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3. A REGULAÇÃO INTERNACIONAL DE OGM

4.2. A DINÂMICA DO CASO ENVOLVENDO OGM NA OMC

4.2.4. Relatório final do Painel envolvendo os OGMs na OMC

O relatório final do Painel foi apresentado às partes em 29 de setembro de 2006 e consistia em um texto de 1087 páginas, afora os anexos114.

109Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “What is the state of scientific understanding and how has it evolved on adverse effects of the consequences of the expression of Bt toxins from GMO plants on target and non-target organisms?”

110Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “What is the state of scientific understanding, and how has it evolved, on the extent of the information necessary for a proper molecular characterisation of a GMO and the issues that may arise from any changes in the data to be provided by an applicant on the molecular characterisation of a specific product?”

111 Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “Another possible series of questions that the Panel could ask would focus on the specific GM applications and aim to identify whether the potential risks that may be in dispute in the 23 outstanding product applications for approval may be of relevance for the conduct of the approval procedures by the EC.”

112 Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “Yet another possible series of questions that the Panel could ask would focus on the possible scientific and technical unique properties of GMOs, that would justify addressing them differently from their traditional counterpart.”

113 Os dados cronológicos e demais informações contidos neste tópico foram extraídos da página oficial da OMC – www.wto.org, com acesso em 18 de julho de 2011.

O Painel analisou a demora da Comunidade Europeia para chegar a decisões finais sobre a aprovação de produtos biotecnológicos desde outubro de 1998, com o estabelecimento do Painel em 29 de agosto de 2003, bem como as proibições impostas por alguns Estados membros em relação a certos produtos biotecnológicos mesmo após a aprovação da comercializaçao destes produtos pela Comunidade Europeia.

É importante destacar que o Painel não examinou, por não estar inserido nas reclamações específicas das partes, e nem se manifestou a respeito da segurança dos produtos oriundos da biotecnologia e se esses produtos eram equivalentes às suas contrapartes convencionais115.

A análise do Painel limitou-se aos argumentos da Comunidade Europeia e alguns países membros que justificavam a moratária ou proibição de comercialização dos produtos transgênicos.

O Painel concluiu que os procedimentos da Comunidade Europeia para a aprovação de OGM se inseriam nas regras do Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da OMC. Desta forma, os riscos potenciais de quaisquer produtos corresponderiam aos riscos cobertos e previstos no referido Acordo.116

Com base nesse referencial de submissão do caso ao Acordo sobre medidas sanitárias e fitossanitárias, concluiu-se que muitos problemas apontados pela Comunidade Europeia referente aos OGMs seriam improváveis de ocorrer na prática, como por exemplo, a transferência da resistência aos antibióticos a partir de genes marcadores utilizados na produção de algumas plantas transgênicas para bactérias no intestino humano. Por outro lado, outras preocupações identificadas, tais como as relativas ao desenvolvimento de pesticidas de resistência em insetos- alvo através da exposição a pesticidas, incluindo os incorporados em plantas

114 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponível em:

<http://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds291_e.htm>. Acesso em 18 jul. 2011.

115 Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “In light of this, the Panel did not examine: whether biotech products in general are safe or not; whether the biotech products at issue in this dispute are „like‟ their conventional counterparts.”

116Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “Turning to the issues the Panel did examine, the Panel first considered whether the EC approval legislation under which the European Communities allegedly did not reach final decisions is properly assessed under the SPS Agreement. The Panel has found that the European Communities' procedures for the approval of GMOs set out in Directives 90/220 and 2001/18 are SPS measures within the meaning of the SPS Agreement. The potential risks to be examined in the context of these directives, particularly as described in the annexes to Directive 2001/18, are the types of risk covered by the

geneticamente modificadas, poderiam ocorrer. O direito da Comunidade Europeia de considerar esses riscos possíveis antes de dar a aprovação para o consumo ou plantio de plantas transgênicas não foi questionado por qualquer das Partes Reclamantes.117

Em virtude dessas observações, o Painel concluiu que a Comunidade Europeia aplicou uma moratória sobre a aprovação de produtos biotecnológicos, reconhecendo que a moratória não correspondia a uma medida prevista no Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias.118 Em assim sendo, reconheceu-se que houve atraso injustificado na conclusão do procedimento de homologação quanto a 24 dos 27 produtos relevantes, com violação pela Comunidade Europeia de suas obrigações nos termos do artigo 8 e Anexo C do Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias.119

Com relação às proibições impostas pela Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Itália e Luxemburgo sobre determinados produtos oriundos de biotecnologia, não obstante a formal aprovação da Comunidade Europeia, o Painel concluiu que tais medidas proibitivas eram inconsistentes com as obrigações da Comunidade Europeia junto à OMC.120

117

Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “The Panel notes, however, that both the evidence provided by the European Communities and the advice provided to the Panel by the experts advising it indicate that many of the identified concerns are highly unlikely to occur in practice (e.g., the transfer of antibiotic resistance from marker genes used in the production of some biotech plants to bacteria in the human gut). On the other hand, other identified concerns, such as those relating to the development of pesticide- resistance in target insects through exposure to pesticides (including those incorporated into biotech plants) have indeed been documented to occur, including with respect to non-biotech crops. We reiterate, however, that the right of the European Communities to consider these possible risks prior to giving approval for the consumption or planting of biotech plants has not been questioned by any of the Complaining Parties.”

118 Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “The Complaining Parties asserted that a moratorium on approvals was in effect in the European Communities between October 1998 and August 2003. Based on the evidence before it, the Panel has found that the European Communities applied a general de facto moratorium on approvals of biotech products between June 1999 and 29 August 2003, the date of establishment of this Panel. The Panel determined that the moratorium was not itself an SPS measure within the meaning of the SPS Agreement.”

119Redação original do texto do painel (tradução livre do autor):

“We examined the record of consideration of 27 applications identified by the Complaining Parties. We have found that there was undue delay in the completion of the approval procedure with respect to 24 of the 27 relevant products. We therefore concluded that, in relation to the approval procedures concerning these 24 products, the European Communities has breached its obligations under Article 8 and Annex C of the SPS Agreement.”

120Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “The Complaining Parties furthermore brought complaints against nine safeguard measures taken by certain EC member States. These safeguard measures are in the form of prohibitions imposed by an individual EC member State on a particular biotech product that has been formally approved for use within the European Communities. The safeguard measures challenged by the

Isso porque as comissões científicas da Comunidade Europeia avaliaram os riscos potenciais à saúde humana ou ao ambiente antes da aprovação. Com base nesta avaliação, o Painel considerou que provas científicas suficientes estavam disponíveis para permitir uma avaliação de risco, conforme exigido pelo Acordo sobre medidas sanitárias e fitossanitárias, ao contrário do alegado pelos países de que as evidências científicas eram insuficientes para realizar uma avaliação de risco.121

O relatório final do Painel foi aprovado pelo Órgão de Solução de Controvérsias da OMC em 21 de novembro de 2006, não havendo interposição de recursos ao Órgão de Apelação. Nos polos da disputa encontravam-se, de um lado, grandes países produtores de transgênicos, como os EUA, o Canadá e a Argentina, e do outro lado um imenso mercado de destino a esses produtos, os países da União Europeia.

A OMC, através do Órgão de solução de controvérsias, entendeu que a Comunidade Europeia impôs barreiras comerciais indevidas à importação de alimentos transgênicos em virtude de não ter apresentado qualquer evidência científica à restrição imposta aos OGMs, contrariando assim o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (CARDOSO, ALMADA E MIRANDA, 2009).

A decisão da OMC não significa a abertura imediata das fronteiras europeias aos alimentos oriundos de OGMs. O debate girou em torno da demora na aprovação e restrições injustificadas impostas por alguns países da Comunidade Europeia. Nada impede que outras exigências sejam criadas, como por exemplo, a

Complaining Parties have been taken by Austria, Belgium, France, Germany, Italy and Luxembourg. The Complaining Parties did not challenge the EC approval legislation, which provides for the conditional right of individual EC member States to impose SPS measures which differ from those of the European Communities as a whole. Instead, what the Complaining Parties challenged were the prohibitions imposed by the relevant member States on the basis of the aforementioned EC approval legislation. According to the Complaining Parties, the safeguard measures imposed by the relevant member States were inconsistent with the European Communities' WTO obligations.”

121 Redação original do texto do painel (tradução livre do autor): “We determined that the objectives identified by each member State for its safeguard measure(s) fall within the scope of the SPS Agreement. For each of the products at issue, the European Communities' relevant scientific committee had evaluated the potential risks to human health and/or the environment prior to the granting of Community-wide approval, and had provided a positive opinion. The relevant EC scientific committee subsequently also reviewed the arguments and the evidence submitted by the member State to justify the prohibition, and did not consider that such information called into question its earlier conclusions. The Panel thus considered that sufficient scientific evidence was available to permit a risk assessment as required by the SPS Agreement. Hence, in no case was the situation one in which the Panel had been persuaded that the relevant scientific evidence was insufficient to perform a risk assessment, such that the member State might have had recourse to a provisional measure under Article 5.7 of the SPS Agreement.”

necessidade de informação a respeito da composição do produto, com a indicação clara e precisa de que se trata de gênero alimentício oriundo de modificação genética.

A Comunidade Europeia pode ainda invocar o Princípio da Precaução como mecanismo autorizador à imposição de barreiras comerciais, sob a justificativa de que se trata de produtos cujos efeitos no consumo ao longo prazo ainda não são totalmente conhecidos, porque o Painel em estudo não analisou o referido princípio na disputa.

Discorrendo a respeito da legalidade dessas medidas, Barral (2007, p. 90) sustenta que por enquanto “os critérios da OMC têm sido construídos sobre a determinação de se a medida nacional representa de fato um objetivo legítimo ou uma restrição disfarçada ao comércio, se a medida tem fundamento científico e se é a medida em questão proporcional ao objetivo perseguido.”

Vale mais uma vez lembrar o caso já comentado no Capítulo 2 a respeito do reconhecimento pela OMC da ilegalidade da barreira comercial europeia à carne bovina norte-americana tratada com hormônios. A OMC analisou o caso apenas com base em critérios técnicos e científicos, sem levar em consideração os aspectos culturais, já que “os europeus são muito criteriosos com relação a alimentos, diferente dos americanos, que comem qualquer coisa sólida ou pastosa” (BARRAL, 2007, p. 90).

As divergências entre países de culturas tão díspares terminam por interferir no comércio internacional. O aspecto cultural influencia até mesmo os métodos e princípios de análise de risco empreendida por cada país.

Capalbo, Villas-Bôas e Arantes (2008, p. 385) destacam que, com relação à análise de risco para os transgênicos, “nos Estados Unidos é entendido que a atenção deve ser direcionada para as propriedades do organismo que será liberado e a ecologia do ambiente onde esta liberação acontecerá, e não para o método utilizado na sua obtenção.”

Esse método de análise de risco é bem diverso do método adotado na Europa122, em que são levados em consideração outros aspectos. Capalbo, Villas- Bôas e Arantes (2008, p. 385) demonstram que:

122 Ver capitulo 3 – Marco Regulatório – onde se demonstra que os Estados Unidos utilizam o critério denominado equivalência substancial.

Na Europa, os estudos baseiam-se na premissa de que os organismos geneticamente modificados podem apresentar riscos adicionais ao da espécie selvagem relacionada da qual foram originados. Neste caso, o evento que gerou o produto deve ser analisado de forma especial, e o fato de ser um produto transgênico é, então, destacado entre os demais fatores.

Essas diferentes formas de proceder à análise de risco dos produtos geneticamente modificados decorrem de aspectos históricos e culturais de ambos os países, e terminam por influenciar o comércio internacional.

Mas, conforme já mencionado, as questões relativas a barreiras comerciais, e mais especificamente as medidas sanitárias e fitossanitárias, envolvem aspectos puramente técnicos através de uma interpretação puramente literal do Acordo entabulado no âmbito da OMC, durante a Rodada Uruguai.

Para Capalbo, Villas-Bôas e Arantes (2008, p. 390), “a biodiversidade está relacionada aos valores e tradições culturais das comunidades, que não podem ser relegadas a nível inferior de consideração”.

O Painel da OMC referente a transgênicos não foi o primeiro originado em virtude de divergências culturais, e nem será o último. Embora o norte da economia mire a globalização, os aspectos culturais e tradições permanecerão únicos e peculiares a cada região e povo, razão pela qual a OMC terá como desafio nos próximos julgamentos analisar não só tais aspectos, mas também o princípio da precaução.

CONCLUSÕES

A dinâmica do mercado consiste em aumentar os lucros e reduzir os custos. Os mecanismos são variados, tais como a busca de novos destinos ao comércio, incentivos fiscais e desenvolvimento de tecnologias agregadas à produção.

Os OGMs, frutos dos avanços da biotecnologia, constituem um importante incremento à agricultura no aumento da produtividade, redução do tempo de produção e diminuição dos custos com adubos e defensivos agrícolas. Representam um mecanismo de otimização da atividade econômica. Significam elevar a produção reduzindo os custos, que repercutem diretamente nos preços do mercado.

Todavia, nos aspectos ambientais e consumeristas não apresentam uma visão tão lógica quanto no campo econômico. Sensível a esses aspectos, o Direito Internacional encontra dificuldades em harmonizar todos os interesses. Impossível não inserir no círculo de debate, além das questões econômicas, também os aspectos culturais, bastante díspares nas mais variadas regiões do mundo.

O choque entre as culturas dos continentes americano e europeu torna-se evidente quando o debate envolve alimentos transgênicos. Porque de um lado encontra-se o velho continente, uma região que historicamente desenvolveu um padrão alimentar mais natural, diferente do continente americano, mais afeto a gêneros alimentícios industrializados e que evidenciam um padrão de vida mais ágil e prático, não necessariamente mais saudável.

Além desses aspectos culturais, é possível concluir que também o fato de os países serem mercados produtores ou consumidores de transgênicos reflete em suas legislações. Os países europeus, por serem mercados consumidores, possuem uma legislação mais rígida, não só com relação à liberação para plantio, mas também quanto ao comércio, à rotulagem e à informação clara e precisa aos consumidores. O mesmo não ocorre com a legislação de países do continente americano, mercados produtores de transgênicos, que em sua maioria utilizam o critério da equivalência substancial, motivo pelo qual há uma grande flexibilidade na liberação para plantio, comércio e rotulagem. Não há, então, uma harmonia e padronização na legislação a respeito de OGM, conforme questionamento formulado por meio de um dos problemas desta pesquisa.

Os outros problemas da pesquisa também foram abordados neste trabalho. A decisão da OMC refutando a moratória imposta pela União Europeia aos produtos transgênicos representou uma evidência de que a ausência de estudos conclusivos comprovadores de que os OGMs não causam riscos ao meio ambiente e aos consumidores, não constitui fato impeditivo à sua comercialização.

Mais uma vez, a exemplo de julgamentos anteriores, a OMC não aplicou o princípio da precaução em seus entendimentos, conforme apresentado em um dos objetivos deste trabalho.

Isto leva à conclusão de que, conforme questionado por meio de um dos problemas da pesquisa e apresentado como um dos objetivos do trabalho, os avanços da biotecnologia na liberação de OGM representam mais um dos vários riscos a que a sociedade contemporânea está sujeita em virtude dos avanços tecnológicos, riscos estes entendidos como passíveis de controle por meio de técnicas de segurança que devem harmonizar com o direito ambiental e com o direito do consumidor.

Pelo fato de advirem dos avanços da biotecnologia, os alimentos transgênicos são invariavelmente associados a um padrão de artificialidade, em contraposição à alimentação natural e orgânica. Isso gera uma desconfiança quanto ao fato de serem ou não saudáveis.

Essas desconfianças sempre acompanharam a humanidade quando o assunto envolve tecnologia e avanços científicos. De acordo com Hobsbaw (2008), nenhum período da história foi mais marcado pela evolução da ciência quanto o século XX, e desde Galileu nenhum período se sentiu menos à vontade com essa evolução.

O avanço do conhecimento científico fez aumentar o número de pesquisadores, que eram em número de 8 mil em 1910, crescendo para 5 milhões em 1980. Além disso, entre 1970 e 1980 os países desenvolvidos gastaram quase ¾ do orçamento mundial em pesquisa (HOBSBAW, 2008, p. 504). E tudo isso contribuiu para um aumento exponencial das descobertas científicas no século XX.

A título de exemplificação, Hobsbaw (2008) demonstra que os avanços da ciência no século XX possibilitaram evoluções na área da agricultura, engenharia, astronomia, física e medicina. Além disso, proporcionaram aos seres humanos a aviação, carros, televisão, rádio, telefone, além de descobertas nos campos da relatividade, genética, computação, fissão nuclear, inteligência artificial, dentre

outros. Igualmente no século XX o homem explorou o universo, lançou satélites e voou pelo espaço. A própria religião passou a aceitar as novas descobertas, diferente do que ocorreu à época de Galileu.

Assim como Hobsbaw, também Carl Sagan (1997, p. 26) manifesta-se sobre a ciência ao afirmar que “as vidas salvas pelos progressos na medicina e na agricultura são muito mais numerosas do que as perdidas em todas as guerras da história”, e lamenta o fato de ainda haver um grande receio com relação à ciência, explicando que “os perigos tecnológicos que a ciência apresenta, seu desafio implícito ao conhecimento recebido e sua visível dificuldade são razões para que as pessoas, desconfiadas, a evitem”.

As novas verdades reveladas pela ciência nunca foram facilmente aceitas de imediato pela humanidade, seja por desconhecimento, seja por temor a possíveis consequências negativas.

Os avanços da biotecnologia refletidas por meio do desenvolvimento de organismos geneticamente modificados representam uma das etapas do conhecimento científico do século XX. E a exemplo de outros avanços científicos na história do mundo, ainda assustam e geram receio.

O próximo desafio da biotecnologia reside em afastar esse temor da humanidade, demonstrando a mencionada inofensividade dos transgênicos, pois disso vive a ciência: explicar-se. A cada nova descoberta incumbe à comunidade científica sustentar a verdade revelada, a qual será atacada por questionamentos permanentes. Enfim, cabe à ciência constantemente explicar-se, pois, segundo Hobsbaw (2008, p. 510), “quanto maiores os triunfos da ciência, maior a fome de buscar o inexplicável”.

Se porventura ficar demonstrado que os transgênicos possam de alguma forma acarretar malefícios à saúde humana, vegetal ou animal, ou ainda comprometer o desenvolvimento sustentável, não só haverá uma restrição à sua