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Retomada do interesse pela concepção kantiana 5

Desde o começo do século XXI é possível identificar uma estranha ten dência: tanto filósofos da biologia quanto biólogos vêm demonstrando um interesse crescente no tratamento de Kant aos seres vivos, reabrindo a discussão filosófica sobre teleologia natural e finalidade intrínseca, agora no interior de um projeto naturalista.

Juarrero (1999); McLaughlin (2001); Weber e Varela (2002); Moss (2003), Thompson (2007), Kauffman (2008), Mossio e Moreno (2010) – todos fazem referência à terceira crítica de Kant e seu uso pioneiro da noção de auto -organização como uma ferramenta conceitual para compreender finalidade em sistemas naturais e determinar o que distingue os organismos de máquinas artificiais. O que une todos esses autores é a pretensão intelectual compartilhada de naturalizar, ao invés de simplesmente eliminar, a teleologia.

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“An organized being is then not a mere machine, for that has merely moving power, but it possesses

in itself formative power of a self-propagating kind which it communicates to its materials though they have it not of themselves” (KANT, 2005, p.65),

Nesse sentido, o que eles aspiram é a resgatar a ideia de causa final, banida do interior da natureza pela ciência moderna, sem, no entanto, fazer qualquer apelo a finalidades sobrenaturais, recuperando assim uma noção algo aristotélica de causalidade, mas ancorando-a na organização físico-química dos seres vivos, caracterizada por uma espécie de fechamento, ou circularidade.

Nessa linha, por exemplo, Kauffman (ver, por exemplo, Longo et al., 2012) cunhou o termo “totalidades kantianas” para se referir a sistemas naturais, tais como os organismos, nos quais o todo existe para e por meio das partes, e as partes para e por meio do todo.45

Juarrero (1999), que também recicla a terminologia kantiana para usos distintamente contemporâneos (em particular, pa ra lidar com sistemas complexos e oferecer uma abordagem naturalista para a agência), ressalta a ideia de que um “propósito natural” é um objeto no qual:

A member is not only a means but also an end; it both contributes to the whole and is defined by it. No machine exhibits this kind of organization, for the efficient cause of a machine lies ´outside´ the machine in its designer, and its parts do not owe their existence to each other or to the whole. (JUARRERO, 1999, p. 47). 46

O biólogo e cientista da complexidade Kauffman (2000) é uma figura emblemática nessa recuperação da concepção kantiana de organismo. Desde o seu livro Investigations, afirma que ainda não existe propriamente uma teoria da organização biológica, e se dedica a formular uma a partir dos conceitos de trabalho, “constraint” e fechamento.

Constraint é um termo técnico, retirado da física, que significa literalmente

“restrição” – em nosso contexto, constraint será qualquer estrutura (ou processo) físico-química que age sobre um processo subjacente reduzindo seus graus de

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O uso semelhante também aparece em Moss (2003, p.9), filósofo da biologia: “In his third critique,

The Critique of Judgment, Kant observed that to behold a living organism unavoidably entailed regarding it as a self-sustaining, and hence internally purposeful, end unto itself. Unlike the mechanistic processes of the nonliving world which lack any internal dire ctionality, living beings

exhibit, in Kant’s view, a circular causality constituting an ongoing status of being both the cause

and effect of themselves.”

46 “Um membro não é apenas um meio, mas também um fim; o membro tanto contribui para o todo, como é definido por ele. Nenhuma máquina exibe este tipo de organização, pois a causa eficiente de uma máquina de se encontra ‘fora’ da máquina, em seu criador, e suas partes não devem sua existência umas às outras ou ao todo.”

liberdade (as margens de um rio constrangem o fluxo das águas, mas também uma enzima constrange uma reação química). 47

Kauffman (2000) nota então que constraints em geral constituem a organização de um processo, e redefine trabalho como a liberação de energia em poucos graus de liberdade, ou seja, liberação constrangida de energia. O passo seguinte é identificar que há uma relação de codependência entre trabalho e constraint: trabalho é liberação constrangida de energia, m as em geral é necessário trabalho para se construir constraints (KAUFFMAN, 2000, p. 83).

Kauffman (2000) observa que as células são capazes de acoplar processos espontâneos e não espontâneos para construir constraints, que por sua vez atuam para produzir trabalho a partir da liberação de energia, trabalho esse que pode ser usado para construir novos constraints. O que caracteriza, portanto, os seres vivos, e os diferencia tanto de sistemas físicos mais simples quanto também das máquinas, seria a capacidade de realizar ciclos de trabalho-constraints, possibilitando assim um processo físico de autoconstrução e propagação de trabalho . 48

Uma célula é assim “causa e efeito” de si mesma. Células realizam autoprodução nos três sentidos sublinhados anteriormente: s e reproduzem genericamente (produzindo novas células), crescem convertendo materiais externos em sua própria estrutura, e seus componentes se produzem mutuamente em uma rede de interdependência. Todos esses processos necessitam de trabalho e envolvem

constraints: consistem na fabricação de constraints a partir de material e energia

retirados de fora. Através desse ciclo, a célula propaga sua organização apesar de estar sempre se renovando materialmente. A organização funcional é ativamente conservada apesar (mas também por meio) do constante fluxo material e energético.

Kauffman (2000) não lida diretamente com Kant nesse momento, mas, curiosamente, o livro abre com uma citação da Crítica do Juízo, precisamente o

47 O termo “constraint” será ainda muitas vezes utilizado ao longo desse trabalho, sempre com o mesmo significado: uma intervenção física sobre um processo natural que reduz seus graus de liberdade. No contexto dos sistemas complexos organizados, constraints são impostos sobre processos para fazer alguma coisa – assim os constraints adquirem um caráter funcional.

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“A real cell, a real molecular autonomous agent, does in fact carry out self -reproduction. In

addition, it carries out one or more real work cycles, linking spontaneous and nonspon taneous processes. It does, in fact, measure, detect, and record sources of energy and does do work to construct constraints on the release of energy, which when released in the constrained way, propagates to do more work, often constructing further constr aints on the release of energy and doing work by driving further nonspontaneous processes. Cells do achieve propagating work

trecho no qual Kant distingue organismo de máquina enfatizando que o primeiro, mas não o segundo, possui um “poder formativo” de tipo autopropagador. Nos trabalhos seguintes, as referências a Kant se tornam mais explícitas.

Kauffman e Clayton (2006) retomam a ideia de propagação de organização, agora apontando explicitamente Kant como seu precursor49 e relacionam o conceito de ciclo de trabalho-constraint, com as ideias de fechamento, autoprodução, e a noção Kantiana de poder formativo autopropagador:

This includes the construction of constraints on the release of energy, work that then constructs still further constraints on the release of energy, which in turn do work as well as constructing further constraints ... and so on. The astonishing fact is that, as cells carry out this complex web of work, constraint construction, and other construction projects (such as DNA replication and enzyme synthesis), a closure is attained in which the cell finally builds a rough copy of itself. But this whole process is precisely the self-propagating organization to which Kant pointed. 50 (KAUFFMAN; CLAYTON, 2006, p.510).

Em Kauffman (2008) as mesmas referências a Kant voltam a aparecer: a ideia de que nos seres vivos o todo existe para e por meio das partes, e as partes para e por meio do todo51, a noção de que o poder formativo autopropagador52 de entidades auto-organizadas não encontra análogo em outros tipos de causalidade natural e que é

49 “We are now far enough that we can begin to make sense of Kant’s idea of a formative self - propagating organization communicated by the whole to the parts, though they have it not of

themselves. The first concept for applying Kant’s conjecture to actual biological systems is that of

propagating work” (KAUFFMAN; CLAYTON, 2006).

50 “Isso inclui a construção de constraints sobre a liberação de energia, trabalho que então constrói ainda outros constraints sobre a liberação de energia, que por sua vez realiza trabalho para construção de novos constraints ... e assim por diante. O fato surpreendente é que, a medid a que as células realizam esta complexa rede de trabalho, construção de constraints, e outros projetos de construção (tais como a replicação do DNA e síntese de enzima), um fechamento é alcançado no qual a célula finalmente constrói uma cópia de si mesma. Mas todo esse processo é precisamente a auto-propagação de organização para qual Kant apontou.”

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“Collectively autocatalytic systems are perhaps the simplest example of philosopher Immanuel

Kant's idea that in an organized being, the whole exists for and by means of the parts, and the parts exist for the whole. Kant was speaking of organisms. So am I” (KAUFFMAN, 2008, p. 58).

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“Cells do work to build boundary conditions constraints on the release of energy that does more

work, including constructing more boundary condition constraints on the release of energy in a Kantian propagating organization of process” (KAUFFMAN, 2008, p. 229).

irredutível à física53, e a ideia de que propósitos naturais, devido à sua organização circular, expressam finalidade intrínseca e não relativa. 54

Kauffman, contudo, não é o único biólogo a reivindicar Kant e a utilizar os conceitos da Crítica do Juízo para construir uma teoria contemporânea da organização biológica. Em seu livro “Incomplete Nature”, Deacon (2011) segue a mesma tendência, enfatizando, como Kauffman, a noção de “auto-propagação”. Citando exatamente a mesma passagem sobre o poder formativo dos seres organizados, chega a afirmar (Deacon, 2011, p.302): “Probably the most prescient

and abstract characterization of the dyn amic logic of organism design was provided by the philosopher Immanuel Kant.”55

Deacon (2011, p.321) desenvolve uma teoria de sistemas “teleodinâmicos”56, para os quais o modelo mais simples é de seus “autogens”, onde o acoplamento sinergético de processos de autocatálise com processos de automontagem gera um Si virtual, uma identidade que persiste não pela imutabilidade material, mas pelo autoreforço e autolimitação recíprocos desses processos componentes: “In Kant´s

terms, each of these component processes is present for the sake of the other. Each is reciprocally both end and means. It is their correlated co -production that ensures the perpetuation of this holistic co-dependency.” 57

É a complementaridade recíproca desses processos que cria o potencial de autoreparo, autoreconstituição e mesmo autoreplicação em uma forma mínima. Em um sistema teleodinâmico a organização circular dos processos garante a continua

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“A living cell is much more than a mere molecular replication. It is closure of work tasks that

propagates its own organization of processes. […] This propagating organization of process is not deducible from physics, even though the ´stuff´ of the cell is physical and no physical laws are violated” (KAUFFMAN, 2008, p. 94).

54 “Autocatalytic processes, therefore, are examples of what Kant called ´intrinsic physical ends’” (KAUFFMAN, 2008, p. 212).

55 “Provavelmente a caracterização mais presciente e abstrata da lógica dinâmica do desenho de

organismo foi fornecida pelo filósofo Immanuel Kant”.

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Deacon cria o neologismo “teleodinâmica” para se referir a formas dinâmicas de organização que promovem a própria persistência. Deacon já havia antes apresentado o conceito de “morfodinâmica”: processos que geram forma espontaneamente – como se observa na auto- organização de estrutur as dissipativas geradas por um gradiente energético. Processos morfodinâmicos, no entanto, tendem a desaparecer, esgotando o gradiante que lhes deu origem. É o acoplamento de diferentes processos morfodinâmicos em uma organização circular que lhes confere uma lógica autopropagadora.

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“Em termos Kantianos, cada um desses processos componentes está presente por causa do outro. Cada um é reciprocamente tanto fim quanto meio. É a sua co -produção correlacionada que garante a perpetuação dessa co-dependência holística.”

geração, preservação e propagação dos constraints que definem a própria organização (DEACON, 2011).

Segundo Deacon (2011, p.315) trata-se de uma “consequence-organized

dynamic that is its own consequence”58, razão pela qual afirma que a teleodinâmica é

a realização dinâmica da causa final. Para ele, essa concepção se encontra, em sua forma abstrata mínima, já presente no tratamento de Kant dos propósitos naturais, como “causa e efeito de si mesmo” e possuindo um “poder formativo auto- propagador”. 59

Talvez o caso mais sintomático dessa recuperação da análise kantiana do conceito de vida seja o do biólogo chileno Francisco Varela que, logo antes de seu precoce falecimento, se propõe a redespertar a discussão filosófica a respeito dos propósitos naturais, combinando sua própria teoria da autopoiese com as propostas de Kant e do fenomenólogo alemão Hans Jona s.

Varela foi um biólogo de amplos interesses, com publicações relevantes em biologia teórica, imunologia, neurobiologia e ciências cognitivas. Sua pergunta central sempre foi: “O que é a identidade biológica?” – e suas explorações em diversas áreas giraram invariavelmente em torno desse mesmo enigma:

I guess I´ve only one question all my life. Why do emergent selves, virtual identities pop up all over the place creating worlds, whether at the mind/body level, the cellular level, or the transorganism level ? This phenomenon is something so productive that it doesn´t cease creating entirely new realms: life, mind and societies. Yet these emergent selves are base on processes so shifty, so ungrounded, that we have an apparent paradox between the solidity of wh at appears to show up and its groundlessness. That, to me, is a key and eternal question . (VARELA,

2013, on line). 60

58 “Uma dinâmica organizada pela consequência que é sua própria consequência.”

59 “Implicit in Kant´s abstract characterization of “formative power” is the fact that organisms are organized so as to resist dissolution by replacing and repairing t heir degraded components and structural characteristics. More important, as described in the epigraph to this chapter, he emphasizes that this is a reciprocal process. No component is prior to any other. Kant´s characterization is prescient in another way that is relevant to our enterprise. In this essay, he is puzzling over the question of whether there is something like intrinsic teleology in organisms. Kant

concludes that this formative reciprocity constitutes what he calls “intrinsic finality.” Although

modern accounts can be far more concrete and explicit than Kant´s, by virtue of their incorporation of over two hundred years of biological science, this knowledge can also be a source of distraction .

[…] Only able to reason about life in the abstract, Kant focused on life´s distinctive dynamical

organization, and so it is the synergy of living processes that stands out for him. Today, it is possible to add flesh to Kant´s skeletal definition and in so doing demonstrates its prescience

(DEACON, 2011, p. 302). 60

“Acho que tive apenas uma questão em toda a minha vida. Por que Si´s emergentes, identidades virtuais, surgem em todo o lugar, criando mundos, seja no nível da mente / corpo, a nível celular, ou ao nível de transorganismo? Este fenômeno é algo tão produtivo que não para de criar domínios

O desafio de Varela era elaborar um esquema geral para compreender a emergência de níveis ontológicos distintos, permitindo assim pensar u m naturalismo que se afastasse tanto do reducionismo quanto do misticismo – capaz de dar conta de entidades sem fundamento, da formação de identidades que inauguram novos domínios de fenômenos, sem postular uma ruptura mágica. Em outras palavras: um emergentismo sem milhares, racionalmente articulável e apreensível . O desafio é ser, ao mesmo tempo, fiel aos compromissos naturalistas e racionalistas da investigação científica e fazer jus à emergência radical de novas formas de ser, que não são redutíveis aos estratos inferiores pré-existentes, mas que criam novas possibilidades. Varela parte, portanto, de um materialismo sem fundamentos atômicos, no qual processos locais e padrões globais se emaranham e se determinam mutuamente.

Pode-se dizer, de fato, que a dialética entre parte e todo foi sempre sua temática central. Varela utiliza a noção de causalidade recíproca para esvaziar a oposição entre mecanismo e vitalismo, permitindo assim explorar e identificar modos de auto-organização no qual o local e o global se entrelaçam. Seu conceito mais famoso, o de autopoiese, serve bem como ilustração desse tipo de dinâmica:

Autopoiesis is a prime example of such dialectics between the local components levels and the global whole, linked together in reciprocal relation through the requirement of constitution of an entity that self - separates from its background. (VARELA, 1997, p.78). 61

A teoria da autopoiese define a vida como uma rede de produção de componentes que, por meio de seu próprio funcionamento, reproduz su as partes e organização e estabelece uma separação espacial entre processos internos e processos externos. Varela chama atenção para a aparência de paradoxo dessa rede circular de processos, que é precisamente a diferença categorial que distingue a vida – um “bootstraping”, um alça lógica que realiza um curto circuito entre níveis hierárquicos

inteiramente novos: vida, mente e sociedades. No entanto, esses Si´s emergentes são baseados em processos tão esquivos, tão ‘sem fundo’ , que temos um aparente paradoxo entre a solidez do que aparece e sua falta de fundamento. Isso, para mim, é uma questão -chave e eterna.”

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“A autopoiese é um excelente exemplo de tal dialética entre os níveis de componentes locais e de totalidade global, ligados entre si em relação recíproca, através da exigência de constituição de uma entidade que se autosepara de seu fundo.”

distintos62. Isso é, exatamente o tipo de confusão lógica que incomodava Kant em seu próprio conceito de propósito natural.

O que Varela está dizendo é que essa confusão é real, é objetiva: esse é o modo de ser dos sistemas biológicos, que necessariamente envolve um tipo de causalidade circular que está ausente em outros tipos de sistemas organizados (como as máquinas). É o fato da rede de processos produzir a delimita ções da qual ela mesmo depende para existir, e, nesse sentido, determinar seus próprios limites, que torna a vida qualitativamente distinta da não -vida, e exige um tratamento conceitual próprio e irredutível.

O que primeiro chama a atenção de Varela em Kant é a introdução por parte desse último do termo “auto-organização” em seu sentido biológico moderno. Varela vê em Kant a primeira tentativa de compreender teleologia intrínseca a partir da capacidade de se auto-organizar expressa por certos sistemas natu rais. 63

Em um artigo escrito em coautoria com seu então estudante Andreas Weber, dedicado a discutir o pensamento teleológico, “Life after Kant: Natural purposes and

the autopoietic foundations of biological individuality” [Vida depois de Kant:

propósitos naturais e as fundações autopoiéticas da individualidade biológica] , Weber e Varela (2002, p.106) chamam atenção para o trecho em que Kant descreve um propósito natural como “causa e efeito de si mesmo”: “This interrelation of

means and goals describes a circular situation: parts of an organism are there through the existence of the whole and the whole is responsible for the parts.” 64

Weber e Varela (2002, p.100) fazem questão de enfatizar que, nas condições listadas por Kant para julgar um sistema como um propósito natural, está presente não apenas esse entrelaçamento de meios e fins, assim como de todo e de partes, mas também há um aspecto distintamente processual envolvido: as partes estão não apenas em referências umas com as outras, mas também se prod uzem mutuamente, o

62 “Autopoiesis attempts to define the uniqueness of the emergence that produces life in its fundamental cellular form. […] There´s a circular or network process that engenders a paradox: a self-organizing network of biochemical reactions produces molecules, which do something specific and unique: they create a boundary, a membrane, which constraints the network that has produced the constituents of the membrane. This is a logical bootstrap, a loop: a network p roduces entities that create a boundary, which constrains the network that produced the boundary. This bootstrap is precisely what is unique about cells”. (VARELA, 2013, on line).

63 “It was Kant who elaborated for the first time the similarity of the int rinsic teleology with the a modern understanding of self-organization” (WEBER; VARELA, 2002).

64 “Esta inter-relação entre meios e fins descreve uma situação circular: partes de um organismo estão lá através da existência do todo e o todo é responsável pelas partes.”

que torna semelhantes entidades não apenas organizadas como também auto - organizantes: “Because of this self-organizing circularity [...] all relations of cause

and effect are also relations of means and purpose.” 65