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Para esta semana de intervenção a pares, sinto que seja importante refletir sobre o trabalho em equipa, da importância da planificação, da atuação, aspetos a mudar, dificuldades sentidas, aprendizagens e novamente, os meus receios e expectativas.

Durante esta semana, o grupo de trabalho interveio em conjunto; todo o trabalho subjacente à intervenção foi feito por ambas, desde sugestões, planificações e materiais. Penso que para um grupo funcionar bem, é essencial a comunicação; no nosso grupo discutirmos diferentes ideias, ouvimo-nos, aceitamo-nos e criticamos também. Tudo isto faz com que o trabalho se desenvolva.

Quando chegou o dia da atuação a pares, não estava nervosa e confesso que isso me estranhou; sempre pensei que ia estar bastante nervosa pois, apesar de ser atuação a pares, era a primeira em que tinha maior responsabilidade sobre o grupo de crianças, uma vez que, apesar de a educadora cooperante estar sempre presente e auxiliar sempre que necessário, não iria ser a educadora a liderar toda a gestão e decorrer do tempo na sua maioria, pois era uma tarefa que estava incutida ao grupo de trabalho. Contudo, apesar de este estranho sentimento, estava com as expectativas bastante elevadas: ser bem aceite pelas crianças enquanto educadora, ensinar e aprender com elas, proporcionar atividades enriquecedoras e continuar a estabelecer interação com as mesmas.

Tenho a dizer que esta semana foi mais difícil do que eu esperava: desde o momento de planificar até ao momento da atuação. Começar a planificar não foi fácil pois, apesar de as ideias a desenvolver com o grupo de crianças serem muitas, complicou-se ao transcrevê-las para o papel: na minha opinião, planificar não é apenas preparar e organizar um plano de atividades que se queira desenvolver; exige que se estabeleça uma relação entre os diferentes parâmetros, de modo a que façam sentido, independentemente das áreas que se queiram trabalhar; assim entende-se a importância e necessidade de ter uma planificação bem elaborada e estruturada, que facilite a leitura, a organização e a compreensão de todo o trabalho pretendido que se quer desenvolver. Já como afirmava Laufer (2006) referindo-se à planificação, “somente adquirirá sentido e poderá levar à conquista das metas propostas se estabelece a necessária capacidade de execução dos planos elaborados” (p.627).

Para além de uma planificação bem elaborada, o grupo teve a preocupação de não trabalhar áreas isoladas; em conformidade com a OCEPE (1997), ao afirmar que “a construção do saber se processa de forma integrada, e que há interpelações entre os diferentes conteúdos e aspetos formativos que lhes são comuns” (p.48), considero bastante importante a articulação entre as diferentes áreas e conteúdos, e o grupo teve em especial atenção esse fator; porém, reconheço que esta semana, embora tenhamos abordado outras áreas, foi trabalhado muito a expressão plástica, o que deverá ser um aspeto a ter em conta para alterar nas futuras intervenções. É possível trabalhar áreas isoladas, mas é certo que tornam-se mais enriquecedoras quando trabalhadas conjuntamente. É de facto importante trabalhar o domínio da expressão plástica nestas idades, pois “o domínio das diferentes formas de expressão implica diversificar as situações e experiências de aprendizagem, de modo a que a criança vá (…) contactando com diferentes materiais que poderá explorar, manipular e transformar de forma a tomar consciência de si próprio na relação com os objectos” (OCEPE, 1997, p.57); porém, não podemos trabalhar sempre a mesma área, esquecendo as outras.

Devido à exigência de planificar, a maior dificuldade sentida quando planifiquei foi formular a intencionalidade educativa; pensei que tivesse entendido quando foi referido no seminário sobre planificação mas, depois de uma reunião com o professor supervisor, percebi que tinha uma ideia errada: fazia confusão entre a intencionalidade educativa e as competências devido à sua forte interligação, e por isso, senti a dificuldade de as formular. A planificação teve de ser reformulada pois havia parâmetros que não constavam e que eram essenciais. Foram então feitas reformulações à planificação mas acredito que ainda haja aspetos a ir melhorando, planificação após planificação.

Durante esta semana de atuação, a planificação foi cumprida na totalidade das atividades mas não no rigor do tempo: de um modo geral, o grupo tinha planeado mais tempo para a execução das atividades do que o gasto na realidade. Houve então a necessidade de criar atividades na hora, sendo elas todas improvisadas e surgidas no momento pelo grupo: não poderíamos deixar as crianças sem trabalho durante uma tarde inteira. Após a ocorrência desta situação, reconheço que houve falha por parte do grupo de trabalho, pois este não tinha atividades de recurso planeadas. É certo que é com os erros que se aprende: assim, para uma próxima, já saberei o que mudar, sendo um aspeto a ter em conta para as próximas atuações. Solucionamos então este problema realizando atividades matemáticas, de cálculo por contagem e de organização de dados, através de folhas de árvore que tinham sobrado da atividade executada com as crianças. O grupo resolveu trabalhar a área da matemática uma vez que, durante esta semana, reconhecemos que se tenha trabalhado muito a expressão plástica; assim sendo, as atividades improvisadas pelo grupo de trabalho fugiram dessa área. Todavia, nem todas as atividades proporcionadas correram da melhor forma: à tarde, as crianças estavam saturadas porque estiveram muito tempo sentadas

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e paradas na área polivalente, o que não as estimulou muito para a participação da atividade da leitura de histórias. É igualmente um aspeto a ter em conta para melhorar.

Na realização da atividade “O outono com arte”, as crianças “exploram, experimentam- se…expressam…criam” (Ministério da Educação, sd, p.22), têm contacto com diferentes materiais e contacto com o trabalho dos colegas, permitindo a familiaridade com a realidade, o que se torna importante para o seu desenvolvimento pessoal.

Debruçando-me agora sobre a atuação, considero que de um modo globalizante, tenha corrido bem: apesar de as crianças estarem mais agitadas do que nas semanas anteriores e de nos tentarem testar, leva- me a crer que algumas ainda não nos veem como estagiárias, inclusive as mais velhas; reconheço que ainda estamos numa fase de adaptação, em que tudo é novidade, mas a firmeza ocupa um lugar importante, pela qual não poderei deixar quebras as regras estabelecidas para ser respeitada. Um dos meus receios era precisamente esse: as crianças testarem-nos muito, para verificar até onde podem ir. Contudo, acredito que com o tempo, elas irão perceber qual o nosso papel na sala.

Apesar de o grupo de crianças nos ir testando várias vezes, ele aderiu bem às atividades propostas; considero que não tenha sido difícil a escolha de atividades, antes pelo contrário: o grupo de trabalho tinha imensas ideias em mente, e seria impossível colocá-las todas em prática. Considero que tenham corrido bem, pois as crianças para além de aderirem às atividades, mostraram empenho, gosto e interesse no que estavam a fazer. No momento de reflexão feito no final do dia, houve crianças a afirmar que as atividades propostas pelas estagiárias foram as que mais gostaram de executar ao longo do dia, o que é gratificante de ouvir.

Outra dificuldade sentida inerente à planificação e à atuação foi o facto de não ter noção de quanto tempo demorariam as atividades, do tempo de concentração exigidas por elas e dos diferentes interesses e necessidades das crianças; porém, é este o grande desafio de trabalhar com um grupo heterogéneo, de dar resposta ao anteriormente dito, o que faz com que nós, futuras educadoras, aprendamos com as crianças e cresçamos a nível pessoal e profissional.

Contudo, é certo que havia aspetos a serem alterados; relativamente às mudanças que poderiam ser feitas no momento da atuação, considero que na realização da atividade plástica poderiam ter sido colocadas mais tintas espalhadas pelas mesas e colocar bibes de plástico às crianças para proteger as roupas, pois as crianças sujaram-se muito a si próprias e também as mesas. Outra mudança a ter sido realizada, sugerida no momento de reflexão com a educadora cooperante, era no conto da história feito pelas crianças: em vez de ter sido a mesma criança a ler, poderia ter-se intercalado criança-estagiária, para não se tornar uma “leitura” tão monocórdica. Contudo, esta atividade foi importante para todos, pois permitiu que a criança leitora imaginasse a história através das ilustrações, e as outras estivessem atentos para depois a recontarem.

No que diz respeito à avaliação das atividades, na conversa em grande grupo sobre o outono, as crianças sabiam dizer quais as principais caraterísticas da estação, nomeadamente, ao que acontecia às folhas das árvores; no que respeita aos frutos, já se verificou uma maior dificuldade, não havendo assim, tanta participação por parte delas, apesar de nós, estagiárias, irmos questionando frequentemente as crianças. É ainda de acrescentar que, em grande parte, são quase sempre as mesmas crianças a participar e a responder ao que é solicitado. Na atividade plástica “O outono com arte” todas as crianças respeitaram 9as regras que tinham sido implementadas; não se verificou dificuldade no manuseamento dos pincéis, mesmo nas crianças mais novas: todas participaram ativamente na atividade. Relativamente à reflexão feita no final do período letivo com as crianças, é de salientar que no segundo dia de atuação desta semana, a reflexão não foi tão enriquecedora como no dia anterior, pois as crianças já estavam saturadas, o que fez com que não refletissem sobre o dia. A meu ver, considero que a planificação elaborada estava adequada à intencionalidade educativa, fazendo com que as crianças desenvolvessem as competências planificadas.

Apesar de todas as dúvidas e erros cometidos, aprendi muito nesta semana: pude compreender melhor o que é estar no lugar de “educadora” e que é uma realidade distinta daquela de quando estamos a observar, pois tudo parece ser fácil mas também tem os seus momentos mais complicados.

Para a semana irei intervir sozinha e já começo a ficar nervosa! Porém, apesar desse nervosismo, as minhas expectativas ainda se mantêm: esclarecer qualquer dúvida que as crianças tenham, transmitir conhecimentos, aprender com elas e continuar a estabelecer interação com elas e torná-la mais forte, pois acredito que assim, as aprendizagens serão muito mais valiosas, pois, “o educador é, essencialmente, aquele que valoriza, esclarece e estimula as experiências infantis” (Ministério da Educação e das Universidades, sd, p.42).

Para finalizar acrescento que, apesar de ser cansativo, gostei desta experiência de intervir a pares, pois existia apoio mútuo entre os elementos do grupo de trabalho, o que considero ter sido uma mais-valia para que corresse bem, pois não houve falta de comunicação por nossa parte.

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Não poderia terminar esta reflexão sem descrever um episódio passado esta semana e que foi bastante marcante a nível pessoal: durante esta semana, uma criança dirigiu-se a mim com um grande sorriso nos lábios e disse-me: “Ana, toma! Fiz este desenho para ti!” No momento fiquei sem palavras, apenas agradeci à criança pelo seu ato, pois não estava nada à espera daquela situação e este momento foi, sem dúvida, bastante agradável e que me fez sentir muito bem: senti que a criança já me vê como amiga. A conquista das crianças pelo lado afetivo torna-se bastante gratificante e são estes gestos que, podendo parecer tão pequenos, nos fazem sentir tão bem! Ao longo desta experiência, espero poder relatar momentos tão ou mais deliciosos como este.

Referências bibliográficas:

Laufer, M. (2006). Planificação e execução. Disponível em:

http://www.scielo.org.ve/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0378- 18442006000900003&lng=es&nrm=iso. Acedido a 04.10.2011.

Ministério da Educação. (1997). Orientações curriculares para a educação pré-escolar. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.

Ministério da Educação e das Universidades, (s.d). Perspectivas de educação em jardins de infância. Algueirão: Direcção – Geral do Ensino Básico.

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