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REGIÕES METROPOLITANAS E REGIÕES EM DESENVOLVIMENTO

As regiões metropolitanas foram previstas no art. 25, § 3º, da CF, o qual estabeleceu que os estados têm competência, por meio de lei complementar, para instituí-las. Além disso, viabilizou a criação de aglomerações urbanas e microrregiões.

A Lei n. 13.089/2015, o Estatuto da Metrópole, como se autodenomina, define aglomeração urbana em seu art. 2º, I, como sendo “unidade territorial urbana constituída pelo agrupamento de 2 (dois) ou mais municípios limítrofes, caracterizada por complementaridade funcional e integração das dinâmicas geográficas, ambientais, políticas e socioeconômicas”.

A região metropolitana, nos termos do art. 2º, VII, da Lei 13.089/2015, é “unidade regional instituída pelos Estados, mediante lei complementar, constituída por agrupamento de municípios limítrofes para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”. Metrópole, nos termos legais, é espaço urbano com continuidade

territorial que, em razão de sua população e relevância política e socioeconômica, exerce influência nacional ou sobre uma região que configure, no mínimo, a área de influência de uma capital regional, conforme os critérios adotados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (art. 2º, V)

O objetivo de tais entidades, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, seria integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Na verdade, deveriam ser levadas em consideração na consecução, pela União, das tarefas estabelecidas no art. 21, IX e XX, da CF, ou seja, na elaboração e na execução de planos nacionais e regionais de ordenação do território.

Cita-se a Lei Complementar n. 14, de 1973, como sendo uma das primeiras a dispor acerca do fenômeno da conurbação e as suas respectivas implicações. Criou tais entidades com o propósito de organizar, planejar e prestar os serviços de interesse metropolitano.

Pelo escólio de José Afonso da Silva, a região metropolitana

[...] constitui-se de um conjunto de Municípios cujas sedes se unem com certa continuidade urbana em torno de um Município-polo; Microrregiões formam- se de grupo de Municípios limítrofes com certa homogeneidade e problemas administrativos comuns, cujas sedes não sejam unidas por continuidade urbana. Aglomerados urbanos carece de conceituação, mas, de logo, se percebe que se trata de áreas urbanas, sem um polo de atração urbana, quer tais áreas sejam de cidades sedes dos Municípios [...].26

As regiões metropolitanas são estruturadas por formações territoriais específicas. Podem possuir um ou mais centros populacionais. Ademais, não necessitam ser fruto de conurbação ou do agrupamento de uma única área contígua urbanizada. Podem se constituir de uma região com duas ou mais áreas urbanizadas intercaladas com áreas rurais. Sua importância vem se destacando e houve, até mesmo, cogitação em transformá-las em outro ente federativo em virtude de sua peculiar importância. Certamente, há necessidade de uma melhor conformação federativa, de maneira a transformá-las em entidades mais sólidas por meio de regulamentação atualizada e específica no setor. Essas entidades metropolitanas devem criar o PDUI (Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado), a ser levado em consideração no momento da elaboração dos planos diretores municipais ou ainda em sua

obrigatória atualização em períodos inferiores a dez anos. Essa diretiva legal não tem logrado êxito em decorrência de problemas internos dos estados encarregados de sua aprovação em lei estadual.

No final da década dos anos 1950, houve a implementação da política desenvolvimentista do ex-presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Esta tinha como propósito o avanço de 50 anos de progresso em 5 anos de mandato presidencial. Nesse período foram criadas as Superintendências Regionais de Desenvolvimento, que, em tese, permitiriam ao país elaborar e aplicar políticas de planejamento regional para diminuir as disparidades de desenvolvimento entre regiões brasileiras. Com base nisso criou-se: Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM. Segundo Leon et al., “A criação da SUDAM (1966) ocorre após a criação da SUDENE (1959), e em período anterior a criações de outras superintendências de desenvolvimento regional, a SUDESUL e SUDECO (1967)”.27

O art. 43 da Constituição Federal outorgou, para efeitos administrativos, à União o poder de articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, objetivando seu desenvolvimento e a redução das desigualdades regionais, tal como preconiza o art. 3º, III, classificado como um dos objetivos fundamentais da República Federativa. Nesse sentido, dispõe que competirá a lei complementar dispor sobre: as condições para integração de regiões em desenvolvimento; a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com estes.

O Ministério do Desenvolvimento Regional atua em prol de recursos objetivando o financiamento da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). A União destaca parcela de recursos tributários em prol de incentivos regionais, que pode compreender: igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias; isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.28

No passado brasileiro houve a criação de superintendências objetivando a atenuação das diferenças regionais. Criou-se a SUDENE, a SUDAM,

SUFRAMA, SUDECO e a SUDESUL. Atualmente, os Fundos de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), do Nordeste (FDNE) e do Centro- Oeste (FDCO) são instrumentos de promoção do desenvolvimento regional no Brasil, gerenciados por essas entidades regionais. Esses Fundos de Desenvolvimento participam do financiamento de grandes empreendimentos nas regiões das entidades mencionadas.