum tempo para a sua exploração juntamente com os alunos.

Passando ao último momento da reflexão pessoal e centrando-me mais a nível pessoal, começarei por recair num aspeto que me tem vindo a atormentar e que dizia respeito aos meus receios que acabavam por me deixar insegura. Após as intervenções feitas, e dia após dia com o contacto mais próximo com os alunos e o conhecimento que vou tendo deles, fazem com que os receios evidenciados em reflexões anteriores vão sendo ultrapassados, deixando-me mais segura e confiante das minhas capacidades. Penso que o que acabo de salientar seja perceptível nas atuações, como por exemplo, quando vou para além do que está planificado. Com isto não quero dizer que me afasto completamente da linha orientadora que estava prevista para um determinado dia: quero antes dizer que vou estando cada vez mais atenta ao que acontece com os alunos e aos momentos que são proporcionados espontaneamente em sala de aula. Vou tentando aproveitar esses momentos por considerar que sejam fundamentais para os alunos, para o desenvolvimento das suas competências e aquisição significativa de aprendizagem. E com esses momentos vou experimentando, aprendendo, avaliando e refletindo, dando assim maior importância ao que vai surgindo espontaneamente, testando e averiguando a melhor forma de desenvolver as competências dos alunos e de fazer com que as atividades tenham sentido para eles. Deste modo, não estou tão presa e preocupada em cumprir toda a planificação dentro dos tempos previamente destinados, não considerando isso preocupante uma vez que, e indo ao encontro do que Zabalza (1987) defende, “o fundamental é sabermos o que estamos a trabalhar, que possibilidades de enriquecimento experiencial o conteúdo ou material possui, uma vez planeado por nós previamente ou então surgido de maneira casual” (p.159). Só experimentando e refletindo, vou conhecendo as melhores estratégias de adaptar à turma.

Referências bibliográficas

Cunha, J. & Ralha, S. (1990). Iniciação musical: dos 3 aos 12 anos. Porto: Contra ponto.

Fonseca, V. (2011). Reflectindo sobre a prática pedagógica em educação de infância: o jogo e o desenvolvimento de competências sociais.Relatório de Mestrado. Leiria: Instituto Politécnico de Leiria.

Lessard-Hébert, M.; Goyette, G. & Boutin, G. (1994). Investigação qualitativa – Fundamentos e práticas. Lisboa: Instituto Piaget.

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Anexo XX: Sétima reflexão semanal em contexto de 1.º Ciclo do Ensino

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