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Durante esta semana de atuação pretendo refletir, de um modo geral, sobre os aspetos referidos nas reflexões anteriores, e especificamente, sobre a integração de um novo membro no grupo de crianças desta sala e sobre o meu papel enquanto estagiária; estes últimos são parâmetros que ainda não foram evidenciados ao longo das reflexões.

Na semana passada uma criança ingressou o jardim-de-infância pela primeira vez: estive a observar e recolher dados sobre os seus comportamentos e relação com os outros; porém, devido ao reduzido espaço de tempo de observação em apenas três dias, resolvi descrever e refletir sobre esses aspetos só nesta presente semana. Considero que tenha havido uma boa receção por parte de toda a comunidade escolar e que tenha havido uma boa integração da criança no grupo, pois a interação com as outras crianças foi bastante notória, onde o grupo de crianças prontificou-se a apoiá-la e a integrá-la no mesmo; é importante que a criança se sinta incluída naquele mundo, onde tudo é novidade. Assim sendo, toda a comunidade escolar desempenha um papel fundamental para essa integração, uma vez que “o objectivo da escola é favorecer o desenvolvimento da criança e a sua integração no mundo da sociedade” (Vayer & Matos, 1990, p.40). É no convívio que a criança vai aprendendo a viver em grupo, a trabalhar com os outros, “com a consequente distribuição de tarefas e gestão dos problemas de forma participativa” (Vasconcelos, 2007, citado por Cardona, Nogueira, Vieira, Uva & Tavares, 2010, p.60), onde aprende a aceitar e respeitar o outro, as regras e as rotinas; permite também tomar consciência de si, da relação com os outros e das suas ideias. Todo este processo de integração e interação é essencial, uma vez que “é na interação entre a criança e o seu meio que se inicia a aprendizagem” (Lowenfeld & Brittain, 1970, citados por Coleto, 2010, p.141). Considero ainda que seja igualmente estimulante o incentivo, tanto por parte das crianças como das educadoras/estagiárias, para que seja possível a criança usufruir do que a rodeia e alargar os seus conhecimentos, deixando-a expressar-se livremente.

No que refere ao parâmetro da avaliação, irei referir apenas a de duas atividades (o momento de reflexão em grande grupo e a elaboração de uma sequência matemática) isto porque, na reflexão anterior, o meu principal referente foi a avaliação das atividades, e não me pretendo repetir. Todavia, optei por refletir sobre estas atividades, uma vez que considero que o decorrer das mesmas não foi o melhor, tendo de refletir sobre isso para ser alterado. No momento de reflexão em grande grupo acerca de todo o trabalho desenvolvido, as crianças continuam apenas a referir o que mais gostaram: fui questionando as crianças sobre o porquê de alguma atividade ter corrido bem/mal, mas apenas uma criança conseguiu explicar, o que comprova ser mais um fator de heterogeneidade do grupo. Apesar de considerar que se torna importante que a criança tome consciência de si e do que fez, concluí que este grupo não está capaz de refletir sobre os seus atos. Perante este confronto e fazendo a minha autoavaliação, considero que talvez terei de reformular as minhas estratégias para obter o feedback por parte das crianças, uma vez que “a avaliação é um componente essencial do ensino” (Rosales, 1992, p.31). Terei de me autoavaliar, pois não importa avaliar só o aluno: “ a avaliação deve incidir, também, sobre a actividade do professor” (ibidem, p.9). Só refletindo sobre a minha ação, é que poderei fazer algo para a mudar.

Incidindo na atividade da elaboração da sequência matemática, esta não foi idealizada e realizada da melhor forma, pois as crianças chamavam-me constantemente e eu não pude dar atenção a todas ao mesmo tempo. Reconheço que foi, de facto, um erro não ter realizado a tarefa individualmente ou em pequenos grupos, cerca de 2 a 3 elementos, para que tivesse sido possível responder a todos e aí, as aprendizagens teriam sido mais significativas para as crianças: o apoio à criança é essencial e “mesmo que não seja possível desenvolver uma atenção individual permanente, é preciso manter, mesmo que seja parcialmente ou de tempos em tempos, contatos individuais com cada criança” (Zabalza, 1998, p.51).

Apesar de ter errado e de o assumir, é um fator a ter em conta para poder refletir novamente sobre ele, para mudar e melhorar. Esta situação fez-me perceber que estava mais preocupada na minha função e não tanto nas diferentes competências e necessidades das crianças. Acredito que a melhoria se consiga com a prática, na experimentação de diferentes estratégias.

Durante a realização das atividades, as crianças chamaram muito por mim, por vezes para as auxiliar mas, na verdade, na maioria das vezes, queriam a minha presença próxima delas e, ao estar com elas, realizavam a atividade com mais interioridade. Para além de quererem o meu apoio, senti que por vezes, também queriam que eu realizasse a atividade por elas; porém, eu não o fazia, apenas as auxiliava. Considero importante apoiar as crianças na elaboração dos trabalhos mas não o realizar por elas: é preciso dar espaço à criança para ela crescer, o que contribui para que ela “aprenda a ser autónoma nestas tarefas e a recorrer ao adulto como mediador, quando necessário” (Vasconcelos, 2007, citado por Cardona et al, 2010, p.60).

Reconheço que com este grupo de crianças, há atividades que funcionam melhor em grande grupo e outras em pequenos grupos. É importante saber quando são os melhores momentos para trabalhar nesses

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diferentes grupos, não só para contribuir para as aprendizagens das crianças mas também para o meu desenvolvimento e crescimento pessoal e profissional.

Outra estratégia a adotar para melhorar a minha atuação, será apostar mais em atividades multimédias, pois constatei que as crianças ficam mais atentas, com uma maior motivação e mais sossegadas: considero que possa ser uma medida vantajosa ao aplicar essa estratégia e reconheço que poderá ser mais significativo e contribuir para a aquisição e facilitação da consolidação dos conhecimentos por parte das crianças uma vez que, materiais lúdicos e diversificados podem ser mais eficientes e funcionar melhor com elas; contudo, poderá ser igualmente benéfico para mim ao expor conteúdos de modo diferente, contribuindo para uma melhor gestão e conhecimento de todo o grupo. Porém, as atividades realizadas pelas próprias crianças sem o recurso à multimédia não poderão ser esquecidas, pois são igualmente importantes para o seu desenvolvimento global.

Para a próxima semana da minha intervenção individual espero conseguir mostrar que todos os erros por mim cometidos me fizeram crescer e aprender significativamente, e que me dediquei para mudar para melhor; espero igualmente conseguir encontrar e adotar diferentes estratégias para envolver ainda mais as crianças nas atividades, “deixar espaços e momentos ao longo do dia nos quais cada criança vai decidir o que fazer” (Zabalza, 1998, p.50), de modo a fazerem sentido para elas de forma significativa e contextualizada, partindo sempre do que já sabem. É importante que a criança seja agente ativo no processo de ensino-aprendizagem e que o educador o permita, pois o “desenvolvimento moral em contexto pré-escolar baseia-se numa atitude de respeito por parte do educador em relação à criança, aos seus interesses, sentimentos, valores e ideias” (Formosinho & Araújo, 2008, p.39).

Neste momento, o meu maior receio é continuar a errar: embora reconheça que é também com os erros que se aprende e indo ao encontro de que afirmam Martins, Picosque e Guerra (1998, citados por Coleto, 2010) “só aprendemos aquilo que, na nossa experiência se torna significativo para nós” (p.147), receio que as expectativas que tenham de mim não sejam alcançadas, tanto por parte das crianças, como da educadora cooperante e do professor supervisor. Avaliar-me a mim própria incidindo sobre a minha ação, é um processo que terei de fazer sempre ao longo da minha Prática Pedagógica, pois a necessidade de saber como avaliar é fundamental para aperfeiçoar e saber quais os pontos fortes e fracos do meu trabalho: “este aspecto da avaliação é fundamental, já que dá ao trabalho profissional a possibilidade de introduzir reajustes na situação” (Zabalza, 1998, p.15), tornando-se assim, fundamental para eu melhorar.

Referências bibliográficas:

Cardona, M.; Nogueira, C.; Vieira, C.; Uva, M. & Tavares, T. (2010). Guião de educação género e cidadania pré-escolar. Lisboa: Comissão para a cidadania e igualdade de género.

Coleto, D. (2010). A importância da arte para a formação da criança. Disponível em: http://www.conteudo.org.br/index.php/conteudo/article/viewFile/35/34. Acedido a 23.10.2011.

Formosinho, J. & Araújo, S. (2008). O envolvimento da criança na aprendizagem: construindo o

direito de participação. Disponível em:

http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870- 82312004000100009&lang=pt. Acedido a 06.10.2011.

Rosales, C. (1992). Avaliar é reflectir sobre o ensino”. Rio Tinto: Edições Asa.

Vayer, P. & Matos, M. (1990). Diálogos com as Crianças na Creche e no Jardim de Infância. São Paulo: Editora Manole.

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