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ROTA 2030 – INCENTIVO À PRODUÇÃO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS E HÍBRIDOS NO BRASIL.

5 INDÚSTRIA AUTOMOTIVA BRASILEIRA: SUA RELAÇÃO COM A INDÚSTRIA 4.0 E COM AS NOVAS TENDÊNCIAS DE MOBILIDADE AUTOMOTIVA.

5.4 ROTA 2030 – INCENTIVO À PRODUÇÃO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS E HÍBRIDOS NO BRASIL.

O programa Rota 203014 – Mobilidade e Logística busca estimular o setor automotivo nacional

a se direcionar para a Indústria 4.0 e para as novas tendências de mobilidade.

Dessa forma, a indústria nacional deve chegar em 2030 com tecnologia equivalente a de mercados avançados, integração ativa na cadeia global de suprimentos, competitividade na produção dos principais sistemas automotivos e capacidade de desenvolvimento de projetos globais (BRASIL, 2017d).

O novo regime evita mais restrições à concorrência externa e opta pela abertura e integração competitiva da indústria automotiva instalada no Brasil no novo contexto global. Um dos incentivos que faz parte do programa, é exatamente a redução de IPI (de 25% para 7%, 11% ou 18% dependendo da eficiência energética) sobre veículos híbridos e elétricos como medida de apoio à expansão do uso de novas tecnologias de motorização, para se criar no Brasil uma matriz de transporte verde. Os principais pontos do Rota 2030, segundo BRASIL (2018c) estão dispostos a seguir:

1. Desafios a serem superados: baixa competitividade que resulta em uma integração passiva às cadeias globais de valor; defasagem tecnológica, especialmente em eficiência energética e segurança veicular; risco de transferência dos investimentos em P&D para outros polos, com a consequente perda de postos de trabalho de alta qualificação; risco de perda de investimentos no país, com a não aprovação de novos projetos pelas matrizes das empresas; risco de perda do conhecimento no desenvolvimento de tecnologias que utilizam biocombustíveis, com impactos na cadeia produtiva.

2. Metas: a) Eficiência energética – meta obrigatória de 11% até 2022, reduzindo o consumo médio de combustível e emissões de CO2; b) Etiquetagem – veículos terão etiquetas para informar sobre o consumo e itens de segurança, como também, referentes a emissão de gases e à origem do produto; c) Segurança – novos equipamentos (tecnologias assistivas à direção) serão obrigatórios até 2027 para garantir segurança e funcionalidade para as pessoas deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida; d) P&D - será concedido crédito de até R$ 1,5 bilhão. Para fazer jus ao benefício, no

14Após mais de um ano de negociações, o Governo anunciou o novo regime automotivo no dia 05 de maio do

referente ano e foi implementado através de Medida Provisória. A partir da aprovação pelo Congresso Nacional, em até 120 dias, ela será publicada no Diário Oficial da União e passará a valer.

entanto, a indústria terá que garantir um investimento mínimo de R$ 5 bilhões em P&D por ano no país.

3. Penalidades: o descumprimento dos requisitos e obrigações do programa pode gerar multa de até 2% sobre o faturamento apurado no mês anterior à prática da infração. 4. Elétricos e híbridos: IPI será reduzido de 25% para uma faixa entre 7% e 20%.

Anteriormente, as alíquotas oscilavam entre 25% (elétricos puros) e 13% (híbridos). Híbridos que aceitarem etanol terão ainda um desconto extra de até 3% no IPI.

O Rota 2030 tem como um dos principais desafios incentivar empresas a investirem em tecnologia no país direcionando recursos para a construção de centros de P&D local - em parcerias com ICTs, empresas públicas e privadas – aumentando o comprometimento das empresas com as bases produtivas domésticas, reinvestindo no país recursos em áreas consideradas estratégicas para o governo: indústria 4.0, conectividade, soluções estratégicas para a mobilidade e logística, novas tecnologias de propulsão ou autonomia veicular e suas autopeças, nanotecnologia, big data, sistemas analíticos e preditivos (data analytics) e inteligência artificial. Para tanto, o programa especifica um valor mínimo a ser empregado pela indústria e permite que empresas de autopeças participem dessa parte do programa. Além disso, quem aderir e fizer investimentos em inovação nessas áreas, consideradas estratégicas, poderá gerar créditos de 40% do valor dos veículos para abater no Imposto de Renda Pessoal Jurídica ou na CSLL (Contribuição social sobre Lucro Líquido).

Diferente do programa anterior, o Inovar Auto, que teve duração de cinco anos, o Rota 2030 é previsto para durar quinze anos, o que pode proporcionar maior previsibilidade para a indústria e incentivar a execução de investimentos pelas montadoras relacionados a produção de veículos elétricos.

O novo programa abre caminho para a criação do primeiro modelo de regulação do mercado de veículos elétricos do Brasil. A primeira iniciativa, nesse sentido, é da ANEEL (2018), com uma regulação mínima (que evita a interferência da atividade nos processos tarifários dos consumidores de energia elétrica quando o serviço for prestado por distribuidora) sobre a prestação de serviço de recarga de veículos elétricos, cujo objetivo é incentivar quem deseja investir no segmento de infraestrutura com uma redução das barreiras e incertezas. Agora, os 119 pontos de distribuição no Brasil que são públicos e em parcerias com empresas privadas

poderão decidir o quanto será cobrado do cliente e como gerar renda com o negócio, assim, funcionará para qualquer empresa que queira prestar esse serviço.

Por parte dos estados e municípios incentivos a aquisição de veículos elétricos pela população já ocorre na forma de desonerações fiscais ou facilidades, como zona azul livre, recarga pública gratuita, isenção de restrições de circulação, uso de faixas de trânsito exclusivas, estacionamento mais barato, entre outras ações.

De acordo com Lima (2017), um dos grandes problemas do Inova-Auto e de outras políticas industriais implementadas a partir de 2002 no Brasil foi que as suas execuções enfrentaram problemas com as dificuldades de coordenação das ações governamentais e, principalmente, pela rigidez na forma de utilização e na disponibilidade de recursos para implementar projetos de grandes impactos. Uma das dificuldades de implementação residiu na rigidez do governo representada pelos Ministérios da Fazenda e do Banco Central contrários a uma política industrial. Ambos os ministérios intensificaram a política macroeconômica restritiva de acordo com o tripé macroeconômico, com o Ministério da Fazenda seguindo o ajuste fiscal para alcançar o superávit primário e o Banco Central com uma política de elevação dos juros de forma indiscriminada. Essa lógica macroeconômica tem efeito direto nas políticas microeconômicas industriais, de modo que é bem provável que o Rota 2030 também sofra desse mesmo problema, dado a implementação da PEC dos gastos e a continuidade da lógica de decisões do Banco Central.